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Jesus Comenta o Sexto Mandamento

 

 

21 - Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; aquele que matar terá que responder em juízo.

 

OUVISTE - O ensino tradicional se transmitia oralmente, sobretudo nas sinagogas[1].

 

Jesus apresenta agora exemplos específicos de sua interpretação da lei. Como Autor e seu único verdadeiro Expositor. Pondo de lado a casuística rabínica, Jesus restaurou a verdade a sua formosura original. A expressão ouvistes implica que a maioria dos ouvintes nesta ocasião não tinham lido eles mesmos a lei. Isto era de se esperar, porque a maioria deles eram rudes lavradores e pescadores. Quando conversou mais tarde com os eruditos sacerdotes e anciãos, Jesus perguntou: Nunca lestes nas Escrituras? Mateus 21: 42. No entanto, esse mesmo dia um grupo de pessoas comuns do povo, dentro do átrio do Templo, dirigiu-se a Jesus dizendo: Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece para sempre João 12: 34[2].

 

FOI DITO - Ao citar a antigos expositores da lei, os rabinos com freqüência apresentavam o que esses eruditos tinham dito, com as palavras que Jesus emprega aqui. Nos escritos rabínicos estas palavras se usam também para apresentar citações do AT[3].

 

NÃO MATARÁS - O sexto mandamento do Decálogo.

Comentário Êxodo 20: 13: Qualquer entendimento correto de nossa relação com nosso próximo indicam que devemos respeitar e honrar sua vida, pois toda vida é sagrada Gênesis 9: 5 e 6. Jesus exaltou Isaias 42: 21 este mandamento ao incluir, como parte de sua violação, a ira E o desprezo Mateus 5: 21 e 22. Mais adiante o apóstolo João adicionou a sua violação o ódio I João 3: 14 e 15. Este mandamento não só proíbe a violência física senão o que é de conseqüências muito maiores: o dano feito à alma. O violarmos quando induzimos outros ao pecado por nosso exemplo e nossa conduta e contribuímos assim à destruição de suas almas. Os que corrompem ao inocente e seduzem ao virtuoso matam num sentido muito pior do que o assassino e o bandido, pois fazem algo mais do que matar o corpo. Mateus 10: 28[4]

 

SERÁ CULPADO DE JUIZO - Isto é, será réu ante o tribunal. Em casos de homicídio não premeditado, diferente de um assassinato, a lei protegia ao homicida em cidades de refúgio Números 35: 6; Deuteronômio 19: 3. Aqui se faz referência a um derramamento intencional de sangue, a uma falha de culpabilidade e ao castigo de parte das autoridades estabelecidas[5]

 

Refere-se ao sexto mandamento do decálogo, um derramamento intencional de sangue, um assassino que estaria à disposição das autoridades estabelecidas para que cumprisse pena pelo homicídio culposo. Amargura e animosidade devem ser banidas da alma, se queremos estar em harmonia com o Céu.

 

22 - Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, terá de responder em juízo; aquele que chamar ao seu irmão: Cretino! estará sujeito ao julgamento do Sinédrio; aquele que lhe chamar: Louco terá de responder ao julgamento da geena de fogo.

 

DIGO-VOS - Os rabinos citavam as tradições como autoridade na qual baseavam sua interpretação da lei. Cristo falou por sua própria autoridade, e este fato distinguia seu ensino dos rabinos, o que o povo observou sem demora Mateus 7: 29. A expressão, mas eu vos digo aparece seis vezes em Mateus 5 versos 22, 28, 32, 34, 39, 44. Cristo demonstrou que suas demandas iam muito além da mera letra da lei, e que incluíam o espírito que teria de dar vida e significado ao que de outro modo não era senão forma. Apresentou seis exemplos específicos a fim de deixar em claro a distinção entre os fatos visíveis e os invisíveis que levam a realizar essas reações. Este contraste, que percorre como uma fibra de ouro o Sermão do Monte, faz que o discurso seja a declaração suprema da filosofia cristã da vida, a máxima exposição de ética de todos os tempos. 

 

Cristo destacou quão abarcantes são em verdade os requerimentos da lei e fez ressaltar que a mera conformidade exterior com a lei de nada serve[6].

 

Comentário Lucas 4: 22 - Todos testemunhavam a seu respeito e admiravam das palavras cheias de graça que saiam da sua boca. E diziam: Não é o filho de José.

 

TODOS TESTEMUNHAVAM - Todos davam bom depoimento. A pessoa de Nazaré tinha ouvido relatórios a respeito do poder que acompanhava à pregação de Jesus durante seu ministério na Judéia. Agora essa mesma gente teve a oportunidade de sentir-se subjugada pelo encanto dessa pregação. Deram-se conta de que os relatórios não tinham sido exagerados[7]

 

DAS PALAVRAS CHEIAS DE GRAÇA - Teve que se ter dito muito mais do que o que aqui se registra. As pessoas ficaram fascinadas e felizes com as palavras de Jesus, cheias de graça e encanto[8]

 

NÃO É O FILHO DE JOSÉ - A forma da pergunta grega indica que se esperava uma resposta afirmativa. Esta pergunta não expressa incerteza, mas admiração. Tinham conhecido a Jesus através dos anos, mas chegaram a considerá-lo como a um homem comum, semelhante a qualquer um, com menos faltas do que eles. Negou-se a crer que Aquele a quem conheciam tão bem pudesse ser o Noivo, e sua falta de fé os deixou turbados. 

 

Jesus era considerado comumente como filho de José. A mãe de Jesus, seus irmãos e irmãs, ainda viviam em Nazaré Mateus 13: 54 a 56, e sem dúvida estavam presentes entre as pessoas. É provável que enquanto se perguntavam não é este o filho de José, seus olhares se dirigissem espontaneamente para esses membros da família de Jesus. Lucas 2: 34 35 e 51[9]

 

ENCOLERIZAR - Jesus toma separadamente os mandamentos, e expõe-lhes a profundidade e a largura de suas reivindicações. Em lugar de remover um jota de sua força, mostra quão vasto é o alcance de seus princípios, e expõe o erro fatal dos judeus em sua ostentação exterior de obediência. Declara que, pelo mau pensamento ou o cobiçoso olhar, é transgredida a lei divina. Uma pessoa que se torna participante de uma mínima injustiça, está violando a lei e degradando sua própria natureza moral. O homicídio existe primeiro na mente. Aquele que dá ao ódio um lugar no coração, está pondo o pé no caminho do assassínio, e suas ofertas são aborrecíveis a Deus.

 

Os judeus cultivavam um espírito de vingança. Em seu ódio aos romanos, proferiam duras acusações e agradavam ao maligno pela manifestação de seus atributos. Estavam assim se preparando para praticar terríveis ações. Não havia, na vida religiosa dos fariseus , nada que recomendasse a piedade aos olhos dos gentios. Jesus declarou-lhes que se não enganassem com a idéia de poderem revoltar-se no coração contra seus opressores, e acariciar o anseio de vingar-se de suas injustiças[10].

O assassinato é o resultado final do ódio. Mas uma pessoa pode ocultar seu ódio de seu próximo, e dos que são o objeto de sua ira. O mais que se pode fazer num tribunal é castigar as ações que resultam do ódio. Só Deus pode chegar até a raiz do assunto para condenar e castigar a uma pessoa por causa do ódio[11]

 

CRETINO - A palavra raqa traduzida do aramaico significa: cabeça vazia, sem miolos[12].

 

O cristão deve tratar com carinho e respeito o mais humilde dos seres humanos, o ódio é um sentimento que jamais poderia ser encontrado entre os filhos de Deus, pois é contrária a natureza do Criador. Refere-se ao veredito da justiça local de uma cidade ou aldeia, e indica que a ira se tinha expressado em ameaças ou ações[13].

 

NéscioGrego: rhaká, sem dúvida uma transliteração do aramaico reqa, Hebraico: reqah, que significa sem valor, estúpido. É uma vigorosa expressão depreciativa. Na literatura rabínica reqa aparece como a exclamação de um oficial quando um subalterno não lhe fez a saudação devida. O cristão deve tratar com respeito e ternura ainda ao mais ignorante e degradado[14].

 

SINÉDRIO - Aqui o Grande Sinédrio, que tinha sua sede em Jerusalém. Responder num tribunal, versos 21 e 22 fazem alusão aos tribunais disseminados pelo país, em contraposição ao Grande Sinédrio[15].

 

O Sinédrio ou Conselho era o supremo tribunal dos judeus, composto de 70 membros[16].

 

Grego: sunédrion, palavra que se refere ao sanedrín local, ou tribunal da cidade e não o grande sanedrín de Jerusalém[17]

 

LOUCO - Grego: môrós, estúpido, tonto. Sugeriu-se que a palavra môrós é a transliteração do vocábulo hebraico moreh, contencioso, rebelde, contumaz, ao passo que rhaká expressa desprezo pela inteligência de um indivíduo, ou, melhor dito, por, a falta de inteligência, môrós, tal como se o emprega aqui, expressa desdém pelos motivos do indivíduo. No primeiro caso se chama estúpido ao indivíduo; no segundo, se o denomina preguiçoso ou impostor, o qual implica que se porta nesciamente por motivos diversos. Se Cristo se negou a proferir juízo de maldição contra o diabo Judas 9, nós deveríamos refrear de fazê-lo com nossos próximos. Temos de deixar com Deus a obra de julgar e condenar a uma pessoa por seus motivos. 

 

Segundo o Talmude Kiddushin 28a, o que fora culpado de denegrir a outro chamando-o escravo, devia ser excomungado da sinagoga durante 30 dias, e o que chamasse o outro bastardo, devia receber 40 chicotadas[18].

 

GEENA DE FOGO - Era um vale ao sul de Jerusalém, para o qual se deitava todo o lixo da cidade. Lá em tempos anteriores faziam os sacrifícios ao deus Moloch. Era considerado o símbolo do castigo dos maus[19].

 

Literalmente geenna de fogo. Geenna é a transliteração das palavras hebraicas ge" hinnom, vale de Hinom, ou ge ben hinnom, vale do filho de Hinom. Josué 15:  8. Este vale está a sudeste de Jerusalém e se encontra com o vale de Cedron, imediatamente ao sul da cidade de Davi e o tanque de Siloé Jeremias 19: 2. O ímpio rei Acaz parece ter iniciado nos dias de Isaías o bárbaro costume pagão de queimar os meninos, oferecendo a Moloc num alto chamado Tofet, no vale de Hinom II Crônicas 28: 3; Esses ritos abomináveis se descrevem em Levitico 18: 21; Deuteronômio 18: 10; 32: 17; II Reis 16: 3; 23: 10; Jeremias 7: 31. Manasses neto de Acaz, restabeleceu essa prática II Crônicas 33: 1 6; Jeremias 32: 35.

 

Anos depois, o bom rei Josias profanou cerimonialmente os altos do vale de Hinom onde se tinha realizado esse atroz tipo de culto II Reis 23: 10, com o qual se acabaram esses sacrifícios. Como castigo por esse e outros males, Deus advertiu a seu povo que o vale de Hinom num dia seria o Vale da Matança por causa dos corpos mortos deste povo. Jeremias 7: 32 e 33; 19: 6; Isaias 30: 33. Por isso os fogos de Hinom se converteram num símbolo do fogo consumidor do último grande dia de juízo e do castigo dos ímpios Isaias 66: 24. Segundo as idéias escatológicas judaicas, derivadas em parte da filosofia grega, geenna era o lugar onde se reservavam as almas dos ímpios sob castigo até o dia do juízo final e das retribuições. 

 

A tradição que afirma que o vale da Gehenna forma latina do nome era o lugar onde se queimavam os desperdícios, e que, portanto era uma figura do fogo do dia final, parece ter-se originado com o rabino Kimchi, erudito judeu dos séculos XII e XIII. A antiga literatura judaica não contém nada disto. Os rabinos mais antigos basearam a idéia da Gehenna como um símbolo do fogo do último dia em Isaias 31: 9. Ver artigo Hell em Seventh-day Adventist Bible Dictionary[20].

 

 

23 - Portanto, se estiveres para trazer a tua oferta ao altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti,

 

OFERTA - Grego: dóron, palavra que se refere a qualquer classe de presentes ou a oferendas especiais. Em Mateus 23: 18 e 19 se deixam ver claramente qual era a importância ritual de uma oferenda colocada sobre o altar[21].

 

IRMÃO - Referência ao nosso próximo, aqueles com quem mantemos relacionamentos, Cristo aclarou que todos os homens são irmãos independentemente de raça, cor, posição social, sexo, Parábola do Bom Samaritano.  Lucas 10: 29 a 37.[22]

 

24 - deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e depois virás apresentar a tua oferta.

 

OFERTA - Deixa aliO apresentar uma oferta ou sacrifício pessoal se considerava entre os atos religiosos mais sagrados e importantes, mas ainda isto devia ocupar um lugar secundário pelas circunstâncias aqui expostas. É possível que a oferta aqui mencionada fosse um sacrifício feito com o fim de obter o perdão e o favor de Deus. Cristo insiste em que os homens devem arrumar as contas com seus próximos antes que possam reconciliar se com Deus Mateus 6: 15; I João 4: 20. A obrigação mais importante tem prioridade sobre outra de menor importância. A reconciliação tem mais importância do que o sacrifício. Viver os princípios cristãos Gálatas 2: 20 são de muito maior valor à vista de Deus do que praticar as formas externas da religião. II Timóteo 3: 5[23].

 

RECONCILIAR - Comentário Mateus 6: 12 - E Perdoa as nossas dívidas como também nós perdoamos aos nossos devedores E perdoa-nos. Grego: afíêmeí, palavra comum no NT, que com freqüência significa deixar. Mateus 4: 11 ou despedir. Marcos 4: 36, mas que também se traduz corretamente com a idéia de remeter João 20: 23, ou perdoar Lucas 5: 21 e 23. Quando se emprega a palavra com este segundo sentido, faz-se ressaltar a idéia de que o perdão deixa sem culpa ao pecador. 

 

NOSSAS DÍVIDAS - Grego: oféilêma, palavra comumente empregada para referir-se às dívidas legais Romanos 4: 4, mas usada aqui no sentido de dívidas morais e espirituais. Aqui se representa ao pecado como dívida e ao pecador como devedor. A passagem paralela de Lucas diz pecados. Capítulo 11: 4; Mateus 18: 28 e 30; Lucas 7: 41 a 43

 

COMO TAMBÉM NÓS PERDOAMOS - Isto é, como já perdoamos. No grego uns poucos manuscritos usam o presente, mas a evidência textual estabelece o uso do aoristo pretérito indefinido. Isto último insinuaria que não devêssemos atrevemos a pedir perdão se não perdoamos já a nosso próximo. 

 

AOS NOSSOS DEVEDORES - Os que nos fizeram mal[24]

 

25 - Assume logo uma atitude conciliadora com teu adversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e, assim, sejas lançado na prisão.

 

CONCILIADORA - Põe-te de acordoGrego: eunoéô, ter a mente bem disposta para com alguém, verbo relacionado com a palavra éunoos, benévolo, bem disposto, favorável, amigável. O estar de acordo implica uma mudança de sentimentos para com o que foi antes adversário[25]

 

ADVERSÁRIO - Grego: antídikos, opositor, o adversário num pleito legal. O contexto indica que neste caso o adversário é o acusador e que a pessoa a quem Cristo fala é o acusado Lucas 12: 58 e 59. No caminhoIsto é, de caminho ao tribunal. Jesus disse que era preferível arrumar as coisas sem recorrer aos tribunais[26]

 

         OFICIAL DE JUSTIÇA - Grego: huperetes, servidor público, subordinado. Emprega-se este termo no NT para referir-se aos ajudantes da sinagoga ver comentário Lucas 4: 20 a João Marcos como ajudante de Paulo e Barnabé Atos 13: 5, e aos ministros do Evangelho Lucas1: 2; Atos 26: 16; I Corintios 4: 1[27]

 

26 - Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo.

 

DIGO - Jesus orienta para a posição de consenso, e para se evitar tribunais, tentar viver em harmonia com o próximo sem a dureza da lei que exige o pagamento do último centavo, sendo fria e não dirigida pôr misericórdias. O Rei Davi ao ter escolher entre três castigos preferiu o castigo em que seria entregue nas mãos de Deus, pois usa de muitas misericórdias e o homem não.

 

A NOVA AUTORIDADE

 

Esta seção dos ensinamentos de Jesus é uma das mais importantes do NT. Antes de estudá-la em detalhes tem certas coisas gerais que devemos mencionar.

 

Jesus fala com uma autoridade que nenhum outro homem sonharia em se atribuir. A autoridade que Jesus assumiu surpreendia sempre aos que entravam em contato com Ele. No início de Seu ministério, despois de pregar na sinagoga de Cafarnaum, nos diz de Seus ouvintes: E se admiravam de Sua doutrina; porque lhes ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas. Marcos 1: 22. Mateus conclue seu relato do Sermão do Monte dizendo: Quando terminou Jesus estas palavras, As pessoas estavam admiradas de Sua doutrina, porque lhes ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Mateus 7: 28s.

 

Nos é difícil darmos conta exatamente do surpreendente que deve de ter sido para os judeus que escutavam esta autoridade de Jesus. Para os judeus, a Lei era absoluta­mente santa e divina; é impossível enxergar até que ponto a reverenciavam. A Lei diziam é santa, e foi dada por Deus. Só os decretos de Moisés, dizia Filón, são perduráveis, inalteráveis e inamovíveis, como se a natureza mesma os houvesse firmado com seu selo. Os rabinos diziam: Os que negam que a Lei procede do Céu não tem parte no mundo vindouro. E também: Até se um diz que a Lei é de Deus com a exceção deste ou aquele verso que disse Moisés, não Deus, falando por sua boca, então se lhe aplica o juizo. Tem desprezado a Palavra do Senhor: E dado mostras da irreverência que merece a destruição de sua alma. O primeiro ato no culto da sinagoga era ler os livros da Lei da arca onde se guardavam, e ele levava dando a volta com a congregação, para que esta pudesse mostrar sua reverência.

 

Isso era o que os judeus pensavam da Lei; e aqui Jesus cita a Lei não menos que cinco vezes Mateus 5: 21, 27, 33, 38, 43, só para citá-la e ampliar por Seu próprio ensino. Se atribuía o direito de indicar as interpretações das Escrituras mais sagradas do mundo, e dar o enfoque com Sua própria sabedoria. Os gregos definiam exusía, autoridad, como o poder para ensinar e determinar sua vontade. Jesus reclamava este poder em sua relação com o que os judeus criam o que era a Palavra eterna e imutável de Deus. Jesus não discutiu isto, nem se propôs a justificar-se de nenhuma maneira por fazê-lo, nem tratou de demonstrar seu direito a fazê-lo. Responsavelmente e sem questionar assumiu este direito.

 

Ninguém havia ouvido nunca nada semelhante. Os grandes mes­tres judeus usavam frases características em seu ensinos. A frase característica do profeta era: Assim diz o Senhor. Não pretendía ter nenhuma autoridade pessoal; o único que pre­tendia era falar o que Deus lhe havia dito. A frase carac­terística do escriba e do rabino era: Há um ensino acerca de... O escriba ou o rabino jamais se atreviam a expressar nem sequer uma opinião própria a menos que pudessem respal­dá-la com frases dos grandes mestres do passado. A inde­pendência era a última qualidade que se atribuiria a eles. Para Jesus uma afirmação não requeria mais autoridade que de fato Ele a requeresse. Ele era Sua própria autoridade.

 

Das duas uma: Ou Jesus era um louco, ou era único; ou era um megalomaníaco, ou era o Filho de Deus. Nenhuma pessoa normal podería atrever-se a mudar o que se considerava a eterna Palavra de Deus.

 

O maravilhoso da autoridade é que é auto-evidente. Tão pronto como uma pessoa se põe a ensinar se sabe imedia­tamente se têm direito a ensinar ou não. A autoridade é como uma atmosfera ao redor de uma pessoa. Não necessita atribuir­se; ou têm, ou não.

 

As orquestas que tocaram sob a direção de Toscanini diziam que tão pronto ele ocupasse o comando poderiam sentir uma áurea de autoridade que fluía dele. Julian Duguid conta que uma vez cruzou o Atlântico no mesmo barco que Wilfred Grenfell; e disse que quando Grenfell entrava em alguma das habitações públicas do barco, se podía dizer sem dirigir-lhe o olhar que havia entrado na habitação; porque uma áurea de autoridade saia do homem. Era supremamente assim com Jesus.

 

Jesus tomava a sabedoria humana mais elevada e a corrigia, porque Ele era o Que era. Não tinha que discutir; Lhe bastava falar. Nada pode honradamente estar face a face com Jesus e escutar-lhe sem sentir que é a última Palavra de Deus ao lado de Quem todas as outras palavras são inadequadas, e toda outra sabedoria, defasada.

 

O NOVO NÍVEL

 

Ainda que o aceno de autoridade de Jesus fosse alucinante, ele propunha um nível mais elevado aos homens. Jesus dizia que, perante Deus, não era somente o homem culpado de cometer assassinato; ele que odiava seu irmão seria julgado e tornado culpado. Não era somente culpado por cometer adultério; mas o que permitisse que um desejo impuro se assentasse em seu coração também seria culpado.

 

Aqui havia algo que era completamente novo, algo que a humanidade não havia captado todavía suficientemente. O ensino de Jesus era que não era suficiente não cometer assassinato; o único que seria suficiente seria não haver desejado nunca come­ter assssinato. O ensino de Jesus era que não era bastante não cometer adultério; o único suficiente sería não desejar seque­r cometê-lo nunca.

 

Pode ser que não tenhamos golpeado nunca uma pessoa; porém, quem pode dizer que nunca desejou fazê-lo? Pode ser que nunca tenhamos cometido adultério; porém, quem pode dizer que nunca tenha experimentado o desejo de algo proibido? O ensino de Jesus era que os pensamentos são tão importantes como as obras, e que não basta não cometer pecado; o que sim bastaria seria não querer cometê-lo.

 

O ensino de Jesus era que não se julga somente uma pessoa por suas obras, mas por seus desejos que nunca se materializaram em obras. Segundo os níveis do mundo, uma pessoa é uma boa pessoa se não fizer nunca o que está proibido. O mundo não tem como julgar os pensamentos. Porém para o nível de Jesus, uma pessoa não é boa até que nem sequer deseja fazer o pro­ibido. Jesus está intensamente preocupado com os pensamen­tos de uma pessoa. Disto surgem três coisas:

 

1. Jesus estava totalmente certo, porque Seu caminho é o único que conduz a salvação e a segurança. Até certo ponto todos temos uma personalidade dividida. Há uma parte de nós que é atraída ao bem, e outra parte de nos que é atraída ao mal. Entretanto uma pessoa, está travando uma batalha em seu interior. Uma voz está incitando a tomar a coisa proibida; a outra voz a está proibindo.

 

Platão comparava a alma com alguém que tivesse que domar dois cavalos. Um era dócil e obediente as orientações e a palavra de mando; o outro, selvagem, indômito e rebelde. O nome de um cavalo era a razão; o outro, a paixão. A vida é sempre um conflito entre as exigências das Paixões e o controle da razão. A razão são as orientações que mantém a paixão e os limites. Porém, as rédeas se podem romper a qualquer momento. O domínio próprio pode ba­ixar a guarda um instante, o que sucede então? Entretanto exista esta tensão interior, este conflito interno, a vida se mantém insegura. Em tais circunstâncias não há coisa melhor como estar a salvo. A única maneira, nos diz Jesus, é erra­dicar para sempre o desejo proibido. Só então a vida está a salvo.

 

2. Neste caso, só Deus pode julgar. Não vemos nada mais que as ações exteriores de uma pessoa; só Deus vê os segredos do coração. E fará muitas pesso­as que exteriormente são um modelo de retidão, porém cujos pensamentos íntimos são culpados diante de Deus. Haverá muitos que podem ser declaradas inocentes no juízo humano, julgados por coisas externas, porém cuja bondade conflita ante o olhar poderoso de Deus.

 

3. Neste caso, cada um de nós é culpado; porque não há nenhum só que possa resistir este juizo de Deus. Assim temos vivido uma vida de perfeição moral externa, não há ninguém que possa dizer que não tenha experimentado nunca o desejo proibido de coisas más. Para a perfeição interior, o único que é suficiente alegar é dizer que eu estou morto e Cristo vive em mim. Com Cristo estou juntamente crucificado, disse Paulo, e já não vivo, mas Cristo vive em mim. Gálatas 2:20.

 

O novo nível mata todo orgulho, e nos impulsiona a Jesus Cris­to, Que é o único que pode permitir alcançar este nível que Ele mesmo nos propõe.

 

A IRA PROIBIDA

 

Aqui temos o primeiro exemplo do novo nível que Jesus propõe. A antiga Lei havia estabelecido: Não matarás. Êxodo 20:13; Jesus estabelece que até o aborrecimento com um irmão está proibido. Na tradução clássica inglesa se encontram as palavras sem causa, que não estão em nenhum dos grandes manuscritos; isto não é nada menos que uma total proibição da ira. Não basta não golpear uma pessoa; o que realmente seria suficiente é não desejar sequer golpear-lhe; nem sequer ter um sentimento duro contra ele no coração.

 

Nesta passagem Jesus segue o raciocínio na maneira dos rabinos. Se mostra experto no manejo dos métodos de discussão que tinham o costume de usar os sábios de Seu tempo. Há nesta passagem uma sutil gradação da ira, e uma correspondente e sutil gradação de castigo.

 

1. Em primeiro lugar temos o que está aborrecendo contra seu irmão. O verbo original que se usa aqui é orguizesthai. En grego existem duas palavras para ira. Está thymós, que se comparava com a chama que prende a palha seca. É a ira que se inflama rapidamente e que se consome com a mesma rapidez. É uma ira que surge depressa e que também passa depressa. Está orguê, que se descreve como uma ira que se faz inveterada. É a ira longa; é a ira de uma pessoa que guarda sua raiva para mantê-la quente; é a ira que se cultiva, e não deicha morrer.

 

A ira está sujeita a juizo. Este juizo era no tribunal local que sentenciava justiça. Estava formado por anciãos da localidade, e variava em seu número desde três nas aldeias de menos de cento cinquenta habitantes, até sete nas populações maiores e nos povoados e nas cidades maiores.

 

Jesus condena toda ira egoísta. A Bíblia deixa claro que a ira está proibida Pois a cólera do homem não é capaz de cumprir a justiça de Deus. Tiago 1: 20. Paulo manda a os seus que deponham toda ira, exaltação, maldade, blasfêmia, conversa indecente. Colossenses 3: 8. Até o mais elevado pensamen­to pagão reconhecia a insensatez da ira. Cicero dizia que quando entrava a ira em cena não se pode fazer nada direito e nem com sensatez. Em uma frase lapidada, Sêneca chama a ira uma loucura breve.

 

Assim é que Jesus proíbe definitivamente a ira que se cultiva, a ira que não se quer esquecer, a ira que se nega a paz, a ira que busca vingança: Se temos de obedecer a Jesus, temos de desenterrar da vida toda classe de ira, e especialmente a que se mantém por demasiado tempo. É uma advertência recordar que não se pode ao que é chamado de cristão perder o equilíbrio por qualquer ofensa pessoal que tenha sofrido.

 

2. Jesus passa a falar de dois casos em que a ira se manifiesta em palavras insultantes. Os mestres judeus proibiam tal ira e tais palavras. Falavam de opressão de palavras, e de  pecado do insulto. Tinham como ditado: três tipos descem à gehena para não voltar: o adúltero, o que envergonha a seu próximo em público, e o que expõe seu próximo de um modo insultante. Estão igualmente proibidas a ira do coração e a ira das palavras.

 

INSULTOS

 

Primero, se condena ao que chama a seu irmão de néscio. A Reina-Valera antiga põe a palavra quase intraduzível raca, que descreve um tom de voz mais que outra coisa. Seu enfoque é de desprezo. Chamar uma pessoa de raca era chamar de idiota sem sentido, um tonto imbecil, um cabeça-o­ca. Este termo usado para desprezar o outro com uma superioridade arrogante.

 

Tem uma história rabínica sobre o rabino Simão ben Eleazar. Ele vinha da casa de seu mestre, e se sentía orgulhoso ao pensar em sua inteligência, erudição e bondade. Um viajante muito pouco fa­vorecido fisicamente lhe dirigiu uma saudação. O rabino não lhe respondeu a saudação, mas disse: Seu raca! Que feio tu és! São todos os de teu povo tão feios como você? A isto lhe respondeu o pobre homem: Eu não sei. Vem dizer a meu Criador que me criou e me fêz o quão feio que é a criatura que Ele fêz. Assim repreendeu aquele pecado de desprezo.

 

O pecado do desprezo merece un juizo todavía mais se­vero. Havia que levá-lo a juizo ante o Sinédrio, synedrion, o tribunal supremo dos judíos. Isto, não deve ser tomado literalmente. Jesus disse: O pecado da ira inveterada é mau; mas o do desprezo é pior.

Não há pecado que seja mais contrário ao Espírito de Cristo do que o desprezo. Há um desprezo que surge do orgulho da pessoal, considerado realmente muito grave. Há um des­prezo que surge da posição financeira, o orgulho que se baseia nas coisas materiais que também é algo condenável. Há o desprezo intelectual. E de todos os tipos de desprezo, o considerado intelectual é o mais difícil de entender, porque o que máis impressiona um sábio é o sentimiento de sua própria ignorância. Não deveríamos nunca olhar com desprezo qualquer pessoa por quem Cristo morreu.

 

3. Jesus menciona a continuação ao que chama a seu ir­mão môrós. Môrós também quer dizer tonto, porém o homem que é môrós é um néscio moral. É o homem que se faz de tonto. O salmista fala do néscio que se diz no seu coração que não há Deus Salmo 14: 1. Este é um néscio moral, um homem que vivia uma vida imoral e que lhe convinha que não existe Deus. E chamar alguem de môrós não era criticar sua capacidade mental; era pôr em dúvida seu caráter moral; era ensinuar sobre seu nomb e reputação, e marcá-le como pessoa de uma vida má e imoral.

 

Jesus diz que o que destrói o nome e a reputação do ser humano merece o juizo mais severo de todos, o juizo do fogo da gehena.

 

Guehenna em hebraico: Guehinnom ou gehena, que nos chega do latim e de sua etimologia­ uma palavra que tem história; a partir de 1960 a Reina­ Valera traduz por inferno. Os judeus a usavam freqüentemente Mateus 5: 22, 29, 30; 10: 28; 18: 9; 23: 15, 33; Marcos 9: 43, 45, 47; Lucas 12: 5; Tiago 3: 6. Literalmente queria dizer o Vale de Hinon, que é um vale a Sudeste de Jerusalém que foi notório porque fue onde Acaz introduziu o culto ao deus pagão Moloc, em que se ofereciam sacrifícios de crianças. Queimou também incenso no vale do filho de Hinom, e queimou a seus filhos como oferta. II Crônicas 28: 3. Josias,  rei reformador, acabou com este culto, e ordenou que este vale fosse um lugar maldito. O rei profanou Tofete do vale de Ben Enom para que ninguém pudesse passar pelo fogo seu filho ou sua filha em honra de Moloc. II Reis 23: 10.

 

Como conseqüência, o Vale de Hinom se converteu num lixão público de Jerusalém, no qual se queima todos os resíduos da cidade. O fogo se mantém latente, e queimava constantemente, e se criava uma espécie asquerosa de vermes que parecía que não morriam nunca. Marcos 9: 44 a 48. A Guehenna, o Vale de Hinom, se identificava nas mentes do povo com um local imundo e maldito, o lugar onde tudo que é inútil e mau se destruía. Assim foi como chegou a ser sinônimo de lugar da destruição eterna, o inferno de fogo.

 

Jesus insiste que é mais grave destruir a reputação de uma pessoa e manchar seu bom nome. Não há castigo que seja demasiado severo para um fofoqueiro malicioso, de fala caluniosa que assassinar o bom nome do próximo. Tal prática, num sentido mais literal, merece o inferno.

 

Como temos dito, todos estes graus de castigos não se pode tomar literalmente. O que Jesus quer dizer aqui é o siguente: Na antigüidade se condenava por assassinato, e isto sempre será condenavel. Porém Eu vos digo que não são só as ações externas que merecem ir a juizo; os mais íntimos pensamentos também estão sob o escrutinio e juizo de Deus. A ira interminável é má; e o despeito é pior, o boato descuidado e malicioso que destróe o bom nome de uma pessoa é pior de tudo. O que é escravo da ira, e que fala em um tom de desprezo, e o que destrói o bom nome do outro, pode ser que nunca tenha cometido um assassinato de fato, porém está no seu coração.

 

 

A BARREIRA INSUPERÁVEL

 

         Quando Jesus disse isto, estava simplesmente recordando aos judeus um princípio que eles conheciam muito bem e que nunca deveriam ter esquecido. A idéia por trás do sacrifício era muito sensível: se uma pessoa fazia algo errado, sua ação inte­rrompia sua relação com Deus, e o sacrifício teria por finalidade restaurar esta relação.

 

Temos que notar duas coisas muito importantes. A primeira é que nunca se criou que o sacrifício pudesse expiar um pecado deliberado, que os judíos chamavam: o pecado de uma mão altad. Se uma pessoa cometesse um pecado se daria conta, se por impulso num momento de paixão que alterava seu domínio próprio, o sacrifício era realizado; porém se o pecado  fosse cometido de forma deliberada, desafiando, insensivelmente e com os olhos abertos, entãoa o sacrifício era impotente para expiar.

 

A segunda é que para ser efetivo, um sacrifício tinha que incluir a confiss ão do pecado e o verdadeiro arrependimento; e o verdadeiro arrependimento incluia o propósito de retificar qualquer consequência para ter pecado. O grande Dia da Expiação era celebrado para expiar os pecados de toda nação, porém os judeus sabiam muito bem que nem sequer os sacrificios do Dia da Expiação se poderiam aplicar a ao menos que antes estivesse reconciliado com seu próximo.

 

A interrupcção da relação entre o homem e Deus não podia ser reatada a menos que se houvesse curado o que havia de diferenças entre homem e homem. Se uma pessoa estava oferecendo uma oferta pelo pecado, por exemplo, para expiar um roubo, a oferta se cria que era totalmente ineficaz até que se houvesse restaurado o objeto roubado; e, se descobrisse que o objeto roubado não fosse restaurado, então teria que se destruir o sacrifício como imundo e quemá-lo fora do templo. Os judeus sabiam muito bem que tinham que fazer todo possível para ajustar as coisas ao nível humano antes de poder estar em paz com Deus.

 

O sacrifício era sustitutivo. O símbolo disto era que, quando a vítima estava a ponto de ser sacri­ficada, o adorador colocava suas mãos sobre a cabeça do animal apertando bem para baixo, como para transferir sua própria culpa. Quando Fazi dizia: Te suplico, oh Deus; tenho pecado, e praticado perversamente, tenho sido rebelde; e cometido... aqui o ofertante especificava seus pecados; voltava em penitên­cia, e confessava o pecado.

 

Para que um sacrifício fosse válido, a confissão e a res­tauração tería que estar implicadas. O quadro que Jesus está pintando é um gráfico. O adorador, não oferecia seu próprio sacrifício; o sacerdote trazia, que era oferecido em seu nome. Um adorador ao entrar no templo; passava por uma série de átrios: o átrio dos Gentis, e o das Mulheres, e o dos Homens.

 

Na continuação se encontrava o átrio dos sacerdotes, em que não era permitida a entrada dos leigos. O adorador se curvava perante o altar, disposto a entregar sua vítima ao sacerdote; colocava as mãos sobre o animal para fazer sua confissão; e então se acordava de que estava em paz com seu irmão, do mal que havia praticado; sem o que seu sacrifício não seria, deve voltar e oferecer a ofensa e restaurar o dano, o não oferecer nada.

 

Jesus deixa bem claro este fato fundamental: Não podemos estar em paz con Deus, a menos que estemos em paz com nossos semelhantes; não podemos esperar o perdão a menos que tenhamos confessado nosso pecado, não só a Deus, mas também aos homens, a menos que tenhamkos feito todo possível para evitar suas conseqüências práticas. Algumas vezes nos perguntamos por que existe uma barreira entre nos e Deus; às vezes nos perguntamos por que nossas orações parecem que não servem para nada. A razão poderia ser muito bem que somos nos os que temos levantado esta barreira ao estar em desacordo com nosso próximo, porque temos ofendi­do a alguém e não temos feito nada para retificar.

 

 

Fazer as pazes a tempo

 

Jesus está dando un conselho prático; Ele nos diz para fazermos as coisas a tempo, antes que se amontoem e causem mais problemas no futuro.

 

Jesus descreve a cena dos oponentes que vão a ca­minho do tribunal; e lhes diz que se reconcilie antes de chegar ao tribunal; porque, se não o fizerem, a lei segue seu curso; haverá todavía piores conseqüências pelo menos para umo delos nos dias sucessivos.

 

A cena dos oponentes que vão juntos a caminho do tribunal nos parece muito estranha, e muito improvável. Porém no mundo antigo sucedía assim.

 

Na lei grega havia um processo de detenção que se chamava apagôguê que quer dizer arresto sumaríssimo. O demandante mesmo falava ofensor. Escolhia a espécie de castigo a ser efeuado, e se sujeitava de tal maneira que, se resistisse, poderia partir para a agressão física. Se supõe que estes casos em que  esta situação chegasse eram raros, e tinha que incriminar o malfeitor em flagrante.

 

Os crímes que se poderia condenar sumariamente uma pessoa como foi descrito eram: o roubo,  roubo de ropa os ladrões de roupa eram a maldición dos banhos públicos na antiga Grécia, roubar carteiras, assaltar casas e sequestrar o sequestro de escravos especialmente dotados e habilidosos era muito corrente. Se podia condenar sumariamente a alguém quando se lhe descobrisse exercendo os direito de cidadania quando se lhe havia despossuido deles, ou se voltava a seu estado ou cidade de que havia sido exilido. En vista deste costume não era raro ver um demandante e um ofensor juntos a caminho do tribunal em una cidade grega.

 

Está claro que é muito mais provável que Jesus estivesse pensando e termos da lei judaica; porém esta situação não era nem muito menos impossível na lei judaica. Este era obviamente um caso de dívida; porque, se não fizessem as pazes, haveria de pagar até o último centavo. Casos semelhantes se liquidavam nos tribunais locais de anciãos. Era fixado um valor em que o demandante e o ofensor teriam que se apresentar juntos; em qualquer povoado ou aldeia sería provável que se encontrassem no caminho do tribunal.

 

Quando uma pessoa era declarada cul­pada, era entregue ao oficial da corte. Mateus chama a de hyperêtês; Lucas chama, em sua versão deste dito, com o termo mais usado praktôr Lucas 12:58s. O dever do oficial do tribunal era assegurar-se de que a dívida seria paga devidamente e, em caso contrário, teria autoridade para prender o ofensor até que pagasse. Esta é a situação que Jesus estava considerando. O conselho de Jesús pode querer dizer uma das duas coisas:

 

1. Pode ser uma amostra de um conselho mais prático. Uma ou outra vez confirma a experiência da vida que, sem uma peleja, desavença, ou disputa não se resolve imediatamente, pode seguir gerando piores dificultades com o tiempo. A amargura treaz amargura. Os desavenças entre as pessoas se estendem a suas famílias, e pode ser levadas a gerações futuras, e acaba por dividir uma igreja ou uma sociedade em duas.

 

Se no início uma das partes houvesse tido a graça de desculpar-se ou admitir sua falta, uma situação lamen­tável poderia ser evitada. Se alguma vez estamos em desavença com o próximo, devemos resolver a situação sem perda de tempo. Pode ser que seja humilhante para confesar que temos nos equivo­cado e nos desculparmos; pode ser que queira dizer que, neste caso tenhamos razão, temos que dar o primeiro passo para restabelecer a relação. Quando as relacões pessoais se deterioram, em nove casos de cada dez uma ação imediata pode remediar; porém se esta ação imediata não tem lugar, seguirão deteriorándo-se, e se extenderá a amargura en círculos cada vez mais amplos.

 

2. Pode ser que Jesus tivesse em mente algo mais definitivo que isto, disse: Procurai as coisas com vossos semelhantes enquanto dure vossa vida; porque algum día, não sabéis quando, a vida chegará a seu fim, e ireis apresentardes perante Deus, o Juizo final de todos. É o maior de todos os dias para os judeus era o Día da Expiação. Seus sacri­ficios se cría que expiavam seus pecados conhecidos e não conhecidos; porém até este día tinha suas limitações.

 

O Talmude estabelece claramente: O Día da Expiação expia as ofensas entre o homem e Deus. O Dia da Expiação não expia as ofensas entre o homem e seu próximo, a menos que o homem tenha procurado acertar as coisas com seu próximo. Aquí temos outra vez um fato fundamental: Não podemos estar en paz con Deus e não estamos em paz com nosso próximo. Uma pessoa deve viver de tal maneira que a encontre paz com todo  mundo.

 

Bem pode ser que não tenhamos que escolher só uma destas dos interpretações do que disse Jesus. Pode ser que tenhamos outras idéias, o que Jesus está dizendo é: Se queres a felicidade neste tempo, e a felicidade na eternidade, não deixes nunca uma desavença sem acertar entre ti e teu irmão. Atua imediatamente para quitar as barreiras que a ira tem levantado[28].

 

Eu, Porém, Vos Digo

 

Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento no tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. Mateus 5: 21 e 22.

 

Em Mateus 5:21, chegamos à primeira das seis ilustrações sobre como nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus.

 

Em todas essas ilustrações encontramos as expressões Ouvistes que foi dito e Eu, porém, vos digo. Quem deu origem à expressão inicial foram líderes judeus como os escribas e fariseus, que tomaram a lei de Deus no AT e criaram uma tradição verbal para proteger essa lei e aplicá-la à vida do povo. Esses líderes judeus eram geralmente sinceros em seu esforço por tornar a lei significativa. Mas a sua sinceridade não os protegeu do erro.

Por isso é que Jesus Se apresenta com a expressão: Eu, porém, vos digo. Estas palavras são de importância crucial na compreensão de Mateus 5: 21 a 48, e de todo o Sermão do Monte.

 

Observem que Jesus não hesita em apresentar-Se como uma auto­ridade. Ele não está agindo como um rabino comum que começaria di­zendo: Há um ensino que diz...  ou O rabino fulano de tal disse que... Jesus não baseia Seu ensino na autoridade de outros. Não, Ele era a autoridade no que se referia à lei.

 

Jesus aborda a lei não como um mero instrutor, mas como o legis­lador, Aquele que conhece a extensão e a profundidade da lei, porque Ele é o Deus que deu a lei.

 

Jesus Cristo não era mero homem, mero expositor da lei, ou sim­plesmente um outro profeta. Ele era infinitamente mais do que isso, e não Se envergonha de reivindicar Sua autoridade como Senhor da lei. Afinal, Ele é Deus o Filho. Embora tenha vindo em semelhança da carne do pecado, ainda fala com autoridade divina. Por isso, cada uma de Suas palavras é de capital importância para nós[29].

 

Dois Pontos de Vista

 

O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica (II Coríntios 3: 6).

 

Os fariseus eram excelentes na letra da lei, mas fracos no espí­rito da mesma. Eles eram perfeccionistas por excelência, e todos os perfeccionistas precisam de uma lista do que fazer e do que não fazer. Os perfeccionistas precisam tornar a lei controlável, se quiserem guar­dá-la com perfeição.

Assim, os fariseus da antigüidade, como os fariseus de nossos dias, precisam ser cuidadosos na maneira de definir o pecado. Para eles, o pecado era um ato.

 

Por isso, restringiam as proibições bíblicas de coisas como o homi­cídio e o adultério apenas ao ato em si. A pessoa não era pecadora en­quanto não cometesse literalmente o homicídio.

 

O grupo dos fariseus não só restringia o significado dos manda­mentos para tornar a perfeição possível, como também ampliava a per­missividade da lei a fim de que, por exemplo, um homem pudesse di­vorciar-se de sua esposa pelas razões mais triviais, sem ser considerado um transgressor da lei.

 

Jesus inverteu a tendência judaica de restringir o significado da lei e ampliar a sua permissividade. Recusou seguir as regras do jogo deles. Ele foi além da letra exterior da lei e até o seu íntimo propósito espiri­tual. Assim mostrou que a raiz do problema não é o ato, mas o pensa­mento que antecede o ato. Como resultado, até o desejo sensual por outra pessoa é pecado; até ficar irado contra outra pessoa é pecado.

 

Dessa maneira, Jesus destruiu o perfeccionismo fácil dos fariseus. Afinal, conquanto pessoas bem religiosas não tenham cometido o ato do homicídio ou do adultério, nenhuma delas pode dizer que jamais te­ve um pensamento sequer de ira ou de desejo.

 

E Jesus não apenas preencheu a profundeza espiritual do significa­do da lei; Ele também removeu a permissividade legalista que os fari­seus erigiram para proteger a própria imagem.

 

Neste dia, Jesus nos mostra o verdadeiro significado da Sua lei. Ele deseja que vivamos pelo espírito da lei, não simplesmente pela letra[30]

 

A Segunda Tábua

 

Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Gálatas 5: 14.

 

Uma coisa que se deve notar acerca das seis ilustrações de Jesus quanto ao verdadeiro significado da lei em Mateus 5: 21 a 48, é que to­das elas se originam na segunda tábua da lei. Isto é, todas elas têm a ver com o nosso amor para com outras pessoas. Nenhuma das seis se concentra principalmente em nosso amor a Deus, conforme é apresen­tado na primeira tábua da lei.

 

Por que é assim?, podemos nos perguntar. Por que gastar tanto tempo ilustrando a segunda tábua da lei, sem expor a primeira?

 

A resposta parece ser que Jesus considerava a lei como uma unida­de no sentido de que é impossível amar a Deus sem amar ao próximo. Por favor, lembre-se de que em Gênesis 3, quando Adão e Eva se rebe­laram contra Deus, eles também começaram a discutir um com o ou­tro.

 

Assim, a entrada do pecado significou ruptura no relacionamento tanto entre o ser humano e Deus, como entre as pessoas. Quando não estamos bem com Deus, estamos também em desigualdade uns com os outros. Isto é assim porque quando me coloco no centro da vida, vivo conforme os princípios do egoísmo.

 

A conversão, porém, muda tudo isso. Quando sou curado por Deus, o princípio básico de minha vida muda. Nasço de novo, com no­vo coração e nova mente. Não mais vivo conforme os princípios do egoísmo, mas conforme os princípios do amor divino.

 

Esse novo princípio me leva a ter consideração por você como pes­soa. Você não é mais como um objeto ou coisa para mim. Assim como eu, você é alguém por quem Cristo morreu.É impossível eu estar bem com Deus, sem estar bem com as outras pessoas. Essa é uma das grandes verdades centrais do Sermão do Monte.

 

A maneira como eu o trato e a maneira como você me trata é o ponto decisivo. É no relacionamento humano que vivemos nosso cris­tianismo diário. As relações humanas são o teste rigoroso que determi­na se realmente nos tornamos cristãos. Esse é o ponto que Jesus está enfatizando em Mateus 5: 21 a 48[31].

 

Fonte de Homicídio

 

Não matarás. Êxodo 20: 13.

 

Tenho que admitir isso. Nunca matei ninguém. E muito prova­velmente jamais matarei alguém em toda a minha vida.Esse é um pensamento confortador. Ele me faz sentir bem. É um pensamento que me faz ser honesto comigo.

 

Mas é muito mais do que isso. Não só jamais matei alguém, como também nunca ninguém me acusou desse ato. Acho que sou uma boa pessoa, pareço ser alguém que pelo menos em parte sabe o que faz.

 

Esse sentimento de justiça própria, porém, é destruído quando co­meço a ler o que Jesus fala sobre a lei. Ele me diz que não devo sequer ficar irado. Acho isso um tanto problemático, pois fico irado de vez em quando. Não gosto dessa nova teologia. Sinto-me mais confortável com minhas próprias definições. Elas me fazem sentir bem.

 

Mas o propósito de Jesus não é fazer-me sentir bem. É ajudar-me a compreender a natureza do pecado e minha grande necessidade de Sua graça perdoadora e habilitadora.

O que Jesus quis dizer ao mencionar que o fato de irar-se contra outra pessoa está incluído no verdadeiro significado do sexto manda­mento?

 

No grego existem duas palavras para ira. A primeira é thumos, e se refere àquela ira momentânea, que se inflama como a labareda em um monte de palha. É a ira que rapidamente arde e com a mesma rapidez morre. Essa não é a ira a que Jesus se refere em Mateus 5: 21.

 

Jesus usa a palavra orge. Orge é a ira duradoura, a ira da pessoa que nutre seu sentimento contra a outra, a ira que a pessoa acaricia e recu­sa deixá-la morrer. É a ira que busca vingança.

 

Essa ira, sugere Jesus, é a mesma coisa que o homicídio. É a raiz do forte sentimento do coração e da mente que leva ao homicídio. E mes­mo que não leve a cabo o ato, a pessoa que nutre a ira orge está em de­sarmonia com Deus e debaixo de juízo.

 

Ajuda-me neste dia, Senhor, a afastar de mim a ira destrutiva. Ajuda-me a amar os outros, assim como Tu me tens amado[32].

 

Irar-se é Sempre Mau?

 

Irai-vos e não pequeis; na se ponha o sol sobre a vossa ira. Efésios 4: 26.

 

A essa altura você deve estar imaginando se há alguma ocasião em que o verdadeiro cristão poder irar-se. Afinal, você pode pensar, Je­sus não ficou irado com os escribas e fariseus, conforme menciona Ma­teus 23? E não Se dirige a eles usando o termo proibido, tolos, nos ver­sos 17 e 19 do mesmo capítulo? E Deus não destruirá pessoas no fim dos tempos?

Você tem razão. Deus odeia o pecado. Jesus odeia o pecado. Seu coração amoroso fica sobrecarregado ao ver destruídas a felicidade e a vida de Seus filhos. Eles estão irados com o pecado e seus resultados. Além disso, Eles oportunamente aniquilarão o pecado e aqueles que escolheram agarrar-se à conduta destrutiva e sem afeto. Por causa do grande amor dos membros da Divindade pelo ser humano, Eles Se iram contra as coisas que destroem as pessoas. A ira de Deus é uma santa in­dignação.

 

Os seguidores de Cristo não só podem como devem possuir essa mesma ira contra o pecado. Enquanto escrevo estas páginas, os destro­ços resultantes das bombas no Alfred P Murrah Federal Building, em Oklahoma City, ainda estão sendo investigados em busca de sobrevi­ventes. Quem poderia estar doente assim para perpetrar tamanho cri­me? Fico irado por saber que crianças inocentes e outras pessoas ino­centes foram mortas.

 

Também me deixa irado o fato de milhões de pes­soas estarem desnecessariamente morrendo de fome ao redor do mun­do, enquanto outras pessoas têm mais do que podem consumir. Fico irado quando jovens, rapazes e moças, são levados a desviar-se por tra­ficantes de drogas e outros que se aproveitam dos solitários e fracos. Fi­co irado pela mesquinhez na igreja entre aqueles que instigam a letra da lei, enquanto transgridem seu espírito.

 

Como cristãos, devemos odiar o pecado, mas amar o pecador. In­felizmente, com muita freqüência, tomamos o rumo exatamente opos­to. Como resultado, geralmente nos iramos contra aqueles que nos me­nosprezam ou ferem nosso orgulho pecaminoso.

 

Jesus quer que entendamos isso. Devemos ter o tipo certo de ira, a ira que Ele tem, aquele tipo de ira que odeia o pecado, mas que deseja o melhor para os pecadores e se recusa a abrigar qualquer ressentimento[33].

 

O Espírito da Lei

 

Que diremos então? A lei é pecado? De modo nenhum! De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento, produziu em mim todo tipo de desejo cobiçoso... Mas quando o mandamento veio, o pecado reviveu, e eu morri. Romanos 7: 7 a 9.

 

Paulo fora um homem orgulhoso. Era um fariseu entre os fariseus, um dos mais zelosos da sua seita. Se qualquer deles pudesse ter guarda­do a lei perfeitamente, esse teria sido Paulo.

 

Ele estava muito bem. Adorava a Deus de maneira suprema, não se inclinava aos ídolos nem tomava o nome de Deus em vão, e era cuidadoso em guardar as inúmeras regras a respeito da observância do sábado. Tampouco cometera adultério, roubara, ou dissera falso teste­munho. Afinal, concluíra, ele era uma pessoa bastante boa. Paulo ti­nha boas razões para ter certa presunção religiosa.

 

No entanto, ele viu a luz. Viu um mandamento diferente, aquele que diz Não cobiçarás. De repente o pecado tomou uma nova forma. Afinal, esse pecado implica uma atitude mental e não um ato físico.

 

É verdade que ele evitara o próprio ato do roubo, do adultério e outros mais, mas aqui Paulo, o fariseu, esbarrara no significado mais profundo da lei. A lei também tinha que ver com as atitudes.

 

Não cobiçarás atingiu Paulo como um raio. Ele começou a com­preender o significado mais profundo da lei e sentiu-se, conforme as palavras de Isaías, destruído. Ou como o próprio Paulo coloca: O pecado reviveu, e eu morri.

 

Paulo podia ficar feliz com suas realizações enquanto estava lidan­do com a letra da lei, mas sua ilusão de conduta perfeita foi esmagada de uma vez por todas quando ele compreendeu a verdadeira profundi­dade da lei.

 

A experiência de Paulo deve ser também a nossa. A profundidade do problema do pecado é revelado no espírito da lei e somos conduzi­dos até a cruz, onde também morremos para toda esperança em nós mesmos ou nas realizações próprias[34].

 

Desprezo é Homicídio

 

Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque Eu vos afirmo que os seus anjos nos Céus vêem incessantemente a face de Meu Pai celeste. Porque o Filho do homem veio salvar o que estava perdido. Mateus 18: 10 e 11.

 

Em Mateus 5: 22 somos advertidos a não chamar ninguém de Raca. Bem, eu imagino que você não deve ter chamado ninguém de Raca nesta última semana, nem, talvez, em toda a sua vida.

 

Isso quer dizer que você está bem, certo? Não! Uma vez mais preci­samos considerar o significado mais profundo sugerido pelas palavras de Jesus. Raca é uma dessas palavras difíceis de traduzir. Mas não há dúvida alguma de que seja uma palavra abusiva, um insulto. As traduções para o português são muitas. Idiota, tolo, louco, você não vale nada, são as que pude encontrar em algumas versões da Bíblia.

 

A idéia básica é que qualquer pessoa que demonstrar desprezo por outra está errada. Mateus 5: 22 também menciona que todo aquele... que proferir um insulto a seu irmão... estará sujeito ao fogo do inferno. Aqui outra vez estamos tratando de uma atitude abusiva, de desprezo por uma pessoa.

 

Quem é você para desprezar quem quer que seja? Quem sou eu pa­ra menosprezar outra pessoa por qualquer motivo que seja? Aqueles que são tão prontos a espalhar insultos espirituais ou tão inclinados a fazer fofocas a respeito de defeitos alheios se acham debaixo da conde­nação desse verso.

 

Todos nós pecamos e não atingimos os ideais de Deus. Para dizer com franqueza, por causa do pecado nós todos somos verdadeiros tolos e sem valor. Mas Deus, em Sua graça, nos alcançou e nos transformou em filhos Seus novamente. Ele enviou Jesus para morrer em nosso lugar. Nosso va­lor e verdadeira inteligência estão Nele. Sem Ele, nada somos.

 

E Jesus morreu não só por mim; morreu por outros também. Por is­so, preciso tratá-los com respeito.

 

De acordo com Mateus 5:22, o mexeriqueiro ou difamador é ho­micida de reputação. Desprezo para com as pessoas é a raiz do homicí­dio. Faremos bem em seguir a ordem de Jesus: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. João 8: 7 [35].

 

 

Conhecendo Geena

 

Então, o rei dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Mateus 25: 41.

 

Onde é Geena? Esse  lugar está localizado ao sudoeste de Jerusa­lém e é conhecido como o Vale de Hinom.

 

O Vale de Hinom teve uma história bem intrigante. Era o lugar em que o rei Acaz levou o povo de Israel à adoração de Moloque, a quem criancinhas eram sacrificadas no fogo II Crônicas 28: 3. O rei Josias eli­minou a adoração de Moloque e ordenou que o vale fosse para sempre um lugar amaldiçoado.

 

Jeremias predisse que por causa desse pecado, o Senhor faria do Vale de Hinom o Vale da Matança, onde os cadáveres dos israelitas seriam enterrados, até que se não achasse mais lugar para eles, e o res­tante dos corpos serviriam de alimento para as aves dos céus Jeremias 7: 32 e 33. No tempo de Jesus, o Vale de Hinom se transformara no lugar onde o refugo de Jerusalém era jogado e destruído. Era um tipo de in­cinerador, onde ocorria uma contínua combustão lenta e de onde saía uma cortina de densa fumaça perpetuamente.

 

Em outras palavras, o Vale de Hinom ou Geena não era um lugar interessante. Nos tempos do NT chegara a ser conside­rado como um lugar de punição dos ímpios. Por isso, a maioria das ver­sões da Bíblia traduzem Geena, em Mateus 5: 22, por inferno.

 

Isso nos mostra um aspecto interessante nos ensinos de Jesus no Sermão do Monte. Os escribas e fariseus não apenas haviam reduzido as exigências da lei, mas também as punições associadas com a trans­gressão da mesma. Eles diziam que qualquer que cometesse homicídio fisicamente correria o perigo de juízo nos tribunais civis, mas Jesus afir­mou que até mesmo aqueles que desprezassem seu semelhante corre­riam risco de sofrer o fogo do inferno.

 

Jesus nos leva a sério. E Ele sabe que a vida pode ser destruída por aqueles que fazem fofocas a respeito de outros, aqueles que tratam os outros indiferentemente, e aqueles que são espiritualmente arrogantes.

 

Jesus não está brincando conosco. Sua mensagem é que precisa­mos ser tão bondosos, compreensivos e amáveis como é Deus, o Pai. Nós também precisamos evitar o homicídio em todas as suas formas[36].

 

 

Ofertas Inaceitáveis

 

Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Mateus 5: 23 e 24.

 

         Uma das importantes contribuições desses versos é que eles nos levam além do negativo, para o lado positivo da religião. Em Mateus 5: 21 e 22, Jesus nos diz para evitar a ira centralizada no eu e evitar tra­tar outras pessoas com desprezo. Mas a pessoa pode evitar todas as coi­sas negativas e ainda assim não estar bem com Deus.

 

O cristianismo vai além de meramente evitar o negativo e alcançar o positivo. Se você, meu amigo, pensa que é cristão por aquilo que evi­ta, está totalmente errado. O cristianismo é basicamente algo positivo; é alcançar outras pessoas, mesmo quando elas não merecem. Ninguém jamais chegará ao Céu por causa das coisas que evitou. Jesus nos diz que precisamos colocar nosso cristianismo em prática na vida diária.

 

O quadro que Jesus pinta em Mateus 5: 23 e 24 torna-se muito vi­vo para Seus ouvintes. Certo homem traz sua oferta sacrifical ao tem­plo para ser oferecida por seu pecado, pelo sacerdote. O adorador está em pé junto à grade do altar, pronto para colocar a mão sobre a vítima e confessar seus pecados sobre a cabeça daquele que seria sacrificado. Nesse momento, ele se lembra de que tem um problema não resolvido com alguém. Jesus deixa bem claro o dever do adorador. Para que o sa­crifício seja aceito, ele precisa primeiro ir e acertar as coisas com a ou­tra pessoa.

 

Isso fala ao meu e ao seu coração. Deve falar a nós de modo mui­to especial quando é tempo de Santa Ceia. Antes de participarmos, precisamos acertar as coisas com nossos companheiros e irmãos da igreja, até mesmo nos oferecendo para lavar-lhes os pés.

 

Essas palavras nos incomodam quando somos envolvidos em fofo­cas a respeito de outras pessoas ou quando ficamos irados porque fomos maltratados. Não será suficiente colocar uns R$ 20,00 a mais no prato da oferta, como um sacrifício especial.

 

Como de costume, Jesus aborda o centro da questão. Se você quer estar bem com Deus, precisa estar bem com as outras pessoas[37].

 

Reconcilie-se Depressa

 

Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo. Mateus 5: 25 e 26.

 

Nesses versos Jesus pinta novamente um quadro significativo com Suas palavras. Pode parecer estranho que Ele retrate dois adver­sários andando juntos para o tribunal. Isso seria algo realmente raro em uma cidade moderna, mas não em uma vila rural da Palestina.

 

Nessa passagem Jesus dá a cada um de nós um excelente conselho que, se for atendido, tornará nossa vida mais prazerosa. Há várias lições no texto.

 

A primeira delas é não deixar as coisas se inflamarem. Isso me faz lembrar de que na mão do meu avô faltava um dedo. Ele não nasceu desse jeito; mas ficou assim. Quando ainda jovem, entrou-lhe uma las­ca de madeira no dedo. Foi muito doloroso e difícil de remover. Por is­so, ele deixou que a natureza se encarregasse do processo de cura. In­felizmente, o dedo inchou e infeccionou. Um pouco do problema era de se esperar, mas no caso dele a infecção chegou a um ponto em que não podia mais ser controlada. Como resultado, ele perdeu o dedo.

 

Jesus está nos dizendo algo semelhante com respeito ao relaciona­mento humano. Muitas discussões que poderiam ser facilmente resol­vidas logo de início, são deixadas a inflamar e deteriorar o relaciona­mento. Amargura gera amargura. É melhor buscar sem demora a res­tauração de um relacionamento prejudicado, mesmo que não esteja­mos em falta. Esse é um bom conselho tanto para famílias como para igrejas e comunidades. Acreditem ou não, as coisas podem ficar piores.

 

Logicamente, Jesus pode também estar sugerindo que devemos nos reconciliar e viver em paz com as pessoas, porque nunca sabemos quando será o fim da nossa vida terrena, ocasião em que será muito tar­de para acertar qualquer questão.

 

Jesus nos aconselha a demonstrar consideração uns pelos outros, mesmo por aqueles que pensamos ser nossos adversários. Isso nem sem­pre é fácil, mas é cristianismo. Que Deus nos ajude para que cada um hoje possa acertar situações em que tenha ofendido a alguém ou em que outros o tenham ofendido[38].

 

Voltando às Bem-Aventuranças

 

De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé (Gálatas 3: 24).

 

Até agora já andamos com Jesus uns 10 dias na trajetória de Sua primeira ilustração sobre a profundidade e amplitude da lei. Ele salien­tou coisas que a maioria de nós nunca quis saber. Por exemplo, é uma coisa dizer que não devo matar, mas é outra bem diferente dizer que não devo abrigar ressentimento ou olhar a outros com desprezo, tanto no aspecto social como espiritual; ou pior ainda, que não devo sequer falar injuriosamente ou fazer fofocas a respeito de outros. Será que Ele realmente quis dizer que destruir assassinar a reputação de uma pes­soa se enquadra no sexto mandamento?

 

Isso já é demais. Quem pode viver por esses padrões?

A verdade é que ninguém pode quando compreendemos a profun­didade e a amplitude da lei. Diante do ideal de Deus, somos levados de volta à primeira parte das bem-aventuranças. Mais uma vez compreendemos nossa pobreza de espírito e o peso de nossas falhas em compara­ção com o que devíamos ser. Ao nos afligirmos e prantearmos essas fal­tas e nossa necessidade de ser mais semelhantes a Jesus, nosso orgulho é transformado em mansidão.

 

Como resultado, sentimos fome e sede da justiça, que vêm unica­mente por meio da graça perdoadora de Deus. A lei nos conduz de vol­ta a Cristo, para que sejamos justificados. Conquanto a passagem de Gálatas em seu contexto se relacione com a experiência de Israel, ao ser historicamente conduzido por Cristo à lei, ela pode também rela­cionar-se com a nossa experiência pessoal. Diante da exposição de Je­sus quanto à profundidade da lei, somos literalmente levados ao pé da cruz para obter a graça purificadora de Deus.

 

E essa graça purificadora uma vez mais nos conduz à segunda par­te das bem-aventuranças. Temos fome e sede da graça habilitadora de Deus, que nos torna verdadeiramente misericordiosos, puros de cora­ção e pacificadores.

 

O grande sermão de Cristo é uma unidade. Não é um grupo isola­do de declarações sem rima ou motivo. As várias partes se encaixam, e todas elas refletem os ideais de Deus e Seu plano de salvação[39].

 

Leitura adicional

 

Todo aquele que... Se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Mateus 5: 22

 

O Senhor dissera por intermédio de Moisés: Não aborrecerás a teu irmão no teu coração... Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Levitico 19: 17 e 18. As verdades apresentadas por Cristo eram as mesmas que haviam sido ensinadas pelos profetas, mas haviam-se tornado obscuras através da dureza de coração e o amor do pecado.

 

As palavras do Salvador revelaram a Seus ouvintes que, ao passo que eles estavam condenando outros como transgressores, eram eles próprios igualmente culpados; pois acariciavam malícia e ódio. 

 

De outro lado do mar, defronte do lugar em que se achavam reunidos, ficava a terra de Basã, uma região deserta, cujas selváticas gargantas e montes cobertos de vegetação, haviam sido desde há muito um terreno favorito de esconderijos para criminosos de toda espécie. Estavam vívidas na memória do povo notícias de roubos e assassínios ali cometidos, e muitos eram zelosos em acusar esses malfeitores.

 

Ao mesmo tempo, eles próprios eram apaixonados e contenciosos; nutriam o mais terrível ódio contra seus opressores romanos, e sentiam-se em liberdade de odiar e desprezar todos os outros povos, e mesmo seus próprios patrícios que não concordavam em tudo com as suas idéias. Em tudo isto, violavam eles a lei que declara: Não matarás. Êxodo 20: 13

 

O espírito de ódio e de vingança originou-se com Satanás; e isto o levou a fazer matar o Filho de Deus. Quem quer que acaricie a malícia ou a falta de bondade, está nutrindo o mesmo espírito; e seus frutos são para a morte. No pensamento de vingança jaz encoberta a má ação, da mesma maneira que a árvore está na semente. Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanecido nele a vida eterna. I João 3: 15

 

         Qualquer que chamar a seu irmão de Raca indivíduo vão será réu do Sinédrio. Mateus 5: 22. No dom de Seu Filho para nossa redenção, Deus mostrou quão alto valor dá Ele a toda alma humana, e não dá direito a homem algum de falar desprezivelmente de outro. Veremos faltas e fraquezas nos que nos rodeiam, mas Deus reivindica toda alma como Sua propriedade, Sua pela criação, e duplamente Sua como comprada com o precioso sangue de Cristo. Todos foram criados à Sua imagem, e mesmo os mais degradados devem ser tratados com respeito e ternura. Deus nos considerará responsáveis mesmo por uma palavra proferida em desprezo a respeito de uma alma por quem Cristo depôs a vida. 

 

Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido? I Corintios 4: 7. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Romanos 14: 4

 

Quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. Mateus 5: 22. No AT a palavra aí traduzida por tolo é usada para designar um apóstata, ou uma pessoa que se entregou à impiedade. Jesus diz que quem quer que condene seu irmão como apóstata ou desprezador de Deus, mostra ser ele mesmo digno da mesma condenação. 

 

O próprio Cristo, quando contendia com Satanás acerca do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele. Judas 9. Houvesse Ele feito isso, e ter-Se-ia colocado no terreno de Satanás; pois a acusação é a arma do maligno. Ele é chamado na Escritura o acusador de nossos irmãos. Apocalipse 12: 10. Jesus não empregaria nenhuma das armas de Satanás. Ele o enfrentou com as palavras: O Senhor te repreenda. Judas 9

 

Temos o Seu exemplo. Quando postos em conflito com os inimigos de Cristo, nada devemos dizer em um espírito de represália, ou que tenha sequer a aparência de um juízo de maldição. Aquele que ocupa o lugar de porta-voz de  Deus não deve proferir palavras que nem a Majestade do Céu empregaria quando contendendo com Satanás. Devemos deixar com Deus a obra de julgar e condenar. 

 

Vai reconciliar-te primeiro com teu irmão. Mateus 5: 24

O amor de Deus é qualquer coisa mais que simples negação; é um princípio positivo e ativo, uma fonte viva, brotando sempre para beneficiar os outros. Se o amor de Cristo habita em nós, não somente não nutriremos nenhum ódio contra nossos semelhantes, mas buscaremos por todos os modos manifestar-lhes amor. 

 

Jesus disse: Se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta. Mateus 5: 23 e 24. A oferta sacrifical exprimia fé em que, mediante Cristo, o ofertante se havia tornado participante da misericórdia e do amor de Deus. Mas, que uma pessoa exprimisse fé no amor perdoador de Deus, enquanto, por sua vez, condescendia com um espírito de desamor, seria simplesmente uma farsa. 

 

Quando uma pessoa que professa servir a Deus ofende ou injuria a um irmão, representa mal o caráter de Deus diante daquele irmão e, a fim de estar em harmonia com Deus, a ofensa deve ser confessada, ele deve reconhecer que isto é pecado. Talvez nosso irmão nos tenha feito um maior agravo do que nós a ele, mas isto não diminui a nossa responsabilidade. Se, ao chegarmos à presença de Deus, nos lembramos de que outro tem qualquer coisa contra nós, cumpre-nos deixar a nossa oferta de oração, ou de ações de graças, ou a oferta voluntária, e ir ter com o irmão com quem estamos em desinteligência, confessando em humildade nosso próprio pecado e pedindo para ser perdoado. 

 

Se, de alguma maneira, prejudicamos ou causamos dano a nosso irmão, devemos fazer restituição. Se, sem saber, demos a seu respeito falso testemunho, se lhe desfiguramos as palavras, se, por qualquer maneira, lhe prejudicamos a influência, devemos ir ter com as pessoas com quem conversamos a seu respeito, e retirar todas as nossas errôneas e ofensivas informações. 

 

Se as dificuldades existentes entre irmãos não fossem expostas a outros, mas francamente tratadas entre eles mesmos, no espírito do amor cristão, quanto mal seria evitado! Quantas raízes de amargura pelas quais muitos são contaminados seriam destruídas, e quão íntimas e ternamente poderiam os seguidores de Cristo ser unidos em Seu amor![40]

 

 

Autor: Pastor Itamar de Paula Marques

 

 

 



[1] BJ, p. 1.846.

[2] CBASD, vol. 5, p. 324.

[3] CBASD, vol. 5, p. 324.

[4] CBASD, vol. 1. p. 617.

[5] CBASD, vol. 5, pp. 324 e 325.

[6] CBASD, vol. 5, p. 325.

[7] CBASD, vol. 5, p. 712.

[8] CBASD, vol. 5, p. 712.

[9] CBASD, vol. 5, pp. 712 3 713.

[10] Desejado de Todas as Nações, p. 292.

[11] CBASD, vol. 5, p. 325.

[12] BJ, p. 1.846.

[13] CBASD, vol. 5, p. 325.

[14] CBASD, vol. 5, p. 325.

[15] BJ, p. 1.846.

[16] Bíblia, Missionários Capuchinhos, Lisboa, p. 979.

[17] CBASD, vol. 5, p. 325.

[18] CBASD, vol. 5, p. 325.

[19] Bíblia, Missionários Capuchinhos, Lisboa, p. 979.

[20] CBASD, vol. 5, pp. 325 e 326.

[21] CBASD, vol. 5, p. 326.

[22] CBASD, vol. 5, p. 326.

[23] CBASD, vol. 5, p. 326.

[24] CBASD, vol. 5, pp. 337 e 338.

[25] CBASD, vol. 5, p. 326.

[26] CBASD, vol. 5, p. 326.

[27] CBASD, vol. 5, p. 326.

[28] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. I, William Barclay. Editora Clie, pp. 159 a 172.

[29] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 122.

[30] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 123.

[31] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 124.

[32] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 125.

[33] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 126.

[34] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 127.

[35] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 128.

[36] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 129.

[37] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 130.

[38] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 131.

[39] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 132.

[40] O Maior Discurso de Cristo, Ellen Gold White, CPB, pp. 55 a 59.