O Pranto Que Resulta Em Bênçãos

 

 

 

 

5 - Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.

 

 

         Os códices D 33 565 700 Sy e o pai Clemente Alexandrino 212 d. C. invertem a ordem dos versos 4 e 5. Algumas autoridades sobre questões textuais aceitam esta versão como original, como a Bíblia Jerusalém, mas a maioria prefere a ordem familiar.

 

        Todas as traduções usadas para comparação, neste comentário, retêm a ordem usual, exceto F, que evidentemente segue autoridades. A coerência lógica das sentenças parece igualmente boa de um modo ou de outro. A maioria das evidências dadas pelos manuscritos indica que a ordem familiar era a original[1].

 

 

CHORAM - O pranto que dá direito a consolação é o que tem pôr objeto os pecados, o afastamento de Deus, as misérias do exílio terreno[2].

 

         Pôr estas palavras Cristo não ensina que o chorar em si mesmo tenha poder para remover a culpa do pecado. Não sanciona a suposta ou voluntária humildade. O choro a que Se refere, não consiste em melancolia e lamentação. Ao passo que nos afligimos pôr causa do pecado, cumpre-nos regozijar-nos no precioso privilégio de ser filhos de Deus.

 

         A verdadeira tristeza pelo pecado é o resultado da operação do Espírito Santo. Este revela a ingratidão da alma que menosprezou e ofendeu o Salvador, levando-nos contritos ao pé da cruz. Pôr todo o pecado é Jesus novamente ferido; e ao olharmos Àquele a quem traspassamos, choramos as transgressões que lhe trouxeram angústia. Tal pranto levará a renúncia do pecado.

 

         Os mundanos talvez considerem este choro uma fraqueza; mas é a força que liga o penitente ao Infinito com laços que não se podem romper. Mostra que os anjos de Deus estão outra vez trazendo á alma as graças perdidas mediante a dureza de coração e as transgressões. As lágrimas do penitente não são senão as gotas de chuva que precedem o sol da santidade. Esse sol prenuncia o regozijo que será uma viva fonte n'alma.

 

        Para os que choram em provação e dor, existe conforto. A amargura do desgosto e da humilhação é preferível às satisfações do pecado. Pôr meio da aflição revela-nos Deus os lugares infeccionados em nosso caráter, para que, por Sua graça, possamos vencer nossas faltas... Quando provados, não nos devemos afligir e impacientar. Não nos devemos rebelar, ou buscar fugir à mão de Cristo. Antes humilhar a alma perante Deus. Os caminhos do Senhor são de misericórdia, e o fim é salvação[3].

 

Grego: pentheo, palavra que costuma indicar uma dor intensa em contraste com lupéomai, termo mais genérico que significa mais bem entristecer-se Mateus 14: 9; I Pedro 1: 6. Assim, a profunda pobreza espiritual dos pobres em espírito Mateus 5: 3 corresponde com a profunda dor das pessoas que se descrevem no verso 4. Em verdade, é o profundo entendimento da necessidade espiritual a que induz aos homens a chorar pelas imperfeições que vêem em sua própria vida. Aqui Cristo se refere aos que, com pobreza de espírito, almejam atingir a norma de perfeição Isaias 6: 5; Romanos 7: 24. Aqui há também uma mensagem de consolo para quem chora devido a desenganos, luto, ou alguma outra dor[4].

 

Os que choram são os que lamentam tanto os seus pecados e falhas, como o mal tão preponderante no mundo, causando tanto sofrimento e miséria. A simpatia que nasce desta lamentação traz consolação desde agora para aqueles que a praticam. E o dia certamente chegará quando Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. Apocalipse 21: 4[5].

 

Temos que notar desde o princípio ao estudar esta bem-aventurança que a palavra chorar que se usa aqui é a mais forte que existe no grego. É usada para referir-se a funerais, para expressar o profundo lamento frente à morte de alguém que tinha sido muito amado. Na Septuaginta, a versão grega do NT, se usa o choro de Jacó, quando soube da morte de seu filho José Gênesis 37: 34. Se define como a classe de lamento que se apodera de uma pessoa que não pode ocultar. Não é uma dor específica que produz dor no coração, mas incontáveis lágrimas.

 

Há três maneiras de ler esta Bem-aventurança:

 

1. Literalmente. Bendita a pessoa que suporta a dor mais amarga que a vida pode produzir! Os árabes tem um provérbio: A luz do Sol produz um deserto.  A terra em que sempre brilha o Sol acabará convertendo-se num lugar árido que não pode crescer vida. Há certas coisas que só a chuva pode produzir, e certas coisas só germinam na dor.

 

A aflição pode produzir duas coisas em nós. Pode mostrar melhor que nenhuma outra coisa, a essencial amabilidade de nossos semelhantes, pode mostra melhor que qualquer outra coisa, o consolo a compaixão de Deus. Muitas pessoas na hora da dor descobrem seu próximo e a Deus como nunca antes. Quando tudo nos vai bem é possível viver anos em uma vida superficial das coisas, porém quando chega a aflição, faz nos repensar sobre a profundidade da vida, e se aceita nova vida, produz uma nova força que embeleza a alma.

2. Quando pensamos na primeira bem-aventurança vemos que sempre estará bem desligar-se das coisas, porém não desligar-se das pessoas. Esse mundo seria muito mais pobre se não houvessem pessoas que se compadecessem da dor e do sofrimento do próximo. O Lord Shaftsbury foi um benemérito que dedicou sua vida em favor dos menos favorecidos. Ele se sensibilizava com o sofrimento do necessitado.

 

Quando era jovem e estudava em Harrow, ia por uma estrada quando encontrou um funeral de um pobre. O ataúde era uma caixa feia e mal feita. Era levada por um carro de mão por quatro homens que estavam bêbados, enquanto empurravam o carro de mão com o caixão iam cantando canções indecentes e gesticulando entre eles.

 

Quando estavam subindo uma encosta com o carro de mão, a caixa que era o caixão funerário caiu do carro e se arrebentou. Alguns começaram a rir, outros seguiram o caminho, outros se assustaram e outros deram de ombros, dizendo que aquele problema não era deles, ainda que a situação era de pena. O jovem Shaftsbury disse para si mesmo: “Quando crescer vou dedicar minha vida para que estas coisas não aconteçam”. Depois deste incidente dedicou sua vida para cuidar dos que necessitavam.

 

O cristianismo é cuidar dos demais. O que quer dizer a bem-aventurança: Bendito o que se interessa intensamente pelos sofrimentos, angústias e necessidade do próximo.

 

3. O principal pensamento desta bem-aventurança é: Bendito é a pessoa que está desesperadamente dolorida por seu próprio pecado e indignidade.

 

A primeira mensagem de Jesus foi: “Arrependei-vos”. Arrepender-se quer dizer abandonar os pecados. O que realmente muda em uma pessoa é encontrar-se pronto de frente com algo que abra seus olhos e tome uma atitude frente ao pecado. Um menino e uma menina podem ter uma vida sem pensar nos seus atos e suas conseqüências, porém se em algum dia sucede algo o menino ou a menina vêem a tristeza nos olhos dos pais, então de pronto tem consciência de que pecaram.

 

Este é o efeito que produz a cruz em nós. Quando olhamos a cruz, dizemos: Isto é o que o pecado pode fazer. O pecado pode apoderar-se da vida mais encantadora do mundo, e esmagá-la na cruz. Um dos grandes efeitos da cruz é abrir os olhos dos homens e mulheres ao horror do pecado. E quando a pessoa vê o horror do pecado, sente o intenso pesar do pecado.

 

O cristianismo inicia por um sentimento de aversão pelo pecado. Bendita a pessoa que está intensamente consciente do que é pecado, cujo coração se quebranta ao pensar no que fez a Deus e a Jesus, vê a cruz e sente oprimida pelo estrago causado pelo pecado.

 

Quem passou por esta experiência será consolado, esta experiência se chama penitência, do latin: penitenciar, condoer, dolorir, o coração contrito e humilhado Deus jamais desprezará Salmo 51: 17. O caminho que conduz ao gozo do perdão passa pela dor desesperada de um coração quebrantado.

 

Ah! Bem aventurado a pessoa que tem o coração destroçado ante o sofrimento do mundo, e por seu próprio pecado, porque em sua dor encontrará o gozo do Senhor[6].

 

Jesus falava novamente de um exercício espiritual, e não da expressão de tristeza pessoal devido perda pessoal. Aludia à tristeza devido ao pecado, à necessidade de arrependimento, ou alguém que sofria tristeza não merecida, por motivo de perseguição por causa da justiça. Essa bem-aventurança parece ter base em Isaias 61: 1 a 3. Essa segunda bem-aventurança pode ser vinculada à primeira. O lamento é uma expressão que toma conta da verdadeira humildade de espírito[7].

         SERÃO CONSOLADOS - Receberão consolação

 

Grego: parakaléô, chamar ao lado de, pedir ajuda, mandar chamar; também exortar, alegrar, consolar, reanimar, animar. Um verdadeiro amigo é um paráklètos, e sua ajuda se denomina paráklèsis. Em I João 2: 1 Jesus é chamado de paráklèos advogado. Quando partiu, prometeu enviar outro Consolador ver comentário João 14: 16, Grego: paráklètos, o Espírito Santo, para que morasse conosco como amigo permanente. 

 

Assim como Deus satisfaz a necessidade espiritual com as riquezas da graça do céu verso 3, assim também responde ao pranto pelo pecado com o consolo dos pecados perdoados. Se não se experimenta primeiro uma sensação de necessidade, não se pode lamentar pelo que falta, neste caso a retidão de caráter. Lamentar-se pelo pecado é, pois, o segundo requisito para os que se apresentam como candidatos para o reino dos céus, e sua seqüência, em forma natural, é depois do primeiro passo[8]

 

A chegada do Messias que é denominado o consolo de Israel Isaias 61: 2; Lucas 2: 25, indica que Israel tinha razões para aguardar tal consolo. Israel, dessa forma, poderia livrar-se de adversários opressivos, nacionais ou individuais. Esse lamento não tem causa apenas no pecado, mas também nos resultados do pecado no seio da sociedade. Provavelmente Jesus inclui ambas as possibilidades. Paulo menciona a opressão exercida pelo mundo, bem como  a nossa ansiedade de libertação Romanos 8: 18 e 19; II Corintios 4: 17; João 14: 3.

 

Aqueles que aprendem a permitir que a opressão, pessoal ou impessoal, sirva de instrumento de instrução, que os conduza ao arrependimento e à dependência de Deus, poderão encontrar, no fim um bom resultado de seu choro e assim serão verdadeiramente Bem aventurados. Essa bem-aventurança é proveniente do consolo divino, consolo no perdão e na restauração, bem como na participação na manifestação dos filhos de Deus conforme os ensinos de Paulo.

 

Aprendemos que o dardo do sofrimento pode ser armado com a vida, e não com o veneno da morte. Podemos chorar de muitos modos: pelos nossos pecados; pelos pecados de nossa nação, pelos amigos e conhecidos; pelos males humanos; pelos sofrimentos alheios. Aqueles que choram não se contentam com uma vida não examinada, a qual, segundo disse Sócrates, nem é digna de ser vivida[9].

 

 

SALMO 51: INTRODUÇÃO

 

 

É um Salmo penitencial. Davi se destaca como um dos grandes penitentes da Bíblia Salmos 6, 32, 38, 51, 102, 130 e 143. É verdade que pecou gravemente, e também é verdade que repudiou energicamente o pecado, rendendo-se com dor e contrição aos pés do Salvador. É significativo que dos sete salmos penitenciais, cinco são atribuídos ao rei e poeta Davi, este e o quarto e mais profundo dos penitenciais apresentando o profeta Natã a parábola, Davi confessou imediatamente: Pequei contra o Senhor II Samuel 12: 13[10].

 

O Salmo 51 é penitencial. Davi o escreveu depois de cometer seu grande pecado com Bete Seba, na angústia do arrependimento e a repugnância de si mesmo. Educação, p. 160. É uma expressão do arrependimento de Davi, quando lhe chegou a mensagem de repreensão de parte de Deus;... um hino que tinha de cantar-se nas assembléias públicas de seu povo... para que outros se instruíssem pelo conhecimento da triste história de sua queda. Patriarcas e Profetas, pp. 784 e 785. É uma oração em procura de perdão e de santificação mediante o Espírito Santo. Acompanham à petição votos de gratidão pela misericórdia de Deus e promessas para o futuro. Nenhuma outra passagem do AT apresenta um quadro tão patético do pecador verdadeiramente arrependido que confia no poder de Deus para perdoar e restaurar como esta descrição da reação de Davi. Este Salmo deve ser estudado relacionando com II Samuel 12: 1 a 13 e o Salmo 32

 

O Salmo 51 foi um dos preferidos de João Bunyan. Pouco antes de ser executada em 1.554, Lady Jane Grey recitou este Salmo de joelhos ante o cadafalso. 

 

Com referência ao sobrescrito, ver págs. 622, 633[11]

 

Este é o quarto e com certeza o maior dos sete Salmos Penitenciais. Surge dos momentos mais sombrios do conhecimento que Davi tem de si mesmo, mas, além de explorar as profundezas de sua própria culpa, pesquisa alguns dos pontos da salvação de maior alcance. Os dois versos finais mostram que a nação, na sua propria hora mais sombria, achou aqui palavras para sua própria confissão e para acender de novo sua esperança[12].

 

O Salmo pode ser estudado pelos seus temas, bem como no seu progresso da imploração para a segurança. No decurso dele, muita coisa se aprende a respeito de Deus, do pecado e da salvação. É também frutífero estudar as variedades de linguagem: os imperativos da petição, os tempos presentes e passados da confissão, e os futuros que com gratidão, se apagam à graça salvadora.

 

O nome de Davi, que reaparece aqui, será achado em todos os títulos dos vinte dois Salmos que ainda restam deste Segundo Livro, menos quatro deles[13].

 

EXEGESE

MISERERE

 

         Este Salmo de penitência 6: 1mostra um parentesco profundo com a literatura da profética, sobretudo com Isaias e Ezequiel[14].

 

 

TÍTULO

 

         A história do pecado de Davi e de seu arrependimento se conta em II Samuel 11 e 12. Entre o Davi deste Salmo e o tático cínico de II Samuel 11, fica apenas quanto à situação humana Natã o profeta. Em lugar algum, o poder da palavra de Deus, se evindencia de modo mais marcante que nesta transformação[15].

 

 

1 - Do Mestre de canto. Salmo de Davi.

 

2 - Quando o profeta Natã foi encontrá-lo, após ele ter estado com Betsabeia.

II Samuel 11 e 12.

 

 

PETIÇÃO

 

3 - Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor! Apaga minhas transgressões, por tua grande compaixão!

 

TEM PIEDADE - Com o coração quebrantado ao compreender seu grande pecado contra Urías e Betsabé, e carregado pelo peso de sua culpa, Davi clama a Deus implorando misericórdia. Neste pedido não há nenhuma desculpa, nenhuma intenção, nenhuma tentativa de justificar-se, nenhuma queixa contra a justiça da lei que o condenava. Com verdadeira humildade, Davi só se culpa a si mesmo[16].

 

A petição inicial, Compadece-te de mim, é a linguagem de quem não faz jus a algum favor e implora. Benignidade, porém, é uma palavra da aliança. Apesar de nada merecer, Davi sabe que ele ainda pertence; cfe. o paradoxo das palavras do Filho pródigo: Pai... já não sou digno de `ser chamado de teu filho. Lucas 15: 21. Chegando ainda mais perto, apela ao termo calor de Deus, na palavra misericórdia, um termo emotivo que se emprega, em Gênesis 43: 30 quando José se movera no seu íntimom pelo seu irmão. É semelhante à palavra visceral no NT entranhável compaixão[17].

 

BENIGNIDADE - Misericórdia. Quando não sentimos a enormidade do pecado, falamos de justiça; quando experimentamos a necessidade de um Salvador, falamos de amor[18].

 

         O perdão consiste em mais do que um espírito de ternura. O registro acusador do pecado permanece, e a poluição se apega. A petição apaga significa, literalmente, uma ação como apagar o que está escrito num livro ou lousa  Êxodo 32: 32; Números 5: 23. Somente o Evangelho poderia nos revelar a que preço seria possível apagar o escrito de dívida que era contra nós. Colossenses 2: 14. A metáfora acompanhante lava-me completamente,  emprega um verbo que se vincula com a lavagem de roupas, como se Davi comparasse a uma peça imunda de roupa que precisava passar por uma lavagem intensiva. O pensamento ainda é primariamente de culpa que o torna indigno da presença de Deus cfe. poderosa  lição objetiva de Levítico 15. Nos versos 6 a 12, tratará do aspecto mais interno da purificação[19].     

 

NOTA ADICIONAL DO SALMO 36

 

 

Hésed é uma palavra hebraica muito difícil de traduzir. Aparece 245 vezes no AT, das quais a RVR traduz 221 como misericórdia. As outras traduções que mais interessam são bondade 3 vezes, clemência 2 vezes, piedade 3 vezes, benevolência 2 vezes, graça 2 vezes, graça, fidelidade, amor permanente.

 

A LXX em 135 casos traduz hésed como éleos: misericórdia; em outros casos o traduz como dikaiosúne: justiça ; ele mosún: piedade ou misericórdia; elpís: esperança, e dóxa: glória. É pois, evidente que os tradutores viram que hésed podia traduzir-se com várias acepções possíveis. 

 

Usa-se a palavra hésed para descrever:

1.    As relações entre pessoas.

2.    Entre Deus e a humanidade. Quanto ao primeiro significado, tenho aqui estes exemplos:

2.1     As relações entre um filho e seu pai moribundo Gênesis. 47: 29,

2.2     Entre marido e mulher Gênesis 20: 13.

2.3     Entre parentes Ruth 2: 20.

2.4     Entre convidados Gênesis 19: 19.

2.5     Entre amigos I Samuel 28: 8,

2.6     Entre um rei e seus súbditos II Samuel 3: 8. Muitas vezes se emprega a voz hésed para referir-se à relação de Deus com a humanidade. Os versos 5, 7, 10 deste Salmo servem como exemplo.

 

Em sentido geral poderia dizer-se que, em relação com Deus, hésed assinala os atributos divinos, sua relação e trato com o ser humano. Quando se emprega para referir-se ao trato dos homens entre si, assinala as atitudes, as relações e o trato de uma pessoa com outra. Não há em português nenhum termo específico que possa transmitir precisamente o que hésed significa no hebraico. Misericórdia, bondade, clemência descrevem corretamente diferentes aspectos do sentido deste vocábulo, mas nenhum abarca toda a amplitude de seu significado, quando se o emprega para assinalar um atributo divino. 

 

Em relação com isto se adverte que a palavra amor, que tem um lugar tão destacado no NT como característica de Deus I João 4: 7, 8; etc. quase não aparece no AT. O substantivo hebraico ahabah só se emprega 10 vezes para referir-se a Deus: Deuteronômio 7: 8; I Reis 10: 9; II Crônicas 2: 11; 9: 8; Isaias 63: 9; Jeremias 31: 3; Oséias. 3: 1; 9: 15; 11: 4; Sofonias 3: 17.

 

O verbo se usa só duas vezes no Pentateuco Deuteronômio 7: 13; 23: 5 e muito raramente nos outros livros. Não por isto deve concluir-se que este atributo de Deus eram quase totalmente desconhecidos pelos santos do AT e que por isso, raras vezes o exaltaram. Mas em boa medida parece que o que os autores do NT chamaram agápe: amor ver comentário Mateus 5: 43, foi chamado hésed pelos escritores do AT.

 

Desafortunadamente o vocábulo amor se emprega para abarcar uma ampla gama de sentimentos e princípios: desde a enfatuação sensual e a paixão, até a terna e benéfica relação de Deus para com seu povo. Por isso, para muitos a tradução amor só tem uma idéia parcial ou ainda errônea do caráter de Deus; no entanto, por falta de um termo melhor, emprega-se o vocábulo amor como tradução de ágape.

 

A RVA em muitos casos traduziu caridade, vocábulo este que antes significava a forma mais perfeita de amor mais do que atualmente se usa para referir-se a um bem, a uma esmola ou uma obra de beneficência em favor dos necessitados. Se por amor entendemos um amor divino tal como o que os autores bíblicos tentaram apresentar, e se lhe tiramos a amor os matizes de significado indesejados que muitas vezes se lhes dá, acepções que não cabem no grego agápe, teremos uma definição bem precisa de hésed, sobretudo quando este se aplica a Deus. 

 

Quando se emprega hésed para descrever as relações entre pessoas, a tradução amor é um termo abstrato, um princípio que governa a vida. Quando o amor se traduz em algo correto, suas diversas manifestações já não levam o nome de amor, senão que recebem definições específicas I Corintios 13. Por outra parte, hésed não só expressa o princípio abstrato do amor senão também suas diversas manifestações. José pediu que o copeiro lhe mostrar hésed Gênesis 40: 14, conseguindo sua libertação do cárcere.

 

Hoje pedimos que se nos faça um favor, mas não podemos pedir que se nos faça o amor. Quando Rahab ocultou aos espiões, realizou uma obra de hésed Josué 2: 12. Em recompensa por dar-lhes certa informação secreta, os homens da casa de José ofereceram mostrar hésed ao homem de Betel Juizes 1: 24. As misericórdias que Neemías fez na casa de Deus foram hasadim, plural de hésed Neemias 13: 14. Em paralelismo antitético, o sábio põe a hésed em contraposição com a crueldade Provérbios 11: 17.

 

Portanto, quando se emprega hésed para referir-se às relações humanas, é melhor traduzí-lo pelo vocábulo que assinale o termo específico do princípio geral do amor que se manifesta. Tanto as versões antigas como as modernas seguem esta regra. Em Miquéias 6: 8 aparece um exemplo de hésed em relação com a conduta humana, que descreve um princípio mais geral. Afirma-se ali de que a essência da verdadeira religião pode encontrar-se em praticar a justiça, amar o próximo e andar em humilde diante de Deus. 

 

Pode seguir-se a mesma regra quando hésed descreve os atos de Deus que são manifestações de temas específicos do amor. Por exemplo, quando o servo de Abraão pediu hésed, referia-se a um significado específico deste dom divino que precisava receber para sair da dificuldade em que se achava. Nesse caso, parece melhor traduzir bondade ou favor, e não amor. Por outra parte, quando o que se descreve é a idéia geral de hésed, é corretíssimo traduzír como amor. Quando o salmista disse: Quão preciosa, oh Deus, é tua misericórdia hésed! Salmo 36: 7, queria dizer: Quão excelente é teu amor, oh Deus; e ao dizer para sempre é sua misericórdia. Salmo 136: 1, 2, 3, etc., queria dizer: para sempre é seu amor.

 

O adjetivo hasid, que deriva da mesma raiz de hésed, literalmente significa: um que pratica hésed. Hasid aparece 32 vezes no hebraico. A RVR o traduz 21 vezes como santo, 5 vezes como misericordioso, e 4 vezes como piedoso. Em sentido negativo se traduz uma vez como impío, e outra, como os que lhe temem. Em 22 casos a LXX traduz hasid como hósios, santo ou piedoso. Já que hésed é um dos atributos mais destacados de Deus, o que seja hasid, será piedoso e justo. Quando se considera deste modo, hasid se acerca muito à idéia expressa na palavra agápe: amor, no NT I Corintios 13; I João 2: 5; 4: 7, 8; 5: 3. Este adjetivo aparece muitas vezes em sua forma plural, hasidim.

 

Em resumo: podemos considerar que a tradução amor corresponde a hésed quando se toma em conta o amor divino em seus aspectos gerais. Quando se fazem ressaltar termos específicos, ou quando se definem relações humanas, o contexto determinará a tradução correta[20]

 

Não merece nenhum favor, implora para a palavra da aliança, sabe que nada merece.

 

MULTIDÃO - Davi podia confiar plenamente na imensa misericórdia de Deus[21]

 

APAGA - Isto é, apagá-las do livro onde se conserva o registro das ações humanas Êxodo 32: 32 e 33; Isaias 43: 25; 44: 22; Atos 3: 19Após a apresentação da parábola por Natã, Davi com o coração quebrantado reconhece o erro. O peso da culpa é grande e Davi clama a Deus por misericórdia. Não há nenhuma desculpa, não tenta justificar-se contra a condenação. Com verdadeira humildade Davi culpa-se a si mesmo[22].

 

4 - Lava-me inteiro de minha iniquidade e purifica-me do meu pecado!

 

LAVA-ME - Ou lava-me muito; lava-me a fundo. Jeremias 4: 14; Zacarias 13: 1. O mesmo verbo hebraico se usa também para falar da lavagem das roupas. Gênesis 49: 11; Êxodo 19: 10[23]

 

PECADO - Maldade. Ver comentário Salmo 32: 1 e 2, onde aparecem os diversos termos com os quais se descreve o pecado neste versículo e nos seguintes. Abarcam-se os diferentes aspectos do pecado[24]

 

 

CONFISSÃO

 

 

5 - Pois reconheço minhas transgressões e diante de mim esta sempre o meu pecado;

 

DIANTE DE MIM - O pecado torna-se uma figura acusadora, e enfatiza que está cônscio do pecado e isto o aflige constantemente.


NASCIDO EM PECADO

 

O jovem que falava comigo acabara de perder o emprego outra vez. Estava triste porque pagava seus estudos na universidade com o dinheiro que recebia. O pior de tudo, disse aflito, é que eu sou o único culpado. Sou orgulhoso e explosivo e isso está destruindo a minha vida.

Como esse jovem, há muitas pessoas que percebem que existe algo de errado com elas. Tentam mudar, mas não conseguem. São conscientes de que há dentro delas uma força estranha que as leva a fazer coisas que não gostariam de fazer, e se perguntam: Por que sou assim?

 

A resposta está no versículo de hoje. Davi também tinha esse problema que o levou não a perder um emprego, mas quase a vida eterna.

 

Este Salmo foi escrito depois que Davi mandou assassinar Urias, para esconder seu adultério com a esposa do general. Foi um pecado consciente, e premeditado. No início, quando a tentação apareceu, ele tentou fugir. Mas descobriu que dentro dele havia uma força misteriosa que o empurrava para longe de Deus e de Seus princípios.

 

Davi caiu e caiu feio. Meses depois, quando ele pensava que tinha cometido o crime perfeito, confrontou-se com o profeta Natã e não pôde fugir do seu pecado. O salmista correu desesperado, entrou numa cova e, arrependido, escreveu o Salmo 51.

No verso de hoje, Davi fala da natureza pecaminosa. Disse: Nasci em pecado. Todos nascemos em pecado, separados de Deus e com uma natureza que não gosta de andar nos caminhos da vida. É uma natureza egoísta, que dá guarida e alimenta os sentimentos mais grotescos do ser humano: ciúme, inveja, maledicência, cobiça, lascívia, etc.

 

Ninguém é culpado de ter nascido assim. A culpa que carregamos é não querer tomar o remédio para esse problema. Jesus morreu na cruz do Calvário e comprou a nossa liberdade. Hoje, só continua sendo escravo da natureza pecaminosa quem quer.

 

Não tente lutar sozinho. Com esforço humano você pode disfarçar, aparentar e dissimular. Mas não pode mudar. A única esperança de transformação está em Cristo. Só Nele há vida. Vida plena, abundante e cheia de significado. Mas isso só pode ser realidade na vida de quem reconhecer: Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe[25].

 

6 - Pequei contra ti, contra ti somente, pratiquei o que era mau aos teus olhos. Tens razão, portanto, ao falar, e a tua vitória se manifesta ao julgar.

 

CONTRA TI SOMENTE - Davi não pretendia dizer com estas palavras que não tinha prejudicado Urias e Betsabé, senão que, em seu sentido mais profundo, todo pecado se comete contra Deus. Quando Natã o acusou, Davi declarou: Pequei contra Iahweh II Samuel 12: 13. José também reconheceu que, se cedia ante a tentação, pecava contra Deus. Como, pois, faria eu este grande mau, e pecaria contra Deus? Gênesis 39: 9[26]. 

 

         PRATIQUEI O QUE ERA MAU AOS TEUS OLHOS - II Samuel 11: 27; 12: 9.

 

         TENS RAZÃO - Nao se queixa, mas confessa seu erro, e coloca-se nas mãos de Deus para a execução do juízo, louva ao Senhor. A profundeza de sua confissão está visível no seu desejo de descobrir o íntimo e o escondido de seu ser.

 

SE MANIFESTA AO JULGAR - Totalmente puro e íntegro. Deus ao perdoar, manifesta seu poder sobre o mal e sua vitória sobre o pecado[27].

 

Para que sejas reconhecido justo. Quando Deus condena, não se pode acusá-lo de injustiça Romanos 3: 4[28]

 

Nossos corpos não pertencem a nós mesmos, o próximo e nós fomos feitos à imagem de Deus.

 

7 - Eis que eu nasci na iniquidade, minha mãe concebeu-me no pecado.

 

CONCEBEU-ME NO PECADO - Em maldade fui formado. Davi reconheceu que os meninos herdam a propensão ao mau Jó 14: 4; Salmo 58: 3; PP p. 45 e 313; MC, pp. 288 e 289; GC, p. 588. Ao aludir a sua tendência inata a fazer o mau, não tratava de desculpar-se; simplesmente explicava sua grande necessidade da misericórdia de Deus[29]

 

Todo homem nasce impuro, Jó 14: 4; Provérbios 20: 9, e por esta razão inclinado ao mal Gênesis 8: 21. Essa impureza radical é alegada aqui como circunstância atenuante I Reis 8: 46 que deve ser levada em conta por Deus. A doutrina do pecado original será explicitada em Romanos 5: 12 a 21 em correlação com a revelação da redenção por Jesus Cristo.

 

Não se justifica, mas vê a grande necessidade da misericórdia Divina, este crime não era contrário a sua natureza, fazia parte de seu caráter, era uma expressão da criatura pervertida que ele havia sido, e da raça degenerada da qual nasceu, reflete a precariedade da situação humana.

 

        

RESTAURAÇÃO

 

 

8 - Eis que amas a verdade do fundo do ser, e me ensinas a sabedoria no segredo.

 

 

FUNDO DO SER - No íntimoSalmo 15: 2

 

 

NO SEGREDO - Deus penetra no fundo do homem e pode transformá-lo. Poder-se-ia igualmente discernir um sentido figurado aproximando este verso de Ezequiel 13: 10 sobre os profetas de mentira que rebocam os muros rachados em vez de reconstruí-los Levítico 14: 43 sobre a lepra dos muros. Aqui pelo contrário, mesmo o que esta recoberto rebocado e escondido será purificado e restaurado pela sabedoria divina[30].

 

Davi almeja ter a sabedoria que o guiará por um caminho puro[31]

 

Deus sabe o que vai no profundo de cada coração, penetra fundo com a finalidade de transformá-lo, purificando e restaurando.

 

9 - Purifica-me meu pecado com hissopo, e ficarei puro, lava-me e ficarei mais branco que a neve.

 

 

PURIFICA-ME - Hebraico: jata, cuja forma simples qal significa pecar, com a conotação de errar o alvo. A forma do verbo jata que se usa aqui pele significa fazer expiação[32].

 

Fazer expiação. Davi não possui forças próprias para resolver a situação, apela para Deus, o único que tem poder para perdoá-lo.

 

HISSOPO - Planta empregada para as purificações Levítico 14: 4; Números 19: 18[33].

 

Na lei levítica se usava o hissopo nas cerimônias de purificação ver comentário Êxodo 12: 22; Levítico 14: 4; Números 19: 18. Davi reconhecia que só um remédio de sumo poder purificador podia limpá-lo de sua impureza[34].

 

Uma alusão à purificação do leproso, aspergido sete vezes com o sangue sacrifical, no qual foi molhado com um ramo de hissopo como borrifador. Levítico14: 6 e 7, ou alguém que tivera algum contato com defunto. Números 19: 16 a 19. Em ambos os casos, terminava com a frase: E ele será limpo. Faz um retrato mental da seqüência final daquele ritual, a lavagem das roupas e do corpo. O toque descritivo mais alvo que a neve, e dele mesmo: um lampejo do reconhecimento que não há meias medidas com Deus. Isaías 1: 18[35].

 

LAVA-ME - Isaias 1: 16 e 18. Davi estava consciente do sentido espiritual da lei cerimonial. O cristão deve fazer sua esta oração de Davi quando o pecado lhe faz errar quer ser lavado e se tornar branco[36].

 

 

10 - Faze-me ouvir o júbilo e a alegria, e dancem os ossos que esmagaste.

 

FAZE-ME OUVIR - Davi almejava escutar as doces palavras do perdão divino ver comentário Salmo 32: 1 e 2. Este era seu desejo supremo[37].

  

JÚBILO - Davi almejava ouvir palavras de perdão, era o seu maior desejo, não espera meio socorro, mas socorro total, contempla seus ossos esmagados e anela a esperança de que eles voltem a dançar para que sinta novamente alegria.

 

OSSOS - Salmo 6: 2.

 

11 - Esconde tua face dos meus pecados e apaga minhas iniquidades todas.

 

ESCONDE - Davi em meio às lágrimas clama por perdão. Com este verso encerra-se a primeira parte do Salmo, onde a culpa e a purificação são enfocados, os versos seguintes terão como centro a salvação.

 

Salmo 13: 1. Davi renova sua prece em procura de perdão com ferventísimos rogos e com lágrimas[38]

 

 

RENOVAÇÃO INTERIOR

 

12 - Ó Deus cria em mim um coração puro, renova um espirito firme no meu peito.

 

CRIA - Hebraico: bara. ver comentário Gênesis 1: 1. Deus não só limpa o coração; acredite em seu filho perdoado sem novo coração Ezequiel 36: 26. As palavras vos darei coração novo significam: Vos darei uma mente nova. Uma clara convicção do dever cristão sempre acompanha à mudança de coração[39]. O pedido de perdão sempre deveria ir acompanhado de um pedido para que Deus renove e santifique o coração Jeremias 24: 7; Ezequiel 11: 19; Romanos 12: 2; Efésios 2: 10; 4: 24[40]

 

UM ESPÍRITO FIRME - Um espírito constante. Davi pede um espírito que seja firme em sua fé, constante em sua obediência. O salmista almeja possuir uma natureza totalmente nova, mental e moralmente. Davi tinha o verdadeiro conceito do perdão[41], quando pronunciou esta oração. Esta devesse ser a petição de cada alma[42]

 

Davi não foi levado ao desespero, ora para que Deus opere um milagre. Cria e um termo que somente Deus pode fazer, que pode ser prolongado ou instantâneo.

Davi possuía o verdadeiro conceito do perdão Grego: Metanóia, mudança de rumo, esta deveria ser a petição de toda alma.

 

13 - Não me rejeites para longe de tua face, não retires de mim teu Santo Espírito.

 

NÃO ME REJEITES - Não me jogues. Só se pode encontrar a verdadeira felicidade na presença de Deus Salmo 13: 1; 16: 1 ; 30: 7; Gênesis 4: 14[43]

 

TEU SANTO ESPÍRITO - Ainda que compreendia que seus pecados tinham contristado o Espírito Santo, Davi pedia que não fosse privado da condução desse Espírito Isaias 63: 10; Efésios 4: 30[44]

 

14 - Devolve-me o júbilo da tua salvação e que um Espírito generoso me sustente.

DEVOLVE-ME - Volta-me. Davi queria sentir a alegria de seu coração antes do pecado, pede que Deus lhe conceda um espírito disposto a servir, um espírito generoso, doador[45].

 

ESPIRITO GENEROSO - Espírito nobreMelhor, espírito disposto. Davi pede a Deus que o mantenha num estado mental disposto a servir-lhe[46].

 

15 - Vou ensinar teus caminhos aos transgressores, para que os pecados voltem a ti.

 

ENSINAR - Quer testemunhar a respeito das desgraças do pecado, e promete combater esta malignidade. Uma fé alegre inicia uma pronta disposição para transmitir sua experiência de restauração e levar seu exemplo como advertência contra os perigos do pecado. Quando te converteres fortalece teu irmão. Lucas 22: 32.

 

Então ensinarei. Davi se volta dos rogos às promessas. Promete ensinar a outros a malignidade do pecado para que abandonem seus maus caminhos e procurem misericórdia e perdão. 

 

TEUS CAMINHOS - Salmo 18: 21.

 

VOLTEM A TI - Se converteram. Graças ao exemplo de Davi muitos aprenderam que Deus concede misericórdia aqueles que abandonam seus pecados, sem tomar em conta a profundidade que haviam caído. Miguel Angelo escreveu este texto como lema em seu retrato de Savanarola[47].

 

 

ADORAÇÃO E HUMILDADE

 

16 - Livra-me do sangue, ó Deus, meu Deus Salvador, e minha língua aclamará tua justiça.

 

SANGUE - Homicídios. Sem dúvida esta é uma referência direta ao assassinato de Urias II Samuel 11: 14 a 17. Davi roga que a sentença não recaia sobre ele[48].

 

Continua horrorizado com as consequências do pecado, reconhece que a justiça pertence a Deus.

 

DEUS MEU SALVADOR - Deus de minha salvação. Salmo 18: 46; 25: 5; 27: 9. Davi reconhece que só se pode encontrar salvação em Deus[49].

 

17 - Ó Senhor abre meus lábios, e minha lingua anunciará o teu louvor.

 

ABRE MEUS LABIOS - É um grito de alguém cuja consciência levou a calar-se, envergonhado. Quer adorar com liberdade e gratidão, e crê com a graça de Deus que assim será. O perdão do pecado alivia a consciência e volta a paz, os lábios então pronunciam louvores abundantes. Salmo 40: 3[50].

 

18 - Pois tu não queres um sacrificio e um holocausto não te agrada.

 

NÃO QUERES SACRIFÍCIO - Ver comentário Salmo 40: 6 a 8; Isaias 1: 11 a 17. A lei de Moises previa morte como castigo para o homicida. Êxodo 21: 12. Uma simples oferta não bastava. Melhor que o sacrifício é um coração contrito[51].

 

“Eu mesmo sou minha oferenda; que minha devoção comprove depois de receber tão grande perdão, quanto eu amo” (S. J. Stone).

 

19 - Sacrifício a Deus e um espirito contrito, coração contrito e esmagado, ó Deus tu não desprezas.

 

SACRIFÍCIO A DEUS - Os sacrifícios de Deus. Isto é, os sacrifícios que Deus aprova[52].

 

ESPIRITO QUEBRANTADO - Expressa o profundo desejo Divino que é um coração quebrantado que não possui forças para ser salvo, então roga e entrega-se ao Divino Mestre, não confia em seus caminhos Isaias 55: 6 a 9, e revela seu desejo de um coração humilde e contrito. Miquéias 6: 8.

 

O gozo por ter recebido o perdão não impede que se senta tristeza e contrição por ter pecado[53].

 

 

A ORAÇÃO DE UM POVO

 

 

20 - Faze o bem a Sião, por teu favor, reconstrói as muralhas de Jerusalém.

 

JERUSALÉM - A Sião. Davi ora para que o desagrado causado a Deus por seu pecado não caia sobre Sião ver comentário Salmo 48: 2, a cidade que amava de coração. É característico do salmista incluir a seu povo em sua oração Salmo 25: 22; 28: 9. Davi adicionou a este salmo os versos 18 e 19, a fim de que esta prece de arrependimento, intensamente pessoal, fosse apta para o culto público[54].

 

RECONSTRÓI AS MURALHAS - Edifica os muros. Davi pediu que nada interferisse com os trabalhos de fortificação da cidade sagrada II Samuel 5: 9; I Reis 3: 1;  9: 15 e 16. A frase poderia referir-se, em forma figurada, ao favor de Deus e a suas bênçãos[55]

 

21 - Então te agradarás do sacrifício de justiça, holocaustos e ofertas totais, e em teu altar se oferecerão novilhos.

 

SACRIFÍCIOS DE JUSTIÇA - Os sacrifícios oferecidos com o espírito de humildade e com os pecados confessados são aceitos por Deus, os holocaustos não serão rotineiros, mas um culto de adoração em que a presença do Salvador será enfocada. Após o perdão sua alma louva com o Salmo 32. 

Estes sacrifícios, que se contrapõem aos que aparecem nos versos 16 e 17, são os sacrifícios que Deus aceita: sacrifícios de justiça Salmo 4: 5, oferecidos com o devido espírito e o devido motivo[56]

 

HOLOCAUSTO - As formas externas da religião têm seu lugar. Foi Cristo quem instituiu a lei cerimonial. Os diversos serviços prescritos nessa lei tinham grande valor como meios de instrução. O pecado do povo consistiu em fazer dessas formas externas o principal da religião. Davi reconhecia o significado e o valor dos ritos e cerimônias do culto público quando eram manifestações externas de um espírito sincero. Deveríamos vigiar para que as partes externas do culto público conservem o espírito da adoração humilde. Não há nada de mal em seguir certas formas de culto; o mal consiste em que falte uma religião sincera que inspire essas formas rituais[57].

 

 

A Reabilitação do Homem

 

 

As parábolas da ovelha e da dracma perdidas, e do filho pródigo, apresentam em traços claros, o misericordioso amor de Deus para com os que Dele se desviam. Embora se tenham Dele apartado, Deus não os abandona na miséria. Está cheio de amor e terna compaixão para com todos os que estão expostos às tentações do astucioso inimigo. 

 

Na parábola do filho pródigo é nos apresentado o procedimento do Senhor com aqueles que uma vez conheceram o amor paterno, mas consentiram ao tentador levá-los cativos a sua vontade. 

 

Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua. Lucas 15: 11 a 13.

 

O filho mais novo cansara-se das restrições da casa paterna. Pensou que sua liberdade era reprimida. O amor e cuidado do pai foram mal-interpretados, e determinou seguir os ditames de sua própria inclinação.

 

O jovem não reconhece qualquer obrigação para com o pai, e não exprime gratidão, contudo reclama o privilégio de filho para participar dos bens de seu pai. Deseja receber logo a herança que lhe caberia pela morte do pai. Pensa só na alegria presente, e não se preocupa com o futuro. 

 

Depois de receber seu patrimônio, sai da casa paterna para uma terra longínqua. Com dinheiro em profusão e podendo fazer o que bem entende, lisonjeia-se de ter alcançado o desejo de seu coração. Ninguém há, agora, que lhe diga: não faças isto porque há de prejudicar-te, ou: faze aquilo porque é bom. Maus companheiros ajudam-no a abismar-se mais e mais no pecado; e desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente

 

    A Bíblia fala de homens que dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. Romanos 1: 22. E esta é a história do jovem da parábola. A fazenda que de forma egoísta pedira de seu pai, dissipou com meretrizes. Os tesouros de sua varonilidade foram esbanjados. Os preciosos anos de vida, a força do intelecto, as brilhantes visões da juventude, as aspirações espirituais - tudo foi consumido no fogo do prazer. 

 

Houve uma grande fome na Terra; ele começou a padecer necessidade, e foi-se a um cidadão do país, que o mandou ao campo para apascentar porcos. Para um judeu esta ocupação era a mais vil e degradante. O jovem que se gloriava de sua liberdade, vê-se agora escravo. Está na pior das escravaturas com as cordas do seu pecado, será detido. Provérbios 5: 22. O brilho falso que o atraía desapareceu, e sente o peso dos seus grilhões.

Naquela terra desolada e atingida pela fome, sentado no chão, sem outros companheiros senão os porcos, é constrangido a encher o estômago com as bolotas com que eram alimentados os animais. De todos os alegres companheiros que o rodeavam nos seus dias prósperos, e que comiam e bebiam a sua custa, nem um único ficou para animá-lo. A que se reduziu a sua orgíaca alegria? Sufocando a consciência e aturdindo os sentimentos, achava-se feliz; porém agora, sem dinheiro, com fome não saciada, com o orgulho humilhado, a natureza moral atrofiada, a vontade enfraquecida e indigna de confiança, seus sentimentos mais nobres aparentemente mortos, é o mais miserável dos mortais. 

 

Que quadro nos é apresentado da condição do pecador! Embora envolto pelas bênçãos do amor de Deus, nada há que o pecador, inclinado à satisfação própria e aos prazeres pecaminosos, mais deseje do que a separação de Deus. Como o filho ingrato, reclama as boas coisas de Deus, como suas por direito. Recebe-as como coisa muito natural, não agradece nem presta serviço algum de amor. Como Caim saiu da presença do Senhor para procurar morada; como o filho pródigo partiu para uma terra longínqua. Lucas 15: 13, assim, no esquecimento de Deus, procuram os pecadores a felicidade. Romanos 1: 28

 

Qualquer que seja a aparência, toda vida centralizada no eu, está arruinada. Todo aquele que procura viver separado de Deus, dissipa seus bens. Desperdiça os preciosos anos, esbanja as forças do intelecto, do coração e da alma, e trabalha para a sua eterna perdição. O homem que se aliena de Deus, para servir a si mesmo, é escravo de Mamom. A mente, que Deus criou para a companhia de anjos, degradou-se no serviço do que é terreno e animal. Este é o fim a que tende quem serve o próprio eu. 

 

Se você escolheu uma tal vida, sabe então que gasta dinheiro com o que não é pão, e trabalho com o que não satisfaz. Virão dias em que reconhecerá a sua degradação. Só, na longínqua terra, você sente a miséria, e brada em desespero: Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Romanos 7: 24. As palavras do profeta contêm a afirmação de uma verdade universal: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto e não sentirá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Jeremias 17: 5 e 6. Deus faz que o Seu Sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Mateus 5: 45. O homem, porém, tem o poder de se retrair do Sol e da chuva. Semelhantemente, quando o Sol da Justiça brilha, e os chuveiros da graça caem indiscriminadamente sobre todos, podemos, separando-nos de Deus, ser como a tamargueira no deserto

 

O amor de Deus anela sempre aquele que dEle se afastou, e põe em operação influências para fazê-lo tornar à casa paterna. O filho pródigo, em sua miséria, voltou a si. O poder ilusório que Satanás sobre ele exercia, foi quebrado. Viu que o sofrimento era conseqüência de sua própria loucura, e disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai. Lucas 15:17 e 18. Miserável como era, o pródigo achou esperança na convicção do amor do pai. Era aquele amor que o estava impelindo para o lar. Assim, a certeza do amor de Deus é que move o pecador a voltar para Ele. A benignidade de Deus te leva ao arrependimento. Romanos 2: 4. Uma cadeia dourada, a graça e compaixão do amor divino, é atada ao redor de toda pessoa em perigo. O Senhor declara: Com amor eterno te amei; também com amorável benignidade te atraí. Jeremias 31: 3

 

O filho resolve confessar sua culpa. Quer ir ter com o pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas, mostrando como é limitada a sua concepção do amor do pai, acrescenta: Faze-me como um dos teus trabalhadores. Lucas 15: 18 e 19

 

O jovem volta-se da manada de porcos e das bolotas, e dirige o olhar para casa. Tremente de fraqueza e abatido pela fome, põe-se a caminho com diligência. Não tem uma capa para ocultar suas vestes esfarrapadas; mas sua miséria venceu o orgulho e apressa-se a suplicar a posição de trabalhador, onde outrora estava como filho. 

 

O jovem, alegre e despreocupado, quando abandonou a mansão paterna, pouco imaginou a dor e saudade deixadas no coração do pai. Quando dançava e folgava com os companheiros devassos, pouco meditava na sombra que caíra sobre a casa paterna. E agora, enquanto percorre o caminho de volta, com cansados e doloridos passos, não sabe que alguém aguarda a sua volta. Mas quando ainda estava longe o pai distingue o vulto. O amor tem bons olhos. Nem o definhamento causado pelos anos de pecados pode ocultar o filho aos olhos do pai. E se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço num abraço terno e amoroso. Lucas 15: 20

 

O pai não permite que olhos desdenhosos vejam a miséria e as vestes esfarrapadas do filho. Toma de seus próprios ombros o manto amplo e valioso, e lança-o em volta do corpo combalido do filho, e o jovem soluça seu arrependimento, dizendo: Pai, pequei contra o Céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho. Lucas 15: 21. O pai toma-o consigo e leva-o para casa. Não lhe é dada a oportunidade de pedir a posição do trabalhador. É um filho que deve ser honrado com o melhor que a casa pode oferecer, e ser servido e respeitado pelos criados e criadas. 

 

O pai diz aos servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se. Lucas 15: 22 a 24.

 

Em sua irrequieta juventude, o filho pródigo considerava o pai inflexível e austero. Que diferente é sua concepção dele agora! Assim também os engodados por Satanás consideram Deus áspero e severo. Vêem-nO esperando para os denunciar e condenar, como se não tivesse vontade de receber o pecador enquanto houver uma desculpa legítima para não o auxiliar. Consideram Sua lei uma restrição à felicidade humana, jugo opressor de que se alegram em escapar. Todavia o homem cujos olhos foram abertos por Cristo, reconhecerá a Deus como cheio de compaixão. Não lhe parece um tirano inexorável, mas um pai ansioso por abraçar o filho arrependido. O pecador, com o salmista, exclamará: Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece daqueles que O temem. Salmo 103: 13.

 

Na parábola não é acusada nem censurada a má conduta do filho pródigo. O filho sente que o passado está perdoado, esquecido e apagado para sempre. E assim fala Deus ao pecador: Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados, como a nuvem. Isaias 44: 22. Porque perdoarei a sua maldade e nunca mais Me lembrarei dos seus pecados. Jeremias 31: 34. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que Se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Isaias 55: 7. Naqueles dias e naquele tempo, diz o Senhor, buscar-se-á a maldade de Israel e não será achada; e os pecados de Judá, mas não se acharão. Jeremias 50:20

 

Que segurança da voluntariedade de Deus em receber o pecador arrependido! Escolheste, caro leitor, teu próprio caminho? Vagaste longe de Deus? Aspiraste desfrutar os frutos da transgressão, só para vê-los desfazerem-se em cinzas nos lábios? E agora que os teus bens estão dissipados, teus planos malogrados e mortas as tuas esperanças, estás solitário e desolado? Agora, aquela voz que te falou longamente ao coração, mas para a qual não atentaste, chega a ti clara e distinta: Levantai-vos e andai, porque não será aqui o vosso descanso; por causa da corrupção que destrói, sim, que destrói grandemente. Miquéias 2: 10. Volta ao lar do Pai. Ele te convida, dizendo: Torna-te para Mim, porque Eu te remi. Isaias 44: 22

 

Não dê ouvidos à sugestão do inimigo, de permanecer afastado de Cristo até que se faça melhor, até que você seja bastante bom para ir a Deus. Se esperar até lá, nunca irás a ele. Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-O enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que Se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Isaias 55: 6 e 7. você irá a Ele. Se Satanás te apontar as vestes imundas, repete a promessa de Jesus: O que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora. João 6: 37. Dize ao inimigo que o sangue de Cristo purifica de todo o pecado. Faze tua a oração de Davi: Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve. Salmo 51:7

 

Levante-se e vá ter com seu Pai. Ele irá ao seu encontro quando ainda estiver longe. Se aproximar-se um passo que seja, em arrependimento, Ele se apressará para cingi-lo com os braços de infinito amor. Seu ouvido está aberto ao clamor da alma contrita. O primeiro anseio do coração por Deus Lhe é conhecido. Jamais é proferida uma oração, por vacilante que seja, jamais uma lágrima vertida, por mais secreta, e jamais alimentado um sincero anelo de Deus, embora débil, que o Espírito de Deus não saia a satisfazê-lo. Antes mesmo de ser pronunciada a oração, ou expresso o desejo do coração, sai graça de Cristo para juntar-se à graça que opera na pessoa. 

 

Seu Pai celestial te tirará as vestes manchadas de pecados. Na bela profecia de Zacarias, o sumo sacerdote Josué, que estava em pé diante do anjo do Senhor, com vestimentas imundas, representa o pecador. E o Senhor disse: Tirai-lhe estas vestes sujas. E a ele lhe disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade e te vestirei de vestes novas... E puseram uma mitra limpa sobre sua cabeça e o vestiram de vestes. Zacarias 3: 4 e 5. Assim Deus o vestirá de vestes de salvação, e o cobrirá com o manto da justiça. Isaias 61:10. "Ainda que vos deiteis entre redis, sereis como as asas de uma pomba, cobertas de prata, com as suas penas de ouro amarelo. Salmo 68: 13

 

Levá-lo-á à sala do banquete, e o Seu estandarte sobre você será o amor. Cantares 2: 4. Se andares nos Meus caminhos, declara, te darei lugar entre os que estão aqui, mesmo entre os santos anjos que circundam Seu trono. Zacarias 3: 7

E, como o noivo se alegra com a noiva, assim Se alegrará contigo o teu Deus. Isaias 62: 5. Ele Se deleitará em ti com alegria; calar-Se-á por Seu amor, regozijar-Se-á em ti com júbilo. Sofonias 3: 17. E o Céu e a Terra unir-se-ão ao Pai em cânticos de alegria: Porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado." Lucas 15: 24. 

 

Até aqui, na parábola do Salvador, não há nota discordante para destoar a harmonia da cena de júbilo; agora, porém, Cristo introduz novo elemento. Ao voltar o filho pródigo, o primogênito estava no campo; e chegando-se à casa ouviu a música e a dança. Lucas 15: 25. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que significavam essas coisas. Retrucou-lhe este: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou e não queria entrar. Lucas 15: 27 e 28. Este irmão mais velho não participara da ansiedade e expectativa do pai por aquele que se perdera. Não partilha por isso da alegria paterna pela volta do errante. Os cânticos de alegria não lhe inflamam contentamento ao coração. Pergunta a um servo pelo motivo da festa, e a resposta aviva-lhe o ciúme. Não quer entrar para dar as boas-vindas ao irmão perdido. O favor mostrado ao pródigo, considera-o um insulto a si próprio. 

 

Quando o pai sai para argumentar com ele, o orgulho e maldade de sua natureza são revelados. Expõe sua vida na casa paterna como um ciclo de serviço não reconhecido, e então contrasta de modo ingrato o favor mostrado ao filho que acabava de voltar. Demonstra que seu serviço era antes o de servo e não de filho. Ao passo que devia ter constante alegria na presença do pai, seus pensamentos estavam dirigidos aos lucros a serem acumulados por sua vida circunspeta. Suas palavras mostram que por essa razão se privou dos prazeres do pecado. Agora esse irmão deve partilhar das dádivas do pai, o filho mais velho julga que lhe fazem injustiça. Inveja a boa acolhida proporcionada ao irmão. Mostra claramente que se estivesse na posição do pai não receberia o pródigo. Nem mesmo o reconhece como irmão, porém dele fala friamente como teu filho. Lucas 15: 30

 

    Contudo, o pai tratou-o com brandura. Filho, diz ele tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas. Lucas 15: 31. Durante todos esses anos da vida dissoluta de teu irmão, não tiveste o privilégio de minha companhia? 

 

Tudo que podia favorecer a felicidade de seus filhos, estava-lhes à disposição. O filho não precisa esperar uma recompensa ou dádiva. Todas as minhas coisas são tuas. Só deves confiar em meu amor, e tomar o dom que é oferecido gratuitamente. 

Um filho rompera algum tempo com a família por não discernir o amor do pai. Mas agora voltara, e a onda de alegria varre todo pensamento perturbante. Este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. Lucas 15: 32

 

Foi levado o irmão mais velho a ver seu espírito mesquinho e ingrato? Chegou a reconhecer, que embora o irmão tivesse agido impiamente, era, ainda e sempre, seu irmão? Arrependeu-se o irmão mais velho de seu amor-próprio e dureza de coração? Com referência a isso, Jesus guardou silêncio. A parábola ainda não terminara, e restava que os ouvintes determinassem qual seria o epílogo. 

 

Pelo irmão mais velho foram representados os impenitentes judeus contemporâneos de Cristo, como também os fariseus de todas as épocas, que olhavam com desprezo àqueles que consideravam publicanos e pecadores. Porque eles mesmos não caíram no mais degradante vício, enchiam-se de justiça própria. Jesus enfrentou essa gente ardilosa em seu próprio terreno. Como o filho mais velho da parábola, desfrutavam de especiais privilégios de Deus. Diziam-se filhos na casa de Deus, mas tinham o espírito de mercenários. Não trabalhavam movidos por amor, mas pela esperança de recompensa. A seus olhos, Deus era um feitor severo. Viam como Cristo convidava os publicanos e pecadores para receber livremente as dádivas de Sua graça - dádivas que os rabinos pensavam assegurar-se somente por trabalho e penitência, e ofenderam-se. A volta do filho pródigo, que encheu o coração paterno de alegria, provocava-lhes o ciúme. 

Na parábola, a intercessão do pai junto do primogênito era o terno apelo do Céu aos fariseus. Todas as Minhas coisas são tuas - não como salário mas como dádiva. Como o pródigo, somente podeis recebê-las como concessões imerecidas do amor paterno. 

 

A justiça própria conduz os homens não somente a representar a Deus falsamente, como os torna impiedosos e críticos para com seus irmãos. O filho mais velho, em seu egoísmo e inveja, estava pronto a observar o irmão, criticar todas as suas ações, e culpá-lo da menor falta. Acusaria todo engano e exageraria quanto possível todo ato errado. Desse modo pretendia justificar seu espírito irreconciliável.

 

Muitos fazem hoje o mesmo. Enquanto a pessoa enfrenta a primeira luta contra um turbilhão de tentações, estão ao lado de zombeteiros, obstinados, reclamando e acusando. Podem professar ser filhos de Deus, mas manifestam o espírito de Satanás. Por seu procedimento para com os irmãos, estes acusadores se colocam onde Deus não pode fazer brilhar a luz de Seu semblante. 

 

Quantos não perguntam constantemente: Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus altíssimo? Virei perante Ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-Se-á o Senhor de milhares de carneiros? De dez mil ribeiros de azeite? Miquéias 6: 6 e 7. Mas Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus? Miquéias 6: 8

 

Esse é o culto que o Senhor escolheu: Que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e que despedaces todo o jugo... e não te escondas daquele que é da tua carne. Isaias 58: 6 e 7. Quando vos considerardes pecadores salvos unicamente pelo amor do Pai celestial, então tereis amor e compaixão por outros que sofrem no pecado. Então não mais defrontareis a miséria e o arrependimento com ciúme e censura. Quando o gelo do amor-próprio se derreter de vosso coração, estareis em simpatia com Deus, e partilhareis de Sua alegria na salvação do perdido.

 

Verdade é que professas ser filho de Deus; porém, se esta declaração for verdade, é teu irmão, que estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. Lucas 15: 32. Ele se acha ligado a ti pelos vínculos mais íntimos; porque Deus o reconhece como filho. Nega teu parentesco com ele, e mostrarás que és apenas mais um empregado na casa paterna, não um filho da família de Deus.

 

Embora não te associes à recepção ao pródigo, a alegria prosseguirá, o restaurado tomará seu lugar ao lado do Pai e em Sua obra. Aquele a quem muito se perdoou, ama também muito. Tu, porém, estarás fora, nas trevas; pois aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. I João 4: 8[58].

 

 

Sentimentos Bondosos

 

 

E, retirando-se deles, chorou. Gênesis 42:24.

 

Lágrimas de José! Quantas e quantas vezes esse moço chorou! Chorou enquanto suplicava aos irmãos para que não lhe fizessem mal. Chorou quando se transformou em escravo e contemplou pela última vez as colinas onde vivia seu amado pai e onde passara dias felizes. Chorou ao ser lançado numa prisão. E agora chorou ao se encontrar com seus irmãos.

 

A Bíblia relata que Jesus também chorou em várias ocasiões. Chorou diante do túmulo de seu amigo Lázaro. Chorou quando olhou para a cidade de Jerusalém, pois seus moradores haviam recusado a salvação.

 

Há pessoas que derramam lágrimas falsas, à semelhança dos crocodilos. Jesus declarou que o importante é o que está no coração. Comentando acerca de pessoas falsas, Ele as comparou com túmulos caiados por fora, mas que estão cheios de ossos. São como lobos em pele de ovelhas.

 

Conta-se a história de um pastor que notou que algumas de suas ovelhas estavam desaparecendo inexplicavelmente. Ele redobrou seus cuidados, mas mesmo assim elas continuavam desaparecendo. Chegou à conclusão de que o inimigo estava no meio do rebanho. Devia haver um lobo entre as ovelhas. Então ele usou um método interessante para descobrir quem era o lobo.

 

Certa manhã, ele ficou junto à porta do curral. Enquanto as ovelhas passavam, ele batia com seu cajado nelas. As ovelhas abaixavam a cabeça e continuavam caminhando. Mas a certa altura, ao bater numa “ovelha”, o pastor recebeu uma mordida. Na verdade, ali estava o lobo que vestira a pele de ovelha para ficar no meio do rebanho.

 

Mais cedo ou mais tarde, aqueles que fingem ser o que não são revelarão o que vai no íntimo do seu coração. Ao receberem algum golpe na vida, reagirão ferozmente.

 

Procurem ser bondosos e sinceros. Não tentem aparentar ser aquilo que vocês não são, para que ninguém os chame de lobos vestidos de ovelhas. Mesmo que às vezes tenham que derramar algumas lágrimas, lembrem-se de que é melhor ser sinceros do que ser hipócritas[59].

 

 

Leitura Adicional

 

 

Os que Choram Serão Consolados

O pranto aqui apresentado é a sincera tristeza de coração pelo pecado... Ao contemplarmos Jesus levantado sobre a cruz, discerniremos o estado pecaminoso da humanidade. Vemos que foi o pecado que açoitou e crucificou o Senhor da glória. Vemos que, ao passo que somos amados com indizível ternura, nossa vida tem sido uma contínua cena de ingratidão e rebelião.

 

Esquecemos nosso melhor Amigo, e desprezamos o mais precioso dom deparado pelo Céu. Crucificamos de novo, em nós mesmos, o Filho de Deus e de novo traspassamos aquele sangrento e ferido coração. Separamo-nos de Deus por um abismo de pecado, extenso, negro e profundo, e choramos com coração quebrantado.

 

Esse pranto será consolado. Deus nos revela a culpa a fim de que nos possamos dirigir a Cristo, e por meio Dele sejamos libertados da servidão do pecado e nos regozijemos na liberdade dos filhos de Deus. Em verdadeira contrição podemos lançar-nos aos pés da cruz, e ali depor o nosso fardo.

 

As palavras do Salvador contêm também uma mensagem de conforto para os que sofrem aflição ou privação. Nossas tristezas não brotam da terra. Deus não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens. Lamentações 3: 33. Quando permite que nos sobrevenham provações e aflições é para nosso aproveitamento, a fim de sermos participantes da Sua santidade. Hebreus 12: 10.

 

Se recebida, com fé, a provação que parece tão amarga e difícil de suportar provar-se-á uma bênção. O golpe cruel que desfaz as alegrias tornar-se-á o meio de fazer-nos volver os olhos para o Céu. Quantos há que nunca teriam conhecido Jesus se a tristeza os não houvesse levado a buscar Dele conforto!

 

As provações da vida são obreiras de Deus, para remover de nosso caráter impurezas e arestas. Penoso é o processo de cortar, desbastar, aparelhar, lustrar, polir; é molesto estar, por força, sob a ação da pedra de polimento. Mas a pedra é depois apresentada pronta para ocupar seu lugar no templo celestial. O Mestre não efetua trabalho assim cuidadoso e completo com material imprestável. Só as Suas pedras preciosas são polidas, como colunas de um palácio. 

 

O Senhor trabalhará por todos os que nEle puseram sua confiança. Preciosas vitórias serão alcançadas pelos fiéis, inestimáveis lições aprendidas e realizadas valiosas experiências.

 

Nosso Pai celestial nunca Se esquece daqueles a quem a tristeza alcançou. Quando Davi seguia pelo monte das Oliveiras, subindo e chorando, e com a cabeça coberta; e caminhava com os pés descalços II Samuel 15: 30, o Senhor, apiedado, observava-o. Davi vestira-se de saco e sua consciência o acusava. Os sinais exteriores de humilhação testificavam de quão contrito se achava.

 

Em sentidas expressões, vindas de um coração quebrantado, apresentou seu caso a Deus, e o Senhor não desamparou Seu servo. Nunca foi Davi mais caro ao coração do Infinito Amor do que quando, com consciência abatida, para salvar a vida fugiu dos inimigos que haviam sido instigados à rebelião por seu próprio filho. Diz o Senhor: Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te. Apocalipse 3: 19. Cristo ampara o coração contrito e purifica a alma pesarosa, até que se torne Sua morada. 

 

Mas quando nos sobrevém à tribulação, quantos de nós são como Jacó! Julgamos ser a mão de um inimigo; e na escuridão lutamos cegamente até ter gasto as forças, sem encontrarmos conforto nem libertação. O toque divino em Jacó ao raiar do dia, revelou Aquele com quem estivera lutando: O Anjo do concerto; e pranteando, deixou-se cair impotente nos braços do Infinito Amor, para receber as bênçãos que sua alma anelava. Também nós precisamos aprender que as provações significam benefício, e não desprezar o castigo do Senhor, nem desfalecer quando somos por Ele repreendidos.

Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus castiga. ... Porque Ele faz a chaga, e Ele mesmo a liga; Ele fere, e as Suas mãos curam. Em seis angústias, te livrará; e, na sétima, o mal te não tocará. Jó 5: 17 a 19. A cada ferido Se achega Jesus com Seu poder curativo. A vida de privação, dor e sofrimento pode ser iluminada pelas preciosas revelações de Sua presença. 

 

Não é vontade de Deus que nos mantenhamos subjugados pela muda tristeza, coração ferido e quebrantado. Ele quer que olhemos para cima e Lhe contemplemos a serena face de amor. O bendito Salvador Se põe ao lado de muitos, cujos olhos estão tão cegados pelas lágrimas, que nem O discernem. Deseja tomar-nos pela mão, e que O olhemos com fé simples, permitindo que Ele nos guie. Seu coração abre-Se às nossas dores, tristezas e provações. Amou-nos com amor eterno e com amorável benignidade nos atraiu. Podemos fazer descansar sobre Ele o coração e meditar o dia todo em Sua amorável benignidade. Ele erguerá a alma acima dos diários dissabores e perplexidades, a um reino de paz. 

 

Pensai nisto, filhos do sofrimento e da dor, e regozijai-vos em esperança: Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. I João 5: 4

 

Bem-aventurados são também os que choram com Jesus, em simpatia com os entristecidos do mundo, e em tristeza pelo pecado. Desse pranto não participa nenhum pensamento egoísta. Jesus foi o Varão de dores, suportando angústia de coração tal que nenhuma linguagem poderá retratar. Seu espírito foi ferido e moído pelas transgressões do homem. Afadigou-Se em zelo consumidor para aliviar as necessidades e infortúnios da humanidade, e o Seu coração pesava de tristeza ao ver multidões recusarem ir a Ele para que vivessem.

 

Todos os que são seguidores de Cristo terão parte nesta experiência. Ao participarem de Seu amor, entrarão para o Seu serviço a fim de salvar os perdidos. Participam dos sofrimentos de Cristo e também participarão da glória que há de ser revelada. Unidos com Ele em Sua obra, com Ele sorvendo o cálice da amargura, são também participantes de Sua alegria.

 

Foi por meio de sofrimento que Jesus alcançou o ministério da consolação. Em toda a angústia da humanidade foi angustiado Isaias 63: 9; e naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados. Hebreus 2: 18. Toda alma que entra em comunhão com Ele neste ministério, tem o privilégio de participar de Seus sofrimentos. Como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo. II Corintios 1: 5.

 

O Senhor tem graça especial para outorgar ao que pranteia, graça cujo poder é abrandar corações e ganhar almas. Seu amor abre caminho na alma ferida e quebrantada, e torna-se bálsamo curativo para os que choram. O Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação, ... nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus. II Corintios 1: 3 e 4 [60].

 

 



[1] ONTIVV, Russell Norman Champlin, Ph. D. Vol. 1, p. 304.

[2] Bíblia, Edições Paulinas, tradução Padre Matos Soares, p.1064.

[3] Desejado de Todas as Nações, pp. 283 e 284.

[4] CBASD, vol. 5, p. 316.

[5] Mateus, Introdução e Comentário, R. V. G. Tasker, Mundo Cristão, p. 49.

[6] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp. 112 a 115.

[7] ONTIVV, Russell Norman Champlin, Ph. D. Vol. 1, p. 304.

[8] CBASD, vol. 5, p. 316.

[9] ONTIVV, Russell Norman Champlin, Ph. D. Vol. 1, p. 304.

[10] CBASD, vol. 3,, p. 629.

[11] CBASD, vol. 3,, p. 764.

[12] Salmos 1 a 72, Introdução e Comentário, Derek Kidner, Mundo Cristão, p. 210.

[13] Salmos 1 a 72, Introdução e Comentário, Derek Kidner, Mundo Cristão, p. 210.

[14] BJ, p. 1.003.

[15] Salmos 1 a 72, Introdução e Comentário, Derek Kidner, Mundo Cristão, pp. 210 e 211.

[16] CBASD, vol. 3, p. 764.

[17] Salmos 1 a 72, Introdução e Comentário, Derek Kidner, Mundo Cristão, p. 211.

[18] CBASD, vol. 3, p. 764.

[19] CBASD, vol. 3, p. 764.

[20] CBASD, vol. 3, pp. 727 e 728.

[21] CBASD, vol. 3, p. 764.

[22] CBASD, vol. 3, p. 764.

[23] CBASD, vol. 3, p. 764.

[24] CBASD, vol. 3, p. 764.

[25] Janelas para a Vida, mm 2007, Alejandro Bullón, CPB, p. 133.

[26] CBASD, vol. 3, pp. 764 e 765.

[27] BJ, p. 1.003.

[28] CBASD, vol. 3, p. 765.

[29] CBASD, vol. 3, p. 765.

[30] BJ, p. 1.103.

[31] CBASD, vol. 3, p. 765.

[32] CBASD, vol. 3, p. 765.

[33] BJ, p. 1.103.

[34] CBASD, vol. 3, p. 765.

[35] Salmos 1 a 72, Introdução e Comentário, Derek Kidner, Mundo Cristão, p. 213.

[36] CBASD, vol. 3, p. 765.

[37] CBASD, vol. 3, p. 765.

[38] CBASD, vol. 3, p. 765.

[39] EGW, RH 18-12-1913.

[40] CBASD, vol. 3, p. 765.

[41] O Maior Discurso de Cristo, EGW, CPB, p. 96.

[42] Patriarcas e Profetas, p. 491.

[43] CBASD, vol. 3, p. 765.

[44] CBASD, vol. 3, p. 765.

[45] CBASD, vol. 3, p. 765.

[46] CBASD, vol. 3, p. 765.

[47] CBASD, vol. 3, p. 765.

[48] CBASD, vol. 3, p. 765.

[49] CBASD, vol. 3, p. 765.

[50] CBASD, vol. 3, p. 765.

[51] CBASD, vol. 3, p. 765.

[52] CBASD, vol. 3, p. 767.

[53] Profetas e Reis, EGW, CPB, p. 57.

[54] Patriarcas e Profetas, pp. 784 e 785.

[55] CBASD, vol. 3, p. 767.

[56] CBASD, vol. 3, p. 767.

[57] CBASD, vol. 3, p. 767.

[58] Parábolas de Jesus, pp. 198 a 211.

[59] Histórias Inesquecíveis, IJ 2007, CPB, Ani Köller Bravo.

[60] O Maior Discurso de Cristo, pp. 9 a 13.