4 - Bem-aventurados os mansos
porque herdarão a terra.
BEM AVENTURADOS - O
Homem não natural. À
semelhança das Bem-aventuranças anteriores, esta é inteiramente oposta ao
pensamento do que a Bíblia chama de Homem
natural. O mundo julga em termos de poder, auto-confiança, agressividade e
conquista. Mas Jesus exaltou traços impopulares de caráter, tais como humildade
de espírito, pesar e agora mansidão.
Jesus
é realmente o revolucionário dos revolucionários. Ele realmente inverte o
sistema e valores da cultura dominante.
A
radicalidade dos ensinos de Cristo implica um estilo de vida totalmente
diferente para seus seguidores. Não é por acaso que Jesus se refere ao fato de
alguém tornar-se cristão como sendo um novo nascimento João 3: 3 e 5. Como Paulo
coloca: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas
já passaram; eis que se fizeram novas. II Coríntios 5: 17.
O
cristão renascido pertence a um reino inteiramente diferente da cultura em
geral, e até mesmo, infelizmente, da cultura de muitas igrejas. Como resultado,
ele tem um novo conjunto de valores.
O
ensino de Cristo na terceira Bem aventurança mais uma vez se coloca contra a
sabedoria aceitável de nosso mundo. De acordo com Ele, não são os desordeiros,
violentos, agressivos, ou egoístas que herdarão a Terra. E sim os mansos. São
os que percebem a sua debilidade e por
isso possuem humildade de espírito, os que choraram por suas deficiências,
e se comprometeram com o estilo de vida dos mansos, que posteriormente acabarão
herdando a Terra. Esse ensinamento não pode ser obtido de lições de história ou
da leitura do jornal diário.
As
palavras da terceira bem-aventurança não devem ser lidas superficialmente. São
palavras profundas, repletas de sabedoria. São palavras impossíveis de serem
vividas por nós através de nossas próprias forças. À medida que avançarmos nas
Bem-aventuranças teremos uma maior compreensão de nossa necessidade do poder
transformador do espírito Santo em nossa vida.
Hoje
precisamos orar para que Deus não apenas nos conceda discernimento para
percebermos o caminho de Jesus, mas que Ele nos dê poder para caminharmos nele[1].
MANSOS - Ou os humildes, termo
tomado do Saltério na forma grega. O verso 4 poderia ser simplesmente uma
glosa do verso 3; a sua omissão reduziria o número das bem-aventuranças
a sete[2].
As
dificuldades que temos que enfrentar podem ser muito minoradas pôr aquela
mansidão que se esconde
A
mais elevada prova de nobreza num cristão é o domínio de si mesmo. Aquele que,
em face de maus tratos ou crueldade, deixa de manter o calmo e confiante, rouba
a Deus de seu direito de nele revelar Sua própria perfeição de caráter.
Humildade de coração é a força que dá vitória aos seguidores de Cristo; é o
penhor de sua ligação com as cortes do alto[3].
Grego: praús manso, suave, gentil. Cristo disse que ele era manso: praús e humilde de coração 11: 29,
e por isso todos os que estão cansados e oprimidos verso 28 podem
ir a ele e achar descanso para sua alma. O equivalente hebraico do grego: praús
é anaw ou ani, pobre, afligido,
humilde, manso. Emprega-se esta palavra hebraica
para descrever a Moisés que era muito manso Números 12: 3. Também
aparece na passagem messiânica de Isaias 61:
A mansidão é uma
atitude do coração, da mente e da vida, que prepara o caminho para a
santificação. À vista de Deus, o espírito afável:
praús é de grande de estima. I Pedro 3:
A palavra manso pode
trazer a idéia de servidão, fraqueza de caráter, consentimento, incapacidade ou
falta de coragem para enfrentar uma situação delicada. Pode apresentar um retrato
de uma criatura submissa e ineficaz. Porém a palavra manso, no grego: Praus era uma das grandes
palavras da ética.
Aristóteles tinha
muito a dizer da qualidade da mansidão,
grego praotês. Aristóteles seguia um método para definir qualquer virtude que
consistia em encontrar um termo entre o médio e os extremos. Por uma parte o
extremo estava no excesso, e por outra no escasso, entre ambos estava à
virtude, o termo médio feliz. Por exemplo: Em um extremo se encontrava o
pródigo, no meio o avarento, e entre ambos o generoso.
Aristóteles define a
mansidão praotês, como o termo de
equilíbrio, ele via na virtude mansidão o equilíbrio entre o excesso e a falta
de ira. Assim poderia ser traduzida a Bem-aventurança: Bendito o que se indigna a seu devido tempo por uma boa causa e não o
contrário.
Se nos perguntarmos
qual é o devido tempo e qual o contrário diríamos que, por regra geral que na
vida não se deve irritar por um insulto ou uma injúria que se é dirigida
pessoalmente; isto é algo que o cristão não deve nunca ter em conta, mas
deve-se indignar pelas injúrias que fazem outras pessoas. A ira egoísta sempre
é um pecado, a ira limpa do egoísmo pode ser uma grande dinâmica do mundo.
A palavra grega praús tem um segundo sentido. Ela é usada para referir-se a um animal que tenha sido
domesticado, e que era acostumado a obedecer à palavra de mando, que aprendeu a
obedecer. É a palavra usada para referir-se ao animal que aprendeu aceitar o
controle. Assim que a possível tradução desta bem-aventurança poderia ser: Bendita a pessoa que tem sob seu controle
todos seus instintos e paixões! Bendito o que se mantém total e constantemente
debaixo de seu controle.
Não se trata da
bênção da pessoa que se controla a si mesmo, porque isto está fora da
capacidade humana, mas da pessoa que está em íntima sintonia e totalmente sob
controle de Deus, porque só em seu serviço encontramos perfeita liberdade, e
Há um terceiro
enfoque nesta bem-aventurança. Os gregos contrastavam sempre a qualidade que
chamavam praotês, e que a versão RV
traduz por mansidão com qualidade que
chamavam hysêlokardia que quer dizer
altivez de coração. Em praotês se
encontra a verdadeira humildade que lança fora todo o orgulho.
Sem humildade não se
pode aprender, porque o primeiro passo do aprendizado é ser consciente de nossa
própria ignorância.
Quintiliano, o
grande Mestre de oratória hispanoromano, dizia a seus alunos: “Não me cabe
dúvida de que seriam excelentes alunos se não estivessem convencidos que sabem
tudo”. Não se pode ensinar nada a uma
pessoa que crê que sabe tudo. Sem humildade não pode haver tal coisa como o
amor, porque o verdadeiro princípio do amor é o sentimento de indignidade. Sem
humildade não pode haver verdadeira religião, porque toda verdadeira religião
inicia-se por dar-se conta de nossa debilidade própria e de nossa necessidade
de Deus. Uma pessoa só alcança sua verdadeira humanidade quando está consciente
de que é uma criatura e Deus é o Criador, e sem Deus não se pode fazer nada.
Praotês descreve a humildade, a aceitação da necessidade de aprender e a
necessidade de ser perdoado. Descreve a única atitude adequada do homem para
com Deus. Assim a possível tradução desta bem-aventurança seria: “Bendito o que
tem a humildade de reconhecer sua própria ignorância, debilidade e necessidade”[5].
Os mansos são
aqueles que se humilham diante de Deus por reconhecerem sua total dependência
Dele. Como conseqüência são gentis no trato para com o próximo. Moisés revelava
este traço de caráter em notável medida; e a posse do mesmo por Jesus foi uma
das bases para Ele convidar homens e mulheres cansados e oprimidos e
achar alívio e descanso Nele, que era exatamente manso e humilde, Mateus
11: 28 e 29. Quando Deus tiver destruído todos os que em sua arrogância
resistem à sua vontade, os mansos serão os únicos a herdar a Terra[6].
Os mansos. Serenidade, às vezes negativa e às vezes
positivamente boa. Essa Bem-aventurança se alicerça em Salmo 37: 11. Os homens
que padecem sob o mal, sem se deixarem contaminar pelo espírito de amargura mas
com paciência, possuem qualidades aprovadas por Deus. Tais como Natanael são israelitas
em que não há dolo. João 1: 47. Na história da Inglaterra houve pessoas
que, ao serem perseguidas pelo governo e pela sociedade e até pela igreja oficial, herdaram o continente americano[7].
Mansidão não é fraqueza. O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes
não se ufana,
não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se
exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se
com a verdade; tudo sabe, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. I Coríntios 13:
Apalavra grega traduzida como manso significa gentil, ponderado e cortês,
e implica o exercício do domínio próprio que torna essas qualidades possíveis. Por isso, a New English Bible está perfeitamente
em harmonia com os pensamentos de Jesus, quando traduz Mateus 5: 5 como: Bem-aventurados
os de espírito gentil. O significado de mansidão engloba muitos
dos traços característicos da magistral definição do amor, que Paulo dá na
leitura do texto bíblico.
A mansidão bíblica não deve ser confundida com
indolência. Alguns que aparentam ser mansos podem ser simplesmente
negligentes. Nem
deve ser confundida com fraqueza de personalidade ou caráter. Os personagens
que a Bíblia chama de mansos tiveram grande firmeza de caráter. A pessoa mansa
pode permanecer tão firme ao lado da verdade,
que estaria disposta a morrer por ela se fosse necessário. Os mártires
foram mansos, mas não fracos. A mansidão bíblica e compatível com grande força
e autoridade.
A
mansidão interior nos leva a uma visão do próprio eu. Quando finalmente reconhecer que sou um pecador sem
esperança e sentir tristeza por isso,
estarei pronto para a mansidão. Estarei preparado para colocar todo o
orgulho de lado. Porque tem urna visão realística de si mesmos, os mansos não
são escravizados por atitudes defensivas ou
de retaliação. Uma das maiores
necessidades de nosso mundo, igreja e famílias de mansidão[8].
O
Tratamento de Choque Continua. Não por
força nem por poder, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.
Zacarias 4: 6.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a
Terra. Mateus 5: 5. Essa declaração causou um grande choque para os judeus nos dias de Jesus. Eles estavam aguardando um Messias
que os libertaria do poder de Roma através da força armada.
O Messias, criam, seria
como Davi, o rei guerreiro. Nos Salmos de Salomão livro pseudoepígrafo
escrito durante o período entre o AT e o NT
não anunciavam que o ungido Filho de Davi
seria um rei que se levantaria dentre o povo para libertar Israel de seus inimigos? Ele
aniquilaria todos os seus bens com vara de ferro, para destruir as nações ímpias
com a palavra de Sua boca. Salmos de Salomão 17: 26 e 27.
A última coisa que os judeus do primeiro século
desejavam era um Messias manso. Eles queriam
um líder que pudesse e desse a Roma o que ela merecia. Jesus era o
oposto do modelo que eles desejavam e aguardavam.
Bem, é fácil para nós cristãos
percebermos que os judeus estavam errados. Mas não somos culpados de apresentar
o mesmo tipo de pensamento às vezes? Também
não temos a tendência de prestar honras aos bem-sucedidos e glorificar as realizações dos grandes pregadores e
lideres da igreja, como se a batalha fosse ganha pelas palavras e esforços humanos? E não somos também tentados, como
Davi, a confiar em organização e números em busca de força? Boas como
essas coisas possam parecer, elas não são a fonte do sucesso do cristão.
Deus tem inúmeras maneiras de levar a cabo a
comissão do evangelho e introduzir a plenitude do reino, das quais nada
sabemos. De vez em quando precisamos reler a história de Gideão. No caso dele,
Deus continuou reduzindo os números em vez de
acrescentar, antes de conceder a vitória.
No reino de Cristo, é a
mansidão que está na base do sucesso, e não o poder humano. Precisamos nos lembrar de que a
vitória, tanto em nossa vida pessoal como na igreja em geral, não vem por
força, nem por poder, mas pelo Espírito de Deus[9].
Mansos Apesar de Tudo
Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os
homens que havia sobre a terra. Números 12: 3.
A
mansidão não veio naturalmente para Moisés. Ele havia sido treinado como um príncipe egípcio, e
indubitavelmente tinha uma excelente
auto-estima como jovem governante. Num momento de descontrole, matou um egípcio que vira maltratando um
israelita. Êxodo 2: 12. Pensou que sabia cuidar do povo de Deus e resolver
as batalhas Dele.
Esse homicídio levou o jovem
príncipe a fugir para o deserto a fim de salvar sua vida. Foi lá que sua educação se tornou
completa. Moisés teve
que desaprender muitas das lições que lhe foram ensinadas na elite da Universidade do Egito. Naquele intervalo de 40 anos,
longe do poder, que ele aprendeu a mansidão como
pastor de ovelhas. A mansidão o qualificou
para se tornar o primeiro líder da nação de Deus, Israel. A mansidão fez
de Moisés o representante de Cristo para o povo de Deus Deuteronômio 18: 18.
O novo Moises estava longe
de ser fraco ou vacilante, mas foi manso.
Em grande parte havia perdido seu orgulho e ira descontrolada, mas não foi fraco. Ao contrário, foi um líder
poderoso e destemido sob
a orientação divina. Sua força, poder e autoridade foram agora
temperados pela mansidão. Havia sido transformado, foi escolhido para liderar o
povo de Deus.
A Bíblia está repleta de
heróis mansos. Tome como exemplo Davi em seu relacionamento com Saul. Davi sabia que devia ser
rei, no entanto, como sofreu sob o tratamento
injusto e cruel de Saul. Exemplificou a mansidão num grau extraordinário.
E no NT temos o exemplo de
Paulo, que foi convertido a Jesus enquanto
estava numa missão para perseguir os cristãos. Paulo também se educou no deserto, entre sua função como líder do judaísmo
e como líder do cristianismo. Tornou-se um exemplo de mansidão para com aqueles que o maltrataram, tanto dentro como fora da igreja. Na base de sua força estava à
mansidão gentil que não fazia parte do seu eu natural.
Sendo transformados; aprendemos lições de mansidão, e somos usados por Deus[10].
A Mansidão Suprema. Tomai
sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a
vossa alma. Mateus 11: 29.
As vidas de Moisés, Davi e Paulo são úteis, mas é o
exemplo de Jesus que tem extrema importância para os cristãos. A vida
de Cristo foi o exemplo por excelência de mansidão. Vemos isso em
todos os lugares
dos Evangelhos. Percebemos isso em Sua reação com as pessoas, especialmente quando Ele sofreu perseguição,
desprezo e escárnio. Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem, Ele foi capaz de dizer aos
que O crucificaram.
Sendo Deus, Jesus tinha poder para vingar-Se
daqueles que zombavam Dele enquanto morria. Mas Ele preferiu não fazê-lo. Ele
preferiu morrer até mesmo por aqueles que estavam maldosamente usando e
abusando dEle.
A mansidão de Jesus é vista em relação a outras pessoas, ela é até
mais evidente em Sua submissão ao Pai. Contemple-O
no Getsêmani, onde Ele teve finalmente que ficar face a face com a crise da
cruz. Três vezes ele orou para permanecer submisso a vontade de Seu Pai.
Embora fosse um Homem destemido e de grande firmeza de caráter, Jesus foi
submisso a Deus. Sua mansidão estava evidente em tudo que fazia e dizia.
Filipenses 2:
Esta passagem proporciona a cada um de nós um exemplo
incrível para seguirmos em nossa vida diária. Jesus era Deus,
contudo consentiu em viver a vida terrena, não como um rei que merecia
respeito, mas como
Alguém que tinha a missão de servir os outros. Esta é a essência do
cristianismo. Deus deseja libertar-nos do
orgulho e auto-suficiência, para que possamos nos tomar Seus servos e
servos de nossos semelhantes[11].
Comentário Miquéias 6: 8. Foi-te anunciado, ó homem, o que é bom, e o
que Iahweh exige de ti: nada mais do que praticar o direito, gostar do amor e
caminhar humildemente com teu Deus.
ANUNCIADO - Grego: Foi-te anunciado; Hebraico: Ele te fez
saber; Vulgata: Eu te anunciarei[12].
Declarou-te. A
resposta que deu Miquéias não era
uma nova revelação e não representava uma mudança nos requerimentos divinos. O
propósito do plano de salvação, a saber, a restauração da imagem de Deus no
alma humana, tinha sido revelado claramente a Adão, e o conhecimento deste
propósito tinha sido transmitido às gerações sucessivas. Esse conhecimento foi
confirmado pelo depoimento pessoal do Espírito Romanos 8: 16 e foi
ampliado mediante sucessivas revelações dos profetas. Os contemporâneos de Miquéias tinham o
Pentateuco em forma escrita e sem dúvida outras porções da Bíblia, bem como o
depoimento dos profetas desses dias, tais como Isaías e Oséias,
Isaias 1: 1; Oséias1; Miquéias 1.
No entanto, o povo parecia ter esquecido que os
ritos externos não têm valor sem uma verdadeira piedade. Uma das principais
missões dos profetas era ensinar às pessoas que uma mera prática religiosa
externa não podia substituir ao caráter e à obediência íntima I Samuel 5:
22; Salmo 51:
PRATICAR O DIREITO
Justiça. Hebraico:
mishpat da raiz shafat, julgar. A
forma plural, mishpatim, geralmente
traduzida juízos, usa-se a respeito
dos preceitos adicionais que dão minuciosas instruções quanto à forma em que
devia observar-se o Decálogo Êxodo 21: 1; PP p. 379. Fazer mishpat é ordenar a
vida de acordo com os juízos de Deus[14].
GOSTAR DO AMOR -
Misericórdia.
Hebraico:
hésed, palavra que designa uma ampla gama de
qualidades, como o indicam suas diversas traduções, tais como: bondade,
benevolência, favor carinhoso, bondade misericordioso, misericórdia[15].
HUMILDEMENTE - Humilhar-te. Caminhar
humildemente.
Quando os homens caminham com Deus, Gênesis 5:
22; 6: 9, põem sua vida em harmonia com a vontade
divina.
A humilhação desta passagem prove do Hebraico: tsana, que na forma em que
aqui se acha aparece só uma vez. Além do significado de humildemente, esse vocábulo implica com circunspeção, com precaução,
cuidadosamente.
O desenvolvimento de uma íntima relação com Deus é o
propósito da verdadeira religião: As cerimônias externas só têm valor se
contribuem a esse desenvolvimento. Mas devido a que com freqüência tem sido
mais fácil praticar um culto externo do que mudar as más tendências do coração,
os homens sempre têm estado mais dispostos ao culto de cerimônias que ao
cultivo das graças do espírito. Tal foi o caso dos escribas e fariseus a quem
reprovou Jesus. Eram muito minuciosos para calcular seu dízimo, mas descuidavam
o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé Mateus 23: 23.
Fazer justiça, e amar misericórdia é
proceder com retitude e bondade. Estas virtudes afetam nossa relação com nossos
próximos e resumo o propósito da segunda tabela do Decálogo ver comentário Mateus 22:
PORQUE - Uma Ordem
Impossível. Não vos vingueis a vós
mesmos, amados, porque esta escrito: A Mim Me pertence à vingança; Eu é que retribuirei, diz
o Senhor. Pelo contrário, se
o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre
a sua cabeça. Não te deixes
vencer do mal, mas vence o mal com o bem. Romanos 12:
Como seria o mundo se as pessoas levassem em
consideração os conselhos de Paulo sobre a
vingança? Como seria se as pessoas escolhessem viver pelos princípios
da mansidão, em vez dos princípios do orgulho e autodefesa?
A conclusão é óbvia. Não seria o nosso mundo. Seria o Céu.
E sendo que nunca veremos o mundo
nesse estado perfeito antes da segunda
vinda de Jesus, cada um de nós pode começar a experimentar isto aqui
e agora. O ponto de partida sou eu.
Como cristãos, por muito tempo temos esperado
que uma nova reforma comece
Esse modo de pensar está
totalmente equivocado. A reforma bíblica não começa assim. Começa com indivíduos que entregam o coração a Deus e se dedicam a viver os princípios do reino de Deus
em sua vida diária, aqui e agora. A reforma começa comigo.
Bem,
você deve estar pensando, isto é
impossível. Não posso alimentar e cuidar de
meus inimigos. Tal ordem está além de minhas forças.
Você está certo. Você não pode fazer isto. Mas
Deus pode, se estiver disposto a permitir
que Ele viva em sua vida, através do poder do Espírito Santo.
Oh, como Ele deseja abençoá-lo hoje! Como Ele deseja
libertá-lo de
seu eu natural e abençoá-lo com a
mansidão de Cristo.
Oração: Querido Pai, hoje
desejo que Tu entres em minha vida e faças por mim
o que não posso fazer por mim mesmo. Ajuda-me a não revidar aqueles que me trataram mal. Dá-me força para
partilhar Tua bondade com eles. Dá-me a graça de vencer o mal
com o bem[17].
Herdarão a Terra
Receberão a terra por herança. Salmo 37: 11. Os pobres de espírito
têm de receber as riquezas do reino dos céus; os mansos têm de receber
a terra por herança. É evidente que não são os mansos quem agora possuem
a terra, senão os orgulhosos. No entanto, a seu devido tempo os reinos deste
mundo serão entregues aos santos, aos que aprenderam a virtude da humildade Daniel
7: 27. Finalmente, disse Cristo, os que se humilham, os que aprendam a
mansidão, serão engrandecidos Mateus 23: 12[18].
Os mansos disse Jesus herdarão a terra. É fato histórico que as pessoas que tiveram
autocontrole, tinham seus instintos, impulsos e paixões sob o controle da
disciplina, pessoas que foram verdadeiramente grandes. A Bíblia diz sobre
Moisés o maior líder e legislador que o mundo conheceu: Moisés era um homem muito manso,
mais de que todos os homens que havia sobre a terra. Números 12: 3.
Moisés não tinha um caráter aguado, não era uma ameba que não podia erguer-se e
tornar-se firme; podia ficar corado de ira, porém a tinha sob controle e se
pronunciava no momento adequado. O autor de Provérbio diz: O que
domina seu espírito é mais forte do que o que domina uma cidade. Provérbios 16:
32.
A falta desta
qualidade derrubou Alexandre o Grande, que num ataque de fúria incontrolado, em
meio a uma orgia, arremessou a lança contra seu melhor amigo e o matou. Não
pode guiar outras pessoas se não guia a si mesmo, não pode servir aos outros se
não se submete a si mesmo, nem querer controlar os outros se não se controla a
si mesmo. Se a pessoa se submete ao perfeito controle de Deus obterá esta
mansidão que permitirá herdar a Terra.
Está claro que a
palavra praüs quer dizer muito mais
que somente a palavra manso; está claro no texto, que não temos uma palavra
adequada no português para traduzir perfeitamente, ainda que a palavra pacífico
se aproxime. A tradução completa desta bem aventurança poderia ser: Ah! A bem aventurança que se indigna sempre
a seu devido tempo pela causa devida, e não ao contrário, e que tem sob seu
controle, porque está submetido ao controle de Deus, todo instinto, impulso e
paixão, e que tem a humildade de reconhecer sua própria ignorância e
debilidade: porque tal pessoa é soberana entre os seres humanos[19].
O Messias mostra que
a nova ordem do Reino de Deus promete a terra a tais pessoas. Esta é uma
característica dos regenerados. Uma alusão as profecias de Daniel 7: 27, que fala da
esperança da vinda do Messias, no Reino de Deus sobre a terra e de uma nova
ordem social. Na citação de Salmo 37: 11 temos idéia que Deus
removerá da terra os inimigos de Israel[20].
Herdeiros da Terra. Porque o
Senhor Se agrada do Seu povo; Ele adornará os mansos com a salvação.
Salmo 149: 4.
A
economia política terrena está baseada em segurança e poder. Não está numa quantidade infinita de riquezas. Como
resultado, homens e mulheres, em todos os lugares, lutam para obter sua
parte ou, falando honestamente, mais do que a sua parte.
Os resultados da agressão e egoísmo humanos são
vistos
Parece que a herança dos mansos não seria grande
coisa. A recompensa final de Jesus foi a cruz. E muitos dos Seus fiéis
seguidores foram perseguidos, aprisionados e levados a morte.
Os jornais diários parecem
contradizer diretamente a sentença de Jesus de que os mansos herdarão a Terra. O ponto de vista
terreno parece estar
posicionado a favor da lei darwinista da selva: a sobrevivência
do mais forte. Mas as realidades aparentes não são as únicas realidades. Não
são as realidades definitivas.
A promessa da terceira
bem-aventurança está no futuro. Os mansos... Herdarão a
Terra, no final de todas as coisas Mateus
5: 5.
Não será a Terra que conhecemos atualmente, com
destruição, egoísmo e poluição. Será uma Terra restaurada a sua condição
edênica. Será uma Terra na qual não haverá mais tristezas, funerais ou
hospitais. Será um planeta que verdadeiramente valerá à pena.
Como
Isaias diz:
Então, se abrirão os olhos
dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; os coxos saltarão como
cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo.
A areia esbraseada se transformará em lagos, e a terra sedenta, em mananciais
de águas. Isaias 35:
Não apenas as
características físicas da Terra serão diferentes, mas também seus cidadãos. A mansidão será uma característica
de todos. Apenas os que têm como característica a
mansidão herdarão a Terra[21].
NOTA ADICIONAL DE MATEUS
CAPÍTULO 7
Nos escritos dos eruditos rabínicos se encontram numerosos paralelos com
os ensinos religiosos e morais apresentadas por Jesus no Sermão do Monte e
Em 1881 T. Tal Een Blik in Talmoed
Não se pode negar que há paralelismos notáveis. Mas não se deduz
necessariamente que Jesus tomou seus ensinos morais da literatura
rabínica. A comparação mais extensa jamais feita entre o NT e a literatura judaica é a que
efetuaram Strack e Billerbeck em sua monumental obra de 4.102 páginas publicada
Quando se aplica esta regra aos ensinos do Sermão do Monte, imediatamente
se comprova que a grande maioria delas deve atribuir-se a Jesus, pois ele viveu
antes que os eruditos a quem se lhe atribuem estes ensinos na literatura
rabínica. Não se nega que alguns destes ditos puderam ter sido mais antigos,
mas tem de ser responsabilidade do que assim o crê o encontrar a evidência de
que cada dito provia em realidade de uma época anterior.
Examinemos por um momento o outro lado do problema.
Até que ponto pôde ter sido o ensino de Jesus origem para alguns dos ditos da
literatura rabínica? Strack e Billerbeck tomam em conta evidências de
que os mais antigos eruditos rabinos tanaíticos, quem viveram pelo ano 100 d. C., conheciam bem algumas dos
ensinos de Jesus. Por exemplo, a afirmação de Mateus 5: 17 surgem numa disputa entre Gamaliel II 90 d. C. e um cristão Talmude Shabbath 116a, 116b. Não se pode
medir a influência que teve Jesus no desenvolvimento do pensamento judaico,
sobretudo durante esses primeiros anos quando a sinagoga e a igreja estiveram
muito relacionadas uma com a outra. A seguinte citação poderia ser considerada
como uma apreciação justa da situação: Se
chegou até o ponto de sugerir, ainda que dificilmente possa provar-se alguma
vez, que as críticas feitas por Jesus, em tempos posteriores quando sua origem
se tinha esquecido, poderiam ter jogado algum papel no desenvolvimento do
código judaico que foi tomando a forma da Mishnah e o Talmude. H. D. A. Major, T.
W. Manson, e C. J. Wright, The Mission and Message of Jesus, 1938, p. 304.
Quando se recorda que a porcentagem de ditos rabínicos que não se
baseiam, total ou parcialmente, no texto bíblico é mínimo, não se deve
surpreender que possam achar-se paralelos entre estes ditos e os de Jesus, quem
deu as Escrituras do AT. Quando os
homens piedosos de todas as épocas permitiram que influísse neles o Espírito
que tinha inspirado o AT, seus ditos
refletiram a luz do céu. Em verdade, esta observação explica por que os
filósofos que trabalharam fora do âmbito da religião revelada, tais como
Confúcio e Platão, com freqüência expuseram elevados ideais. Jesus é a luz
verdadeira, que ilumina todo homem. João
1: 9; DTN, p. 430.
Ainda que se possam assinalar paralelos entre os ditos de Jesus e os dos
rabinos judeus, ao mesmo tempo há diferenças importantes, segundo o mostram Strack e Billerbeck. Nenhum erudito judeu deixou tal multidão de ditos
religiosos e morais como o fez Jesus. Nenhum rabino judeu pôde expressar seus
ditos na forma breve e autorizada que tanto se admira nos ensinos de Jesus.
Sobretudo, nenhum erudito judeu posterior teve as mesmas metas que tivesse
Jesus e nisto consiste a principal diferença, apesar de todos os paralelos.
Jesus se declarou enfaticamente contrário à doutrina farisaica da
salvação pelas obras e ensinou peremptoriamente que a justiça legalista era
insuficiente. Ao mesmo tempo, mostrou a seu povo um novo caminho que leva a uma
justiça mais elevada. A literatura rabínica proporciona uma evidência carregada
de que a religião dos judeus, bem como a expunham os rabinos, era uma religião
em que a redenção depende de si mesmo. Por outra parte, a religião de Cristo
não se centra em determinada coleção de verdades e ensinos éticos, senão só em
Jesus, em sua pessoa e em seu ministério.
A importância espiritual dos ensinos de Jesus não se
deve medir meramente por seus grandes princípios morais. Muitos destes já tinham
sido expostos no AT ou nos ditos do
homem que, em diferentes graus, tinham sido iluminados pela luz do céu. Mas
Cristo falou como nunca homem tinha falado e com uma autoridade que exigia que
se lhe prestasse atendimento. O que distingue claramente a nosso Senhor é o
fato de que Ele é divino e os outros mestres tão só foram humanos. Jesus não
veio só dizer aos homens como deviam viver, senão a dar-lhes o poder necessário
para viver essa vida. Não só veio para mostrar aos seres humanos que o pecado é
mau e que a justiça é a verdadeira meta da vida, senão veio apagar os pecados
passados e a dar aos homens a justiça proveniente do céu. Isto não podia fazer
os mestres humanos. No máximo podiam assinalar aos homens um caminho melhor.
Mas Jesus é o caminho, e a verdade, e
a vida João 14: 6. Cristo nos foi
feito por Deus sabedoria, justificativa, santificação e redenção. I
Corintios 1: 30.
Jesus é a
luz verdadeira João 1: 9. O é a fonte de toda verdadeira luz, e não o
reflexo da luz de outros João 1: 9; 5:
35. Tudo o que é bom e enobrecedor se originam Nele e leva a Ele[22].
Havia
ocasiões
SALMO 37: INTRODUÇÃO
Lutero disse do Salmo
37: Aqui está a paciência dos santos. Neste Salmo se considera o
problema do aparente triunfo dos ímpios, dificuldade que se resolve no
pensamento do salmista quando reconhece que a dita prosperidade é transitória.
Aconselha-nos a que desenvolvamos nossa confiança em Deus à medida que
crescemos, passando os anos verso 25, pois ele a seu devido
tempo castigará os pecadores e recompensará os justos. O Salmo é desenvolvido, em
forma de acróstico, do ensino do primeiro verso. A estrutura acróstica é
bastante regular. Cada letra do alfabeto hebraico
encabeça uma estrofe que consta regularmente de duas linhas, mas que em
português salvo os versos 7, 20, 34 são de dois versos.
A irregularidade
mais notável neste acróstico se encontra ao começo da estrofe que corresponde à
letra áyin verso 28 ú. p. e 29.
Parece ter uma dificuldade no texto. A Bíblia hebraica de Kittel toma
como letra inicial dessa seção a áyin
de olam para sempre, ainda que tem uma lámed
prefixada. Este arranjo não é habitual nos acrósticos hebraicos. Na BJ e em NC se nota claramente a divisão em 22 estrofes bem regulares.
Neste Salmo,
como em outros acrósticos ver Salmo 25, não há tanto um
desenvolvimento lógico de idéias como uma ampliação de diversos aspectos do
tema central. O ensino se faz eficaz mediante a força acumulada da repetição. O
tema do Salmo 37 é similar ao do Salmo 73 e à mensagem do livro de Jó,
em onde se considera a justiça de Deus em seu trato com os homens, tanto com os
que lhe servem como com os que o recusam[24].
A SORTE DO JUSTO E DO
ÍMPIO
Este Salmo
alfabético, o Espelho da Providência,
Tertuliano, para aqueles que a felicidade do ímpio é indigna, opõe o
ensinamento dos sábios sobre a retribuição temporal dos justos e dos ímpios.
Este debate será retomado por Eclesiastes 8:
1 - Não te irrites por
causa dos maus, nem invejes o que pratica a injustiça:
NÃO TE IRRITES - Não te
impacientes. Não te
acalores. Não devemos preocupar-nos pelo aparente triunfo dos ímpios Provérbios
24: 19. Como cristãos deveríamos ganhar a vitória sobre a impaciência,
porque ao impacientar nos perdemos a perspectiva das coisas e a clareza de
visão. Mais ainda quando nos enojamos com o pecador, não podemos ajudá-lo; e,
pomo-los de parte do erro[26].
NEM INVEJES - Provérbios 3: 31; 23: 17; 24: 1, 19; Salmo 73: 3. O Salmo começa com a mesma nota tônica
de Provérbios,
e em boa parte segue assim até seu fim[27].
2 - Pois são como a
erva, secam depressa, eles murcham como a verde relva.
SÃO COMO A ERVA - Um exemplo muito comum Salmo 90: 5, 6; 103: 15[28].
A erva é usada como exemplo de coisas passageiras, transitórias e
efêmeras. Não devemos colocar nossa confiança na inveja aos ímpios, eles terão
um fim.
3 - Confiam em Iahweh e faze o bem, habita na
terra e vive tranqüilo,
CONFIA
- Os melhores
antídotos para a impaciência são a confiança em Deus e achar-se sempre ocupado
no que tem valor ante Deus e para o próximo[29].
HABITA - Em hebraico o verbo aparece em
imperativo: habita, vive. A ordem de Deus garante a permanência na terra.
Não se precisa vagar em procura de segurança[30].
NA TERRA - A Terra Santa Salmo 25: 13; Deuteronômio 16:
20. Vive tranqüilo: Literalmente:
apascenta com segurança. Isaias 14: 30. Estas promessas serão
retomadas em sentido espiritual pelas bem aventuranças Mateus 5:
VIVE TRANQUILO - Te apascentarás. Também está no
imperativo: apascenta, alimenta.
Alguns preferem traduzir alimenta-te de
fidelidade. Neste verso se apresentam quatro regras
para manter a paz mental quando se está perplexo pela aparente prosperidade dos
ímpios:
1. Confiar em Deus,
2. Manter-se ocupado fazendo o bem,
3. Viver calmamente no lugar onde Deus nos situa,
4. Procurar a fidelidade de Deus[32].
Para os Temerosos, Débeis e Fracos, confia no
Senhor. Cada dia tem seus encargos, seus cuidados e perplexidades; e quando nos
encontramos, quão propensos somos a falar de nossas dificuldades e provações!
Introduzem-se tantas perturbações emprestadas, condescenden-se com tantos
temores, manifesta-se tal peso de ansiedade, que quase se pode supor que não
temos um Salvador compassivo e amoroso, pronto a ouvir todas as nossas petições
e a ser para nós um socorro bem presente em todos os momentos de necessidade.
Alguns estão sempre temendo e inventando
aflições. Cada dia está rodeado pelos indícios do amor de Deus, cada dia
desfruta as munificências de Sua providência; mas passam por alto essas bênçãos
atuais. Seu espírito demora-se continuamente em algo desagradável que receiam
possa ocorrer; ou talvez exista realmente alguma dificuldade, a qual, embora
pequena, cegam-lhes os olhos às muitas coisas que requerem gratidão. As dificuldades
que enfrentam, em vez de impeli-los para Deus, a única fonte de auxílio, os
separam Dele, pois suscitaram inquietação e descontentamento.
Irmãos e irmãs fazem bem em ser assim
descrentes? Porque havíamos de ser ingratos e temerosos? Jesus é nosso amigo.
Todo o céu está interessado em nosso bem-estar; e nossa ansiedade e temor
entristecem o Santo Espírito de Deus. Não devemos condescender com uma
solicitude que só nos irrita e extenua, mas não nos ajuda a suportar provações.
Não se deve dar lugar àquela falta de confiança em Deus que nos leva a fazer da
preparação para as necessidades futuras a principal atividade da vida, como se
nossa felicidade consistisse nessas coisas terrenas, e pudéssemos obtê-las
enquanto desprezássemos o fato de que Deus controla todas as coisas.
Podeis estar perplexos
nos negócios; vossas perspectivas podem tornar-se cada vez mais sombrias, e
podeis estar ameaçados de sofrer perdas. Mas não fiqueis desalentados; lançai
vossa ansiedade sobre Deus e permanecei calmos e animados. Começai cada dia com
oração fervorosa, não deixando de oferecer louvor e ações de graça. Pedi
sabedoria para gerir vossos negócios com discrição, evitando assim perdas e
reveses. Faça tudo o que estiver ao vosso alcance para ocasionar resultados favoráveis.
Jesus promete auxílio divino, mas não a parte dos esforços humanos[33].
Confie no Senhor
Estava
fazendo um frio tremendo e a água do rio estava congelada até bem fundo. Um
homem chegou até a margem e quis atravessar. Não havia ponte ali. Olhou-o
bastante tempo e concluiu que poderia sustentá-lo, mas não tinha certeza. Então
disse consigo: Se atravesso engatinhando,
é mais difícil o gelo se partir.
Do
outro lado o homem viu um grande caminhão descer até o rio. Sem parada alguma,
o caminhão atravessou sobre o gelo e chegou até o outro lado do rio.
No
caminhão havia um garotinho com o seu pai. O menino não se preocupou nem um
pouco com a possível quebra do gelo. Assobiou alegremente durante todo o tempo.
Qual
deles estava mais seguro sobre o gelo: o meninozinho alegre ou o homenzinho
tímido? Ambos estavam seguros, mas entre eles havia uma grande diferença: o
menino que confiava no pai sentia-se seguro e alegre, o homem que não confiava
no gelo estava seguro, mas preocupado.
Há
cristãos que são como aquele menino; outros, são como aquele homem. Uns confiam
que Deus os conduz no caminho para o Céu. Sentem-se felizes com Deus, e não se
preocupam nem um pouquinho. Outros têm medo de perder a fé, ou ficam ansiosos,
duvidando que a sua fé seja suficiente forte. Eles então se arrastam quando
poderiam andar de condução e assobiar.
Você
tem Jesus, o seu Salvador. Ele está com você diariamente. Confie nele
então. Seja feliz, seja calmo e confiante. Não se preocupe. E não ande de
gatinhas. Peça que Ele cuide de você na passagem para o Céu.
E
confie que Ele o fará entrar com segurança. A Bíblia diz: Sois guardados pelo poder de Deus.
Então faça o que o salmista mandou: Confie no Senhor.
4 - Coloca
tua alegria
ALEGRIA - Deleita-te. Se escolhemos e amamos o que Deus
ama, nos alegraremos em nossos desejos ou petições. Com referência à
identificação de nossos pensamentos e nossas metas com os planos que Deus tem
para nós[34].
5 - Entrega
teu caminho a Iahweh, confia Nele e Ele agirá;
ENTREGA - Encomenda a Iahweh. Salmo 22: 8; I Pedro 5: 7. Se o ônus
nos resulta demasiado pesado, não temos mais que jogar sobre o Senhor. David
Livingstone declarou que este verso o sustentava em todo momento, tanto em
África como em Inglaterra[35].
AGIRÁ - O fará. Hebraico:
asah, ele atuará. Sua maneira de atuar se apresenta no verso 6[36].
6 - Manifestará
tua justiça como a luz e teu direito como o meio dia.
JUSTIÇA - Se confiamos em Deus quando somos caluniados, ele fará que as nuvens se
dissipem a fim de que nosso verdadeiro caráter, nossos verdadeiros motivos,
seja tão claro como a luz do sol ao meio dia Jeremias 51: 10[37].
7 - Descansa
DESCANSA
NELE ESPERA - Esta frase indica que o Senhor providencia
caminhos de graça e poder para seguirmos. O salmista em sua oração inclui todos
os crentes que crêem no Senhor. Salmo 25: 3; 27: 14[39].
NÃO TE IRRITES - Não te alteres. O hebraico
usa o mesmo verbo do verso 1[40].
8 - Deixa
à ira, abandona o furor, não te irrites: só farias o mal.
DEIXA A IRA - O salmista segue dando conselhos a respeito
de como devemos considerar os ímpios. Não temos de guardar sentimentos de ira
contra eles nem contra Deus porque lhes concede um pouco mais de tempo. Seu
castigo final está nas mãos de Deus[41].
NÃO TE IRRITES - Não te excites. Aqui se usa o mesmo verbo do verso
1. Trata-se de uma repetição da frase tônica[42].
SÓ FARIAS O MAL - A fazer o mal. Hebraico: não te acalores só para fazer o mal. A ira e a
impaciência levam a cometer pecado. O mal que se fomenta no coração é pecado, e
conduz ao ato pecaminoso manifesto[43].
9 -
Porque os maus vão ser extirpados e quem espera em Iahweh possuirá a terra.
QUEM ESPERA - Os que esperam. Os versos
POSSUIRÁ A TERRA - Herdarão a terra. 3, 11, 22, 29, 34. Esta consoladora
e preciosa promessa se deixa ouvir
10 - Mais
um pouco e não haverá mais ímpio, buscarás o seu lugar e não existirá.
NÃO HAVERÁ MAIS ÍMPIO - Não existirá o mau. Estas palavras se cumprirão quando
Deus exterminará os malfeitores e eliminará o pecado do universo[46].
11 - Mas
os pobres mansos vão
possuir a terra e deleitar-se com paz abundante.
POSSUIR A TERRA - Herdarão
a terra. O Senhor prometeu preparar um lugar para que onde Ele
estivesse seus filhos estariam com Ele. João 14:
PAZ ABUNDANTE - Abundância de paz. Se cumprirá sobretudo quando não
existir nem pecado nem os pecadores[47].
12 - O
ímpio faz intriga contra o justo e contra ele range os dentes;
RANGE - Se eu caio, eles me cercam, rangendo os dentes contra mim. Salmo 35:
16.
13 - Mas
o Senhor ri as custa dele, pois vê que seu dia vem chegando.
O SENHOR RI. O Senhor se rirá... O salmista emprega a linguagem humana em
relação a Deus[48].
Comentário Salmo 2: 4. Em contraste com o quadro tumultuoso das nações, representa-se
Iahweh como sentado serenamente nos céus, rindo-se das vãs tentativas dos
rebeldes. A Providência que todo o rege impede que se realizem os desígnios das
pessoas de coração corrupto e entorpece seu caminho II Samuel 15: 31. Os
autores bíblicos descrevem Deus como se tivesse atributos humanos. Dizem: se
rirá Salmo 37: 13; 59: 8; etc. O Talmude consigna que a Torah emprega a linguagem comum dos
seres humanos Yebamoth 71a; Kiddushin
17b; Makkoth 12a. O autor inspirado expressa as características e atitudes
da Deidade na linguagem dos seres humanos, a fim de que estes possam
compreender. Compare-se com a incapacidade de Elen Gold de White para expressar
as glórias do céu porque não podia usar o
idioma de Canaã Primeiros Escritos, p.
SEU DIA - Em Seu dia. I Samuel 26: 10; Jó 18: 20;
Jeremias 50: 27 e 31[50].
14 - Os
ímpios desembainham a espada e retesam o arco para matar o homem reto, para
abater o pobre e o indigente.
POBRE E INDINGENTE - Tanto este vocábulo como pobre representam os que sofrem
necessidades físicas e os que são oprimidos.Salmo 9: 18[51].
HOMEM RETO - De reto proceder. Alguns dos manuscritos hebraicos, como também a LXX, dizem: retos de coração[52].
15 - Mas
a espada lhes entrará no coração e seus arcos serão quebrados.
ENTRARÁ NO CORAÇÃO - Em seu mesmo coração. O mal é como um bumerangue: volta
sobre o ímpio Salmo 7: 15 e 16; 9: 15; Ester 7: 10[53].
16 - Vale
mais o pouco do justo que as grandes riquezas dos ímpios.
VALE MAIS - Melhor. Provérbios 15: 16. Nos versos
RIQUEZAS - Abundância. Refere-se a riquezas
matéria. Hebraico: A riqueza de
numerosos ímpios[55].
17 - Pois
os braços dos ímpios serão quebrados, mas Iahweh é o apoio dos justos.
POIS OS BRAÇOS - Porque os braços. Este verso, escrito em forma
de provérbio, é um exemplo de paralelismo antitético simples[56].
18 - Iahweh
conhece os dias dos íntegros e sua herança permanecerá para sempre.
Comentário Salmo 1: 6. IAHWEH CONHECE - Deus se ocupa dos justos; e, portanto,
prosperam. No último verso do Salmo 1 se dá a razão definitiva do
fim diferente dos dois caminhos. Como Deus conhece, ele discrimina e aprova ou
dá condenação em harmonia com as normas eternas.
Uma lição e só uma
história se repetem com clareza: que de algum modo o mundo está edificado sobre
fundamentos morais; que ao longo da vida lhes vai bem aos bons, e ao longo da
vida lhes vai mal os ímpios. Citação de
Froude, que aparece no comentário de Soncino sobre os Salmos, pág. 2, edição
1945[57].
NOS DIAS - Deus sabe o que ocorre aos perfeitos todos os dias uma
metonímia. Ver
comentário Salmo 31: 15[58].
20 - Eis
que os ímpios vão perecer, os inimigos de Iahweh vão murchar como a beleza dos
prados vai desfazer-se em fumaça.
VÃO MURCHAR COMO A BELEZA DOS PRADOS - Como a gordura dos
carneiros. Hebraico:
kiqar karim. Seu significado não é claro. Yaqar literalmente significa preciosa.
A idéia de gordura se baseia na
observação de que as mais preciosas partes dos cordeiros são as que contêm
gordurosa. Karim também pode
traduzir-se, como em Isaias 30: 23, espaçosos prados RVR, pastagem
dilatada, pastos vastos NC. Por
isso alguns traduzem: como a beleza dos
prados se murchará NC; se desfarão
como o ornato dos prados; linguagem muito bem compreendida num país onde os
campos de pastoreio eram consumidos pelo ardente verão. Alguns eruditos sugerem
que, além de uma ligeira mudança na vocalização, deve se entender que teve uma
confusão de duas letras que em hebraico
são muito parecidas, e que em vez de kiqar,
deve se ler kiqod, como queimação. Também se modifica a voz
karim, e o resultado final é: como queimação de forno. A LXX traduz
muito diferente: E os inimigos do Senhor no momento de ser honrados e exaltados
se desvaneceram por completo como fumaça[59].
EM FUMAÇA - Pois os meus dias se consomem em fumaça,
como braseiros queimam meus ossos. Salmo 102: 3.
21 - O ímpio toma emprestado e
não devolve, mas o justo se compadece e dá.
O JUSTO SE COMPADECE - O justo tem misericórdia. Os versos 21 e 22 são dois dísticos de paralelismo antitético nos
quais se contrastam as obras e os caracteres dos ímpios com os dos justos. Os
ímpios não pagam suas dívidas, mas os justos têm suficientes como para socorrer
caritativamente os necessitados ver a promessa de Deuteronômio 15: 6; 28: 12, 44[60].
22 - Os que Ele abençoa vão possuir a terra, os que Ele amaldiçoa vão ser
extirpados.
EXTIRPADOS - Grego: Os que bendizem... Os que maldizem[61].
23 - Iahweh
assegura os passos do homem, eles são firmes e seu caminho lhe agrada.
24 - Quando
tropeça não chega a cair, pois Iahweh o sustenta pela mão.
NÃO CHEGA A CAIR - Quando o homem cair. Ainda que provavelmente o salmista se referisse
em primeiro lugar à pessoa que cai em alguma situação desafortunada, na
decepção ou na calamidade Salmo 34: 19,
também poderia ter aludido à queda no pecado. O justo não está isento de
pecado; mas quando erra, imediatamente toma as medidas necessárias para
retificar seu erro. Quando estamos vestidos com a justiça de Cristo não nos
deleitaremos no pecado, pois Cristo estará operando conosco. Ainda que cometamos
erros, odiaremos o pecado que causou o sofrimento do Filho de Deus[62].
SUSTENTA PELA MÃO - Sustenta
sua mão. Para
que não caia por terra quando tropeça Isaias 41: 13; 43: 2[63].
25 - Fui
jovem e já estou velho, mas nunca vi um justo abandonado, nem sua descendência
mendigando o pão.
VELHO - Envelheci. Este depoimento é o
fruto de uma minuciosa e contínua observação que o salmista fez ao longo de sua
vida. Esta passagem indica que Davi escreveu este poema em seus últimos anos.
Não é que os justos não passam privações, senão que Deus não os abandona quando
sofrem. Na vida prosperam porque sua descendência tem o que precisa. O salmista
enuncia aqui uma verdade geral: a verdadeira religião faz que a pessoa seja
ativa e independente, e a livra de ter que mendigar para subsistir. O quadro
oposto de Jó 15: 20, 23[64].
26 – Todo
dia ele se compadece e empresta, e sua descendência é uma bênção.
TODO DIA - Em todo tempo. Literalmente,
todo o dia. Ação constante. Faz parte do justo compadecer e emprestar. Mas o ímpio toma emprestado[65].
27 - Evita
o mal e pratica o bem, e para sempre terás habitação.
EVITA - Aparta-te. Este verso
encerra a lição de todo o Salmo. Salmo 34: 14[66].
28 - Pois
Iahweh ama o direito e jamais abandona seus fiéis.
JAMAIS - Os malfeitores serão destruídos: seguindo o grego, o que restitui a letra áyin, ausente no hebraico e permite manter a mesma estrutura poética do Salmo.
O hebraico seria traduzido eles seus amigos serão guardados para
sempre[67].
Para sempre. Hebraico: olam. Aqui deveria começar uma seção com a letra áyin, mas o termo olam tem uma lámed
prefixada, algo não habitual no acróstico. É possível, se
tem
29 - Os
justos vão possuir a terra e nela habitarão para sempre.
30 - A
boca do justo medita sabedoria e a língua fala o direito;
MEDITA - Fala. Hebraico: hagah, sussurrar,
meditar; hagah se traduz como
meditar; Este verbo encerra a idéia de falar em voz baixa, como se sussurrasse
alguma idéia agradável. Salmo 35: 28[69].
Literalmente: murmura. Tal poesia em voz baixa
é uma meditação. Salmos 63: 7; 77: 13; 143: 5, que se opõe ao grito da prece na
provação Salmos 3: 5; 5: 3; etc.[70].
Do verbo Hebraico: hagah, falar entre dentes, murmurar. Dali as idéias de ler baixinho, soliloquiar, meditar. No Salmo
119: 15 e 148 o salmista narra sua experiência pessoal com referência à
meditação. Mas nessa passagem se usa um sinônimo de hagah. Compare-se com o conselho que deu Moisés ao povo de Israel
em seu segundo discurso de despedida Deuteronômio 6:
31 - No
coração está à lei do seu Deus, seus passos nunca vacilam.
NO CORAÇÃO - Deuteronômio 6: 6; Salmo 40:
LEI - Hebraico: Torah. Provérbios 3: 1. Vocábulo que no AT comumente se traduz por lei. Deriva da raiz verbal yarah, jogar, arrojar, e numa forma do
verbo significa ensinar, instruir. Êxodo 4: 12; 24: 12; Levítico 10: 11; I
Samuel 12: 23.
Torah significa ensino, instrução. Se traduz melhor: Não
esqueças minha instrução. A LXX
utiliza o termo nómos, que indica
qualquer coisa assinalada: um costume, um convênio ou uma lei. No NT se emprega nómos para referir-se à lei. Se aplicasse a toda a Bíblia a
idéia de que a lei serve para instruir ou guiar, desapareceria o caráter de
cega obrigação que se lhe atribui, e então os mandamentos de Deus se
converteriam em sinais que mostram o caminho da vida eterna e advertem contra
perigosos desvios que conduzem aos caminhos do pecado e a morte verem[73].
32 - O
ímpio espreita o justo e procura levá-lo a morte.
33 - Iahweh não o abandona em sua mão, e no julgamento não o deixa condenar.
ABANDONA - Deixará. Ou abandonará. NC[74]. Quem
confia no Senhor jamais fica só, a promessa é: Estarei convosco todos os dias
até a consumação dos séculos.
CONDENAR - Quando uma pessoa piedosa é condenada
injustamente por seu próximo, Deus a absolverá I Corintios 4: 3 e 4[76].
34 - Espera
por Iahweh e observa seu caminho; Ele te exaltará, para que possua a terra: tu
verás o ímpio extirpado.
ESPERA - Salmo
27: 14.
VERÁS - Finalmente se
vindicará a retidão dos santos verão o triunfo da verdade. Isto
não necessariamente se deve entender como uma expressão de vingança, mas como
uma profecia do triunfo final da justiça e do amor de Deus Malaquias 4: 3[77].
35 - Eu
vi um ímpio muito poderoso elevar-se como um cedro do Líbano.
EU VI - O salmista é
testemunha ocular[78].
CEDRO DO LÍBANO - Segundo o grego. Hebraico: desnudando
enquanto eu resplandecia, verdejante. Salmo
92: 15[79].
Hebraico: ezraj ra anan, frase cujo sentido não é claro. A palavra ezraj significa natural de um lugar, cidadão Êxodo 12: 49; Levítico 16: 29;
etc.; ra anan, viçoso, cheio de folhas. Talvez a LXX conserva melhor o verdadeiro sentido: cedros do Líbano. Alguns sugeriram que deve traduzir-se árvore que nunca foi transplantada[80].
36 - Passei
de novo e eis que não existe mais, procurei-o, mas não foi encontrado.
PASSEI - Isto é, o ímpio[81].
37 - Observa
o íntegro, vê o homem direito: há uma posteridade para o homem pacífico.
HÁ UMA POSTERIDADE PARA O HOMEM PACÍFICO - Final ditoso. Hebraico: ajarith. Este
vocábulo tem vários significados, entre eles: fim, resultado final ver Números 23: 10; Provérbios 1: 19; etc., futuro
Provérbios
23: 18; Jeremias 29: 11, descendência Salmo 37: 38. O salmista
está pensando no fim do justo, que será o triunfo, em contraste com o triste
fim do ímpio, tal como se expressa no seguinte verso. O paralelismo
antitético resulta claro[82].
38 - Mas
os transgressores serão todos destruídos, a posteridade do ímpio será extirpada.
POSTERIDADE DO ÍMPIO - Note-se o agudo
contraste com o fim dos justos, cuja posteridade permanece[83].
39 - A
salvação do justo vem de Iahweh, sua fortaleza no tempo de angústia.
FORTALEZA - Ou lugar
de refúgio. Apesar do aparente triunfo dos ímpios, Deus é um refúgio para
os justos. Os que nele confiam serão liberados finalmente[84].
40 - Iahweh
os ajuda e liberta, ele vai libertá-los dos ímpios e salvá-los, porque Nele se
abrigaram..
NELE SE ABRIGARAM - Porquanto nele esperaram. Ao estudar
este Salmo
é bom recordar que esta vida é a escola que nos prepara para a vida vindoura,
ou seja um prelúdio do drama da vida eterna. Ao final, os justos sairão bem[85].
A Verdadeira Riqueza
Entre os judeus a questão: Quem
é o meu próximo? Lucas 10: 29 suscitavam disputas intermináveis. Não
tinham dúvidas quanto aos gentios e samaritanos. Estes eram estrangeiros e
inimigos. Mas onde deveria ser feita a distinção entre seu povo e entre as
diferentes classes da sociedade? A quem deveriam o sacerdote, o rabino, o
ancião, considerar seu próximo? Consumiam a vida num ciclo de cerimônias para
se purificarem. O contato com a multidão ignorante e descuidada, ensinavam
causar uma mancha que requeria fatigantes esforços para remover. Deveriam eles
considerar impuros seu próximo?
Na parábola do bom samaritano, Cristo respondeu a essa pergunta. Mostrou
que nosso próximo não significa unicamente alguém da igreja ou fé a que
pertencemos. Não faz referência a nacionalidade, cor ou distinção de classe.
Nosso próximo é toda pessoa que carece de nosso auxílio. Nosso próximo é toda
pessoa ferida e magoada pelo adversário. Nosso próximo é todo aquele que é
propriedade de Deus.
A parábola do bom samaritano foi inspirada pela pergunta de um doutor da
lei a Cristo. Enquanto o Salvador estava ensinando, eis que se levantou certo
doutor da lei, tentando-O e dizendo: Mestre,
que farei para herdar a vida eterna? Lucas 10: 25. Os fariseus tinham
sugerido esta pergunta ao doutor da lei na esperança de enredar a Cristo em
Suas palavras, e espreitavam ansiosamente a resposta. Mas o Salvador não entrou
O doutor da lei não estava satisfeito com a atitude e obras dos fariseus.
Estivera estudando as Escrituras com o desejo de aprender sua significação
verdadeira. Tinha interesse real na questão, e perguntou com sinceridade: Que farei? Lucas 10: 25. Em sua
resposta a respeito dos reclamos da lei, passou por alto toda a multidão de
preceitos cerimoniais e rituais. A estes não deu importância, mas apresentou os
dois grandes princípios de que dependem toda a lei e os profetas.
Faze isso e viverás, disse Cristo. Lucas 10: 28. Em Seus ensinos sempre
apresentava a lei como uma unidade divina, mostrando que é impossível guardar
um preceito e violar outro; porque um mesmo princípio os anima a todos. O
destino do homem será determinado pela obediência a toda a lei.
Cristo sabia que ninguém poderia obedecer à lei por sua própria força.
Desejava induzir o doutor da lei a um estudo mais esclarecido e minucioso para
que achasse a verdade. Somente aceitando a virtude e a graça de Cristo pode
observar a lei. A fé na propiciação pelo pecado habilita o homem caído a amar a
Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo.
O doutor sabia que não guardara nem os primeiros quatro, nem os últimos
seis mandamentos. Foi convencido pelas penetrantes palavras de Cristo, mas em
vez de confessar o seu pecado, procurou justificar-se. Em vez de reconhecer a
verdade, tentou mostrar quão difícil é cumprir os mandamentos. Deste modo
esperava rebater a convicção e justificar-se aos olhos do povo. As palavras do
Salvador lhe mostraram que a pergunta era desnecessária, pois ele mesmo estava
apto para a ela responder. Contudo interrogou novamente, dizendo: Quem é o meu próximo? Lucas 10: 29.
Outra vez recusou Cristo ser arrastado à controvérsia. Respondeu narrando
um incidente, do qual os ouvintes estavam bem lembrados. Descia um homem, disse, de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos
dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram,
deixando-o meio morto. Lucas 10: 30.
Na jornada de Jerusalém a Jericó, o viajante precisava atravessar parte
do deserto da Judéia. O caminho passava numa garganta rochosa e deserta,
infestada de ladrões, e era muitas vezes local de violências. Aí o viajante
fora atacado, despojado de tudo quanto possuía de valor, e abandonado meio
morto no caminho. Estando nessas condições, um sacerdote por lá passou, viu o
homem ferido e maltratado, engolfado em sangue, porém deixou-o sem prestar-lhe
auxílio.
Passou de largo. Lucas 10: 31. Apareceu então
um levita. Curioso de saber o que acontecera, deteve-se e contemplou o
sofredor. Estava convicto de seu dever, mas não era um serviço agradável.
Desejou não ter vindo por aquele caminho, de modo que não visse o ferido.
Persuadiu-se de que não tinha nada com o caso, e também passou de largo.
Mas um samaritano que viajava pela mesma
estrada, viu a vítima e fez o que os outros recusaram fazer. Com carinho e amabilidade
tratou do ferido. Vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se,
atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua
cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele; e, partindo
ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida
dele, e tudo que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar. Lucas 10:
Dando esta lição, Jesus apresentou os princípios da lei de maneira direta
e incisiva, mostrando aos ouvintes que eles tinham negligenciado a prática
destes princípios. Suas palavras eram tão definidas e acertadas que os ouvintes
não podiam achar oportunidade de contestá-las. O doutor da lei não encontrou na
lição nada que pudesse criticar. Seu preconceito a respeito de Cristo foi
removido. Mas não tinha vencido suficientemente a aversão nacional, para
recomendar por nome o samaritano.
Ao perguntar Cristo: Qual, pois,
destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos
salteadores? Disse: O que usou
de misericórdia para com ele. Lucas 10: 36 e 37.
Disse, pois, Jesus: Vai e faze
da mesma maneira. Lucas 10: 37. Mostra o mesmo terno amor para com os
necessitados. Assim demonstrarás que guardas toda a lei.
A grande diferença entre judeus e samaritanos era uma diferença de crença
religiosa, uma questão quanto ao que constitui o verdadeiro culto. Os fariseus
não diziam nada de bom dos samaritanos, mas lançavam sobre eles as mais amargas
maldições. Tão forte era a antipatia entre judeus e samaritanos, que para a
mulher de Samaria foi estranho que Cristo lhe pedisse de beber. Como, disse ela, sendo Tu judeu, me pedes de beber a mim, que
sou mulher samaritana? porque, acrescenta o evangelista, os judeus não se comunicam com os
samaritanos. João 4: 9.
E quando os judeus estavam tão cheios de ódio sanguinário contra Cristo
que se levantaram no templo para apedrejá-Lo, não puderam achar melhores
palavras para exprimir o seu ódio que: Não
dizemos nós bem que és samaritano e que tens demônio? João 8: 48. Além
disso, o sacerdote e o levita negligenciaram justamente a obra de que o Senhor
os incumbira, e deixaram a um samaritano odiado e desprezado servir a um seu
compatriota.
O samaritano cumprira o mandamento: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, mostrando assim ser mais
justo que os que o condenavam. Arriscando a vida, tratou do ferido como se
fosse seu irmão. Este samaritano representa Cristo. Nosso
Salvador manifestou por nós um amor, que o amor humano jamais pode igualar.
Quando estávamos moídos e à morte, compadeceu-Se de nós. Não passou de largo,
não nos abandonou desamparados nem nos deixou perecer sem esperança. Não
permaneceu no lar santo e feliz onde era amado por todos os anjos. Viu nossa
cruel necessidade, advogou nossa causa e identificou Seus interesses com os da
humanidade. Morreu para salvar os inimigos. Rogou por Seus assassinos.
Apontando Seu próprio exemplo, diz aos seguidores: Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros. João 15: 17, como Eu vos
amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. João 13: 34.
O sacerdote e o levita haviam estado em adoração no templo cujo serviço
Deus mesmo ordenara. Participar desse culto era grande e exaltado privilégio, e
o sacerdote e o levita sentiram que sendo tão honrados, estava abaixo de sua
dignidade servir a um sofredor desconhecido à beira da estrada. Assim,
negligenciaram a oportunidade especial que Deus lhes deparara como agentes Seus
para abençoar semelhante.
Muitos atualmente cometem erro semelhante. Dividem seus deveres em duas
classes distintas. Uma classe consiste em grandes coisas reguladas pela lei de
Deus; a outra, nas assim chamadas coisas pequenas, em que o mandamento Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Mateus
19: 19, é passado por alto. Essa esfera de trabalho é deixada ao léu, e
sujeita à inclinação e ao impulso. Desse modo o caráter é manchado e a religião
de Cristo mal representada.
Homens há que pensam ser humilhante para a sua dignidade o servirem à
humanidade sofredora. Muitos olham com indiferença e desdém os que arruinaram seu
corpo. Outros desprezam os pobres por diferentes motivos. Estão trabalhando,
como crêem, na causa de Cristo, e procuram empreender algo de valor.
Sentem que estão fazendo grande obra, e não se podem deter para notar as
vicissitudes do necessitado e do infeliz. Sim, até pode dar-se que, favorecendo
sua suposta grande obra, oprimam os pobres. Podem colocá-los em circunstâncias
difíceis e penosas, privá-los de seus direitos ou negligenciar-lhes as
necessidades. Apesar disso acham que tudo isto é justificável, porque estão,
como cuidam, promovendo a causa de Cristo.
Muitos consentem em que um irmão ou vizinho se debata sob circunstâncias
adversas, sem ampará-lo. Porque professam ser cristãos, pode ele ser induzido a
pensar que em seu frio egoísmo estão representando a Cristo. Porque pretensos
servos do Senhor não são Seus co-obreiros, o amor de Deus que deles devia
exalar é em grande parte interceptado de seus semelhantes. E muitos louvores e
ações de graças do coração e lábios humanos são impedidos de refluir a Deus.
Ele é destituído da glória devida ao Seu Santo nome. É espoliado das pessoas
pelas quais Cristo morreu, pessoas que anela introduzir em Seu reino, para
habitarem em Sua presença pelos séculos infindos.
A verdade divina exerce pouca influência sobre o mundo, embora devesse
exercer muita influência por nossa atitude. É bastante comum a simples
profissão de religião, mas isso quase nada vale. Podemos professar ser
seguidores de Cristo, podemos professar crer todas as verdades da Palavra de
Deus; mas isto não fará bem ao nosso próximo, a não ser que nossa crença esteja
entrelaçada com nossa vida diária. Nossa profissão pode ser tão alta quanto o
Céu, mas não nos salvará a nós mesmos nem aos nossos semelhantes, a menos que
sejamos cristãos. Um exemplo correto fará mais benefício ao mundo que qualquer
profissão de fé.
A causa de Cristo não pode ser favorecida por nenhum procedimento
egoísta. Sua causa é a causa do oprimido e do pobre. Há necessidade de
terna simpatia de Cristo no coração de Seus seguidores professos - amor mais
profundo aos que tanto avaliou que deu a própria vida para a sua salvação.
Essas pessoas são preciosas, infinitamente mais preciosas do que qualquer outra
oferenda que possamos apresentar a Deus. Empenharam-se toda a energia numa obra
aparentemente grande, ao passo que desprezamos os necessitados ou privamos de
seu direito o estrangeiro, nosso serviço não terá a aprovação divina.
A santificação da alma pela operação do Espírito Santo é a implantação da
natureza de Cristo na humanidade. A religião do evangelho é Cristo na vida, um
princípio vivo e atuante. É a graça de Cristo revelada no caráter e expressa
O amor é o fundamento da piedade. Qualquer que seja a fé, ninguém tem
verdadeiro amor a Deus se não manifestar amor desinteressado pelo seu irmão.
Mas nunca poderemos possuir esse espírito apenas tentando amar os outros. O que
é necessário é o amor de Cristo no coração. Quando o eu está imerso em Cristo,
o amor brota espontaneamente. A perfeição de caráter do cristão é alcançada
quando o impulso de auxiliar e abençoar a outros brotar constantemente do
íntimo, quando a luz do Céu encher o coração e for revelada no semblante.
Não é possível que o coração
Onde quer que haja um impulso de amor e simpatia, onde quer que o coração
se comova para abençoar e amparar os outros, é revelada a operação do Santo
Espírito de Deus. Nas profundezas do paganismo os homens que não tiveram
conhecimento da lei escrita de Deus, que nunca ouviram o nome de Cristo, têm
sido bondosos com Seus servos, protegendo-os com o risco da própria vida. Seus
atos mostram a operação de um poder divino. O Espírito Santo implantou a graça
de Cristo no coração do selvagem, despertando nele a simpatia contrária à sua
natureza e à sua educação. A luz
verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo. João 1: 9,
está-lhe brilhando na alma; e esta luz, se atendida, lhe guiará os pés para o
reino de Deus.
O Deus que fez o mundo e tudo que nele
há,... E de um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face
da terra,... Para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, O pudessem
achar. Atos 17: 24, 26 e 27. Olhei, e eis aqui uma multidão... De todas as
nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o
Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas
Deus não reconhece distinção alguma de nacionalidade, etnia ou classe
social. É o Criador de todo homem. Todos os homens são de uma família pela
criação, e todos são um pela redenção. Cristo veio para demolir toda parede de
separação e abrir todos os compartimentos do templo a fim de que todos possam
ter livres acesso a Deus. Seu amor é tão amplo, tão profundo, tão pleno, que
penetra
Em Cristo não há nem judeu nem grego, servo nem livre. Todos são
aproximados por Seu precioso sangue. Gálatas
3: 28; Efésios 2: 13.
Qualquer que seja a diferença de crença religiosa, um clamor da
humanidade sofredora precisa ser ouvido e atendido. Onde existirem amargos
sentimentos por diferenças de religião, pode ser feito muito bem pelo serviço
pessoal. O serviço amável quebrará os preconceitos e conquistará almas para
Deus.
Devemos atender às aflições, às dificuldades e às necessidades dos
outros. Devemos partilhar das alegrias e cuidados tanto de nobres como de
humildes, de ricos como de pobres. De
graça recebestes, disse Cristo, de
graça dai. Mateus 10: 8.
Ao redor de nós há almas pobres e tentadas que necessitam de palavras de
simpatia e atos ajudadores. Há viúvas que carecem de simpatia e assistência. Há
órfãos, aos quais Cristo ordenou aos Seus seguidores que recebessem como legado
de Deus. Muitas vezes são abandonados. Podem ser maltrapilhos, grosseiros e,
segundo toda a aparência, nada atraentes; contudo são propriedade de Deus.
Foram comprados por preço, e aos Seus olhos são tão preciosos quanto nós.
São membros da grande família de Deus, e os cristãos, como mordomos Seus, são
por eles responsáveis. Suas almas,
disse, requererei de tua mão.
O pecado é o maior de todos os males, e é nosso dever compadecer-nos dos
pecadores e auxiliá-los. Nem todos podem ser alcançados do mesmo modo, porém.
Muitos há que ocultam sua pobreza de alma. Estes seriam grandemente auxiliados
por uma palavra terna ou por uma boa lembrança. Outros estão na maior
indigência, contudo não o sabem. Não reconhecem a terrível privação da alma. As
multidões estão tão submersas no pecado, que perderam todo o senso das
realidades eternas, perderam a semelhança de Deus, e mal sabem se têm alma para
ser salva ou não. Não têm nem fé em Deus, nem confiança no homem. Alguns destes
só podem ser alcançados por atos de beneficência desinteressada. Precisam ser
primeiramente atendidas as suas necessidades materiais. Precisam ser
alimentados, limpos e vestidos decentemente. Ao verem a prova de vosso amor
desinteressado, ser-lhes-á mais fácil crerem no amor de Cristo.
Muitos há que erram e sentem a sua vergonha e loucura. Consideram seus
enganos e erros até serem arrastados quase ao desespero. Não devemos desprezar
estas pessoas. Quando alguém tem que nadar contra a correnteza, toda a força da
mesma o impele para trás. Estenda-se-lhes uma mão auxiliadora, como o fez a
Pedro quando se afogava, a mão do Irmão mais velho. Fale-lhe palavras de
esperança, palavras que fortaleçam a confiança e despertem amor.
Seu irmão doente espiritualmente necessita de ti, como tu mesmo careceste
do amor de um irmão. Necessita da experiência de alguém que fora tão fraco
quanto ele, de alguém que possa com ele simpatizar e o auxilie. O conhecimento
de nossa própria debilidade deve auxiliar-nos a ajudar a outros que estejam em
amarga necessidade. Nunca devemos passar por uma alma sofredora sem tentar
comunicar-lhe o conforto com que fomos consolados por Deus.
A comunhão com Cristo, o contato pessoal com o Salvador vivo, é que
habilita a mente, o coração e a alma a triunfar sobre a natureza inferior.
Falai ao peregrino de uma Mão todo-poderosa que o levantará, e de uma infinita
humanidade em Cristo que dele se compadece. Não lhe é suficiente crer em lei e
força, em coisas que não têm piedade, e jamais ouvem um pedido de socorro.
Necessita apertar uma mão cálida, confiar num coração cheio de ternura. Que sua
mente se demore no pensamento de que Deus está ao seu lado, sempre o contemplando
com amor piedoso. Recomendai-lhe pensar no coração de um Pai que sempre se
angustia pelo pecado, na mão sempre estendida de um Pai, e na voz de um Pai,
que diz: Que se apodere da Minha força
e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo. Isaias 27: 5.
Ocupando-vos nesta obra tendes companheiros invisíveis aos olhos humanos.
Os anjos do Céu estavam ao lado do samaritano que cuidou do estrangeiro ferido.
Os anjos das cortes celestes assistem a todos quantos fazem o serviço de Deus,
cuidando dos semelhantes. E tendes a cooperação do próprio Cristo. Ele é o
Restaurador, e se trabalhardes sob Sua superintendência, vereis grandes
resultados.
De sua fidelidade nessa obra não só depende o bem-estar de outros como
também vosso destino eterno. Cristo procura erguer todos quantos querem ser
alçados à Sua companhia para que sejamos um com Ele, como Ele é um com o Pai.
Permite que tenhamos contato com o sofrimento e calamidade para nos tirar de
nosso egoísmo; procura desenvolver em nós os atributos de Seu caráter,
compaixão, ternura e amor. Aceitando esta obra de beneficência entramos em
Sua escola para sermos qualificados para as cortes de Deus.
Rejeitando-a, rejeitamos Sua instrução, e escolhemos a eterna separação de Sua
presença.
Se observares as Minhas ordenanças, declara o
Senhor, te darei lugar entre os que
estão aqui, mesmo entre os anjos que circundam o Seu trono. Zacarias 3: 7.
Cooperando com os seres celestes em sua obra na Terra, preparamo-nos para a Sua
companhia no Céu. Espíritos
ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a
salvação. Hebreus 1: 14, os anjos no Céu darão as boas-vindas àquele
que na Terra viveu não para ser
servido, mas para servir. Mateus 20: 28. Nesta abençoada companhia
aprenderemos, para nossa alegria eterna, tudo que está encerrado na pergunta: Quem é o meu próximo? Lucas 10: 29[86].
Leitura Adicional
Os Mansos Herdarão a
Terra
Há, através das bem-aventuranças, uma progressão na
experiência cristã. Os que sentiram sua necessidade de Cristo, os que choraram
por causa do pecado, e se sentaram com Cristo na escola da aflição, hão de, com o divino
Mestre, aprender a ser mansos.
A paciência e a
brandura ao sofrer ofensas, não eram características apreciadas pelos pagãos e
pelos judeus. A declaração feita por Moisés sob a inspiração do Espírito Santo,
de ser ele o homem mais manso que havia sobre a Terra, não teria sido
considerada pelo povo de seu tempo como um louvor; teria antes provocado
piedade ou desprezo. Mas Cristo coloca a mansidão entre os primeiros atributos
necessários para habitar
Jesus, o resplendor
da glória do Pai, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo,
tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens. Filipenses 2: 6 e 7.
Consentiu em passar por todas as humildes experiências da vida, andando entre
os filhos dos homens, não como rei, exigindo homenagens, mas como Alguém cuja
missão era servir aos outros. Não havia em Sua maneira de ser nenhum traço de
beatice ou de fria austeridade. O Redentor do mundo tinha uma natureza superior
à dos anjos, todavia, unidas a Sua divina majestade achavam-se a mansidão e a
humildade que atraíam todos a Ele.
Jesus Se esvaziou a
Si mesmo e, em tudo quanto fez, o próprio eu não aparecia. Subordinava todas as
coisas à vontade de Seu Pai. Quando Sua missão na Terra estava prestes a
terminar, foi-Lhe possível dizer: Eu glorifiquei-Te na Terra, tendo consumado
a obra que Me deste a fazer. João 17: 4. Ele nos pede: Aprendei
de Mim, que sou manso e humilde de coração. Mateus 11: 29. Se alguém quiser vir
após Mim, renuncie-se a si mesmo. Mateus 16: 24; que o próprio eu
seja destronado e nunca mais possua a supremacia da alma.
Aquele que contempla
a Cristo em Sua abnegação, em Sua humildade de coração será constrangido a
dizer, como
Quando recebemos a
Cristo na alma, como hóspede permanente, a paz de Deus, que excede a todo
entendimento, guarda nosso coração e espírito
Levai comigo o jugo
do serviço, para a glória de Deus e o reergui mento da humanidade, e achareis
suave o jugo, e leve o fardo.
É o amor do próprio
eu que destrói a nossa paz. Enquanto o eu está bem vivo, estamos continuamente
prontos a preservá-lo de mortificação e insulto; mas, se estamos mortos, e
nossa vida escondida com Cristo em Deus, não levaremos a sério as desatenções e
indiferenças. Seremos surdos às censuras, e cegos à zombaria e ao insulto. A
amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se
ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses,
não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas
regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O
amor jamais acaba. I Corintios 13:
A felicidade
derivada de fontes terrenas é tão mutável como a podem tornar as várias
circunstâncias; a paz de Cristo, porém, é constante e permanente. Ela não
depende de qualquer circunstância da vida, da quantidade de bens mundanos, ou
do número de amigos. Cristo é a fonte da água viva, e a felicidade que Dele
procede não pode jamais falhar.
A mansidão de
Cristo, manifestada no lar, tornará felizes os membros da família; ela não
provoca disputas, não dá más respostas, mas acalma o temperamento irritado, e
difunde uma suavidade que se faz sentir por todos os que se acham dentro
do aprazível ambiente. Sempre que é nutrida, torna as famílias da Terra
uma parte da grande família do Céu.
Muito melhor nos é
sofrer sob falsa acusação, do que nos infligirmos a nós mesmos a tortura da
desforra sobre os nossos inimigos. O espírito de ódio e vingança teve sua
origem em Satanás, e só pode trazer mal sobre aquele que o nutre. Humildade
de coração, aquela mansidão que é o fruto de permanecer em Cristo, é o
verdadeiro segredo da bênção. Ele adornará os mansos com a salvação. Salmo 149:
4.
Os mansos herdarão a Terra. Salmo 37: 11. Foi mediante o desejo de exaltação própria
que o pecado entrou no mundo, e nossos primeiros pais perderam o domínio sobre
a bela Terra, seu reino. É mediante a abnegação que Cristo redime o que se
havia perdido. E Ele diz que devemos vencer como Ele venceu. Apocalipse
3: 21. Por meio da humildade e renúncia do próprio eu, podemos
tornar-nos co-herdeiros com Ele, quando os mansos herdarem a Terra.
A Terra prometida
aos mansos não se parecerá com esta, obscurecida pelas sombras da morte e da
maldição. Nós, segundo a Sua promessa, aguardamos novos céus e nova Terra, em que
habita a justiça. II Pedro 3: 13. E ali nunca mais haverá maldição contra
alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os Seus servos O
servirão. Apocalipse 22: 3.
Não
haverá decepção, nem pesar, nem pecado, ninguém que diga: enfermo estou; não
haverá cortejos fúnebres, nem lamentações, nem morte, nem separações, nem
corações partidos; mas Jesus ali estará, ali estará à paz. Os remidos nunca
terão fome nem sede, nem a calma nem o Sol os afligirão, porque O que
Se compadece deles os guiará e os levará mansamente aos mananciais das águas.
Isaias 49: 10[87].
Autor: Pr. Itamar de
Paula Marques, teólogo e administrador de empresas
[1]Caminhando com Jesus No
Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 22.
[2] BJ, p. 1.845.
[3] Desejado de Todas as Nações, pp. 284 e 285.
[4] CBASD, vol. 5 p. 317.
[5] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1,
William Barclay. Editora Clie, pp.
[6] Mateus, Introdução e Comentário, R. V. G.
Tasker, Mundo Cristão, p. 49.
[7] ONTIVV, Russell Norman Champlin, Ph. D. Vol.
1, p. 304.
[8] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 23.
[9] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 24.
[10] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 25.
[11] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 26.
[12] BJ, 1.777.,
[13] CBASD, vol. 4, p. 1.051.
[14] CBASD, vol. 4, p. 1.051.
[15] CBASD, vol. 4, p. 1.051.
[16] CBASD, vol. 4, p. 1.051.
[17] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 27.
[18] CBASD, vol. 5, p. 317.
[19] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1,
William Barclay. Editora Clie, pp. 118 e 119.
[20] ONTIVV, Russell Norman Champlin, Ph. D. Vol.
1, p. 304.
[21] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 28.
[22] CBASD, vol. 5, p.
[23] Manuscrito 118, 1905.
[24] CBASD, vol. 3, p. 730.
[25] BJ, 684.
[26] CBASD, vol. 3, p. 730.
[27] CBASD, vol. 3, p. 730.
[28] CBASD, vol. 3, p. 730.
[29] CBASD, vol. 3, p. 730.
[30] CBASD, vol. 3, p. 730.
[31] BJ, p. 986.
[32] CBASD, vol. 3, p. 730.
[33] O Cuidado de Deus, EGW, Meditações Matinais
1995, p. 232.
[34] CBASD, vol. 3, pp. 730 e 731.
[35] CBASD, vol. 3, p. 731.
[36] CBASD, vol. 3, p. 731.
[37] CBASD, vol. 3, p. 731.
[38] CBASD, vol. 3, p. 731.
[39] CBASD, vol. 3, p. 731.
[40] CBASD, vol. 3, p. 731.
[41] CBASD, vol. 3, p. 731.
[42] CBASD, vol. 3, p. 731.
[43] CBASD, vol. 3, p. 731.
[44] CBASD, vol. 3, p. 731.
[45] CBASD, vol. 3, p. 731.
[46] CBASD, vol. 3, p. 731.
[47] CBASD, vol. 3, p. 731.
[48] CBASD, vol. 3, p. 731.
[49] CBASD, vol. 3 p. 639.
[50] CBASD, vol. 3, p. 731.
[51] CBASD, vol. 3, p. 659.
[52] CBASD, vol. 3, p. 731.
[53] CBASD, vol. 3, p. 731.
[54] CBASD, vol. 3, p. 731.
[55] BJ, p. 987.
[56] CBASD, vol. 3, p. 731.
[57] CBASD, vol. 3, p. 638.
[58] CBASD, vol. 3, p. 731.
[59] CBASD, vol. 3, p. 731.
[60] CBASD, vol. 3, pp. 731 e 732.
[61] BJ, p. 987.
[62] CBASD, vol. 3, p. 732.
[63] CBASD, vol. 3, p. 732.
[64] CBASD, vol. 3, p. 732.
[65] CBASD, vol. 3, p. 732.
[66] CBASD, vol. 3, p. 732.
[67] BJ, p. 987.
[68] CBASD, vol. 3, p. 732.
[69] CBASD, vol. 3, p. 724.
[70] BJ, p. 948.
[71] CBASD, vol. 3, p. 637.
[72] CBASD, vol. 3, p. 732.
[73] CBASD, vol. 3, p. 968.
[74] CBASD, vol. 3, p. 732.
[75] CBASD, vol. 3, p. 732.
[76] CBASD, vol. 3, p. 732.
[77] CBASD, vol. 3, p. 732.
[78] CBASD, vol. 3, p. 732.
[79] BJ, p. 988.
[80] CBASD, vol. 3, p. 732.
[81] CBASD, vol. 3, p. 732.
[82] CBASD, vol. 3, p. 732.
[83] CBASD, vol. 3, p. 732.
[84] CBASD, vol. 3, p. 732.
[85] CBASD, vol. 3, p. 732.
[86] Parábolas de Jesus, pp.
[87] O Maior Discurso de Cristo, pp.