ANSIEDADE - II

Mt 6:28 a 30
Itamar de Paula Marques

 

28 - E com a roupa, porque andais preocupados? Aprendei dos l�rios do campo, como crescem n�o trabalham e nem fiam.

 

4) RAZ�O - Deus concede bel�ssimas vestes as flores, que n�o sabem raciocinar. Certamente providenciar� as necessidades de seus filhos, sem que estes precisem preocupar-se.

PORQUE ANDAIS PREOCUPADOS - Cf. Lucas 12:26 e 27. Cristo apresenta a terceira ilustra��o do cuidado do Pai para com as criaturas de sua m�o[1]. 

APRENDEI - Palavra com sentido forte, a mesma palavra usada por Eliezer servo de Abra�o para indicar a aten��o para com Rebeca que foi esposa de Isaque. A despeito do pequeno valor das flores, Deus cuida delas providenciando-lhes lindas vestes. As roupas demonstravam, no Oriente, sinal de poder e ostenta��o. Pessoas gastavam altas somas para adquirirem roupas de excelente qualidade.

L�RIOS - Grego: kr�na, singular: kr�non, palavra cujo equivalente bot�nico exato se desconhece. Possivelmente Jesus empregou kr�non como termo geral para referir-se �s flores do campo. Alguns sugerem que se faz alus�o aqui � an�mona multicolor, flor comum, colorida, que se destaca em Palestina[2].

O grande Artista-Mestre nos chama a aten��o para as inanimadas flores do campo salientado-lhes a beleza das tintas e maravilhosa variedade de grada��es poss�veis em uma �nica flor. Assim revelou Deus sua habilidade e cuidado. Assim queria mostrar o grande amor que tem por todo ser humano[3].

O Senhor nosso Deus dispensa tanto cuidado, sabedoria e tempo a uma pequenina flor como �s grandes coisas de sua cria��o. Nas min�sculas florzinhas veem-se beleza e perfei��o que arte alguma humana pode imitar. A delicada textura da colorida rosa, bem como as estrelas nos c�us, mostram as pincelas do Artista-Mestre[4].

Jesus passa a falar das flores versos 28 a 30, e fala como quem as ama. Os l�rios do campo eram as papoulas e as an�monas escarlatas. Eram flores que nasciam nas ladeiras da Palestina; e em sua brevidade de vida, se vestiam com uma beleza que superava a dos mantos dos reis. Quando morriam, eram usadas para acender fogo. Os fornos da Palestina eram feitos de barro, como uma caixa de argila colocada sobre uns ladrilhos sobre o fogo. Quando se queria subir a temperatura rapidamente, se enchiam os fornos com ervas e flores silvestres secas, e o fogo era logo aceso. As flores n�o tinham mais que um dia de vida; logo eram lan�adas ao fogo para ajudar a esquentar o forno quando se estava cozinhando com pressa. O Senhor veste as flores com rara beleza que est� al�m da capacidade humana imitar. Se Deus d� tal beleza a uma florzinha ef�mera, quanto maior cuidado ter� de uma pessoa! N�o cabe d�vida de que a generosidade que � t�o pr�diga com a flor de um dia n�o passar� por alto a pessoa humana, que � a coroa da cria��o[5].

 

Li��es da Natureza

            A ci�ncia natural � o dep�sito de Deus, no qual todo estudante da escola de Cristo pode estudar. Os caminhos de Deus na filosofia natural e os mist�rios relacionados com Seu trato para com o homem s�o um tesouro do qual todos podem retirar[6].

            As flores do campo, em sua infinita variedade, ministram sem cessar ao deleite dos filhos dos homens. O pr�prio Deus alimenta cada raiz, de modo a exprimir amor a todos quantos sejam suscept�veis de abrandar-se e render-se por meio das obras de Suas m�os. N�o necessitamos de exibi��es artificiais. O amor de Deus se apresenta no belo de Sua cria��o[7].

            Cristo procurava desviar a aten��o de Seus disc�pulos do artificial para o natural: Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanh� � lan�ada no forno, quanto mais a v�s outros, homens de pequena f�? Mt 6:30. Por que n�o atapetou nosso Pai celestial a terra com marrom ou cinza? Ele escolheu a cor mais repousante, a mais adequada aos sentidos. Como alegra o cora��o e refrigera o esp�rito cansado olhar a terra revestida de vivo verdor! Sem essa cobertura, o ar ficaria cheio de p�, e o solo se assemelharia a um deserto. Cada haste de relva, cada bot�o a desabrochar, cada flor, s�o sinais do amor de Deus que nos deveriam ensinar uma li��o de f� e confian�a nEle. Cristo nos chama a aten��o para a sua natural beleza, e assegura-nos que os mais suntuosos trajes do maior dos reis que j� empunharam um cetro terreno n�o eram iguais aos da mais humilde flor. Voc�s, que suspiram pelo esplendor artificial que s� a riqueza pode adquirir, por custosas pinturas, mob�lias e dispendiosos vestidos, deem ouvidos � voz do divino Mestre. Ele os faz volver �s flores do campo, cujo simples desenho n�o pode ser igualado pela habilidade humana[8].

 

LEITURA ADICIONAL

As encostas dos montes achavam-se matizadas de flores. Apontando-as no orvalhado frescor da manh�, disse Jesus: Olhai para os l�rios do campo, como eles crescem. Mateus 6:28. As formas elegantes, as delicadas cores das plantas e das flores podem ser copiadas pela habilidade humana; que toque � capaz de transmitir vida a uma flor, ou a uma haste sequer? Toda florzinha � beira dos caminhos deve a exist�ncia ao mesmo poder que estabelece os luminosos mundos l� em cima. A todas as coisas criadas anima um fr�mito de vida provindo do grande cora��o de Deus. As flores do campo s�o por Sua m�o vestidas de mais ricos trajes do que os que adornaram em qualquer tempo os reis terrestres.

Na beleza das coisas da natureza podeis aprender mais da sabedoria de Deus do que sabem os eruditos. Nas p�talas do l�rio, escreveu Ele uma mensagem para v�s, escreveu em uma linguagem que vosso cora��o s� pode ler � medida que desaprender as li��es de desconfian�a e ego�smo, de corrosivo cuidado. Por que vos deu Ele as aves canoras e as flores gentis, se n�o pelo transbordante amor de um cora��o de Pai, que desejava tornar-vos o caminho da vida luminoso e alegre? Tudo quanto vos era necess�rio � exist�ncia vos teria sido facultado mesmo sem as flores e os p�ssaros, mas Deus n�o estava satisfeito com o prover meramente o que bastasse � vida. Ele encheu a Terra e o espa�o e o firmamento com tra�os de beleza a fim de mostrar-vos os pensamentos de amor que nutre a vosso respeito. A beleza de todas as coisas criadas n�o � sen�o um vislumbre do esplendor de Sua gl�ria. Se Ele prodigalizou t�o infinita maestria nas coisas da natureza para vossa felicidade e alegria, podeis acaso duvidar de que vos conceda toda b�n��o necess�ria?

Olhai para os l�rios. Mateus 6:28. Toda flor que descerra suas p�talas � luz solar obedece �s mesmas grandes leis que regem as estrelas; e como � simples, e suave a sua exist�ncia! Por meio das flores Deus queria chamar-nos a aten��o para a beleza do car�ter crist�o. Aquele que tal gra�a comunicou �s flores, deseja muito mais que a alma seja revestida com a beleza do car�ter de Cristo.

Olhai, diz Jesus, como crescem os l�rios; como, brotando da terra escura e fria, ou do lodoso leito do rio, as plantas desabrocham em atrativos e fragr�ncia. Quem teria sonhado as possibilidades de beleza no r�stico bulbo escuro do l�rio? Quando, por�m, ao chamado de Deus na chuva e no sol, se desenvolve a vida divina ali oculta, os homens se maravilham ante a vis�o da gra�a e da beleza. Da mesma maneira se desdobra � vida de Deus em toda alma humana que se submete ao minist�rio de Sua gra�a que, abundante como a chuva e a luz solar, a todos traz as suas b�n��os. � a palavra de Deus que cria as flores, e a mesma palavra produzir� em v�s as gra�as do Seu Esp�rito.

A lei de Deus � a lei do amor. Ele vos circundou de beleza a fim de ensinar-vos que n�o fostes colocados na Terra apenas para labutar pelo pr�prio eu, cavar e construir, trabalhar muito e correr, mas tornar a vida luminosa e feliz e bela com o amor de Cristo, para com as flores, alegrar a vida dos outros mediante o minist�rio do amor.

Pais e m�es fazei com que vossos filhos aprendam das flores. Levai-os convosco ao jardim e ao campo e para baixo das frondosas �rvores, e ensinai-lhes a ler na natureza a mensagem do amor de Deus. Que a lembran�a Dele esteja ligada aos p�ssaros, �s flores e �s �rvores. Levai as crian�as a ver em tudo quanto � belo e apraz�vel uma express�o do amor de Deus para elas. Tornai-lhes vossa religi�o desej�vel, apresentando-a pelo lado atrativo. Esteja em vossos l�bios a lei da bondade.

Ensinai �s crian�as que, em virtude do grande amor de Deus, sua natureza pode ser mudada, e posta em harmonia com a Dele. Ensinai-lhes que Ele quer que sua vida seja embelezada com a gra�a das flores. E, ao colherem elas as suaves florzinhas, ensinai-lhes que Aquele que fez as flores � mais belo do que elas. Assim se enla�ar�o em torno dEle as gavinhas de seu cora��o. Aquele que � totalmente desej�vel (Ct 5:16) tornar-Se-� para elas como um companheiro di�rio e um amigo familiar, e sua exist�ncia ser� transformada � imagem de Sua pureza[9].

 

29 - E, no entanto, eu vos asseguro que nem Salom�o, em todo o seu esplendor, se vestiu como um deles.

VOS ASSEGURO - Ver coment�rio cap�tulo 5:22. Cf. Lucas 12:27[10]. 

SALOM�O - Pacifico. Em contraste com Davi, reinou em paz. Utilizou-se das riquezas do pa�s para construir o templo, e muito material foi importado para aumentar a gloria deste. Adquiriu riquezas mais do que qualquer outro monarca em Israel, e sua reputa��o se tornou universal entre as na��es, como um soberano muito rico. II Cr�nicas 9 faz uma descri��o minuciosa das riquezas e da fama de Salom�o. Qualquer judeu compreenderia o significado das palavras de Jesus, mas a provid�ncia divina no tocante ao vestu�rio ultrapassa o esplendor de Salom�o. L�-se na tradi��o judaica, que at� os assistentes de Salom�o derramavam ouro em p� nos seus cabelos, mas a gl�ria do simples l�rio tornaria Salom�o menor.

TODO SEU ESPLENDOR - O esplendor da corte de Salom�o era proverbial. I Reis 10:1 a 13, 21; ver Mishnah Baba Metzia 7. 1[11].

 

As Li��es das Flores

E por que andais ansiosos quanto ao vestu�rio? Considerai como crescem os l�rios do campo: eles n�o trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salom�o, em toda a sua gl�ria, se vestiu como qualquer deles. Mateus 6:28 e 29.

Em Mateus 6:26 Jesus declarou que, observando as aves, poder�a�mos aprender uma li��o sobre a preocupa��o. Agora, nos versos 28 a 30, Ele chama a nossa aten��o para a li��o similar das flores.

Um dos pontos focais do ensino de Jesus sobre as flores � o forno, mencionado no verso 30. Os fornos da Palestina eram feitos de barro. Pareciam uma caixa, colocada sobre o fogo. Quando a cozinhei�ra desejava aumentar a temperatura rapidamente, lan�ava um punha�do de ervas secas e flores silvestres no forno e ateava fogo nelas.

As flores tinham um per�odo de vida relativamente curto antes de serem atiradas no forno para acelerar a cozedura. As flores secas n�o prestavam para nada a n�o ser para serem usadas como combust�vel no preparo do p�o, apesar disso Deus as vestia com uma beleza que nem mesmo Salom�o conseguiu imitar.

O argumento de Jesus � este: se Deus d� beleza a uma flor de vida t�o curta, n�o devotar� maior cuidado a Seus filhos humanos? Aquele que � generoso o bastante para esbanjar beleza numa flor ef�mera, certamente n�o se esquecer� de n�s, os seres humanos, a obra suprema da cria��o de Deus.

Naturalmente, n�o usamos ervas nem flores secas em nossos fornos. Mas a maioria de n�s do s�culo vinte continua a admi�rar a beleza das flores. Admiramo-las tanto que gastamos grandes so�mas de dinheiro para compr�-las em festas de casamento, dia dos na�morados, etc.

N�o podemos, por�m, conserv�-las por tempo indefinido. Desde o momento em que as cortamos, elas come�am a murchar e a morrer. Le�vamo-las para casa no auge de sua beleza, mas acabam indo para o li�xo dentro de poucos dias.

As pessoas, por�m, n�o foram criadas para um tempo limitado, e sim para a eternidade. Quando compreendemos o fato de que Deus j� deu vida eterna a todo crist�o Jo�o 3:36; 5:24, come�amos a en�tender por que temos t�o poucas raz�es para preocupar-nos[12].

 

A Gl�ria de Salom�o

Vendo, pois, a rainha de Sab� toda a sabedoria de Salom�o, e a casa que edificara, e a comida da sua mesa, e o lugar dos seus oficiais, e o servi�o dos seus criados, e os trajes deles, e seus copeiros, e o holocausto que oferecia na Casa do Senhor, ficou como fora de si e disse ao rei: Foi verdade a palavra que a teu respeito ouvi na minha terra e a respeito da tua sabedoria. Eu, contudo, n�o cria naquelas palavras, at� que vim e vi com os meus pr�prios olhos. Eis que n�o me contaram a metade: sobrepujas em sabedoria e prosperidade a fama que ouvi. I Reis 10:4 a 7.

A gl�ria de Salom�o era proverbial entre os judeus. Pode-se ler a respeito de sua magnific�ncia no AT. Suas roupas magn�ficas; seus pal�cios de madeira de cedro, com mob�lia revestida de ouro e embelezada com pedras preciosas. E, contudo, Jesus afirma que toda essa gl�ria perde o brilho quando comparada com o mundo das flores, com toda a sua impon�ncia multicor.

Posso dizer am�m a esse pensamento. Tive recentemente a opor�tunidade de passar uma semana �s margens desertas do Lago Superior no Alto Michigan. Tive ali o privil�gio de caminhar por entre as co�loridas e adornadas aquil�gias. De tempos em tempos eu ficava extre�mamente feliz em descobrir uma orqu�dea silvestre. A variedade de forma, padr�o e cor das flores selvagens de junho pareciam infinitas. Deus � amante do belo.

Esse � um pensamento importante. Tamb�m � uma li��o secund�ria que devemos extrair da li��o de Jesus sobre as flores. Deus ama a beleza. Assim foi na cria��o. Assim foi na constru��o do tabern�culo terreno por Mois�s e no Templo constru�do posteriormente por Salom�o.

Alguns crist�os equivocados querem nos fazer crer que Deus fica�ria feliz se nossa roupa, lares e igrejas fossem destitu�dos de beleza. Es�sa, por�m, n�o � a mensagem da B�blia. O Deus que criou as flores, os p�ssaros e os peixes tropicais coloridos � um Deus harmonioso. Ele � amante do belo, n�o apenas na cor, mas tamb�m no som e na forma. Deus ama o que � belo, e quer que sejamos como Ele[13].

 

30 - Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que existe hoje e ser� lan�ada ao forno, n�o far� ele muito mais por v�s, homens fracos na f�?

ERVA - Cristo resume aqui o princ�pio que se ilustra nos versos 26 a 28. Os versos 30 a 34 repetem e fazem ressaltar o ensino que se apresentou no verso 25. � prov�vel que a erva do campo deva relacionar-se com os l�rios do campo do verso 28, e que em tal sentido fora uma continua��o da mesma ilustra��o[14]. 

A erva era empregada como combust�vel na Palestina, devido � falta de madeira nos fornos.

Jesus mostrou que as flores apesar de sua beleza eram de pouco valor e s� serviam de combust�vel, utilizado no fabrico de p�o para os homens. Deus quem veste as flores com sua beleza, e que tem muito mais cuidado pelos homens, j� que tais flores servem somente para ajudar a fornecer p�o para os homens. N�o promete dar trajes mais belos que as flores, e sim o fornecimento do que � necess�rio.

FORNO - O pasto seco e os ramos se empregavam comumente como combust�vel nos fornos do antigo Pr�ximo Oriente[15].

MUITO MAIS POR V�S - Aquele que deu a vida, sem d�vida conceder� com ela as d�divas maiores que o alimento e o vestido. N�o permanecer� inativo em atitude de caprichosa despreocupa��o pelo sustento da vida que ele mesmo deu. � razo�vel pensar que Deus se preocupa por seus filhos[16]. 

FRACOS NA F� - Jesus indica o problema. Possu�am uma f� muito t�nue para que as ansiedades pudessem ser evitadas.

Mateus 8:26. Homens de pouca f� - Ainda que os disc�pulos tivessem visto muitas maravilhosas evid�ncias do poder divino, parecia que at� este momento, Jesus ainda n�o havia demonstrado seu poder sobre as for�as da natureza Jesus acalma a tempestade, e n�o haviam pensado que Jesus poderia faz�-lo[17].

 

Pequena F�

Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanh� � lan�ada no forno, quanto mais a v�s outros, homens de pequena f�?Mateus 6:30.

Com as palavras homens de pequena f� Jesus apresenta um re�sumo do argumento com o qual vinha trabalhando desde Mateus 6:25. A conclus�o de Seu detalhado argumento sobre aves e flores � que Seus ouvintes n�o haviam tirado as dedu��es �bvias do mundo criado ao redor deles. Em consequ�ncia disso, faltava-lhes f�: eles possu�am pequena f�.

Note que Jesus n�o disse que eles n�o tinham f�. Eles possu�am al�guma f�. As pessoas a quem Jesus Se dirige no Serm�o do Monte s�o crentes. As bem-aventuran�as s�o uma realidade na vida delas. A mensagem destina-se aos humildes de esp�rito, aos que choram por causa de seu senso de culpa, aos que se consideram perdidos e desam�parados e que sentem fome e sede de verdadeira justi�a. Seus ouvintes s�o os que amam a Deus como a um Pai.

O problema deles n�o � a aus�ncia de f�, mas o possuir pequena f�. Ou seja, a f� deles � inadequada; � imatura. � uma f� insuficiente. A express�o pequena f� � empregada cinco vezes nos Evangelhos, e todas as vezes � usada com rela��o aos disc�pulos. Eles possu�am f�, mas essa f� era insuficiente.

O que � pequena f�? Alguns t�m sugerido, levando-se em con�ta o contexto aqui em Mateus 6:30 e em outros lugares, que essa pe�quena f� � uma f� que aceita o fato de Jesus ser o Salvador dos peca�dos, mas n�o consegue ser aplicada em outros aspectos da vida. Essas pessoas possuem f� salvadora, mas param nisso. A f� delas n�o se es�tende at� as ocupa��es da vida di�ria. Elas n�o conseguem entender o fato de que Deus tem interesse em todos os setores da nossa vida. N�o conseguem reconhecer que, em virtude do interesse de Deus em todos os aspectos da nossa vida, n�o temos necessidade de nos preocupar. A pequena f� n�o entende que Deus est� conosco tanto no lu�gar de trabalho quanto no lugar de adora��o[18].

 

A �Pequena F� em A��o

E eis que sobreveio no mar uma grande tempestade, de sorte que o barco era varrido pelas ondas. Entretanto, Jesus dormia. Mas os disc�pulos vieram acord�-lo, clamando: Senhor, salva-nos! Perecemos! Perguntou-lhes, ent�o, Jesus: Por que sois t�midos, homens de pequena f�?Mateus 8:24 a 26.

Que contraste! Jesus dorme, e os disc�pulos sentem medo. No entanto, talvez mais importante do que o tamanho do contraste � a ra�z�o para isso. Por que os disc�pulos estavam t�o temerosos, enquanto Jesus dormia em perfeita paz?

Essa � uma das passagens em que � �til comparar as leituras nos quatro Evangelhos. Tome um momento para ler e comparar Mateus 8:23 a 27 com Marcos 4:36 a 41 e Lucas 8:22 a 25. O que cada passagem tem a dizer sobre f�? Quais as implica��es das varia��es das perguntas feitas tanto por Jesus como pelos disc�pulos em cada Evangelho? Perceba que, enquanto em Mateus Jesus s� chama os disc�pulos de homens de pequena f�, em Lucas Ele lhes faz a penetrante pergunta: Onde est� a vossa f�?

Onde est� a vossa f� quando as coisas ficam dif�ceis? Onde est� a vossa f� quando surgem as tempestades da vida? Todos sabemos que n�o � dif�cil ter o que chamamos de f� quando tudo vai bem, quando o barco da nossa vida navega em �guas calmas. Mas onde est� nossa f� quando as coisas pioram? Essa � a prova que demonstra se temos pe�quena f� ou f� madura.

A pergunta dos disc�pulos, em Marcos 4:38, tamb�m ajuda a com�por esse incidente: Mestre, n�o Te importa que pere�amos?

� claro que Ele Se importa. Esses homens eram o cora��o de Sua futura igreja. Ele tinha muita considera��o por eles. O problema esta�va nos disc�pulos, e n�o em Jesus. Faltava-lhes a confian�a de que Deus Se importava com eles em todos os aspectos da vida. Foi por isso que Jesus lhes perguntou: Por que sois assim t�midos? Como � que n�o tendes f�? Verso 40.

Onde est� a minha f�? Onde est� ela quando enfrento amea�as e crises reais? Fa�o parte do grupo dos de pequena f�, ou realmente ve�jo que Deus Se importa comigo em todas as circunst�ncias e que sou objeto de Sua solicitude?[19]

 

A Pequena F� e as Promessas

Pelas quais nos t�m sido doadas as Suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrup��o das paix�es que h� no mundo. II Pedro 1:4.

Ontem e anteontem examinamos o que significa ter pequena f� e o que significa ter uma f� que compreende o fato de que Deus vai nos salvar, mas n�o consegue entender que Ele est� ativamente empe�nhado em cuidar de n�s em todos os aspectos de nossa vida di�ria.

O resultado: a pequena f� se preocupa; a pequena f� n�o sabe co�mo confiar no Pai. A pessoa de pequena f� � controlada por preocupa���es e temores. A mente de uma pessoa assim anda em c�rculos sem chegar a solu��es confi�veis. Essas pessoas ficam acordadas por horas a fio durante a noite, enquanto a mente se angustia com os mesmos de�talhes deprimentes sobre pessoas e coisas. Nessas situa��es, as pessoas n�o t�m o controle de seus processos mentais. Ao contr�rio, est�o sen�do controladas por algo, e esse algo, caso o processo continue, acabar� por lev�-las a um estado de preocupa��o. A pequena f� � uma condi���o que permite que as circunst�ncias nos controlem e dominem. Mas Deus quer que tenhamos o tipo de f� que domina a situa��o, que lan��a a ansiedade para tr�s e prossegue numa a��o construtiva, fundamen�tando sua confian�a no Deus que Se importa.

No seu fundamento, a pequena f� n�o consegue levar Deus e Sua Palavra a s�rio; n�o consegue crer em Suas preciosas e mui grandes promessas. Temos muito que aprender com as promessas de Deus. Te�mos muito que aprender com os personagens b�blicos que levaram as promessas de Deus a s�rio e que exerceram grande f�. Precisamos aprender destes crentes imperfeitos, mas heroicos, como Abra�o, Da�vi, Daniel, Pedro e Paulo.

Como Paulo, precisamos lembrar que nosso Deus pode fazer infi�nitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o Seu poder que opera em n�s. Ef�sios 3:20. Precisamos reconhecer a suprema grandeza do Seu poder. Ef�sios 1:19. � luz dessas declara��es, toda preocupa��o parece infundada[20].

 

SALMO 23

Salmo de Davi.

 

O BOM PASTOR

 

 

INTRODU��O

            A alguns quil�metros ao sul de Jerusal�m, a cidade do grande Rei, acha-se Bel�m, onde nasceu Davi, filho de Jess�, mais de mil anos antes que o menino Jesus tivesse por ber�o uma manjedoura, e fosse adorado pelos magos do Oriente. S�culos antes do advento do Salvador, Davi, no frescor da meninice, vigiava seus rebanhos enquanto pastavam nas colinas pr�ximas a Bel�m. O singelo pastorzinho cantava as can��es de sua pr�pria composi��o, e a m�sica de sua harpa lhe fazia um suave acompanhamento � melodia da l�mpida voz juvenil. O Senhor escolhera a Davi, e o estava preparando, em sua vida solit�ria com os seus rebanhos, para a obra que era Seu des�gnio confiar-lhe nos anos posteriores.

            Enquanto Davi estava assim a viver no retiro de sua vida humilde de pastor, o Senhor Deus estava a falar a respeito dele ao profeta Samuel. Ent�o disse o Senhor a Samuel: At� quando ter�s d� de Saul, havendo-o Eu o rejeitado, para que n�o reine sobre Israel? Enche o teu vaso de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jess�, o belemita; porque dentre os seus filhos Me tenho provido de um rei... Toma uma bezerra das vacas em tuas m�os, e dize: Vim para sacrificar ao Senhor. E convidar�s a Jess� ao sacrif�cio, e Eu te farei saber o que h�s de fazer, e ungir-Me-�s a quem Eu te disser. Fez, pois, Samuel o que dissera o Senhor, e veio a Bel�m; ent�o os anci�os da cidade sa�ram ao encontro, tremendo, e disseram: De paz � a tua vinda? E ele disse: � de paz. I Samuel 16:5. Os anci�os aceitaram o convite ao sacrif�cio, e Samuel chamou tamb�m Jess� e seus filhos. O altar foi constru�do, e o sacrif�cio estava pronto. Toda a casa de Jess� estava presente, com exce��o de Davi, o filho mais mo�o, que ficara a guardar as ovelhas, pois que n�o era seguro deixar os rebanhos sem prote��o[21].

            O Salmo 23, comumente chamado Salmo do Bom Pastor, � o mais conhecido e mais amado de todos os salmos. � a del�cia da inf�ncia e o consolo da velhice. Outros nomes que se tem dado ao salmo s�o: A p�rola dos Salmos, O Salmo do Rei e Senhor, O canto do pastor acerca de seu pastor, etc. Santo Agostinho disse que este salmo era o hino dos m�rtires. Sem d�vida se tem escrito mais livros e artigos a respeito desse salmo, e se tem composto mais poemas e hinos sobre este tema, que sobre qualquer dos outros salmos. Cont�m uma mensagem para as pessoas de todas as �pocas.

            � mais que o Salmo do Bom Pastor. No somente descreve o bondoso Pastor que guia seu rebanho ao descanso e o alimenta em lugares de delicados pastos. Junto �s �guas de repouso e o protege dos perigos do deserto, � o retrato do am�vel Anfitri�o que proporciona alimento em abund�ncia e solicita aten��o a seu convidado. O salmo termina com uma confiss�o de absoluta confian�a em Iahweh, que guiar� a seu filho com amor por esta vida e o receber� como convidado seu at� o fim de seus dias.

            O poema se divide em tr�s estrofes. As duas primeiras, versos 1 a 4, descrevem a amorosa condu��o e a prote��o do Pastor; a terceira, versos 5 e 6, apresenta a hospitalidade proporcionada pelo Anfitri�o.

            No Salmo 23 n�o h� nenhum eco de nacionalismo. Seu alcance � universal. N�o h� d�vida de que as experi�ncias de Davi como pastor nos escarpados cerrados de Judeia, e mais tarde, como anfitri�o real na opul�ncia da corte de sua cidade capital, o prepararam para escrever este dulc�ssimo poema de l�rica sagrada.

            Pelo c�ntico, Davi, entre as dificuldades de sua vida t�o cheia de mudan�as, entretinha comunh�o com o C�u. Qu�o suaves s�o suas experi�ncias como um pastorzinho, conforme se refletem nestas palavras do Salmo 23:

            Muitos que leem as escrituras no s�culo 20 residem em centros urbanos, vivendo em ambientes criados pelo homem. As revela��es divinas est�o estreitamente ligadas a conceitos do mundo natural. O Senhor Jesus constantemente citava em suas par�bolas fen�menos naturais a fim de explicar suas verdades sobrenaturais, Ele que � o originador tanto do mundo natural como do sobrenatural. Para entend�-los, precisamos conhecer os princ�pios que coordenam tanto um como o outro.

 

            1 - Iahweh � meu pastor, nada me falta.

 

            IAHWEH � MEU PASTOR - Esta met�fora de Iahweh como pastor e seu povo como suas ovelhas, � comum na B�blia. Aparece pela primeira vez em G�nesis 48:15, onde a frase que diz que me mant�m se traduz do hebreu me pastoreia, G�nesis 49:24. Esta figura tamb�m se encontra nos seguintes salmos:78:52; 80:1; 119:176; e nos profetas: Isa�as 40:11; Ezequiel 34; Miqueias 7:14, e no NT: Lucas 15:3 a 7; Jo�o 10:1 a 18; 21:15 a 17; Hebreus 13:20; 1 Pedro 2:25; 5:4. Para compreender e apreciar a formosura e o sentido desta figura deve-se conhecer o perigoso deserto da Judeia, a vida �ntima do pastor e de suas ovelhas e, sobretudo, o carinho que os une durante as numerosas horas de solid�o que passam juntos[22].

            A primeira vez, citada na B�blia em G�nesis 48:15, refere-se a Deus. Quando Davi menciona o nome do Senhor ele se coloca na posi��o de ovelha, e refere-se ao Senhor como o Deus de Israel sendo o seu Pastor. Jesus confirmou a frase dizendo: Eu sou o Bom Pastor, o bom Pastor d� sua vida pelas ovelhas. Ele foi o Criador de todas as coisas, naturais como sobrenaturais.

            Nesta exclama��o existe uma implica��o profunda e pr�tica de um inter-relacionamento entre o ser humano e seu Criador, este que deu origem ao macrocosmo e microcosmo, tudo foi feito por Ele, com, e para Ele. Somente o Senhor possui a capacidade de criar atrav�s da palavra, e no calv�rio demonstrou seu profundo amor ao expor-se ao sacrif�cio em favor dos homens. Isa�as 53:6.

            Ao permitirmos que Jesus nos oriente, deixamos a��es ego�stas de lado e o centro de nossas aten��es volta-se para o Mestre. Se algu�m quer vir ap�s mim, a si mesmo se negue tome a sua cruz e siga-me, disse Jesus.

            Essa imagem aplicara o profeta Isa�as � miss�o de Cristo, nas confortadoras palavras: Tu, anunciador de boas novas a Jerusal�m, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, n�o temas, e dize �s cidades de Jud�: Eis aqui est� o vosso Deus... Como pastor apascentar� o Seu rebanho; entre os Seus bra�os recolher� os cordeirinhos, e os levar� no Seu rega�o. Isa�as 40:9 a 11. Davi cantara: O Senhor � o meu pastor; nada me faltar�. Salmo 23:1 E, por interm�dio de Ezequiel, declarara o Esp�rito Santo: E levantarei sobre elas um s� Pastor, e Ele as apascentar�; a perdida buscarei, e a desgarrada tornarei a trazer, e a quebrada ligarei, e a enferma fortalecerei. E farei com elas um concerto de paz. E n�o servir�o mais de rapina aos gentios,... E habitar�o seguramente, e ningu�m haver� que as espante. Ezequiel 34:23, 16, 25, 28[23].

            Davi foi pastor e posteriormente ungido rei, compreendia perfeitamente a figura do bom pastor, que arrisca sua vida pelas ovelhas. Na Palestina � bem conhecidas a figura do pastor e as dificuldades que passa para cuidar do rebanho.

            Ao comunicar luz a Seu povo antigamente, Deus n�o operava exclusivamente por meio de uma classe. Daniel era um pr�ncipe de Jud�. Tamb�m Isa�as era de linhagem real. Davi era um jovem pastor, Am�s um vaqueiro, Zacarias um cativo de Babil�nia, Eliseu um lavrador. O Senhor suscitava como representantes Seus a profetas e pr�ncipes, nobres e plebeus, e ensinava-lhes as verdades a serem dadas ao mundo[24].

            Nenhum dos de nobre apar�ncia, dentre os filhos de Jess�, foi aceito pelo Senhor; mas quando Davi, o filho mais novo, um simples pastor de ovelhas, foi chamado do campo e passou diante de Samuel, o Senhor disse: Levanta-te e unge-o, porque este mesmo �. 1Samuel 16:12. Quem pode decidir qual de uma fam�lia se demonstrar� eficiente na obra de Deus? A todos os jovens deve ser permitido receber as b�n��os e privil�gios da educa��o em nossas escolas, e poder�o ser inspirados a tornar-se coobreiros de Deus[25].

            Deus ensina a Davi li��es de confian�a. Assim como Mois�s foi preparado para o seu trabalho, assim o Senhor estava habilitando o filho de Jess� a tornar-se o guia de Seu povo escolhido. Em seu vigilante cuidado pelos seus rebanhos, estava a adquirir uma aprecia��o dos cuidados que o grande Pastor tem pelas ovelhas de Seu pasto[26].

 

            NADA ME FALTA - Uma afirma��o de plena confian�a em Deus. Esta declara��o � uma nota t�nica do Salmo[27].

            Davi n�o se refere a pessoas abastadas materialmente, muitos possuem bens materiais, mas s�o pobres de esp�rito, n�o possuem riqueza de alma.

            A satisfa��o � a marca do homem ou mulher que deixou os seus problemas nas m�os de Deus. Em Jesus encontramos recursos para que nossas necessidades sejam cumpridas, Ele nos supre em todas as coisas, se estamos com Jesus as demais coisas se acrescentar�o.

            Deus ensina Davi li��es de confian�a. Como Mois�s foi preparado para o seu trabalho, o Senhor estava habilitando o filho de Jess� a tornar-se o guia de Seu povo escolhido. Em seu vigilante cuidado pelos seus rebanhos, estava a adquirir uma aprecia��o dos cuidados que o grande Pastor tem pelas ovelhas de Seu pasto[28].

 

            2 - Em verdes pastagens me faz repousar. Para as �guas tranquilas me conduz.

 

            EM VERDES PASTAGENS - Delicados pastos. Literalmente, pastos de erva fresca e nova[29].

 

            ME FAZ REPOUSAR - Literalmente, �guas e lugares de repouso, ao dizer lugares de repouso onde h� �gua, perto de um rio, um riacho, um po�o ou um lago. Que quadro maravilhoso para descrever a gra�a de Deus! O Bom Pastor conduz suas ovelhas junto �s �guas de repouso a fim de que possam preparar-se melhor para enfrentar as vicissitudes do caminho. Deus concede horas de refrig�rio a seus filhos, para que estes em melhores condi��es ao iniciar as duras batalhas da vida cotidiana[30].

            A presen�a do pastor traz tranquilidade ao rebanho. As ovelhas s�o animais medrosos, e ao m�nimo barulho assustam, a rea��o inicial � fugir. A presen�a de Cristo na vida do crente afasta o medo. Em paz me deito e logo pego no sono porque o Senhor me faz repousar seguro. Tens�es e rivalidades disputas entre o rebanho, existe quando o pastor n�o est� perto, este tipo de comportamento ocasiona inveja, e em contraste o salmo mostra o povo de Deus repousando seguro, a presen�a de Cristo propicia um ambiente de paz.

            No ver�o a presen�a de carrapatos e moscas deixam as ovelhas irrequietas, o pastor atento cuida de cada uma individualmente para que nada moleste a ovelha, e haja tranquilidade entre o rebanho, afastando as parasitas e os insetos.

            Os maiores rebanhos de ovinos s�o encontrados em pa�ses �ridos e semi�ridos. O clima � seco, e elas se acham menos expostas a problemas de sa�de ou parasitas. Nestas regi�es n�o s�o comuns pastos verdejantes, isto � um resultado de um trabalho penoso do pastor, arar, preparar o solo, semear plantas, ervas especiais, irrigar e cuidar da planta��o. O melhor alimento para um rebanho � um bom pasto.

            Quando o povo estava no cativeiro eg�pcio o Senhor prometeu uma terra que mana leite e mel, uma vida de satisfa��o. O relato da passagem do povo de Israel do Egito para a terra prometida � uma figura da mudan�a de vida do pecado para a justi�a.

            Deus concede horas de refrig�rio a seus filhos para que eles tenham condi��es de enfrentar as dificuldades da vida.

 

            PARA AS �GUAS TRANQUILAS ME CONDUZ - Setenta por cento do organismo de uma ovelha � constitu�do de �gua, a �gua determina a vitalidade de um rebanho.

            Na linguagem espiritual significa: aceitar, tomar e crer. Se algu�m tem sede venha a mim e beba. Santo Agostinho disse: Oh Deus tu que criaste para ti, nossa alma sempre estar� inquieta e ansiosa, enquanto n�o encontrar descanso em ti.

            Bem cedo o pastor providencia que o rebanho saia e v� pastar na relva molhada pelo orvalho. O sucesso da vida do crist�o depende do seu alimento espiritual di�rio devocional, os momentos matutinos em comunh�o proporcionar�o for�as para a ovelha.

            Jeremias 2:13 - Muitos saciam sua sede com alimentos substitutivos.

            Na �frica o pastor desce nu e fatigado a po�os profundos de dif�cil acesso, para retirar �gua para suas ovelhas.

            Em outras ocasi�es o pastor sai � procura de regatos e nascentes para que o rebanho tenha momentos de refrig�rio, o homem que permite que sua vida seja guiada por Deus estar� seguro, e tranquilo.

 

            3 - e restaura as minhas for�as; ele me guia por caminhos justos, por causa do seu nome.

 

            E RESTAURA - Hebraico shub Salmo 19:7.

 

            MINHAS FOR�AS - Alma. Hebraico n�fesh Salmo 3:2; 16:10.

 

            Nesse salmo Davi fala como ovelha. Existe uma situa��o em que � totalmente impotente, quando ela deita de costas com a perna para cima, fica virada e luta freneticamente para ficar em p�, sem sucesso fica balindo de vez em vez, tornando-se presa f�cil para os predadores, e se o pastor demora a aparecer � ovelha libera alguns gases e morre. O ovelheiro examina diariamente o rebanho para verificar se alguma ovelha pode estar virada em algum lugar.

            N�o somente o pastor fica atento a esta situa��o, mas os predadores, c�es, coiotes, urubus e on�as ficam atentos porque constituem uma presa f�cil.

 

Maneiras de a ovelha tombar:

            1. Em lugar c�modo, macio e arredondado para descansar, geralmente ela tomba. Em nossa vida o caminho mais f�cil n�o � o mais seguro. H� caminhos que parecem direito ao homem, mas seu final s�o caminhos de morte.

            2. O excesso de l� torna a ovelha pesada, muito cheia e facilmente pode tombar. � necess�ria a tosquia prevenindo o animal de perder sua vida, � um servi�o cansativo, mas necess�rio, alivia o animal.. O sacerdote n�o podia entrar no lugar sant�ssimo com roupa de l�, representa o ego�smo e o amor pr�prio e a justi�a pr�pria.

            3. Por estar muito gorda, facilmente se vira. O perigo de confiar em suas posses, e o progresso material n�o oferece sa�de espiritual a ningu�m.

 

            ELE ME GUIA POR CAMINHOS JUSTOS - Os que conhecem o escabroso territ�rio da Judeia sabem quanto tempo demora e quantos danos sofrem ao cruzar estas terras de numerosos e profundos abismos, com facilidade s�o descarrilados do caminho correto. Ainda que este caminho nos pare�a f�cil, se o permitimos, Deus sempre nos guiar� pelo bom caminho[31].

            Muitos dos melhores rebanhos de ovinos do mundo acabam deteriorados e sem condi��es de serem recuperados por falta de rod�zios nas pastagens. O pastor deve conhecer cada terreno em que conduz o seu rebanho, quando abre o port�o para um novo pasto, as ovelhas s�o tomadas de grande contentamento, e ao atravessarem o port�o saltam de prazer.

            H� pessoas que n�o permitem que Deus as conduza, preferem � confian�a pr�pria, n�o permitindo que aquele que � o caminho a verdade e a vida os oriente.

            As solit�rias colinas e barrancos bravios onde vagueava Davi com seus rebanhos, eram o esconderijo de feras rapinantes. Frequentemente o le�o dos matagais ao lado do Jord�o, ou o urso saindo de seu covil entre as colinas, vinham ferozes e famintos, atacar os rebanhos. Segundo o costume de seu tempo, Davi estava armado apenas com sua funda e com o cajado de pastor; contudo, cedo deu ele provas de sua for�a e coragem ao proteger o que se achava sob sua guarda[32].

 

            POR CAUSA DO SEU NOME - Deus nos revela seu car�ter e sua maneira de conduzir-nos ver �xodo 33:19; Salmo 31:3[33].

 

            4 - Ainda que eu caminhe por um vale tenebrosos, nenhum mal temerei, pois est�s junto a mim; teu bast�o e teu cajado me deixam tranquilo.

 

            AINDA QUE EU CAMINHE POR UM VALE TENEBROSO - Hebraico: tsalm�weth, Esta palavra aparece 18 vezes no hebraico. A RVR traduz 16 vezes como sombra da morte, uma vez como tenebroso, e uma como trevas. Pela etimologia popular se entende que esta palavra tem como raiz a palavra hebraica: tsel, sombra, e m�weth, morte. As duas palavras s�o comuns no AT. Tsel aparece 53 vezes, das quais a RVR traduz 48 vezes como sombra. Outras vezes se traduz: calor, alas, escudo e amparo. A palavra m�weth aparece 148 vezes, e a RVR a traduz 123 vezes como morte, 23 vezes como alguma inflex�o do verbo morrer, uma vez como mortal, e uma vez a frase at� a morte se traduz toda sua vida. Ambas as ideias s�o claras. Alguns eruditos modernos pensam que tsalm�weth tem origem de uma raiz Ac�dia, tsalamu, que significa enegrecer, e por tanto traduzem tsalm�weth como treva. A etimologia tradicional tem o apoio da LXX. No ugar�tico, p�ginas 624, 625 n�o aclara nada ao sentido de tsalm�weth. E na literatura ugar�tica existente, o termo s� aparece uma vez, � uma passagem dif�cil de se entender. Bunyan usou esta frase repetidas vezes em sua grande alegoria O peregrino[34].

 

            NENHUM MAL TEMEREI - Inicia-se um dialogo de profundo afeto. Longas caminhadas de ver�o em busca de pastagens passar�o o ver�o em contato intimo, e no final da esta��o se encontrar�o em pastos bem acima das florestas. Com a aproxima��o do outono as primeiras neves se acumulam nos picos for�ando os rebanhos a descerem pelos vales, e ent�o no final do ano voltam � fazenda para passarem o inverno, neste contexto de volta ao finalizar o outono o salmista descreve o poema.

            No vale � que se apresenta o melhor suprimento de �gua, h� rios e regatos, fontes nas depress�es mais profundas, � ali que o refrig�rio � encontrado.

            Sonhamos estar nos altos com Deus, mas a melhor rota para se chegar aos picos � pela encosta dos vales que s�o marcadas por sulcos e depress�es profundas. O texto n�o menciona que haver� morte no vale, mas uma travessia por um lugar perigoso.

            A morte n�o � um fim para o crist�o, mas um sono, um momento de espera para aquele dia em que seremos transformados.

 

            POIS TU EST�S JUNTO A MIM - Isto basta. O crist�o s� necessita estar seguro da presen�a de Deus. S� Deus, unicamente Deus, e sobre a terra nada mais que Deus[35].

            Davi estava familiarizado com os perigos dos rios turbulentos, as avalanches de pedras, abismos, mas em sua simplicidade diz que nada teme por que Tu est�s comigo.

            De todos os animais, � a ovelha o mais t�mido e destitu�do de elementos de defesa, e no Oriente o cuidado do pastor por seu rebanho � infatig�vel e incessante. Antigamente, como hoje, pouca seguran�a existia fora das cidades muradas. Ladr�es das tribos errantes das fronteiras, ou animais de rapina saindo dos covis nas rochas, ficavam � espreita para cair em cima do rebanho. O pastor velava seu dep�sito, sabendo que o fazia com risco da pr�pria vida. Jac�, que guardava os rebanhos de Lab�o nos pastos de Har�, descrevendo seu infatig�vel labor, disse: De dia me consumia o calor, e, de noite, a geada; e o meu sono foi-se dos meus olhos. G�nesis 31:40. E foi quando velava o rebanho de seu pai, que o jovem Davi, desarmado, enfrentou o le�o e o urso, salvando-lhes dos dentes o roubado cordeirinho[36].

 

            TEU BAST�O - Hebraico: sh�bet, a vara do pastor Lev�tico 27:32; a vara do pai II Samuel 7:14; Prov�rbios 13:24, o cetro do rei G�nesis 49:10; Isa�as 14:5. Algumas vezes se usava como arma (2Samuel 23:21) � poss�vel que fosse usada para esta fun��o como se indica no Salmo 23:4. O pastor podia usar sua vara como arma para afugentar os animais que infestavam os campos de pastoreio[37].

            As solit�rias colinas e barrancos bravios onde vagueava Davi com seus rebanhos, eram o esconderijo de feras rapinantes. Frequentemente o le�o dos matagais ao lado do Jord�o, ou o urso saindo de seu covil entre as colinas, vinham ferozes e famintos, atacar os rebanhos. Segundo o costume de seu tempo, Davi estava armado apenas com sua funda e com o cajado de pastor; contudo, cedo deu ele provas de sua for�a e coragem ao proteger o que se achava sob sua guarda[38].

            A vara � a principal arma de defesa do pastor, com ela pode exercer o controle eficiente sobre o rebanho em qualquer situa��o.

1. Autoridade: Mostrando o caminho com seguran�a, simboliza a palavra de Deus, Assim diz o Senhor.

2. Disciplina: Promovendo o bem estar para que o animal n�o siga seus pr�prios caminhos.

3. Exame: Examina e v� as necessidades das ovelhas para que possam desfrutar das melhores condi��es poss�veis.

4. Prote��o: � um instrumento usado para o cuidado das ovelhas, � um s�mbolo do interesse e cuidado do pastor, nenhuma palavra descreve melhor o seu trabalho em favor do rebanho do que o consolo.

            A vara representa a palavra de Deus, o cajado seu Santo Esp�rito.

 

            E TEU CAJADO - Hebraico: mish'�neth, vara, apoio, onde poderiam apoiar-se os enfermos e os anci�os. �xodo 21:19; Zacarias 8:4[39].

           

O cajado possui tr�s fun��es:

1. Uni�o - Um contato mais �ntimo, aproxima os cordeirinhos rec�m nascidos. O trabalho do Esp�rito Santo � aproximar.

2. Dirigir - Com o cajado o pastor orienta o caminho a seguir, mostrando com seguran�a por onde devem caminhar.

3. Salvar - Sempre que o perigo torna-se eminente o cajado � usado para acalmar e resgatar.

 

            ME DEIXAM TRANQUILO - Em hebraico se repete o sujeito para dar-lhe �nfase. A vara e o cajado s�o instrumentos da presen�a do Pastor, que mostram que ele est� disposto a socorrer em qualquer instante.

            O Pastor proporciona descanso, refrig�rio, alimento, renova��o, companheirismo, dire��o, liberdade do medo, consolo, seguran�a, vit�ria sobre os inimigos. Que mais poderia pedir um crist�o? O salmista destaca estas evid�ncias da bondade de Iahweh e as acrescenta mediante uma met�fora diferente: a do am�vel Anfitri�o[40].

 

            5 - Diante de mim preparas uma mesa, � frente dos meus opressores; unges minha cabe�a com �leo, e minha ta�a transborda.

 

            PREPARAS UMA MESA � Continuando, Davi descreve como um convidado pera a sala dos banquetes de Deus. Iahweh � muito mais que um pastor. � rei e oferece a seus convidados abund�ncia de alimentos. Compare a par�bola das bodas do filho do rei em Mateus 22:1 a 14. A frase �ornamentar a mesa� significa preparar uma comida, Prov�rbios 9:2[41].

            O pastor providencia ao rebanho alimento. Deixa as ovelhas em lugar seguro e prepara o local de pastagem afugentando os predadores e limpando o terreno de animais pe�onhentos que observam o rebanho se alimentando, mas n�o podem atacar as ovelhas porque o pastor est� ali para defend�-las. O vale da Judeia era superpovoado de animais selvagens, o �ltimo le�o foi abatido em 1.895. O pr�prio Davi matou um le�o e um urso para defender suas ovelhas.

 

            OPRESSORES - Deus � o anfitri�o, os planos dos inimigos para atacar as ovelhas terminaram em nada[42].

 

            UNGES MINHA CABE�A COM �LEO - Ef�sios 3:20. Davi pensa em primeiro lugar, e talvez exclusivamente, na mesa de alegria do Senhor. Deus concede a seus filhos generosamente, em forma abundante. No sentido secund�rio poderia dizer que esta figura descreve as b�n��os de uma prosperidade material. Davi havia gozado de tais b�n��os; tamb�m havia aprendido, mediante a dura experi�ncia, que a prosperidade p�e em perigo a vida espiritual. A mesa mais dif�cil de se levar n�o est� vazia, mas est� transbordando. Mais dif�cil de levar � a que est� transbordando[43].

            No deserto era comum enxames de insetos, e havia um tipo destes insetos que entravam no nariz ou orelha da ovelha, e provocavam ru�dos ensurdecedores, e botavam ovos nestes orif�cios que causavam profundo mal estar ao rebanho causando muitas vezes morte. O pastor individualmente colocava um �leo refrescante sobre cada animal que trazia alivio e conforto em meio ao perigo.

 

            6 - Sim, felicidade e amor me seguir�o todos os dias de minha vida; minha morada � a casa de Iahweh por dias sem fim.

 

            FELICIDADE - A miseric�rdia. Agora se personificam as b�n��os materiais e espirituais: elas seguem a Davi em toda sua vida. Suas palavras mostram completa confian�a na condu��o de Deus atrav�s das adversidades desta vida, e com alegria espera que esta o conduza no futuro[44].

 

            CASA DE IAHWEH - O salmista est� completamente seguro de que permanecer� como convidado na casa de Deus. Salmo 15:1; Salmo 27:4; 65:4; 84:4[45].

 

            POR DIAS SEM FIM - Literalmente, por longos dias, o seja durante uma longa vida. O fiel filho de Deus olha muito al�m de sua comunh�o com Deus durante esta vida, e contempla a comunh�o eterna que ter� com o Senhor no mundo vindouro. O salmo termina com uma nota de intermin�vel alegria[46].


 

[1] CBASD, vol. 5, p. 342.

[2] CBASD, vol. 5, p. 342.

[3] Carta 24, 1899, 5 BC, 1086.

[4] Manuscrito 47, 1898, 6.

[5] Coment�rio ao Novo Testamento, Willian Barclay, Editora Clie Mateus, vol. 1, p. 294.

[6] Manuscrito 95, 1898.

[7] Carta 84, 1900.

[8] Review and Herald, 27 de outubro de 1885.

[9] O Maior Discurso de Cristo, Ellen Gold White, CPB, pp. 95 a 98.

[10] CBASD, vol. 5, p. 342.

[11] CBASD, vol. 5, p. 342.

[12] MM, 2001, No Monte das Bem aventuran�as, George R. Knight,  p. 274.

[13] MM, 2001, No Monte das Bem aventuran�as, George R. Knight,  p. 275.

[14] CBASD, vol. 5, p. 342.

[15] CBASD, vol. 5, p. 342.

[16] CBASD, vol. 5, p. 342.

[17] CBASD, vol. 5, p. 357.

[18] MM, 2001, No Monte das Bem aventuran�as, George R. Knight,  p. 276.

[19] MM, 2001, No Monte das Bem-aventuran�as, George R. Knight,  p. 277.

[20] MM, 2001, No Monte das Bem aventuran�as, George R. Knight,  p. 278.

[21] PP, p. 637.

[22] CBASD, vol. 3, p. 693.

[23] Desejado de Todas as Na��es, Ellen Gold White, CPB, p. 476.

[24] Ci�ncia do Bom Viver, Ellen Gold White, CPB, p. 148.

[25] Conselhos Sobre Educa��o, Ellen Gold White, CPB, p. 183

[26] Vidas que Falam, MM 1971, p. 161.

[27] CBASD, vol. 3, p. 693.

[28] MM 1995, Cuidado de Deus, p. 209.

[29] CBASD, vol. 3, p. 693.

[30] CBASD, vol. 3, p. 693.

[31] CBASD, vol. 3, p. 693.

[32] MM, 1995, Cuidado de Deus, p. 209.

[33] CBASD, vol. 3, p. 693.

[34] CBASD, vol. 3, p. 693.

[35] CBASD, vol. 3, p. 693.

[36] DTN, p. 479.

[37] CBASD, vol. 3, p. 693.

[38] MM 1971, Vidas que Falam, p. 161.

[39] CBASD, vol. 3, p. 693.

[40] CBASD, vol. 3, p. 693.

[41] CBASD, vol. 3, p. 694.

[42] CBASD, vol. 3, p. 694.

[43] CBASD, vol. 3, p. 694.

[44] CBASD, vol. 3, p. 694.

[45] CBASD, vol. 3. p. 694.

[46] CBASD, vol. 3, p. 694.