22º

INTRODUÇÃO

O PAI NOSSO

1. NÃO RECITAR, MAS ORAR

Eles já haviam estado em um barco certa vez, navegando num mar revolto, e tinham-no ouvido dizer com voz calma, mas cheia de autoridade: Silêncio! Aquietai!, e ficaram pasmados de ver que as ondas e ventos o obedeciam. Ele Se dirigira a um paralítico que se encontrava entrevado havia muitos anos, e ali, diante de seus olhos, o homem se erguera e andara.

Eles haviam recolhido doze cestos de sobras de alimento, após uma refeição miraculosa, onde cinco mil pessoas haviam sido alimentadas por Ele com o lanche de um garoto, que constava de cinco pães e dois peixes. Eles viram cegos, epilépticos, leprosos e até doentes mentais serem curados com apenas uma palavra de Seus lábios. Viram o tormento da culpa abandonar o rosto das pessoas, logo que Ele as perdoava. Ouviram-no falar como nenhum outro falara antes. E sentiram profundamente todo o magnetismo que havia na vida Dele.

Contudo, aquele encantamento imediatamente se transformou em terrível responsabilidade quando o ouviram dizer: Assim como o Pai Me enviou, Eu também vos envio. Certamente, ninguém poderia esperar que eles operassem os mesmos milagres que Ele operara. Seria exigir muito deles. Todavia, depois eles se sentiram cheios de um maravilhoso senso de capacitação, ao ouvi-Lo dizer: Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em Mim, fará também as obras que Eu faço, e outras maiores fará, porque Eu vou para junto do Pai. João 14:12.

Será que eles poderiam possuir aquele poder? Ele afirmara isto, portanto, assim devia ser. Mas como? Será que Ele lhes ensinaria o segredo?

Certo dia, a solução revelou-se a eles. Realmente, havia uma chave-mestra que abria a caixa-forte do poder de Deus. Imediatamente, foram ter com Ele e Lhe pediram: Senhor, ensina-nos a orar. Lucas 11: 1. Aprender a orar era o segredo, o único segredo que precisavam saber.

Atendendo àquele pedido, Jesus ensinou-lhes uma prece em Mateus 6: 9 a 13. É possível repeti-la em um quarto de minuto, em 15 segundos. Mesmo uma congregação, recitando-a vagarosamente, não leva mais que meio minuto para isso. No entanto, Jesus poderia passar metade da noite repetindo aquela mesma oração. Existem hoje mais de 500 milhões de pessoas que sabem estas palavras de cor, mas são muito poucos os que realmente sabem dizê-las como oração. O poder está não em repetir as palavras, mas em se fazer a oração.

Orar não é simplesmente recitar algumas palavras. As palavras são apenas a armação de concreto sobre a qual a casa do pensamento é edificada.

O poder do Pai Nosso reside não nas palavras, mas sim na configuração mental que gera em nós. A Bíblia nos ordena: Mas transformai-vos pela renovação da vossa mente. Romanos 12: 2. Quando nossos pensamentos começam a fluir através dos canais da oração do Pai Nosso, nossa mente se renova e nós somos transformados.

Temos o poder de Cristo na mesma proporção em que nos apropriamos de seus pensamentos.

Lembramo-nos de como no Hamlet de Shakespeare, o rei não conseguia orar. E ele explica isto com as seguintes palavras: Minhas palavras voam ao céu, mas meu pensamento aqui embaixo está; E sem o pensamento, elas nunca chegam lá.

E é verdade. Nós também fracassamos em nossa devoção porque nossas preces são palavras sem pensamento[1].

 

PAI NOSSO - A ORAÇÃO DO DISCÍPULO

Portanto orai desta maneira: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu Nome, Venha ao Teu Reino, seja feita a tua Vontade na terra, como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. E perdoa-nos as nossas dívidas como também nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos exponhais à tentação mas livra-nos do Maligno. Pois, se perdoardes aos homens seus delitos, também o vosso Pai celeste vos perdoará; Mas se não perdoardes aos homens, o vosso Pai também não perdoará os vossos delitos. Mateus 6.9 a 15

Antes de iniciar a pensar na Oração do Senhor em detalhe, há alguns fatos gerais que nos fará bem recordar.

Devemos advertir, Devemos advertir, antes de tudo, que esta é uma oração que Jesus ensinou a seus discípulos. Tanto Mateus como Lucas deixam bem claro. Mateus põe todo Sermão do Monte no contexto do ensino de Jesus a seus discípulos (Mt. 5: 1); e Lucas nos diz que Jesus lhes ensinou esta oração a seus discípulos a pedido de um deles (Lc.11: 1). Fazemos bem de chamá-la Da Oração do Senhor, porque foi o Senhor Quem nos ensinou e mostrou como algo Seu; é uma oração que não pode fazer sua mas um discípulo de Jesus; que só tenha reconhecido a Je­sus Cristo como seu Salvador e Senhor pode tomar em seus lábios com verdadeiro sentido.

A Oração do Senhor não é uma oração infantil, como se pode ser considerada; de fato, não tem sentido para uma criança. Tampouco é uma Oração Familiar, como se chama às vezes, a menos que por família entendamos a família da Igreja.

A Oração do Senhor se apresenta específica e definidamente como a oração do discípulo, e só nos lábios de um discípulo adquire seu pleno significado. Para dizer de outra maneira: só a pode fazer a pessoa que sabe o que está dizendo em seu conteúdo, e não pode saber a menos que seja admitido como discípulo.

Devemos advertir em ordem os pedidos da Oração do Senhor. As primeiras três petições são dirigidas a Deus e Sua glória; As três seguintes se referem as nossas necessidades. Inicia dando a Deus o lugar supremo que a Ele corresponde, e depois, e só depois, nos voltamos para nos e nossas necessidades. Só quando se dá a Deus o lugar que Lhe corresponde, todo o demais passa a ocupar o lugar que lhe corresponde. A oração não deve ser nunca um intento de forçar a vontade de Deus a nossos desejos, mas sempre um intento de submeter nossa vontade à vontade de Deus.

A segunda parte da oração, que trata de nossas necessidades, tem uma unidade preciosamente encaixada. Trata das três necessidades básicas do ser humano, e as três esferas do tempo em que se move. Primeiro, pede pão, o que necessita para se manter a vida, e desta maneira apresenta as necessidades do presente ante o trono de Deus. Segundo, pede perdão, e assim traz o passado a presença de Deus. E terceiro, pede ajuda na tentação, e deixa assim o futuro nas mãos de Deus. Estas três breves petições nos ensina a depositar o passado, o presente e o futuro nas mãos e na graça de Deus.

Esta oração não se limita a apresentar a Deus a to­talidade da vida; também é uma oração que traz a totali­dade de Deus às nossas vidas. Quando pedimos pão para nosso sustento, esta petição dirige nosso pensa­mento imediatamente a Deus o Pai, Criador e Mantenedor de toda vida. Quando pedimos perdão, este pedido dirige o pensamento imediatamente a Deus o Filho, Jesus Cris­to nosso Salvador e Redentor. E quando pedimos ajuda nas tentações futuras, este pedido se dirige imediatamente nosso pensamento a Deus e ao Espírito Santo, o Consolador, Iluminador, Guia e Guardião de nossas almas.

Da maneira mais maravilhosa, esta breve segunda parte da Oração do Senhor toma o presente, o passado e o futuro, e nos apresenta Deus Pai, Filho e Espírito Santo; Deus, em toda Sua plenitude. Jesus nos ensina na Oração do Senhor apresentar a totalidade da vida e a totalidade de Deus, e a trazer a totalidade de Deus à totalidade da vida[2].

 

9 - Portanto orai desta maneira: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu Nome,

PORTANTO - VocêsEste pronome é enfático no grego. Jesus estava se dirigindo especialmente aos doze, os primeiros eleitos para o reino dos céus.Aqui a palavra vocês contrasta com os hipócritas do capítulo 6: 2 e os gentios do verso 7[3].

DESTA MANEIRA ­- Na redação de Mateus o Pai nosso contém sete petições. Esse número é da predileção de Mateus duas vezes sete na genealogia (1: 17), Sete Bem-Aventuranças (5: 3), sete parábolas (13: 3), dever de perdoar não sete, mas setenta vezes sete (18: 22), sete maldições dos fariseus (23: 13), sete partes do evangelho, talvez tenha sido com o objetivo de conseguir sete petições que Mateus apresentou ao texto básico (Lucas 11: 2 a 4), a terceira (7: 21; 21: 31; 26: 42), e a sétima cf. o Maligno (13: 19 e 38) [4].

Orareis assimSeguindo este modelo, não necessariamente empregando as mesmas palavras. O Pai Nosso é um modelo quanto ao conteúdo, mas não necessariamente com respeito à forma. O contexto indica que esta oração se apresenta como um modelo que contrastasse com as vãs repetições e o palavreado das rezas pagãs, características que tinham sido adotadas pelos fariseus. Aos cidadãos de seu reino, Cristo disse: Não sejais semelhantes a eles... Vocês, pois, orareis assim. Versos 8 e 9

O Pai Nosso, sobretudo os versos 9 a 10 e a doxologia final, parecem muito, tanto em ideias como na fraseologia, ao Kadisch, antiga doxologia judaica, proveniente do século I de nossa era, que se empregava regularmente em diversos cultos na sinagoga. Este sugeria que ao Jesus ensinar o Pai Nosso, empregou frases conhecidas pelo público que o escutava. 

Tanto o Kadisch como o Pai Nosso têm suas raízes no AT (Daniel. 2: 20; Jó 1: 21; Salmo 113: 2), onde se expressam ideias comuns às duas orações. 

O Kadisch, como outras orações judaicas, tem sua base no AT, o culto judaico já tinha incorporado, nos tempos de Cristo, algumas tradições que tinham escurecido em certa medida as verdades reveladas no AT. Em parte por isto Jesus não foi reconhecido como o personagem central do AT, nem como o cumprimento de suas profecias. 

As orações tinham chegado a ser longas e cheias de repetições, e a sinceridade do pensamento e da expressão se tinham escurecido por uma forma literária impessoal, de formosas frases, mas muitas vezes defeituosa de sinceridade de espírito. No Pai Nosso, Jesus resgatou do palavrório que era essencial e restaurou a uma forma simples e compacta, cujo significado pudesse ser compreendido pela pessoa mais singela. Conquanto o Pai Nosso reflita até certo ponto as orações judaicas, trata-se de uma oração cuja originalidade se encontra na seleção de pedidos que se apresentam e em seu arranjo. O que se aceita em forma universal indica que o Pai Nosso expressa mais perfeitamente do que nenhuma outra oração as necessidades fundamentais do coração humano[5].

PAI NOSSO - O reconhecimento de que somos filhos de nosso Pai celestial devesse ser o primeiro em cada oração. Possivelmente sejamos indignos de chamar-lhe Pai, mas sempre que o façamos com sinceridade, ele nos recebe com regozijo (Lucas 15: 21 a 24) e nos reconhece como filhos em verdade. Deus é nosso Pai e nos une como cristãos na grande comunhão universal da fé com todos os que com sinceridade e em verdade reconhecem ao Pai de nosso Senhor Jesus Cristo[6].

QUE ESTÁS NOS CÉUS - Apesar da estreita relação pessoal que possa existir entre os homens e seu Pai que está no céu, seus filhos terrenos sempre perceberão a infinita majestade e grandeza de Deus Isaías 57: 15 e sua própria e total insignificância. O reconhecimento de que Deus está no céu, e você sobre a terra. Eclesiastes 5: 2 leva ao coração contrito a esse espírito de reverência e humildade que é a primeira condição da salvação[7].

Jesus nos lembrou que nosso relacionamento com Deus pode ser como o de um filho com seu pai; ressalvou também que esse Pai não é só meu, mas nosso, convidando-me a enxergar os outros como irmãos. Na continuação da oração modelo, contudo, Ele faz questão de reconhecer um conceito aparentemente óbvio: o de que existe uma realidade além dessa que nós enxergamos e apalpamos.
         Quando Ele afirma que o Pai nosso está nos céus, introduz a perspectiva de que existem céus, ou seja, existe um plano diferente deste nosso, e essa realidade paralela, ou superior, é habitada pelo próprio Deus.

Isso não deveria causar muito impacto para alguém que está orando, porque quem ora parte desse pressuposto. Ele reconhece a si mesmo a possibilidade, se não a certeza, de que Deus está lá e por isso se dirige a Ele, nem que seja para pedir-lhe que o ajude a crer que Ele de fato existe.

Especialmente no nosso tempo, essa noção é bastante significativa, já que  o racionalismo e o império da ciência a partir do século 19 consagraram a ideia de que apenas o que pode ser visto, medido, apreendido pelo método científico e dissecado na lâmina de um microscópio é digno de ser dado como real.

Ele não dá as evidências ou razões pelas quais devemos considerar como válida, se não como certa, a existência de uma realidade invisível. Apenas a posiciona como um fato e convida a crer. Ninguém captou melhor a importância disso que João. Em praticamente cada capítulo de seu evangelho você encontra a palavra crer. Crer é o pressuposto único para a salvação, é o que garante vida eterna através do sacrifício de Cristo, que aconteceu porque Deus amou o mundo de uma forma imensurável.

Mas você e eu não precisamos que ninguém chegue para nós e diga: escute, considere apenas por um instante a possibilidade de Deus existir de verdade e de Ele ter uma lei. Nós não nos surpreendemos ao dizer Pai nosso que estás nos céus; a realidade sobrenatural é reconhecida sem maiores conflitos.

Se realmente cremos que existem mais coisas do que podemos ver, por que vivemos como que negando essa crença? Por que não conseguimos ver na natureza, no prazer de uma boa comida, do sexo, da boa música, de um bom livro e de uma boa amizade ou no desfrute de cada uma dessas coisas com temperança e moderação, vestígios dessa realidade invisível? Por que consideramos obra da sorte ou coincidência as coisas boas que nos ocorrem, algumas das quais havíamos acabado de pedir ao Pai nosso que estás nos céus? Por que razão nossas prioridades, a administração de nosso tempo e a forma como nos relacionamos com as pessoas à nossa volta desdizem a existência de qualquer realidade superior?

Vejo na preocupação de Jesus em localizar no espaço o Pai a quem oramos um lembrete constante dessas minhas incongruências e um chamado à coerência. G. K. Chesterton compara nossa situação à de um náufrago com amnésia que acorda confuso em uma praia e começa a colher pela areia artigos de luxo, roupas, espelhos, joias, tudo a lembrar-lhe que existe aquela realidade da qual ele está, tomara, temporariamente separado. As coisas boas que encontramos pelo caminho são vestígios de Deus, e lenha para a fogueira de nossa esperança de que essas coisas todas sejam brevemente a ordem do dia outra vez.

 

O CÉU

INTRODUÇÃO

Schopenhauer, 1788 a 1860: A vida não leva seu fardo. E uma desventura nascer, e morrer e uma sorte. A morte é destruição, e a destruição é a única salvação.

Em Tessalônica existe um cemitério com dois túmulos que foram descobertos por arqueólogos, um leva a inscrição: Nenhuma esperança, e no outro a frase: Cristo é minha vida.

Irmãos não queremos que ignoreis o que se refere aos mortos, para não ficardes tristes como os outros que não tem esperança. I Tessalonicenses 4: 13. Paulo chama os não cristãos como os que não tem esperança. Na oração do Senhor Jesus nos ensinou dizendo: Venha o teu reino, e ao animar os discípulos antes do sacrifício nos diz que foi preparar lugar. Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar, e quando eu for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo, afim de que, onde eu estiver, estejais vós também. João 14: 1 a 3.

Os dois primeiros capítulos da Bíblia falam da criação efetuada por Deus, de um mundo perfeito para habitação dos seres humanos, por Ele criado. Os dois últimos capítulos da Bíblia também falam de Deus recriando um mundo perfeito para toda a humanidade.

 

ESPECULAÇÕES E FANTASIAS SOBRE O CÉU

1. Lugar invisível onde habitam os espíritos dos mortos.

2. Lugar onde habitam os justos após a morte.

3. A terra já e o céu e Cristo habita entre nos.

 

Maomé cria em sete céus:

1. De prata onde habitam os que morrem.

2. De ouro para onde são transferidos.

3. De diamante.

4. De Esmeralda.

5. De Adama.

6. De carbúnculo, pedra preciosa vermelha viva.

7. De Luz gloriosa após jornadas de purificação.

Religiões pagãs e cristãs creem na existência de um paraíso. Jesus na oração do Senhor nos ensinou: Pai nosso que estás nos céus.

 

ENSINO BÍBLICO SOBRE O CÉU

Conheço um homem em Cristo que, há quatorze anos, foi arrebatado ao terceiro céu - se em seu corpo, eu não sei; se fora do corpo, eu não sei; Deus o sabe! E sei que esse homem - se no corpo ou fora do corpo não sei; Deus o sabe! Foi arrebatado até o paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não é lícito o homem repetir.  II Coríntios 12: 2 a 4.

Temos, portanto, um sumo sacerdote eminente, que atravessou os céus. Jesus, o Filho de Deus. Permaneçamos, por isso, firmes na profissão de fé. Hebreus 4: 14.

Jesus atravessou os céus a caminho de Deus Pai. Havia uma simbologia nos diversos compartimentos do templo em Jerusalém seriam um retrato simbólico das divisões dos lugares celestiais, simbolizando um acesso gradual e ascendente a Deus, terminando no Santo dos Santos.

Existem três céus: O atmosférico, o sideral e o terceiro onde há habitação de Deus.

 

I - O CÉU ATMOSFÉRICO

Deus disse: Haja um firmamento no meio das águas e assim se fez. Deus fez o firmamento, que separou as águas que estão sob o firmamento das águas que estão acima do firmamento, e Deus chamou o firmamento céu. Houve uma tarde e uma manhã: segundo dia. Gênesis 1: 6 a 8.

A atmosfera é um invólucro gasoso que circunda a terra, sem a qual a vida seria impossível.

Etimologicamente o termo atmosfera vem do grego. atmos sphara - esfera de vapor. Mais de vinte elementos entram em sua composição, sendo muitos deles considerados contaminantes.

Os principais são: nitrogênio 78,03% e o oxigênio 20,99%, que constituem quase a totalidade da mistura. O restante é formado por gás carbônico, argônio, metano, ozônio, e os gases inertes ou raros, a saber: neônio, criptônio, hélio e xenônio, alem de gases sulfurosos e sulfídricos, hidrocarbonetos, ex.: iodo, que leva o ar das praias e estraga alguns metais.

O oxigênio é o elemento mais importante do ar, o qual depende a existência de grande parte dos seres vivos inclusive o homem. O ar vai penetrando nos pulmões, e o oxigênio é separado dos outros gases, absorvido pelos glóbulos vermelhos do sangue e distribuído no organismo.

Um homem respira em media por dia 12 metros cúbicos de ar. O nitrogênio que é inspirado pelos homens não sofre alteração ao ser expirado, já os animais ao expirarem, restituem a atmosfera dióxido de carbono, e em todas estas etapas constituem um processo biológico fundamental. Compõe o chamado ciclo do carbono, que e um dos fatores mais importantes para a manutenção e composição do ar.

O ozônio concentrado numa tênue camada ao redor da terra, a cerca de 48 km de altitude, desempenha papel importante. Aspirada em grande quantidade é um veneno. Se o ar fosse comprimido entre 20 e 50 km de altitude bastaria para envenenar todo o ar do planeta. Essa camada é de vital importância à absorção das radiações ultravioletas provenientes do sol, sem o total bloqueio, da camada deste gás a humanidade morreria queimada.

A cor do céu deve-se ao ar. A luz solar visível compõe-se de uma gama de radiação que corresponde ao arco-íris: do violeta ao vermelho.

A atmosfera é composta por três camadas básicas:

TROPOSFERA - Inicio na superfície da terra e tem um limite médio de 11 km de altitude, composta por 3/4 da massa atmosférica e 9/10 de seu vapor de água. No trópico do Equador devido à rotação da terra, e a pressão dos pólos, resulta uma temperatura mais quente havendo deslocamento dos ventos, onde acorrem as tempestades, turbulências e furacões com mais frequência.

Quanto maior for à altitude há uma queda gradual da temperatura, 6,5 graus a cada km.

ESTRATOSFERA - Segue-se a troposfera chegando a um limite médio de 30 km de altitude, é inversa à troposfera, e a temperatura aumenta 2 a 4 graus por km, acentuando-se no estrato superior, chegando à temperatura a quase 10 graus C.

IONOSFERA - Última camada atmosférica, dividida em três partes:                                                    

1. Mesosfera - Até 90 km de altitude, chegando a 90 graus C, onde é encontrada uma fumaça resultante da combustão e de decomposição de meteoritos.

2. Termosfera - Até 640 km de altitude, com a diminuição da quantidade de ar existente, a pressão diminui, e o resultado direto das radiações solares. A temperatura aumenta extraordinariamente a razão de 1.000 graus C em sua parte mais alta, e nesta camada existem ventos de ate 1000 km por hora.

3. Esfera - Até 2.500 km, as moléculas estão distantes uma das outras, praticamente não existe colisão, devido à absorção de raios cósmicos, a temperatura desta esfera gasosa é elevada, quase sempre superiores a 1.000 graus C.

O ar tem a função de transportar o som, o cheiro e o calor, se não fossem as ondas sonoras levadas pelo ar, seria impossível escutarmos vozes e tão pouco sentirmos odores, possuí uma capa protetora contra o frio e o calor do universo. Como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam, sem terem regado a terra tornando-a fecunda e fazendo-a germinar, dando semente ao semeador e pão ao que come. Isaías 55: 10.

 

II - O CÉU SIDERAL

Pela boca das crianças e bebês tu o firmaste, qual fortaleza, contra os teus adversários, para reprimir o inimigo vingador. Quando vejo o céu, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste que é o homem mortal para dele te lembrares, e um filho de Adão, que venhas visitá-lo. Salmo 8: 3 a 5. Davi deslumbrado compõe o Salmo da Noite estrelada.

A terra que parece muito grande, na realidade é bem menor que o sol. O diâmetro da terra é de 12.000 km, ao passo que o sol mede aproximadamente 1.300.000 km. O sol é tão grande que requereriam 1.300 mundos do tamanho do nosso para fazer o seu tamanho. Ele anda a velocidade de 16 km por segundo na direção de uma estrela chamada Vega, levando consigo sua família de planetas e cerca de 1.200 asteroides.

 

A VELOCIDADE DOS RAIOS DO SOL

Leva oito minutos para que os raios do sol cheguem à terra na velocidade de 300.000 km por segundo. Suponhamos que iniciássemos nossa jornada pelo sol, viajando na velocidade de seus raios 300.000 km por segundo, chegaríamos a Mercúrio, cujos anos são muito curtos, consistindo em apenas 88 dias de nosso tempo; mais três minutos estaríamos em Vênus, que não possui satélites, seu diâmetro é do tamanho da terra; mais dois minutos, estaríamos na Terra, planeta azul e habitado por nós humanos; mais quatro minutos e estaríamos em Marte, seu diâmetro é um pouco menor do que a terra. Tem dois satélites, ou luas; e seguindo mais trinta minutos chegaremos a Júpiter que é 1.312 vezes maior do que a terra e tem 11 luas, é o maior dos planetas de nosso sistema; e em mais 37 minutos estaremos em Saturno, que é 714 vezes maior do que a terra possuí ao seu redor três enormes anéis que o circundam, formado por bilhões de pequenas luas; e em mais 75 minutos de viagem estaremos em Urano, que e 60 vezes maior do que a terra e possui 4 luas; com mais 90 minutos chegaremos a Netuno, que como a Terra possui uma lua; e finalmente com mais 75 minutos chegaremos ao último planeta de nosso sistema solar que e Plutão, uma viagem que levou 8 horas e meia, na velocidade dos raios do sol.

Tudo se move e anda de acordo com leis previamente estabelecidas, o salmista exclama em louvor: Os céus contam a glória de Deus, e o firmamento proclama a obra de suas mãos. Salmo 19: 1.

 

A VIA LÁCTEA

A que pertence o nosso sistema solar. Segundo os astrônomos possui cerca de 40 bilhões de sóis, e supondo que cada sol possui em media nove planetas, revolvendo em torno de si, isto significa que sistema solar possuísse nove planetas em média, na Via Láctea poderia haver 360 bilhões de planetas, além dos sóis, perfazendo um total de 400 bilhões de corpos celestes, de tamanho, cor e composições diferentes.

Se fossemos viajar a velocidade da luz de um extremo ao outro da via láctea, em seu cumprimento, levaríamos 300.000 anos de viagem ininterrupta, e em sua largura levaríamos cerca de 30.000 anos.

Os astrônomos creem que existem cerca de 200 bilhões de galáxias, também chamadas de ilhas do Universo, ou Nebulosas, e algo muito grande para a nossa compreensão. E o salmista admirado exclama a grandeza do Criador. Ele conta o número das estrelas, e chama cada uma por seu nome. Nosso Senhor é grande e onipotente e sua inteligência é incalculável. Salmo 147: 4 e 5.

 

A VASTIDÃO DO SEGUNDO CÉU

Quão pequenos somos, com ambições e orgulho, quando comparados com o Universo. Que lição a ciência nos ensina! Que é o homem comparado com a grandeza do Universo. Para ele as nações não passam de uma gota que cai de um balde, são reputadas como o pó depositado nos pratos de uma balança. As ilhas pesam tanto como um grão de areia! O Líbano não bastaria para o seu fogo, nem a sua fauna para um holocausto. Todas as nações são como nada diante dele, não passam de coisa vã e irreal. A que haveis de comparar a Deus? Que semelhança podereis produzir dele. Isaías 40: 15 a 18.

 

HÁ OUTROS MUNDOS HABITADOS

Um astrônomo disse: Quem quer que negue que haja vida em outros planetas do Universo, com exceção da Terra, e como um peixe que afirma ano existir vida fora da água.

A Bíblia confirma por inspiração Divina a convicção de outras vidas, notemos esta declaração feita a mais de 1.500 anos. Onde estavas, quando lancei os fundamentos da terra? Dizei-mo, se é que sabes tanto. Quem lhe fixou as dimensões? se o sabes, ou quem estendeu sobre ele a régua? Onde se encaixam suas bases, ou quem assentou a sua base angular, entre as aclamações dos astros da manhã e os aplausos de todos os filhos de Deus. Jó 38: 4 a 7. Este texto afirma que os seres celestes estavam alegres com a criação da terra, da mesma maneira que uma família se alegra com a chegada de um bebê.

Outras provas da existência de seres celestes estão nos textos: Por isso, alegrai-vos, ó céu, e vós que o habitais! Ai da terra e do mar, porque o Diabo desceu para junto de vós cheio de grande furor, sabendo que pouco tempo lhe resta. Apocalipse 12: 12

És tu, Senhor, que és Único! Fizeste os céus, os céus dos céus e todo seu exército, a terra e tudo o que ela contém os mares e tudo o que eles encerram. A tudo isso és tu que dás a vida, e os exércitos dos céus diante de ti se prostra. Neemias 9: 6.

 

O TERCEIRO CÉU: HABITAÇÃO DE DEUS

Que ele fez operar em Cristo, ressuscitando-o de entre os mortos e fazendo-o assentar à sua direita nos céus. Efésios 1: 20

Mas será verdade que Deus habita com os homens nesta terra? Se os céus e os céus dos céus não te podem conter, muito menos esta casa que construí. I Reis 8: 26.

O terceiro céu, o céus dos céus é a habitação de Deus, e Ele habita por seu Espírito no coração dos seus filhos que pela fé o recebem. Ninguém pode esconder-se de Deus.

Jesus está preparando um lugar para nós, esta eloquente promessa da volta de Jesus é que anima os Cristãos que aguardam ansiosamente o retorno do Mestre. Os teus olhos contemplarão o rei na sua beleza, eles verão uma terra distante. Isaías 33: 17.

 

QUANDO JESUS VIRÁ PARA NOS LEVAR

         E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro, como testemunho para todas as nações. E então virá o Fim. Mateus 24: 14. Pouco tempo resta para o cumprimento desta profecia, é a oportunidade que temos para participar do maior acontecimento da história, “Depois disso, ouvi como que um forte rumor de numerosa multidão no céu, aclamando: Aleluia. A salvação, a glória e o poder são do nosso Deus, porque seus julgamentos são verdadeiros e justos, Sim! Ele julgou a grande Prostituta, que corrompeu a terra com a sua prostituição, e nela vingou o sangue de seus servos! E acrescentaram: Aleluia! Dela sobe a fumaça pelos séculos dos séculos! Os vinte quatro anciãos e os quatro Seres vivos se prostraram então diante de Deus que está sentado no trono, dizendo: Amem Aleluia! Nisto, saiu do trono uma voz, convidando: Daí louvores ao nosso Deus, vós todos os servos, e vós que o temeis, os pequenos e os grandes! Ouvi depois como que o rumor de uma grande multidão, semelhante ao fragor de águas torrenciais e ao ribombar de fortes trovões, aclamando: Aleluia! Porque o Senhor, o Deus todo poderoso passou a reinar! Alegremo-nos e exultemos, demos glória a Deus, porque estão para realizar-se as núpcias do Cordeiro, e sua mulher já está pronta:”. Apocalipse 19: 1- 7 que nos relata este acontecimento apoteótico em forma de Canto responsivo, que será cantado em um momento imediatamente anterior a aparição de Cristo. 1 a 3, Grande Multidão; 4, 24 anciãos e quatro seres viventes; 5, Voz de Deus vinda do trono; 6 a 7, Todos louvam unidos ao Senhor.

 

A NOVA TERRA

Apocalipse 20 nos diz que passaremos 1.000 anos no terceiro céu. Ao finalizar este período e o final de Satanás e seus seguidores a terra será restaurada, Vi então um céu novo e uma nova terra - pois o primeiro céu e a primeira terra se foram, e o mar já não existe. Vi também descer do céu, junto de Deus, a Cidade santa, uma Jerusalém nova, pronta como uma esposa que se enfeitou para seu marido. Nisto ouvi uma voz forte que, do trono dizia: Eis a tenda de Deus com os homens. Ele habitará com eles, eles serão o seu povo, e ele, Deus com eles será o seu Deus. Ele enxugará toda a lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais. Sim!  As coisas antigas se foram! O que está assentado no trono declarou então: Eis que faço novas todas às coisas. E continuou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Apocalipse 21: 1 a 5. A base da cidade será de ouro, (Apocalipse 1: 18) pisaremos em ruas de ouro, e novas serão todas as coisas, as pessoas serão valorizadas e ano os objetos.

 

CONCLUSÃO

Jesus esta oferecendo hoje, agora, o lugar que nos tem reservado. Desde que foi elevado aos céus tem estado a preparar-nos lugar, hoje é o dia de o aceitarmos antes que a Divina graça seja retirada. Deus nos chama: Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o eu jugo é suave e o meu fardo é leve. Mateus 11: 28 a 30[8].

SANTIFICADO - Grego: hagiázô, considerar santo, fazer santo, relacionado com o adjetivo hagios, santo, consagrado. O nome de Deus é honrado de dois modos:

1. Mediante atos divinos que induzem aos homens a reconhecer e a reverenciar a Iahweh como Deus. Êxodo 15: 14 e15; Josué 2: 9 a 11; 5: 1; Salmo 145: 4, 6, 12,

2. Mediante as ações dos homens que lhe honram como Deus e lhe rendem a adoração e a obediência que lhe correspondem. Isaías 58: 13; Mateus 7: 21 a 23; Atos 10: 35[9].

SEJA O TEU NOME - Segundo o uso moderno, um nome nada mais é do que um meio de identificar uma pessoa. Mas nos tempos bíblicos, o nome de uma pessoa estava mais intimamente unido a ela como indivíduo. Com frequência, o nome representava os traços de caráter que os pais desejavam ver desenvolver em seus filhos. O nome de Deus representa seu caráter. Êxodo 34: 5 a 7. A importância que os judeus atribuíam ao nome divino se refletia na reverência com a qual o pronunciavam, ou com maior frequência, deixavam sem dizer ou empregavam uma reverência em vez de pronunciá-lo. O nome de Deus é santo ou santificado porque Deus mesmo é santo. Santificamos seu nome ao reconhecer a santidade de seu caráter e ao permitir que ele reproduza seu caráter em nós. 

A forma verbal grega aoristo imperativo sugere que ainda não está sendo glorificado o nome de Deus. Bem pode referir-se também ao momento quando o santo nome de Deus será universalmente santificado[10].

 

PAI QUE ESTÁ NO CÉU

Bem se poderia dizer que a palavra Pai aplicada a Deus é um resumo breve da fé cristã. O grande valor desta palavra Pai está em que se estabelece todas as relações des­ta vida.

1. Estabelece nossa relação com o mundo invisível. Os missionários nos dizem que um dos maiores desafios que o Cristianismo traz a mente e aos corações dos pagãos é a certeza de que há um só Deus. Os pagãos creem que existem inumeráveis deuses, que cada corrente do rio, árvore o vale, colina ou bosque, e todas as forças da natureza tem seu próprio deus. O paganismo vive em um mundo infestado de deuses. Todavia todos estes deuses são zelosos, ciumentos e hos­tis. Tem que aplacá-los, e nunca se pode estar seguro de não haver omitido nada de honra devido a algum deles. A consequência é que o pagão vive no terror dos deuses; está assediado e não auxiliado por sua religião.

A lenda grega mais significativa sobre os deuses é a de Prometeo. Prometeo era um deus. Corriam os dias antes que a humanidade possuísse o fogo; e a vida sem fogo era fria, triste e incômoda. Por piedade, Prometeo tomou e fogo do céu e deu como um presente à humanidade. Zeus, o rei dos deuses, se irou extraordinariamente de que a humanidade recebesse este presente; assim que se apoderou de Prometeo e lhe encarcerou a uma rocha no meio do mar Adriático, onde era atormentado com calor e a sede do dia a dia, e o frio da noite. E todavia mais: Zeus preparou um abutre que lhe rasgara o fígado de Prometeo, que voltaria a crescer, somente para ser destruído outra vez.

Isto foi o que sucedeu a um deus que tratou de ajudar a humanidade. Toda esta concepção se baseia na convicção de que os deuses são zelosos, vingativos, e tacanhos; e o que menos lhes interessa fazer é ajudar aos homens. Esta ideia pagã da atitude do mundo invisível para com a huma­nidade. Os pagãos se sentem assediados por um medo em relação aos deuses zelosos, cruéis e tacanhos. Quando descobrem que Deus a Quem Jesus Cristo nos veio revelar tem o nome e o coração do Pai, isto transforma comple­tamente todas as coisas do mundo. Não temos por que ter medo ante uma plêiade de deuses zelosos; podemos descansar no amor do Pai.

2. Estabelece nossa relação com o mundo visível, este mundo de espaço e de tempo em que vivemos. É fácil pensar que este mundo é hostil. Tem circunstâncias e eventualidades na vida; existem leis duras do universo que que­bramos a nosso gosto; o sofrimento e morte; mas, se podemos estar seguros de que atrás deste mundo existe, não um deus caprichoso, zeloso, e zombador, mas um Deus cujo nome é Pai, então, ainda que todavia existam muitas coisas que nos parecem escuras, tudo é agora suportável porque atrás de tudo está o amor. Sempre nos ajudará crer que este mundo está organizado, não para nossa comodidade, mas para nosso crescimento.

Tomemos, por exemplo, a dor. Pode parecer algo mal; porém a dor tem seu lugar no plano de Deus. Algumas vezes sucede que uma pessoa se sente tão incapaz de sentir a dor. Uma pessoa assim é um perigo para si mesma, e um problema para todos os demais. Se não houvesse tal coisa como a dor, nunca saberíamos se estamos enfermos, e a então morreríamos antes que se pudesse dar os passos para tratar da enfermidade. Isto não quer dizer que este mal não pode converter-se em uma coisa má; mas dizer que inumeráveis vezes a dor é uma luzinha vermelha de Deus que nos avisa de um perigo em nosso caminho.

Lessing dizia que, se lhe permitisse fazer uma pergunta a Esfinge, seria esta pergunta: É este um universo amigável? Se podemos estar seguros de que Deus que criou este mundo é Pai, então podemos também estar certos de que este é fundamentalmente um universo amigável. chamar Deus de Pai é estabelecer uma nova relação com o mundo em que vivemos.

3. Se cremos que Deus é Pai, isto estabelece nossa relação com nossos semelhantes. Se Deus é Pai, é o Pai de todos os seres humanos. A Oração do Senhor não nos ensina a dizer Meu Pai; nos ensina a dizer Pai nosso. É muito significativo o fato de que n a Oração do Senhor não aparecem as palavras eu, mim, e meu; Jesus veio para abolir estas palavras de nossa vida e por em seu lugar nos, e nosso. Deus não é possessão exclu­siva de qualquer pessoa. A mesma frase Pai nosso implica a eliminação do eu. A paternidade de Deus é a única base para a fraternidade humana.

4. Se cremos que Deus é Pai, isto estabelece nossa relação conosco mesmos. Há pessoas que se despreza e se odeia a si mesmo, se reconhece como a criatura mais mi­serável que existe sobre a terra. O coração conhece sua própria amargura, e ninguém conhece a indignidade de uma pessoa melhor que ela mesma.

Mark Rutherford propunha outra bem aventurança: Bem aventurados os que nos curam de desprezarmos a nós mesmos. Benditos sejam os que nos devolvem nosso próprio respeito. Isto é precisamente o que faz Deus. Em nossos momentos terríveis, tenebrosos e escuros, podemos recordar, que ainda que ninguém se importe conosco, Deus menos valoriza; e em sua infi­nita misericórdia somos herdeiros e filhos do Rei dos reis.

5. Se cremos que Deus é Pai, isto estabelece nossa relação com Deus. Não é que isto exclua Sua santidade, majestade e poder. Isto não faz de Deus um ser menor; mas nos faz acessíveis a esta santidade, majestade, e poder.

Há uma antiga história romana que nos fala de um imperador que estava entrando em Roma em triunfo. Tinha o privilégio, que Roma concedia a seus grandes heróis, de fazer marchar suas tropas pelas ruas de Roma, com todos os troféus e prisioneiros que havia capturado. O imperador a desfilando com suas tropas. As multidões, alinhadas em todas as ruas, aclamavam a vitória. Os corpulentos legionários se alinhavam em marcha pelas avenidas para manter em seu lugar os que aplaudiam. Em certo ponto da rota triunfal havia uma plataforma em que estavam sentadas a imperatriz e sua família, para ver o imperador passar com toda sua glória de seu triunfo. Na plata­forma, com sua mãe estava o filho menor do imperador, um garotinho. Quando se aproximou o imperador, o menino saltou da plataforma, abriu o passo ante a multidão, apressou-se entre as pernas dos legionários e chegou ao centro da avenida ao encontro do carro de seu pai. Um legionário se inclinou e deteve o menino, tomando-o em seus braços: Não pode fazer isto, lhe disse. Você não sabe quem vem neste carro? É o imperador! Não podes se dirigir a ele. O menino respondeu rindo: Pode ser que para você seja teu imperador, ele disse, mas para mim é meu pai. Este é exatamente o sentido do cristão para com Deus. A santidade, a majestade e o poder são daqueles a Quem Jesus nos tem ensinado a chamar Pai Nosso.

Até agora temos pensado nas duas primeiras palavras que dirigimos a Deus: Pai Nosso;Deus não é somente Nosso Pai: É Nosso Pai Que está no Céu. Estas palavras tem uma importância capital. Nos con­servam duas grandes verdades.

1. Nos recordam a santidade de Deus. É fácil convencer sobre a ideia da paternidade de Deus, mesmo numa religiosidade cômoda e permissiva. É um bom tipo, e de tudo igual. Como disse Heine de Deus: Deus me perdoará. Para isto está. Se dissermos só Pai Nosso e paramos aí, poderíamos ter alguma desculpa; mas Nosso Pai está no Céu a Quem nos dirigimos. O amor está presente, a santidade também.

É extraordinário que raras vezes Jesus usa a palavra Pai referindo-se a Deus. O evangelho de Marcos é o mais antigo, é o mais próximo do que Jesus disse e fez; e no evangelho de Marcos Jesus chama a Deus de Pai só seis vezes, e nunca fora do círculo de seus discípulos. Para Jesus, a palavra Pai era tão sagrada que quase não podia suportar usá-la; e não podia usar a menos que fosse entre os que haviam compreendido algo que queria dizer.

Não devemos nunca usar a palavra Pai referindo a Deus com superficialidade e sem sentimentalismo. Deus não é um pai que fecha os olhos tolerantemente a todos os pecados, faltas e erros. Este Deus a Quem chamamos Pai, é o Deus a Quem devemos nos aproximar com reverência e adoração, temor e admiração. Deus é Nosso Pai do Céu, e em Deus se encontram a perfeita harmonia amor e santidade.

2. Nos recordam o poder de Deus. E o amor humano se torna uma tragédia e frustração. Podemos amar uma pessoa, e sem dúvida sejamos incapazes de ajudar a conseguir algo que deseja. O amor humano pode ser intenso, e sem dúvida impotente. Qualquer pai com um filho extraviado, ou qualquer namorado com uma amada que não o ama sabe muito bem. Mas quando dizemos Pai Nosso que estás no Céu, colocamos juntas duas coisas. O amor de Deus ao lado do poder de Deus. Nós dizemos que o poder de Deus sempre está motivado pelo amor de Deus, e nunca é exercido se não for para nosso bem; nós dizemos que o amor de Deus está respaldado pelo poder de Deus, e que, seu propósito não pode ser nunca frustrado nem derrotado. Pensamos em termos de amor humano, porém é o amor de Deus. Quando oramos Pai Nosso que está no Céu devemos recordar sempre a santidade de Deus e seu amor, e o amor que está por trás do poder invencível de Deus.

 

A SANTIFICAÇÃO DO NOME

Que Teu nome seja tido por santo. Santificado seja Teu nome provavelmente é certo que, de todas as petições da Oração do Senhor, esta é a que nos seria mais difícil de explicar. Em primeiro lugar, concentremos no sentido determinado das palavras.

A palavra que traduzimos por santificar é o verbo grego haguiázesthai, relacionado com o adjetivo haguios, que quer dizer tratar a uma pessoa ou coisa como haguios. Hagios é a palavra que traduzimos correntemente por santo; porém o sentido básico de é: diferente ou separado. Algo que é haguios é diferente de outras coisas. Uma pessoa que é haguios é separada das outras pessoas. Assim, um templo é haguios porque é diferente dos outros edifícios. Um altar é haguios porque existe para um propósito diferente das coisas normais. O dia do Senhor é hagios porque é dife­rente dos outros dias. Um sacerdote é haguios porque está separado para um ministério especial. Assim, esta petição quer dizer: Que o Nome de Deus se trate de uma maneira diferente dos outros nomes; que se dê ao nome de Deus uma posição que seja absolutamente única.

Existe algo especial. Em hebraico, o nome não quer dizer simplesmente o nome próprio porque se conhece a pessoa, João, Tiago, ou qualquer nome. Em hebraico, o nome quer dizer a natureza, o caráter, a personalidade da pessoa tanto quanto nos é conhecida ou revelada. Isto é claro quando vemos como os autores bíblicos usavam a expressão.

O salmista diz: Em Ti confiaram os que conhecem Teu nome. Salmo 9: 10. Está claro que não quer dizer que os que sabem que Deus se chama Iahweh colocam Nele sua confiança. Que dizer os que sabem como é Deus, os que conhecem a natureza e o caráter de Deus. O salmista disse: Uns confiam em carros, outros em cavalos; nós, porém, invocamos o nome de Iahweh nosso Deus. Salmo 20: 7. Está claro que isto não quer dizer que em tem­pos difíceis o salmista se lembrará que Deus se chama Iahweh. Quer dizer que, em tais momentos, alguns confiam nas ajudas, defesas humanas e materiais; porém o salmista se lembrará da natureza e do caráter de Deus; e como é Deus, recordará e confiará.

Tomemos estas duas palavras e as juntemos. Haguiázesthai, que se traduz por santificar, quer dizer considerar como diferente, dar um lugar único e especial. O nome é a natureza, o caráter, a personalidade da pessoa como conhecemos e nos foi revelada. Quando oramos: Santificado seja Tu nome, queremos dizer: Capacitamos para dar um lugar único e soberano que merece Tua natureza e caráter.

 

A ORAÇÃO PELA REVERÊNCIA

Há alguma palavra em português que queira dizer dar a Deus um lugar único e soberano que requer Sua natureza e caráter? A palavra é: reverência. Pedimos para sermos capacitados para reverenciar a Deus como Deus merece ser reverenciado. Em toda autêntica reverência de Deus há quatro elementos essenciais:

1. A fim de reverenciar a Deus, devemos crer que Deus existe. Não podemos reverenciar alguém que não exista; de­vemos começar por estar seguros da existência de Deus. Para a Bíblia, Deus é um axioma. Um axioma é um fato auto evidente que não necessita demonstração, é a base para todas as outras provas. Por exemplo: A linha reta é a distância mais curta entre dois pontos; ou: as linhas paralelas são as que, falando num mesmo plano, não se encontram nunca. Os números para aritmética, as letras para o alfabeto. São axiomas.

Os autores bíblicos haviam dito que era supérfluo ten­tar demonstrar a existência de Deus, porque eles experimen­tavam a presença de Deus em todos os momentos de sua vida. Haviam dito que um homem não necessita demonstrar que Deus existe mais do que necessita demonstrar que existe sua mulher. Se encontra com ela e convive com ela todos os dias, e assim é com Deus.

Suponha que necessitamos demonstrar que Deus existe usando nossa própria mente para fazê-lo. Por onde começamos? Poderíamos começar pelo mundo em que vivemos. O antigo argumento de Paley não está todavia totalmen­te defasado. Suponhamos que uma pessoa vá andando por um caminho. Tropeça com o pé num relógio que está no so­lo. Suponha que esta pessoa não havia visto um relógio em sua vida; não sabia o que era isto. Pega o relógio; vê como é feito e a vê em seu interior a rodelinhas e molas. Vê que está andando e funcionando de uma maneira maravilhosamente ordenada, e que as peças se movem ao redor da esfera com uma regularidade obviamente predeterminada. Que ele diz? Não diz: Todos estes metais e peças diversas chegaram aqui do fim do mundo por casualidade, e se tem feito rodas e molas por casualidade, e se tem reunido neste mecanismo por casualidade, e se dão corda e se põe em marcha por si mesmos por casualidade, chegando a este funciona­mento obviamente ordenado por casualidade. Não; ele diz: Eu encontrei um relógio; de modo que tem que existir um relojoeiro.

Uma ordem pressupõe um pensamento. Quando olhamos o mundo vemos uma máquina imensa que funciona com ordem. O Sol sai e se põe em uma sucessão invariável. As marés tem seu avanço e refluxo cronométrico. As estações se sucedem em ordem. Quando olhamos o mundo não temos mais remédio ao dizer: Tem que existir o Relojoeiro. A existência do mundo nos leva a reconhecer a Deus. Como dizia sir James Jeans: Um astrônomo não pode ser ateu. A ordem do universo revela a mente de Deus que está atrás.

Poderíamos iniciar por nos mesmos. O ser humano não chegou a criar a vida. Pode alterar, mudar e reorganizar as coisas; mas não pode criar um ser vivente. De onde, então, veio a vida? De nossos pais. E eles de onde vieram? De seus pais. E eles? A vida tem que haver começado alguma vez no mundo; veio de fora do mundo, porque nos não podemos criar. E, de novo, o mistério da vida nos aproxima de Deus.

Quando olhamos para o nosso interior, e para o mundo exterior, nos sentimos levados para Deus. Como dizia Kant: Duas coisas nos sobrecarregam de admiração: a lei moral dentro de nós mesmos, e o céu estrelado por cima de nos. Nos aproximam para Deus.

2. Antes de reverenciar a Deus temos que crer, não somente que Deus existe, mas saber como é Deus. Não se pode sentir reverência pelos deuses gregos, com suas reações, zelos, rivalidades, ódios, adultérios, e trapaças. Não se pode reverenciar deuses caprichosos, imorais, impuros. Porém o Deus que Jesus Cristo nos veio revelar tem três grandes qualidades. Ele é Santo; Justo, e é amor. Devemos reverenciar Deus, não só porque existe, mas por ser o Deus Que sabemos que é.

3. Pode ser que uma pessoa creia que existe Deus; e que está intelectualmente convencida de que Deus é santo, justo e amoroso; e pode reverenciá-lo. Porque para ter reverência é necessário ter consciência permanen­te de Deus. Reverenciar a Deus é viver em um mundo que está viva a presença de Deus, uma vida que se sucede em Sua presença. Esta consciência não se limita à igreja, nem aos chamados luga­res santos; tem que ser uma consciência que nos acompanha sempre e em todas as partes. O salmista expressa belamente:

Iahweh, tu me sondas e me conheces: Conheces o meu sentar e meu levantar, de longe penetras o meu pensamento; Examinas o meu andar e o meu deitar, meus caminhos todos são familiares a ti. A palavra ainda não me chegou à língua, e tu Yahweh, já a conheces inteira. Tu me envolves por trás e pela frente, e sobre mim colocas a tua mão. É um saber maravilhoso, e me ultrapassa, é alto demais: não posso atingi-lo! Para onde ir, longe do teu sopro? Para fugir, longe da tua presença? Se subo aos céus, tu lá estás; se me deito no sheol, ai te encontro. Se tomo as asas da alvorada para habitar nos limites do mar.

Mesmo lá é tua mão que me conduz, a tua mão direita me sustenta. Se eu dissesse: Ao menos a treva me cubra, e a noite seja um cinto ao meu redor. Mesmo a treva não é treva para ti, tanto à noite como o dia iluminam! Salmo 139:1 a 12.

Deus na igreja, no campo, e ao nosso lado; Deus presente em nossa vida, na tenda, e na mina; Deus entre as pessoas e no meio do trânsito... O mal é que, para a maioria, a consciência de Deus é algo espasmódico, com altos e baixos, pre­sente e ausente. Reverência quer dizer a consciência constante da presença de Deus.

4. Todavia nos falta outro ingrediente da reverência. Temos que crer que Deus existe; temos que saber que classe de Deus é; devemos ser sempre conscientes da presença de Deus. Pode uma pessoa ter tudo isto, e não ter reverência. A tudo isto está implícito a obediência e a submissão a Deus. Reverência é conhecimento somado à submissão. Lutero perguntava em seu catecismo: Como é santificado o nome de Deus entre nós? E sua resposta era: Quando tanto nossa vida como nossa doutrina são verdadeiramente cristãs. É dizer: Quando nosso convencimento intelec­tual e todas nossas ações estão perfeitamente submetidas à vontade de Deus.

Saber que Deus existe, é saber a classe que Deus é, ser sempre consciente que Deus é santo, e ser sempre obediente, esta é a reverência e o que pedimos quando oramos: Santificado seja Tu nome. Que Deus receba a reverência que merece por Seu caráter e Sua natureza[11].

 

A Importância da Oração Para os Cristãos

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos Céus, santificado seja o Teu nome. Mateus 6: 9.

Entre Mateus 6: 9 e 6: 13 temos um dos ensinamentos mais im­portantes de nosso Senhor. Encontramos aí e em Lucas 11: 1 a 4 a Ora­ção do Senhor, o Pai Nosso. Em Lucas, os discípulos vieram pedir a Jesus que lhes ensinasse a orar. Afinal de contas, alegavam, João Batis­ta havia ensinado os discípulos dele a orar.

Esse é um intercâmbio importante. Sugere não somente a impor­tância da oração, mas também que a oração pode ser ensinada. E Jesus aceita essa pressuposição quando passa a ensiná-los a orar.

Orar não é apenas um punhado de palavras que resmungamos de maneira desatenciosa ou entusiástica. Não, a oração é algo com ordem e estrutura. Queremos apenas meditar sobre a importância da oração em nossa vida pessoal.

O tema da oração nos coloca frente a frente com um dos assuntos mais vitais e desafiadores relacionados com a vida cristã. Certo escri­tor observou que orar é, sem sombra de dúvida, a mais elevada ativi­dade da alma humana. O homem alcança sua grandeza e elevação quando, pondo-se de joelhos, fica face a face com Deus.

O mesmo autor continua a observar que nenhuma atividade da vi­da cristã é mais fácil e mais natural do que a oração. Grande parte dos outros aspectos da vida cristã tem seus equivalentes entre os não cris­tãos. Mesmo as pessoas que jamais ouviram falar de Jesus podem exer­cer autodisciplina e espírito filantrópico. Mas nada disso se compara à oração sincera.

Como vão as coisas entre você e Deus? Você gosta de falar com Ele como faria a um amigo, ou fica pouco à vontade na Sua presença? Eis agora uma questão importante. Algumas pessoas têm muita coisa a di­zer para Deus quando oram em público, mas muito pouco em particu­lar. Faz sentido dizer que a oração é uma prova de nossa vida espiritual. É ali que descobrimos se realmente amamos a Deus.

Senhor, a exemplo dos discípulos, pedimos que nos ensines a orar[12].

 

Orar com a Mente

Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente. I Coríntios 14: 15.

Algumas pessoas ficam chocadas com o fato de que algo tão es­piritual quanto a oração tenha sistema ou estrutura. Mas esse próprio fato é um dos aspectos mais importantes na Oração do Senhor.

Quando os discípulos pediram que Cristo lhes ensinasse a orar, Ele apresentou uma obra-prima da comunicação humana. A oração segue esse padrão. Isso fica claro a partir das palavras introdutórias de Jesus:

Portanto, vós orareis assim. Mateus 6: 9. A seguir Ele fornece uma ora­ção modelo que apresenta todos os elementos essenciais de uma oração. Embora não seja errado recitar a Oração do Senhor caso seja feita com significado e reflexão, é melhor considerar a Oração do Senhor como um modelo que nos fornece o esboço contendo os elementos es­senciais que devem estar presentes, tanto na oração pública como na particular.

Como tal, a oração esboçada por Jesus é bastante parecida com o roteiro utilizado por muitos pregadores e outros oradores públicos. Ca­da parte do roteiro fornece um cabeçalho de coisas que precisam ser lembradas na oração. Cada ponto deve ser expandido e preenchido du­rante a oração propriamente dita.

Talvez a abrangência da Oração do Senhor seja sua característica mais ressaltada. Ela abrange todos os elementos, tanto de nosso rela­cionamento com Deus e com os outros, como de nossas necessidades pessoais.

Até mesmo a ordem das petições na Oração do Senhor é de im­portância decisiva para nossas orações. As três primeiras petições têm que ver com Deus e Sua glória, enquanto as três petições secundárias têm que ver com nossas carências e necessidades humanas. A Deus, portanto, deve ser dado o primeiro e supremo lugar; depois, e somente depois, devemos voltar-nos para nós mesmos e para nossas necessida­des e desejos. Somente quando Deus recebe o lugar que Lhe é devido, as outras coisas se encaixam.

Agradecemos-Te hoje, ó Senhor, por tomares tempo para nos en­sinar a orar, pois levas a sério nossas necessidades. Queremos aprender de Ti, até mesmo em nossa vida de oração[13].

 

Escolher um Pai é Importante

Ele não Se envergonha de lhes chamar irmãos. Hebreus 2: 11.

Nem todos os seres humanos possuem o mesmo pai. Jesus disse aos líderes judeus de Seus dias: Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. João 8: 44.

De acordo com a Bíblia, todos os seres humanos vêm a este mun­do como membros da família do diabo. As pessoas nascem egocêntri­cas, autossuficientes e orgulhosas, precisando de conversão e transfor­mação. Foi por isso que Jesus disse que precisamos nascer de novo da água e do Espírito.

Entrar na família de Deus é uma escolha consciente. A Bíblia en­sina que o batismo é símbolo da morte e ressurreição dos que fazem essa escolha. Quando entramos para a família de Deus, morremos pa­ra as velhas maneiras de pensar e de agir, e aceitamos os princípios do reino do Céu.

Quem é que pode verdadeiramente orar a Oração do Senhor? So­mente aqueles que podem dizer com toda a sinceridade: Pai nosso. Mas quem pode realmente orar assim? Somente os que estão compro­metidos com Jesus, somente os que nasceram do alto, somente os que estão vivendo a vida sobrenatural das Bem-aventuranças. Somente os cristãos de coração podem verdadeiramente orar a Oração do Senhor.

Parte da alegria de tornar-nos cristãos consiste no fato de que mu­damos de pai e mudamos de deus. Abandonamos nosso antigo pai, o diabo, pelo Pai de Jesus. Por causa disso, o livro de Hebreus nos diz que Jesus nos chama de irmãos e irmãs. Passamos a fazer parte da família de Deus. Renunciamos a nosso pai natural para sermos adotados por nos­so Pai celestial.

Pai nosso é uma bela expressão. Significa proximidade entre Deus e nós. Representa o lado pessoal de Deus, o lado suave. Como um pai e uma mãe amam seus filhos, assim Deus nos ama. E um maravi­lhoso privilégio ser capaz de chamar Deus de nosso Pai[14].

 

O Lado Distante de Deus

Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que Te amam e guardam os Teus mandamentos. Daniel 9: 4.

Vimos o lado próximo de Deus, Seu lado suave é representado pela expressão Pai nosso. Mas Deus não tem apenas um lado próximo; Ele também tem um lado distante, que é representa­do na Oração do Senhor pelas palavras que estás no Céu.

Uma das grandes tensões da fé cristã é que Deus está tanto perto quanto longe; Ele é tanto imanente como transcendente; tanto nos­so Pai como o governante do Universo.

É importante manter ambos os lados em equilíbrio quando lemos as Escrituras e buscamos aplicá-las em nossa vida diária. Os que enfa­tizam apenas o lado terno de Deus interpretam-no como um Papai Noel poderoso ou uma meiga vovozinha. Contudo, os que enfatizam apenas Seu lado distante convertem-no num juiz com mão de ferro, destituído de toda misericórdia e brandura.

O paradoxo de Deus é que Ele tem mais de um lado. Ele é próximo e amorável, mas, como qualquer bom pai, Ele deve ser firme. A bilate­ralidade de Deus se reflete na oração de Daniel em nosso texto de ho­je. Ele é verdadeiramente grande e temível para aqueles que conti­nuam a praticar esse pecado que é destruir vidas humanas, o meio am­biente, a paz mundial e mesmo o próprio ser. Se Deus verdadeiramente é amor, Ele terá que algum dia deter essa destruição. Para os que des­consideram Seus princípios, Deus pode ser e será grande e temível.

Mas, conforme Daniel observa, Deus também guarda Seu pacto de misericórdia com aqueles que aceitam os Seus princípios e se unem à Sua família. Deve-se notar que Ele deseja que todos os seres huma­nos entrem para Sua família e experimentem Seu amor. Mas Ele não os forçará. O amor não pode ser obtido à força, e ainda assim continuar sendo amor.

A verdade maravilhosa é que Deus tanto é nosso Pai como o gran­de Deus do Universo. Essa grandeza não representa nenhuma ameaça para os que O amam. Como cristãos, podemos regozijar-nos tanto na proximidade como na distância de Deus[15].

 

O Formato da Oração

Um dos Seus discípulos Lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar... Então, Ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Teu nome. Lucas 11:1 e 2.

A Oração do Senhor representa a oração ideal de Jesus. Ela foi dada porque os discípulos pediram a Jesus que lhes ensinasse a orar. Po­demos, portanto, aprender muita coisa dessa grande oração, tão ampla em seu objetivo e, contudo, tão breve em sua expressão.

A oração, conforme registrada em Mateus 6: 9 a 13, é composta de sete petições:

1. Santificado seja Teu nome.

2. Venha o Teu reino.

3. Faça-se a Tua vontade, assim na Terra como no Céu.

4. O pão nosso de cada dia dá-­nos hoje.

5. Perdoa-nos as nossas dívidas.

6. Não nos deixes cair em ten­tação.

7. Livra-nos do mal.

Examine a oração por um minuto. Que palavra você encontra em cada uma das três primeiras petições, mas que não se acha nas quatro últimas? Da mesma forma, que palavra você encontra nas quatro últi­mas, mas que se acha ausente nas três primeiras?

As respostas para essas perguntas são Teu ou Tua e nos, respec­tivamente. Esses pequenos pronomes nos dizem muita coisa sobre o formato da oração. A oração tem uma ordem.

A verdadeira oração sempre começa com Deus e a adoração de Sua Pessoa. Temos aqui uma lição. Jamais devemos começar a orar preocupados com nós mesmos.

Somente depois de nos dirigir a Deus e a Seus interesses é que a oração passa para as petições referentes às necessidades humanas. Jesus volta a por o foco da oração em Deus, onde ela deveria estar, já que Ele é a fonte de tudo quanto existe.

Descobrimos que é fácil demais deixar que nossas orações se dis­tanciem de Deus e dos interesses mais amplos do reino, para se centra­lizarem nos seres humanos. Note que, aproximadamente, metade da oração é dedicada a petições relacionadas a Deus.

E para que, ao tomarmos essa oração como base, não cheguemos à conclusão de que toda oração deva ser breve, precisamos lembrar que Jesus passava noites inteiras em oração[16].

 

O Significado do Nome

Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus. Salmo 20: 7.

Nos templos bíblicos o nome de uma pessoa era mais represen­tativo do que nas culturas modernas. O nome era símbolo de todo o caráter da pessoa.

A primeira petição da Oração do Senhor diz que o nome de Deus deve ser santificado. Qual é Seu nome? Qual é Seu caráter?

Os nomes de Deus na Bíblia são muitos. Entre os mais comuns se encontram El ou Elohim, que enfatiza Sua força ou Seu poder. Um segundo nome comum para Deus é Yahweh, que significa Aquele que existe por Si mesmo.

Esses nomes nos ajudam a começar a ver o caráter de Deus, mas o re­gistro bíblico nos apresenta mais alguns. D. Martyn Lloyd-Jones mencio­na diversos nomes: O Senhor proverá. Iahweh jireh; O Senhor que sara. Iahweh-rafa; O Senhor nossa bandeira. Iahweh-nissi; O Senhor nossa paz, Iahweh-Shalom; O Senhor nosso pastor, Iahweh-ra'ah; O Senhor nossa justiça, Iahweh-tsidkenu e ... ‘o Senhor está presente, Iahweh-shammah.

Todos esses nomes divinos se encontram no AT. O nome de Deus simboliza a natureza, o caráter e a personalidade De­le, conforme têm se revelado à humanidade. Pelo fato de Deus ser quem é, podemos repousar seguros em nossa fé. Foi por isso que o sal­mista pôde escrever: Em Ti, pois, confiam os que conhecem o Teu no­me, porque Tu, Senhor, não desamparas os que Te buscam. Salmo 9: 10. Encontramos um pensamento semelhante sobre o fiel cuidado de Deus em nosso verso bíblico de hoje: Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus. Salmo 20: 7.

A vida de Jesus nos fornece novos significados para o nome de Deus. Em João 17: 6 Jesus disse: Manifestei o Teu nome aos homens que Me deste do mundo. Eram Teus, Tu Mos confiaste, e eles têm guar­dado a Tua palavra. Jesus veio nos ajudar a compreender mais plena­mente o nome de Deus e seu significado. Veio nos ajudar a ver o cará­ter de Deus.

O nome de Deus é rico em significado. É um nome no qual po­demos depositar fé. Mas é também um nome que merece respeito[17].

 

Tratando o Nome Descuidadamente

Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu nome em vão. Êxodo 20: 7.

Ainda me lembro de como fiquei chocado. Eu estava morando num navio mercante de treinamento fora da Baía de São Francisco, mas tinha permissão para ficar em casa nos fins de semana.

Eu mal podia esperar para pegar o telefone e ligar para a garota que havia encontrado em minha última saída. Eu sabia que ela era cristã, de modo que exerci bastante cuidado com minha linguagem, procurando causar uma boa impressão. Esse asseio linguístico limitava bastante meu vocabulário comum, embora o esforço parecesse valer a pena.

Essa foi a razão por que fiquei chocado. Depois de todo o esforço que fiz por causa dela, ela ainda não ficou satisfeita. Afirmou, em ter­mos bem definidos, que se eu quisesse vê-la de novo, devia parar de to­mar o nome do Senhor em vão.

Isso realmente me pegou desprevenido. O que você quer dizer? perguntei com toda a sinceridade. Eu nunca havia escutado essa ex­pressão antes.

Ela respondeu rapidamente que era errado usar palavras como Deus e Jesus Cristo de maneira descuidada, que beirava a profanação. Foi assim que recebi minha primeira lição sobre a importância do nome de Deus.

Foi uma lição importante e que tem tido grande significado para mim através dos anos. O nome de Deus é um belo nome. Deus é um Deus maravilhoso. Por que deveria alguém usar o Seu nome de manei­ra descuidada e profana?

O modo como usamos o nome de Deus representa o modo como O consideramos. Se eu fosse o diabo faria com que as pessoas usassem o nome divino de maneira desleixada. Esse seria o primeiro passo para levá-los a considerar a Deus de maneira descuidada, e por fim a viver vidas descuidadas e tratar os outros descuidadamente.

Afinal de contas, a maneira como eu me relaciono com o nome de Deus é a maneira como eu me relaciono com o próprio Deus. O nome divino representa minha salvação, minha esperança, meu tudo. Quero louvar o nome de Deus pelo que Ele tem feito por nós[18].

 

Santificando o Nome

Engrandecei o Senhor comigo, e todos, à uma, Lhe exaltemos o nome. Salmo 34: 3.

O que significa santificar o nome de Deus? Uma forma de captar o sentido é reparar como a palavra é traduzida em diferentes versões bíblicas. O NT do Século Vinte diz que Teu nome seja mantido santo. A tradução de Moffatt diz: Reverenciado seja Teu nome. E na tradução de Phillips a frase é que Teu nome seja honrado. Santificar o nome de Deus é reverenciá-lo, tratá-lo com res­peito, honrá-lo. É tratá-lo como algo santo em contraste com algo or­dinário ou comum.

O significado torna-se mais claro quando vemos o modo como a palavra é empregada. Encontramos a mesma palavra no mandamento do sábado na tradução grega de Êxodo 20: 8. O mandamento é lembrar­-se do sábado para o santificar. O sábado é um dia diferente dos outros; deve receber tratamento diferente dos outros dias. Deve ser santifica­do. Outro exemplo extraído do AT vem da instrução para consagrar os sacerdotes. Os sacerdotes deviam ser diferentes dos outros homens porque eram separados para uso santo.

Assim acontece com o nome de Deus. Os cristãos devem santifi­car o nome de Deus pelo fato de Deus ser quem Ele é.

Mas santificar o nome de Deus não se restringe apenas à hora da oração. Inclui também nossa linguagem durante todo o dia. Além dis­so, santificar o nome abrange todas as nossas ações, pois somos repre­sentantes de Deus na Terra. Em todo ato da vida devemos manifestar­-Lhe o caráter, pois portamos o Seu nome[19].

 

Temendo a Deus

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre. Salmo 111: 10.

O que significa dizer que devemos temer a Deus? Lembro-me do primeiro ano em que ensinei na Universidade An­drews. Eu tinha na classe uma adorável jovem não cristã que acabara de sair de uma prolongada experiência hippie. Uma das exigências pa­ra seu certificado de magistério era que frequentasse a cadeira de filo­sofia da educação. Na Universidade Andrews essa filosofia se funda­menta no contexto da visão bíblica do mundo, e pela primeira vez es­sa estudante tinha a oportunidade de examinar a Bíblia.

Ela não tinha ido muito longe em sua leitura quando topou com a ideia de temer a Deus. Na manhã seguinte ela estava me pressionando sobre o significado de temer a Deus.

Fiquei feliz em dizer-lhe que temer a Deus não significa ficar com medo Dele, mas ter por Ele temor reverente por causa do que Ele é. Significa profundo respeito por Deus. Essa é a espécie de temor rela­cionada à santificação do Seu nome. Naturalmente, segundo a Bíblia, os que desprezam a Deus terão finalmente de experimentar o temor do tipo menos desejável.

Podemos aprender aqui algo dos antigos judeus. Eles jamais empre­gavam o nome de Deus de modo familiar. Na verdade, o nome de Deus era tão sagrado que eles jamais o pronunciavam, para não correrem o risco de tratá-lo de maneira leviana ou irreverente. Eles tinham temor sagrado pelo nome de Deus.

E conquanto reconhecessem a Deus como Pai, nunca em suas ora­ções usavam somente o conceito de Pai. Ao contrário, ligavam o conceito de Pai com as ideias de Rei e Senhor. Essa prática é útil para aqueles que têm a tendência exagerada de sentimentalizar a figura de Deus como um Pai amoroso. Ele é isso, mas é também Rei e Senhor de toda a Terra. Como cristãos, precisamos manter o equilíbrio. Nosso sentimentalismo jamais deve superar nossa reverência a Deus. O te­mor do Senhor é o princípio da sabedoria[20].

 

Reverenciando a Deus

Deus continuou: Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa. Êxodo 3: 5.

Vocês devem ter um Deus pequeno. disse um muçulmano para um turista americano.

Não, respondeu rapidamente o americano. Temos um Deus grande e poderoso, a cuja palavra de ordem o Universo e tudo o que nele existe veio à existência!

Apesar disso, creio que vocês americanos têm um Deus pequeno, pois quando oram a Ele o fazem de maneira apática e irreverente. Quando nós muçulmanos oramos, caímos prostrados com o rosto em terra em reconhecimento da grandeza de Deus.

Reverência. E algo sobre o qual não pensamos muito, a menos que alguém seja irreverente conosco pessoalmente ou nos trate de manei­ra desrespeitosa. Mas até que ponto somos sensíveis em nossa reverên­cia para com Deus?

Alguns anos atrás tive a oportunidade de pregar numa pequena igreja adventista do sétimo dia em Porto Rico. Era uma igreja de pes­soas simples. Jamais esquecerei como fiquei atônito à medida que o po­vo entrava na igreja. Antes de se sentarem, ajoelhavam-se em oração individual. Haviam entrado na casa de Deus, estavam em terra santa, haviam entrado na presença do Altíssimo, e tinham plena consciência desse fato.

Ainda que não tenhamos o costume de retirar os calçados quando entramos na igreja ou de prostrar-nos ou de ainda curvar-nos em ora­ção, devemos reconhecer constantemente, por palavra e ação, que ao entrarmos na igreja entramos na presença de Deus de maneira especial. Mas não é somente na igreja que a reverência é importante. Du­rante todo o dia preciso reconhecer a santidade do meu Deus em tudo que eu fizer ou disser. Assim, sou cuidadoso na maneira como trato mi­nha Bíblia, como uso o nome de Deus, como brinco e assim por dian­te. Meu respeito por Deus me leva a tratar os outros respeitosamente; ajuda-me a apreciar um por do sol.

Agradeço-Te, ó Deus, por seres quem és. Agradeço-Te por não se­res Alguém que só posso adorar na igreja, mas Alguém que faz de cada aspecto da vida uma maravilha[21].

 

2. PAI NOSSO QUE ESTÁS NOS CÉUS

JESUS DISSE PARA INICIARMOS a oração assim: Pai nosso, que estás nos céus. E se ela ficasse só nestas seis palavras, já estaria completa. Jesus acrescentou as outras como uma ampliação do pensamento. Se realmente aprendemos a dizer esta primeira sentença bem, não será necessário ir mais além.

A palavra Pai é uma definição de Deus. Para nós, é uma definição imperfeita, porque nós somos pais imperfeitos.

Certo pastor que trabalhava com meninos de uma favela disse que nunca podia se referir a Deus como pai. A palavra pai, para aqueles garotos, trazia à memória a figura de um homem constantemente embriagado, que batia na mulher. Quando pensamos nesta palavra, associamos a ela todas as imperfeições de nosso pai.

Por isso, Jesus não podia usar apenas a palavra Pai. Ele tinha mesmo que adicionar a expressão: que estás nos Céus. Ela não aparece aqui para indicar a localização de Deus, ou nos informar onde é que Deus reside. Por alguma razão, nós já formamos a ideia de que o Céu está bem longe de nós. Muitos de nossos hinos mais apreciados falam daquele distante lar, e pensamos também que Deus está lá no lar distante. Se observarmos os ensinos de Cristo, veremos, que tais conceitos são muito errôneos. Deus está tão próximo de nós como o ar que respiramos.

Na realidade, este adendo que estás nos céus é uma descrição de Deus. O Céu é sinônimo de perfeição. Jesus poderia ter dito: Nosso Pai perfeito, e teria sido a mesma coisa. E quando pensamos no termo pai, logo pensamos também em autoridade, e não em indulgência. Pelo próprio ato de reconhecermos que Deus é pai, nós nos colocamos na posição de filhos. E o pai tem o direito de autoridade sobre os filhos.

É assim que submetemos nossa vontade à Dele. Nossos atos são controlados não pelo nosso querer, mas pelo Dele. Nós todos reconhecemos que Deus estabeleceu uma ordem moral. O homem não cria leis; ele simplesmente descobre os mandamentos de Deus. Quando obedecemos estes mandamentos, como Dante, nós vemos que Sua vontade é nossa paz. Por outro lado, deixar de reconhecer a soberania de Deus significa fracassar em todas as áreas da vida.

Uma das igrejas valdenses tinha um selo cujo emblema era uma bigorna e vários martelos quebrados, circundados pelas palavras: Malhai, mãos hostis! Vossos martelos se despedaçam; a bigorna de Deus permanece. Enquanto não se puder dizer: Pai, é melhor não continuar a oração.

O vocábulo pai significa mais que regedor, legislador ou juiz; ele implica também num domínio exercido pelo amor, pois coloca a misericórdia bem no centro do julgamento. Como o amor gera o amor, nossa relação para com a atitude de Deus é a de uma verdadeira filiação, e não um sentimento de temor. Paulo explicou isto de maneira admirável: Porque não recebestes o espírito de escravidão para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Abba, Pai. Romanos 8: 15

Mas Pai celestial não significa apenas autoridade e amor; significa também santidade.

Certa vez, Isaías entrou no templo e ouviu os serafins cantando: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos." Quando ele sentiu o impacto da imaculada pureza de Deus ficou consciente de sua própria imperfeição a ponto de clamar: "Ai de mim! Estou perdido! porque sou homem de lábios impuros. Isaías 6: 5.

Por que é que fechamos os olhos para orar? Talvez seja para afastarmos de nossa mente o mundo exterior a fim de darmos toda a nossa atenção a Deus. Todavia a verdadeira oração abre nossos olhos.

Um grande hindu disse: Por que vocês estão tão ansiosos para ver Deus com os olhos fechados? Vejam-no com os olhos abertos; em forma de pobres, famintos, analfabetos e aflitos. Quando dizemos Pai, estamos reconhecendo nossa filiação a Ele, mas também reconhecendo nossa ligação com os irmãos.

Um jovem veio ver-me recentemente. Ele passara dois anos na cadeia. Parece que muitas vezes nós só enxergamos as vantagens da sociedade depois que somos afastados dela. Aquele jovem me disse: Eu não ambiciono muita coisa. Só quero ser aceito, ser parte do grupo. Ser parte do grupo é o que nós todos queremos. Dizer Pai Nosso significa remover todas as barreiras, colocando cada um de nós na posição de filho de Deus.

Esta primeira sentença do Pai Nosso sintetiza toda a vida cristã. A palavra Pai expressa nossa fé. Ela não apenas demonstra que cremos em um Deus, mas também dá uma descrição Dele. A expressão nos Céus engloba todas as nossas esperanças. O vocábulo Céus significa perfeição, e fala daquela qualidade de vida que todos os cristãos sinceros estão-se esforçando para obter. Cristo disse: Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste. Mateus 5: 48 O homem nunca está satisfeito consigo mesmo. Está sempre lutando para subir ou avançar. Ele só aceita seus fracassos passados e atuais, porque espera melhorar no futuro.

Um amigo do escultor William Story estava observando seu trabalho, e perguntou-lhe: De qual das suas obras você gosta mais? O artista replicou: Eu gosto mais da próxima estátua que vou esculpir.

A palavra nosso implica num amor que abrange a todos. Sem essa ideia a oração é vazia. A religião não pode isolar o homem do seu semelhante, porque, se não pudermos dizer irmão, não poderemos dizer Pai.

Fé, esperança, amor, todas estas três virtudes estão incluídas nesta palavra.

Como nossa vida seria diferente se, ao orar, levássemos em conta todo o significado de Pai nosso, que estás nos céus. Isto nos levaria a orar de joelhos, no nosso Getsêmani, completamente rendidos à vontade do Senhor. Nós sacrificaríamos a vida para servir o próximo e nos esforçaríamos para salvá-lo. Acima de tudo, isto traria Deus para dentro de nós.

Aí então, não importando o que pudesse acontecer, confiadamente, nós oraríamos como Jesus: Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito. Lucas 23: 46. Assim teríamos a certeza de que podíamos deixar nossa vida nas mãos de Deus, sabendo que nossas aparentes derrotas redundariam em glorioso triunfo, e que, dos túmulos da vida, brotariam ressurreições, e nós cantaríamos como o apóstolo: Onde está, ó morte, a tua vitória? onde está, ó morte, o teu aguilhão?... Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. I Coríntios 15: 55 e 57.

É rara a semana em que eu não tenha que dirigir um culto fúnebre no cemitério de Atlanta. Há dez anos, foi o meu próprio pai que deixei ali, e, hoje, quando vou lá, antes de sair, paro por uns instantes junto à sua sepultura, e penso nele. Sempre saio reconfortado.

Lembro-me de como ele foi bom para mim, e como ele deu tudo que tinha aos filhos, em coisas materiais. E não eram apenas roupas, alimentos e outras necessidades básicas, mas também bolas, tacos de beisebol, e outros brinquedos de que as crianças gostam. Ele ficava feliz em nos tornar felizes, Lembro-me de como ele orava por nós, um por um. Sua voz está gravada em minha mente, e as palavras são as seguintes: Senhor, abençoa Charles. Que ele seja um bom homem quando crescer. Abençoa Stanley, dizia ele. Abençoa o John, Grace, Blanche, Sarah, Frances... E para cada um deles havia um pedido especial.

De pé, junto ao seu túmulo, eu me lembrava de sua grande honestidade, de seus altos padrões morais, de sua humildade. Ele era bem pouco ambicioso; nunca queria muito para si mesmo. As casas pastorais em que moraram, geralmente, eram próximas à igreja, e sempre havia gente batendo à nossa porta. Lembro-me de que ele nunca negava o auxílio solicitado. Algumas vezes chego a me esquecer do tempo, quando fico ali pensando nele.

Assim, até certo ponto, eu compreendo bem por que Jesus nos instruiu para começarmos a oração dizendo: Pai nosso. O Senhor Jesus, várias vezes, subiu a um monte para orar sozinho, e em muitas ocasiões, ele orou a noite toda. Certa feita, ele ficou 40 dias esquecido do tempo, esquecendo até de se alimentar. Ali, na quietude do lugar, ele pensava em seu Pai.

E ele nos diz que devemos orar do seguinte modo: Pai nosso, que estás nos céus! Não estamos pedindo nada a Deus, estamos, isto sim, abrindo o coração para um derramar da graça de Deus em nós.

Norman Vincent Peale conta que, em seu primeiro passeio ao Grande Canyon do rio Colorado, ele falou com um senhor idoso que passara bastante tempo por ali. Perguntou-lhe qual das excursões oferecidas lhe proporcionaria a melhor visão do canyon. O velho respondeu que, se ele realmente quisesse ver o canyon, não deveria fazer nenhuma daquelas excursões. Em vez disso, ele deveria ir para lá de madrugada, sentar-se à borda do barranco, e apreciar a paisagem; ver a manhã transformar-se em dia e o dia em tarde; contemplar as cores brilhantes transmudando-se no decorrer do dia. Depois, jantar rapidamente e voltar lá para ver o grande abismo ser envolvido pelo roxo do entardecer. Disse ainda que a pessoa que fica rodando pelo canyon acaba ficando exausta, e, na verdade, não vê a beleza e a grandeza do lugar.

Foi isto que o profeta disse a respeito de Deus: Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam. Isaías 40: 31.

Que significa esperar no Senhor? Significa pensar no Senhor, embora pensar não seja bem o termo. Talvez meditar expresse melhor esta ideia ou, talvez, ficar em contemplação. Como diz o salmista: Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus. Salmo 46: 10. 

Disse um pensador cristão: Enquanto o homem não encontra Deus, ele começa sem começo, e trabalha sem finalidade. Assim, ninguém está preparado para orar enquanto não estiver totalmente tomado por pensamentos a respeito de Deus.

Há anos, tenho visto muitas pessoas se ajoelharem no altar, ao final dos cultos. Várias delas me contaram das maravilhosas bênçãos que receberam em resposta a estas orações.

A razão por que estas orações são tão preciosas para elas, é que são feitas ao final do culto. Durante cerca de uma hora, elas ficam no templo, pensando na pessoa de Deus. Os hinos, a leitura da Bíblia, o sermão, as outras pessoas ao nosso redor cultuando a Deus, tudo isto contribui para nos aproximar de Deus. Assim, quando nos ajoelhamos para orar, nossa mente está condicionada na direção certa, todo o nosso pensamento está relacionado com Deus. Por isso, a oração é espontânea e verdadeira. Nossas palavras expressam exatamente nosso pensamento.

Pai nosso, que estás nos Céus. Quando estas palavras tomam corpo e realidade para nós, nós nos tornamos calmos e confiantes. É como diz o poema: Disse o pintassilgo ao pardal: Gostaria muito de saber por que os homens são tão preocupados, Inquietos e aflitos. Responde o pardal ao amigo: Meu amigo, eu creio que deve ser porque eles não têm um Pai como nós, que cuida bem de mim e de você.

 

3. SANTIFICADO SEJA O TEU NOME

JESUS ENSINA QUE A ORAÇÃO deve constar de seis itens. Antes que o homem possa expressar qualquer um dos outros cinco, deve dizer: Santificado seja o teu nome.

Certa vez, Moisés estava no monte cuidando do rebanho. De repente, ele viu um arbusto em chamas, que contudo não se consumia. Depois de alguns instantes ele se aproximou para ver o que era. Era Deus que Se encontrava naquela planta, desejando revelar a Moisés a sua vontade para a vida dele, mas logo que o profeta se aproximou ouviu uma voz que dizia: Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa. Êxodo 3: 5. Isto significa que antes que Deus possa falar com o homem, este tem que mostrar respeito e reverência.

Muitas pessoas só se lembram de orar em caso de extrema necessidade, isto é, quando têm um problema que não podem resolver por si mesmas. Suas orações se centralizam nelas e naquilo que querem de Deus. É por isso que são poucas as pessoas que realmente oram com poder. Jesus diz que temos que colocar Deus em primeiro lugar. Santificar quer dizer respeitar, reverenciar.

Notemos, porém, que Jesus não nos manda santificar o nome de Deus. Antes, o que fazemos é uma petição: pedimos que ele faça algo que nós não podemos fazer. Pedimos que ele santifique o próprio nome. O homem profano não pode fazer nada para Deus, enquanto o Senhor não fizer alguma coisa em favor dele.

Suponhamos que um pintor, o maior gênio de todos os tempos, dissesse: Vou subir até o espaço para pintar o céu. Nós nos riríamos dele. Do mesmo modo, é impossível ao homem santificar o nome de Deus. Se fôssemos tentar escurecer o céu com piche, só conseguiríamos nos sujar. O céu continuaria do mesmo jeito. Então, o que é que Jesus quis dizer com esta frase?

A ênfase da sentença não se encontra no vocábulo santificado, mas sim em nome. A Bíblia é um livro de nomes. Cada nome tem um significado próprio, com a finalidade de revelar o caráter da pessoa. O nome Jesus, por exemplo, significa: Deus é salvação. Foi por isso que o anjo disse a José: E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Mateus 1: 21.

Quando André levou seu irmão a Cristo, o Senhor disse: Tu és Simão, o filho de João. O nome Simão significa areia; e era uma descrição de seu caráter. Mais tarde, sob a influência de Cristo, ele se tornaria uma nova pessoa. Assim sendo, Jesus disse que seu nome seria mudado: Serás chamado Cefas que quer dizer Pedro, uma rocha sólida e inabalável. João 1: 42.

Saber o nome de uma pessoa significava conhecer a pessoa. Assim, o nome de Deus contém a revelação de sua natureza. Quando dizemos: Santificado seja o teu nome, o que estamos realmente falando é: Revela-te a mim, ó Deus. Jó disse: Porventura desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-poderoso? Jó 11: 7. A resposta é não. O homem só pode conhecer a Deus na medida em que o Senhor Se revela a ele.

Walter de la Mare, poeta inglês, expressou uma dúvida que ocorre a todos nós, às vezes: Será que há mesmo Alguém lá em cima me ouvindo. Antes de podermos começar a orar, temos que nos convencer de que há Alguém ali, pronto a nos ouvir, e, depois, termos consciência de Sua presença.

Há quatro maneiras pelas quais Deus Se revela. 

1. Na Sua maravilhosa criação. Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Salmo 19: 1. Esta foi a primeira revelação que Deus fez de si mesmo. Quantas vezes estamos numa praia e nos sentimos arrebatados pela vastidão sem fim do mar. Quando nos lembramos de que Ele pode segurar os mares na concha de sua mão. Isaías 40: 12, então nós temos uma pequena ideia de como é o Seu poder. Ao contemplar os picos das grandes montanhas, ficamos profundamente impressionados com sua majestade e imponência.

Jesus olhou reverentemente para um lírio do campo, e viu nele a glória de Deus Mateus 6: 28 e 29.

A terra está repleta do céu; cada arbusto de mato arde com a presença de Deus, disse a poetisa Elizabeth Browning. Quando olhamos para os céus vemos a imensidade de Deus; depois olhamos para um floco de neve e vemos Sua perfeição. Um por do sol nos fala de Sua beleza. 

Contudo o homem moderno aventura-se a usar seu próprio conceito da divindade a fim de suprimir esta revelação de Deus. Em vez de orar pedindo chuvas, nós pensamos em chuvas artificiais. Nós podemos bombardear as nuvens com substâncias químicas para provocar chuvas, mas quem fez as nuvens?

Jesus contou a história de um homem rico que se parecia muito conosco. O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: Destruirei os meus celeiros, reconstrui-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Lucas 12: 16 a 18. Eu, eu, eu. Meu, meu, meu. Não há a menor centelha da presença de Deus. Ele não vê o Deus Criador de todas as coisas.

2. Deus se revela através de pessoas. Em Moisés, temos uma visão da lei de Deus; Amós revelou-nos a justiça divina; Oséias, Seu amor e Miquéias, Seus padrões de ética.

Uma pessoa nos tratou bem quando estávamos enfermos; outra nos ajudou num transe difícil. Ainda outra nos estendeu a mão num momento de solidão. Alguém a quem ofendemos nos perdoou demonstrando um espírito de amor. Deus também é revelado através de gestos assim. Nós compreendemos a Deus melhor por causa do amor de nossa mãe, ou pela vida consagrada de um amigo, ou por um heroísmo como o de Joana d'Arc. O culto prestado em companhia dos irmãos é muito mais proveitoso porque sempre aprendemos alguma com os outros.

3. A revelação máxima de Deus é Cristo. Quem vê a mim, vê o Pai. Quando lemos os quatro evangelhos e vemos Jesus retratado neles, começamos a perceber que, na realidade, estamos vendo é Deus.

4. A voz do Espírito Santo é outra maneira de Deus se revelar. Não sei como explicá-la. Poderíamos denominá-la de a voz que é um cicio tranquilo e suave, ou as impressões do Seu Espírito em nós. Eu posso testificar do algumas vezes, talvez bem raras, quando sentimos ter recebido uma palavra direta dele. Samuel ouviu Deus falando com ele de viva voz.

Se conhecemos a Deus, podemos dizer: Santificado seja o Teu nome, isto é, torna-nos mais cônscios de Ti, ó Deus, para que possamos compreender-Te melhor. E quando nossa mente está inteiramente tomada por Deus e nós fixamos os olhos nEle, os pecados que nos assediam perdem domínio sobre nós, e nós nos tornamos mais prontos a ouvi-Lo e obedecê-Lo. É uma condição que nós precisamos preencher se quisermos orar com poder[22].

 

LEITURA ADICIONAL

A Oração do Senhor

Portanto, vós orareis assim. Mateus 6: 9

 A oração do Senhor foi duas vezes dada por nosso Salvador; primeiro à multidão, no Sermão da Montanha, e outra vez, meses mais tarde, aos discípulos apenas. Por um breve período haviam eles estado ausentes de seu Senhor, quando, ao voltarem, O encontraram absorto em comunhão com Deus. Como despercebido de sua presença, Ele continuou a orar em voz alta. Um brilho celeste irradiava da face do Salvador. Parecia mesmo encontrar-Se na presença do Invisível. E havia um vivo poder em Suas palavras, o poder de alguém que fala com Deus. 

O coração dos discípulos foi profundamente comovido enquanto eles escutavam. Tinham observado quão frequentemente Jesus passava longas horas em solicitude, em comunhão com o Pai. Os dias, passava-os a servir às multidões que se comprimiam em torno Dele, e revelando os traiçoeiros sofismas dos rabis, e esse incessante labor deixava-O muitas vezes tão exausto que Sua mãe e Seus irmãos, e mesmo os discípulos, temiam que sacrificasse a vida. Ao volver, porém, das horas de oração que encerravam o cansativo dia, notavam-Lhe a expressão de paz na fisionomia, a sensação de refrigério que parecia desprender-se de Sua presença. Era de horas passadas com Deus que Ele saía, manhã após manhã, para levar aos homens a luz do Céu. Os discípulos haviam chegado a ligar essas horas de oração com o poder de Suas palavras e obras. Agora, ao escutar-Lhe as súplicas, sentiram o coração encher-se de respeito e humildade. Quando Ele acabou de orar, foi com certa convicção de sua profunda necessidade que exclamaram: Senhor, ensina-nos a orar. Luc. 11: 1

Jesus não lhes apresenta nenhuma nova forma de oração. Aquilo que já anteriormente lhes ensinara, repete agora, como se lhes quisesse dizer: Vocês devem compreender o que já lhes dei. Isso encerra uma profundeza de sentido que vocês ainda não sondaram. 

O Salvador não nos restringe, entretanto, ao emprego exato dessas palavras. Identificado com a humanidade, apresenta Seu próprio ideal de oração, palavras tão simples que podem ser adotadas por uma criancinha, e todavia tão compreensivas em sua amplitude que sua significação jamais poderá ser inteiramente apreendida pelos maiores espíritos. É-nos ensinado chegar a Deus com nosso tributo de ação de graças, dar a conhecer nossas necessidades, confessar os pecados que cometemos, e rogar por misericórdia, em harmonia com a Sua promessa. 

Quando orardes, dizei: Pai. Lucas 11: 2

Jesus nos ensina a chamar Seu Pai nosso Pai. Ele não Se envergonha de nos chamar irmãos. Hebreus 2: 11. Tão pronto, tão ansioso é o coração do Salvador de acolher-nos como membros da família de Deus, que logo nas primeiras palavras que devemos usar ao aproximar-nos de Deus, dá-nos a certeza de nossa divina relação: Pai

Aí se encontra a declaração daquela admirável verdade, tão repleta de animação e conforto, de que Deus nos ama assim como ama a Seu Filho. Foi isto que Jesus disse na última oração que fez por Seus discípulos. Tu tens amado a eles como Me tens amado a Mim. João 17: 23

O mundo que Satanás tem pretendido, e sobre o qual tem governado com tirania cruel, o Filho de Deus, por uma vasta realização, circundou em Seu amor, pondo-o novamente em ligação com o trono de Iahweh. Querubins e Serafins, bem como os inumeráveis exércitos de todos os mundos não caídos, entoam cânticos de louvor a Deus e ao Cordeiro ao ser assegurado esse triunfo. Regozijaram-se em que à raça caída fosse aberto o caminho da salvação, e que a Terra fosse redimida da maldição do pecado. Quanto mais não se deveriam regozijar aqueles que são os objetos de tão surpreendente amor! 

Como podemos estar em dúvida e incerteza, e sentir-nos órfãos? Foi em benefício dos que haviam transgredido a lei que Jesus tomou sobre Si a natureza humana; Ele Se tornou como nós, a fim de podermos ter perene paz e segurança. Temos um Advogado nos Céus, e quem quer que O aceite como Salvador pessoal, não é deixado órfão, a carregar o fardo dos próprios pecados. 

Amados, agora somos filhos de Deus. I João 3: 2. E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados. Romanos 8: 17. Ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos. I João 3:2

O primeiro passo mesmo ao aproximar-nos de Deus é conhecer e crer o amor que Ele nos tem! I João 4: 16; pois é mediante a atração de Seu amor que somos induzidos a ir para Ele. 

A percepção do amor de Deus opera a renúncia do egoísmo. Ao chamarmos Deus nosso Pai, reconhecemos todos os Seus filhos como irmãos. Somos todos parte da grande teia da humanidade, todos os membros de uma só família. Em nossas petições, devemos incluir nossos semelhantes da mesma maneira que a nós mesmos. Pessoa alguma ora direito, se busca bênção unicamente para si. 

O infinito Deus, disse Jesus, vos dá o privilégio de Dele vos aproximardes chamando-O de Pai. Compreende tudo quanto isto implica. Pai terreno algum já pleiteou tão fervorosamente com um filho errante como o faz com o transgressor Aquele que vos criou. Nenhum amorável interesse humano já acompanhou o impenitente com tão ternos convites. Deus mora em toda habitação; ouve cada palavra proferida, escuta cada oração erguida ao Céu, experimenta as dores e as decepções de cada alma, e considera o tratamento dispensado a pai e mãe, irmã, amigo e semelhante. Ele cuida de nossas necessidades, e Seu amor, Sua misericórdia e graça estão continuamente a fluir para satisfazer nossa necessidade. 

Mas se chamais a Deus vosso Pai, vós vos reconheceis Seus filhos, para ser guiados por Sua sabedoria, e ser obedientes em todas as coisas, sabendo que Seu amor é imutável. Aceitareis Seu plano para vossa vida. Como filhos de Deus, mantereis, como objeto de vosso mais elevado interesse, Sua honra, Seu caráter, Sua família, Sua obra. Tereis regozijo em reconhecer e honrar vossa relação com o Pai e com cada membro de Sua família. Alegrar-vos-eis em praticar qualquer ato, embora humilde, que contribua para Sua glória ou bem-estar, de vossos semelhantes. 

Que estás nos Céus. Mateus 6: 9. Aquele a quem Cristo nos ordena considerar nosso Pai, está nos Céus e faz tudo o que Lhe apraz. Salmo 115: 3. Em Seu cuidado podemos repousar tranquilos, dizendo: No dia em que eu temer, hei de confiar em Ti. Salmo 56: 3

Santificado seja o Teu nome. Mateus 6: 9

Para santificarmos o nome do Senhor é necessário que as palavras em que falamos do Ser Supremo sejam pronunciadas com reverência. Santo e tremendo é o Seu nome. Salmo 111: 9. Não devemos nunca, de qualquer modo, tratar com leviandade os títulos ou nomes da Divindade. Ao orar, penetramos na sala de audiência do Altíssimo, e devemos ir à Sua presença possuídos de santa reverência. Os anjos velam o rosto em Sua presença. Os querubins e os santos serafins aproximam-se de Seu trono com solene reverência. Quanto mais deveríamos nós, seres finitos e pecadores, apresentar-nos de modo reverente perante o Senhor, nosso Criador! 

Mas santificar o nome do Senhor quer dizer muito mais do que isso. Podemos, como os judeus dos dias de Cristo, manifestar exteriormente a maior reverência por Deus, e todavia profanar constantemente o Seu nome. O nome do Senhor é misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade; ... que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o pecado. Êxodo 34: 5 a 7. Da igreja de Cristo acha-se escrito: Este é o nome que Lhe chamarão: O Senhor é nossa justiça. Jeremias 33: 16.  Este nome é aposto a todo seguidor de Cristo. É a herança do filho de Deus. A família recebe o nome do Pai. O profeta Jeremias, num tempo de cruciante tristeza e tribulação para Israel, orou: Somos chamados pelo Teu nome; não nos desampares. Jeremias 14: 9

Este nome é santificado pelos anjos no Céu, pelos habitantes dos mundos não caídos. Quando orais: Santificado seja o Teu nome. Mateus 6: 9, pedis que seja santificado neste mundo, santificado em vós. Deus vos reconheceu como Seu filho, perante homens e anjos, orai para que não desonreis o bom nome que sobre vós foi invocado. Tiago 2: 7. Deus vos envia ao mundo como representantes Seus. Em cada ato da vida deveis tornar manifesto o nome de Deus. Esse pedido é um convite para que possuais o caráter dEle. Não Lhe podeis santificar o nome, nem podeis representá-Lo perante o mundo, a menos que na vida e no caráter representeis a própria vida e caráter de Deus. Isto só podereis fazer mediante a aceitação da graça e justiça de Cristo[23]

 

Os Nomes de Deus no Antigo Testamento

Os títulos de Deus apresentados nos Escritos inspirados revelam seu caráter e os atributos que possui como Deus. Um estudo do significado dos diversos nomes sob os quais Deus quis revelar-se aclara a natureza de seu trato com o homem. A palavra hebraica shem, nome, pode muitas vezes traduzir-se como pessoa. O mesmo ocorre no NT. A frase bendito o que vem no nome do Senhor. Marcos 11: 9 refere-se sem dúvida a Jesus Cristo como representante pessoal de Iahweh. Bendito, eulogémenos, aqui se entende que foi abençoado e segue sendo abençoadoOutro exemplo: Muitos acreditaram em seu nome. João 2: 23. Aceitaram pela fé a revelação de sua pessoa e a obra que lhes propôs. Acreditaram em sua pessoa e o aceitaram. Desta maneira no NT o nome de Cristo indica o que ele é. Seu nome se tinha feito notório. Marcos 6: 14 indica que se tinham difundido as notícias a respeito de Cristo e de sua obra. 

Na Bíblia hebraica textos tais como Êxodo 3: 14, 15; 6: 3; 34: 14; Jeremias 10: 16; 33: 16, etc., são exemplos de como o nome divino leva consigo a ideia de caráter. Shem, nome, originalmente queria dizer sinal ou prendaO nome é o sinal, ou a prenda daquele que a leva. Descreve a pessoa; é-lhe característico. No grego ónoma, nome, vem da mesma raiz da qual prove a palavra que se traduz mente e o verbo conhecer. Em forma similar, a palavra sánscrita naman, nome, deriva-se do verbo gna, conhecer. O nome é equivalente a uma sinal, ou prenda, pela qual se conhece algo. 

Estes fatos são especialmente verdadeiros no que se refere aos nomes das Pessoas da Divindade. Indicam seu caráter e seus atributos; constituem uma revelação das Pessoas divinas. Os títulos de Deus são uma expressão de sua revelação em sua relação pessoal com os homens mediante o plano de salvação. 

Um título geral para Deus, que aparece mais de 2.500 vezes, é ElohimEsta palavra tem forma de plural, ainda que quando se refere a Deus, geralmente aparece com o verbo no singular. Alguns eruditos associam este termo com o verbo árabe temer, reverenciar, no sentido de que mostra Deus como o Ser Supremo, a quem se deve reverencia. A raiz desta palavra implica força, poder, capacidade. Usa-se pela primeira vez com referência a Deus como Criador Gênesis 1: 1. A obra da criação é uma demonstração assombrosa do poder e da majestade de Deus, da onipotência divina em ação. O poder criador de Deus desperta no homem um temor reverente e um sentido de dependência total. O nome Elohim representa ao Deus que se revelou por suas poderosas obras na criação. 

Ao referir-se a Deus, usa-se o substantivo Elohim quase exclusivamente no plural. Alguns entenderam que aqui se deixa transluzir a doutrina da Trindade. Foi Elohim quem disse: Façamos ao homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Gênesis 1: 26. Este uso do plural sugere certamente a plenitude e as múltiplas capacidades dos atributos divinos. Ao mesmo tempo, o uso constante da forma singular do verbo realça a unidade da Divindade e constitui uma repreensão ao politeísmo. 

Em algumas ocasiões se usou a denominação Elohim para referir-se a homens que estavam ocupando a importante posição de porta vozes de Deus. Por exemplo, Deus lhe disse a Moisés que devia ser para seu irmão Arão em lugar de Deus Elohim Êxodo 4: 16. Deus deu sua mensagem a Moisés, e o deu a Arão, e ele por sua vez transmitiu a Faraó. Isto se vê novamente em Êxodo 7: 1, onde Deus lhe diz a Moisés: Olha, eu te constituí deus Elohim para Faraó, e teu irmão Arão será teu profeta. Estes homens de responsabilidade eram os representantes do único verdadeiro Elohim, daquele que por seu grande poder criou todas as coisas, e que portanto é digno de toda reverência, temor piedoso e culto de parte dos homens criados. Também se usa a palavra Elohim para referir-se a juízes. Êxodo 21: 6; 22: 8, 9 tendo em conta sua função como representantes de Deus. 

Para referir-se ao único Deus verdadeiro se usa mais de 200 vezes a palavra El, forma mais simples, e supostamente mais antiga de Elohim. Moisés, Davi e Isaías parecem ter tido especial preferência por este nome. Algumas vezes se usa com o artigo, como na expressão o Deus de Betel. Gênesis 31: 13; 35: 1, 3, e o Deus de teu pai. Gênesis 46: 3. Também nesta passagem se põe a ênfase naquele que é Todo-poderoso, o Onipotente, o único verdadeiro Deus. Outras formas elementares, tais como Elah e Eloah aparecem em vários textos, como variantes de uma mesma raiz, que expressam sempre a ideia de poder e força.

Com frequência aparece El como parte de palavras compostas usadas como títulos de Deus. Um exemplo disto é El-Shaddai. Este título sugere a abundante bondade de Deus, as bênçãos temporárias e espirituais com as quais enriquece a seu povo. Outros creem que Shaddai vem de uma raiz que significa ser violento, despojar, devastar. Este termo, aplicado a Deus, significaria mostrar poder. Isto se expressa na tradução Deus Onipotente ou Deus Todo-poderoso. Este nome mostra Deus como o Poderoso ou o que dá generosamente. 

Shaddai aparece pela primeira vez em Gênesis 17: 1, 2, 4 e 6. A tradução literal desta passagem seria: Iahweh apareceu a Abrão, e disse: Eu sou El-Shaddai; caminha diante de mim e sê perfeito. E eu farei meu pacto entre mim e ti, e te multiplicarei em grande maneira... e serás pai de uma multidão de nações... e te farei frutificar em grande maneira. Este nome aparece novamente em Gênesis 28: 3, onde Isaac diz que El-Shaddai abençoaria a Jacó, que o faria frutificar e o multiplicaria. Em Gênesis 35: 11; 43: 14 e 49: 25, encontram-se promessas similares de parte de El-Shaddai. Tais passagens sugerem a liberalidade de Deus: O, Deus de poder e autoridade, e Shaddai, Deus de riquezas inesgotáveis, as quais concede aos homens. 

O título divino mais comum no AT, 5.500 vezes, é a palavra sagrada YHWH do que algumas vezes se translitera IAHVEH, chamada de tetragrama sagrado, quatro letras, referindo-se às quatro consoantes que a compõem. No hebraico antigo se escrevia somente as consoantes das palavras. YHWH aparece como Iahweh. Os judeus consideravam tão sagrado o título YHWH que nem ao ler as Escrituras o pronunciavam, a fim de não profanar, nem sequer involuntariamente, o nome do Senhor Levítico 24: 16

Diziam em seu lugar a palavra Adonai. Em consequência, perdeu-se a verdadeira pronunciação de YHWH. Pensa-se, no entanto que pôde ter sido Yahweh. 

Poucos séculos depois de Cristo, certos eruditos judeus, chamados masoretas, adicionaram vogais ao hebraico escrito a fim de preservar o conhecimento do idioma falado. Nesse tempo adicionaram às consoantes YHWH as vogais da palavra Adonai. Isto deu lugar a que a palavra se lesse literalmente Yehowah, transliterada em português como Iahweh. Ao não conhecer qual era o som vocálico original de YHWH, os masoretas se propuseram então chamar o atendimento ao fato de que a palavra devia ler-se Adonai. Por isso um leitor judeu bem informado, ao encontrar-se com a palavra Yahweh, lia Adonai. Os primeiros tradutores cristãos ignoravam isto, e simplesmente traduziram a palavra Yehowah, de onde temos a palavra Iahweh. Para evitar este problema, e seguindo a tradição judaica, em outros idiomas se usa o equivalente de Senhor. A VVR usa sistematicamente a transliteração Iahweh. Êxodo 6: 31; Salmo 83: 18; Isaías 26: 4, etc. 

Tem grandes diferenças de opinião entre os eruditos com respeito à origem, a pronuncia e o significado da palavra YHWH. Possivelmente YHWH seja uma forma do verbo hebraico ser, e neste caso significaria o que é, o que existe por si mesmo. Alguns eruditos afirmam que a forma verbal neste caso poderia ser causativa, e que portanto significaria o que causa o ser; ou que interpretada mediante a frase Ehyeh asher ehyeh. Êxodo 3: 14, significa o que é ou será, o eterno. O título Senhor ou Iahweh compreende os atributos da autoexistência e eternidade. Iahweh é o Deus vivente, a Fonte de vida, em contraste com os deuses dos pagãos que não têm existência aparte da imaginação de suas adoradores. I Reis 18: 20 a 39; Isaías 41: 23 a 29; 44: 6 a 20; Jeremias 10: 10, 14; I Coríntios 8: 4. Este nome foi revelado a Moisés no monte Horebe. Êxodo. 3: 14. É o Santo nome do Deus que guarda seu pacto, que fez provisão para a salvação de seus filhos. Semelhante aos outros títulos divinos, representa em hebraico o caráter divino de sua relação pessoal com seu povo. 

Uma profunda sensação de reverência ante o sagrado caráter dos nomes de Deus se unia ao vivo anseio dos escribas de mostrar respeito por esses nomes. Sob estas influências, tomavam precauções especiais para copiar fielmente os nomes divinos. Detinham-se num momento antes de escrever as letras sagradas. E o nome que era considerado por sobre todos os outros como nome pessoal de Deus, era Yehowah. 

A expressão palavra de Iahweh é muito comum no AT. Encontra-se em Gênesis 15: 1, num capítulo onde o nome Elohim não aparece. Iahweh é o nome do pacto. É o nome sob o qual Deus se acercava aos homens para comunicar-se com eles. Gênesis. 18: 1, 2; 28: 13-17; Êxodo 33: 9 a 11; 34: 6, 7

O nome Yehowah aparece também em nomes compostos que manifestam mais plenamente o poder redentor e preservador de Deus com relação a seu povo. Tal é a frase Yehowah-yir’eh, literalmente, Deus verá. Gênesis 22: 14, que significa Deus proverá. Verso 8. A palavra prover implica ver antecipado. O ponto no qual foi provada a fé de Abraão não foi se Deus apareceria, mas Deus proveria. Contém a promessa de que Deus proveria o sacrifício necessário para a expiação. Este nome composto é o fundamento mesmo do plano de salvação. 

Em Ezequiel 48: 35 se encontra a expressão: Iehowa-shama, que em hebraico se Yehowah shammah, e que significa Iahweh está ali. Isto sugere a presença de Iahweh entre seu povo. A expressão usada por Agara a respeito de Iahweh, El-ra’i, literalmente Deus me vê. Gênesis 16: 13, este é quase um título. Outras frases descritivas hebraicas têm um uso similar: Yehowah-ro’i, Iahweh meu pastor, Salmo 23: 1; Yehowah-rop’eka, Iahweh teu médic, Êxodo 15: 26; Yehowah-tsideqenu, Iahweh nossa justiça, Jeremias 23: 6; Yehowah-shalom, "Jehová Paz, Juízes 6: 24. Todos estes títulos ajudam a expressar a parte que Deus desempenha no plano de salvação. 

Há outros nomes que sugerem a luta do crente: Yehowah-nes, Iahweh bandeira. O substantivo nes, bandeira, sinal, estandarte, implica um ponto em torno do qual se concentram as tropas. O título Yehowah-tsebaoth, Senhor dos Exércitos, pela primeira vez em I Samuel 1: 3, destaca-o como Comandante chefe de todos os seres criados, como Aquele que levará a toda sua criação à vitória final. Romanos 9: 29; Tiago 5: 4. Este título também aparece sob a forma Elohim-tsebaoth. Salmo 80: 7, 14 e 19; Amós 5: 27

O título Iahweh dos exércitos é o mais sublime dos títulos divinos. Sugere um pleno controle e senhorio sobre o universo inteiro. Um formoso exemplo disto se acha no Salmo 24: 9, 10, onde se lê literalmente: Levantai, portas, vossas cabeças; e levantai-vos, portas de eternidade, e entrará o Rei de glória. Quem é este Rei de glória? Iahweh dos exércitos; ele é o Rei da glória. II Samuel 7: 26; Salmo 46: 7; 48: 8; Zacarias 2: 9

Usa-se umas 300 vezes a palavra hebraica Adon no AT. Geralmente se a traduz Senhor. Usa-se para referir-se ao dono de uma propriedade, ao chefe de família, ou ao governador de uma província. Em I Reis 16: 24 se traduz dono. É um título de hierarquia, honra e autoridade. Gênesis 18: 12; 24: 12, 42; Êxodo 21: 4; Números 11: 28; I Samuel 1: 15. Quando se aplica este termo a Deus, se lhe dá a forma Adonai. Aparece pela primeira vez em Gênesis. 15: 2, 8; 18: 3. Faz ressaltar sua posição como senhor e dono, também o direito que tem de ser obedecido. Algumas vezes aparece em conjunção com Yehowah, traduzindo-se Iahweh o Senhor. Êxodo 23: 17; 34: 23. Também aparece em combinação com Elohim. Salmo 35: 23; 38: 15. Veja-se a tabulação das combinações de nomes no artigo sobre Os idiomas, manuscritos e o cânon do AT O título Adonai se encontra na expressão Senhor de toda a terra. Josué 3: 11, 13; Salmo 97: 5; Zacarias 4: 14; 6: 5; Miquéias 4: 13

Há outros dois títulos que expressam a ideia de Altíssimo, Exaltado. Um é Elyon, do verbo levantar-se". Encontram-se exemplos em Gênesis 14: 18 a 20 e 22; Números 24: 16; II Samuel 22: 14; Salmo 7: 17; 9: 2; 18: 13; 21: 7; 46: 4; 47: 2, etc., achando-se o último em Lamentações 3: 38. O título Altíssimo, Salmo 92: 8; Miquéias 6: 6 deriva de outra palavra hebraica, marom, de raiz diferente, elevar-se, ser exaltado.

O nome ba’al, baal, que também significa senhor, dono, é comum no AT, usando-se geralmente como título de desonra, por ser o nome dado aos deuses pagãos. Aparece quase sempre usado em nomes compostos como Jerobaal, É-baal e Merib- baal. Mas também se o aplica a Iahweh, traduzindo-se marido. Isaías 54: 5; Joel 1: 8. Usa-se a forma feminina para indicar a igreja, a esposa de Deus Isaías 62: 4, Beula.

Usam-se outros títulos como El-sul, que se traduz Força de Israel. Isaías 30: 29; etc. e Roca II Samuel 23: 3; etc.; mas estes não são chamados como nomes próprios[24].



[1] A Psiquiatria de Deus, Charles L. Allen, Editora Betânia, pp. 65 e 66.

[2] Comentário ao Novo Testamento, Willian Barclay, Editora Clie Mateus, vol. 1, pp. 229 a 231.

[3] CBASD, vol. 5, p. 336.

[4] BJ, p. 1848.

[5] CBASD, vol. 5, p. 336.

[6] CBASD, vol. 5, p. 336.

[7] CBASD, vol. 5, p. 336.

[8] Sermões Walter Shubert, Verdades e Especulações sobre o Céu.

[9] CBASD, vol. 5, p. 336.

[10] CBASD, vol. 5, pp. 336 e 337.

[11] Comentário ao Novo Testamento, Willian Barclay, Editora Clie Mateus, vol. 1, pp. 231 a 241.

[12] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem-Aventuranças, MM 2.001, George Knight, p. 201.

[13] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem-Aventuranças, MM 2.001, George Knight, p. 202.

[14] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem-Aventuranças, MM 2.001, George Knight, p. 203.

[15] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem-Aventuranças, MM 2.001, George Knight, p. 204.

[16] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem-Aventuranças, MM 2.001, George Knight, p. 205.

[17] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem-Aventuranças, MM 2.001, George Knight, p. 206.

[18] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem-Aventuranças, MM 2.001, George Knight, p. 207.

[19] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem-Aventuranças, MM 2.001, George Knight, p. 208.

[20] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem-Aventuranças, MM 2.001, George Knight, p. 209.

[21] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem-Aventuranças, MM 2.001, George Knight, p. 210.

[22] A Psiquiatria de Deus, Charles L. Allen, Editora Betânia, pp. 67 e 75.

[23] O Maior Discurso de Cristo, Ellen Gold White, CPB, pp. 102 a 107.

[24] CBASD, vol. 1, pp. 179 a 182.