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INTRODUÇÃO

“É mais fácil um camelo passar pelo fundo da agulha do que um rico entrar no Reino de Deus... Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível.” Marcos 10:25 e 27.

Um camelo.

Uma agulha.

Um jovem rico.

Um reino.

Uma porta intransponível.

Uma família perdida.

Uma esperança.

Um milagre.

Uma travessia possível.

Um resgate.

A entrada no reino de Deus!

A figura pomposa do jovem rico, com sua extensa bagagem religiosa em contraste com um simples camelo atravessando pelo fundo da agulha parece se encaixar perfeitamente como uma ilustração que representa bem a história de nossa família perdida dentro da igreja.

É curioso observar que, ao longo de Seu relacionamento com o ser humano, Deus utilizou figuras de animais para ensinar valiosas e importantes lições de vida.

Alguns ilustram bem essa forma de comunicação divina:

Uma jumenta foi usada para repreender, com voz humana, o teimoso profeta Balaão.

Um corvo atendeu às necessidades do profeta Elias, trazendo-lhe diariamente pão e carne.

Um grande peixe foi escolhido para conduzir Jonas de volta ao centro da vontade do Senhor.

Animais de um curral, em Belém, foram testemunhas oculares do mais espetacular acontecimento de todos os tempos, a chegada do Deus-Menino.

Um prosaico jumentinho viveu seu momento mais glorioso ao transportar Jesus em Sua entrada triunfal na cidade de Jerusalém.

E que dizer do texto de Salmo 32:9: “Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem”?

Cavalo? Mula empacada?

Ah, conhece alguém parecido? Não faça julgamentos apressados. Antes, consulte o espelho.  E não se aborreça por isso, você está em boa companhia. Também já tivemos nossos momentos de “mula empacada”!

Agora, chega a vez do camelo. Jesus o considerou mais capacitado a atravessar o fundo de uma agulha do que um ser humano [a não ser por milagre] entrar no Reino de Deus.

São uns poucos exemplos de animais que fizeram parte dessa galeria didático-zoológica do Criador.

Que contraste entre essas inusitadas e simples maneiras que Deus usou no passado, e continua usando ainda hoje, para comunicar-Se conosco, e as teorias rebuscadas, confusas, que meios acadêmicos utilizam para tornar a Palavra de Deus mais intelectualizada!

Vamos dar agora uma espiada no camelo da ilustração de Jesus e a impossível travessia do jovem rico pelo fundo da agulha.

Diversos intérpretes bíblicos “bem-intencionados” já tentaram encontrar um jeito de facilitar a aplicação desse texto. Pretendiam tornar humanamente possível o que Jesus declarou ser impossível.

Há quem acredite na conveniente hipótese de um copista bíblico sonolento haver trocado a palavra grega “kamilos” (corda), por “kamelos” (camelo). Se esse cochilo ortográfico houvesse mesmo ocorrido, ainda assim, de nada serviria trocar o camelo pela corda. A dificuldade haveria de persistir: como passar uma corda pelo fundo da agulha? A corda teria de ser tão fina que já não seria corda, ou a agulha seria gigantesca – continuaria sendo uma agulha?

Não há como sustentar essa teoria, pois Lucas usa o termo agulha cirúrgica, que para ele, médico, era bem familiar. Mateus e Marcos empregam agulha de costura. Ambas são incompatíveis com diferentes finalidades a não ser conduzir uma simples linha.

Outra explicação dada ao texto parece ter uma aparente consistência. É comumente empregada ainda hoje. Fundo da agulha era uma antiga expressão usada para denominar uma passagem muito estreita, colocada estrategicamente próxima ao portão principal de uma cidade murada. À noite, entrava-se na cidade somente através desse fundo da agulha. Era necessário ter um camelo bem treinado e descarregado de sua carga. O camelo teria de se ajoelhar, espremendo-se com dificuldade entre os umbrais; o cameleiro gastaria energia e tempo para atravessar toda a sua mercadoria em várias prestações.

Essa hipótese cabe perfeitamente no racionalismo humano. A mente lógica procura sempre uma forma natural de explicar os inexplicáveis atos divinos. E, de preferência, que envolva uma ação humana repleta de sacrifícios para merecer a entrada no Reino de Deus.

O argumento porta-fundo-da-agulha causa grande dano ao ensino que Jesus desejou apresentar, pois distorce completamente sua principal aplicação. A entrada de alguém no Reino de Deus é uma impossibilidade humana, segundo afirmou Jesus. Portanto, qualquer tentativa de facilitar essa travessia é, no mínimo, absurda e infrutífera. Só acontece por milagre. E esse departamento pertence com exclusividade ao Senhor!

Tais explicações teológicas sequer ocupam lugar em nossa vida. Para dizer bem a verdade, há muito tempo deixamos ao encargo dos teólogos essas infindáveis discussões acerca de questões menores. Para nós, o Reino de Deus e o Deus do Reino têm primazia absoluta. É onde queremos estar!

Numa aplicação em primeiro plano, Jesus declara ser impossível um rico entrar no Reino de Deus. Naquele instante, Ele fazia referência a um jovem milionário, perfeito seguidor do judaísmo, desde sua infância (verso 20). Magnífico teórico da religião. E orgulhoso de sua fidelidade à Lei. (Já haveria uma Igreja de Laodiceia naquela época?). O que ele desconhecia era a sua condição de alguém perdido dentro da própria igreja.

Ao ser confrontado com os verdadeiros motivos de seu coração, o rapaz ficou em estado de choque. “O quê? Vender tudo o que tenho? Bom Mestre... até parece!”

E a Bíblia relata que Jesus “o amou” (Marcos 10:21). Que maravilhoso futuro lhe estava reservado – um tesouro no Céu – se tão-somente tivesse aceitado o convite do Bom Mestre.

Ora, Jesus simplesmente lhe mostrara que, mediante seu esforço, ele não era capaz de guardar sequer o primeiro mandamento – “Não terás outros deuses diante de Mim”.

Espere um pouco, o Mestre não parecia ter como objetivo principal mostrar somente a incompatibilidade entre amar Mamom (um demônio) e Deus. Se riquezas materiais pudessem impedir a entrada de alguém no Reino de Deus, Abraão teria de ficar fora. A Bíblia o descreve como multimilionário. Entretanto, com todos os seus bens materiais, ele foi considerado amigo de Deus e consta na mais alta posição no pódio dos heróis da fé.

O real impedimento de nossa travessia pelo fundo da agulha é muito mais grave do que o amor ao dinheiro. Tem a ver com a falta de um novo nascimento. Falta o milagre.

Que riquezas malditas são aquelas que se aninham no coração de uma pessoa e a colocam do lado de fora do reino de Deus? A resposta é simples: ninguém pode servir a dois senhores! Qualquer coisa ou pessoa que se interponha entre nós e nosso amor ao Senhor é barreira intransponível para essa travessia.

A Palavra nos ordena: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.” Deuteronômio 6:5

Todo e toda são palavras que expressam valor absoluto, não se admite qualquer exceção. Ponto final!

Nosso objetivo, ao escrever este livro é apresentar um testemunho pessoal de nossa experiência. Nascemos e nos criamos dentro do evangelho. Por muitos anos fomos a própria imagem do jovem rico. Não tínhamos grande riqueza material, mas éramos milionários espirituais – aos nossos próprios olhos, claro! Conhecimentos teóricos não nos faltavam. Boas obras também, mas estávamos simplesmente perdidos dentro da igreja.

O Senhor tinha outra visão a nosso respeito. Ele via cada um de nós como “infeliz, miserável, pobre, cego e nu” (Apocalipse 3:17). E também havia estabelecido planos bem diferentes dos nossos, em Sua infinita sabedoria.

Uma das primeiras lições que tivemos de aprender foi acerca do próprio reino de Deus. Sempre fomos levados a pensar nele como um reino futuro, uma era de paz, justiça e perfeição, a ser estabelecida a partir da segunda vinda de Jesus em glória e majestade. Um conceito parcialmente correto! Esse é o reino da Glória, que está próximo, acerca do qual o Salvador falou inúmeras vezes em Seu ministério terrestre.

Que esperança maravilhosa! Que conforto! Que bênção será esse reino! Que palavras encorajadoras Jesus nos oferece em João 14:1-3! Ora vem, Senhor Jesus! Maranata!

Somos ensinados a ter grandes expectativas em relação ao futuro reino de Deus. Com que entusiasmo pregamos sobre a segunda vinda de Cristo. E isso é muito bom! Mas, e o reino da Graça, que nos é oferecido agora, a única porta de entrada para o Reino da Glória? Que ênfase damos a ele no presente? Não há esperança de entrarmos no reino da Glória sem primeiro fazermos parte do reino da Graça!

Na curiosa figura empregada por Jesus – mais fácil um camelo atravessar o fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus – podemos entender que o Senhor deseja ansiosamente nos fazer entrar em Seu reino da Graça. Agora mesmo! Aqui na Terra Ele quer que desfrutemos a “vida abundante” (João 10:10) que Ele coloca à nossa disposição através do maravilhoso sacrifício que efetuou em nosso lugar.

Quando pudermos dizer com todas as letras, como o apóstolo Paulo, que “vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:19 e 20), o Céu para nós vai começar aqui mesmo, não no futuro distante.

As experiências que vivemos ao longo de nossa vida ilustram bem toda a dificuldade que tivemos para compreender esses conceitos em toda a sua amplitude. Foi difícil aceitar que agora, no tempo que se chama hoje, podemos entrar na plenitude desse maravilhoso reino da Graça. Só então, começamos a desfrutar todas as bênçãos da experiência indescritível reservada para “todos quantos O receberam”.

Estávamos perdidos e Ele nos achou! Agora, a cada dia, Ele nos tem dado poder para nos tornarmos Seus filhos. (João 1:12.)

Durante uns três ou quatro anos, a porta de nossa geladeira exibia um texto bíblico significativo para nós, uma palavra profética que Deus deu à nossa família: I Pedro 2:9-11: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia.”

 Esse texto saiu da porta da geladeira e foi escrito com letras de fogo em nosso coração para jamais ser apagado.

Então, amigo, agora ajeite-se na poltrona, encontre uma posição bem confortável, não esqueça os óculos, se for esse o seu caso (é o nosso!). Prepare-se para estarmos juntos algum tempo. Há bênçãos maravilhosas reservadas por Deus para todos nós. Vamos tomar posse delas.

Espere! Antes de prosseguir a leitura, peça ao Senhor o cumprimento da promessa que se encontra em Efésios 1:18 e 19: “...iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do Seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do Seu poder”.

Esta foi uma palavra rhema (palavra revelada), primeiro para a Irene; depois, para mim.

Gostaria de orar conosco? Seja bem-vindo.

Pai, nós Te pedimos, neste momento, que enchas com Teu Espírito Santo o coração e a mente de nosso querido leitor, impedindo que quaisquer armadilhas ou ciladas de Satanás o distraiam enquanto estiver lendo este livro. Sabemos que, do modo como tens falado tantas vezes conosco, também queres e vais falar com nosso leitor. Rogamos que o abençoes de modo especial a partir de agora, pois o entregamos aos Teus paternais cuidados. Em nome do Senhor Jesus. Amém!

Agora sim, podemos começar...

 

 

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