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postado em: 10/11/2013
Irã "abusa" dos direitos nacionais e internacionais dos cristãos
Pelo menos 300 cristãos foram presos nos últimos três anos no Irã. As acusações mais comuns são ações contra a segurança pública e propaganda contra o regime. Muitos destes cristãos foram presos por fazer parte de "igrejas domésticas", pequenas reuniões de cristãos que se encontram para adorar e orar juntos
Os contínuos maus tratos do Irã à sua minoria cristã foi um dos temas levantados em reunião recente do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Attieh Fard, uma advogada especializada em direitos humanos, pediu ao presidente Hassan Rouhani para cumprir suas promessas feitas às Nações Unidas, em Nova York, libertando os 42 cristãos presos e os 45 que aguardam julgamento.
Fard disse que esses números representam apenas os casos conhecidos. O número real é muito maior, levando-se em conta que muitos têm permanecido em silêncio devido às ameaças do governo. Ao fazer isso, afirmou em seu relatório de 24 de setembro, o governo viola as suas obrigações legais nacionais e internacionais.
"Ao fazer essas acusações contra os cristãos, tanto o governo como o Judiciário cometeram um erro fatual porque as reuniões cristãs em casas ou igrejas são formadas, principalmente, para os cristãos adorarem e estudarem a Bíblia juntos, e não para mudarem o regime. Elas não têm qualquer objetivo político. Portanto, estes julgamentos são errados", disse Fard.
Fard acrescentou que encontros semelhantes eram realizados por muçulmanos xiitas, que se reúnem em grupos para estudar o Alcorão e orar. Mas essas reuniões não foram consideradas uma ameaça à segurança nacional. Alguns cristãos presos são obrigados a ouvir o Alcorão e "bastante pressionados" a se converter ao islamismo. Ela disse que muitos deles são torturados e têm seus bens confiscados. Então, depois de serem libertados, perdem geralmente o direito à educação ou emprego.
O artigo 26 da Constituição iraniana concede o direito a minorias religiosas, incluindo os cristãos, de formar sociedades e se reunir. Como tal, igrejas domésticas são entidades legítimas. Segundo Fard, muitos pastores têm sido presos e mesmo aqueles que são libertados são frequentemente mantidos sob um tipo de prisão domiciliar. O Rev. Robert Asseriyan, que foi preso no início deste ano, é um exemplo. Desde que foi solto, Asseriyan foi impedido de falar com qualquer outro cristão, disse ela.
"Alguns líderes da igreja que não estão presos têm sofrido ameaças do governo dizendo que, se não cessarem as suas atividades ou deixarem de ir às igrejas, serão prejudicados eles próprios ou os membros de suas famílias - mortos, fisicamente atacados ou estuprados", disse ela.
O Irã anunciou que está comprometido com o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, incluindo o artigo 18, que garante o direito de qualquer pessoa a mudar de religião. No entanto, Fard disse que o governo tem "repetidamente prendido cristãos que se converteram do Islamismo, confiscando suas propriedades e os forçando a abandonar seu trabalho ou seus empregadores a demiti-los".
Fard compartilhou o exemplo de um professor que trabalhava para o Ministério da Educação há 30 anos. Depois de descobrirem que ele era um cristão, foi demitido.
Algumas mulheres cristãs perderam a custódia de seus filhos depois de seu divórcio de homens muçulmanos, uma vez que eram tidas como cristãs que abriram mão de seus direitos. Em um caso, o juiz disse à mãe de uma menina de dois anos que ela poderia manter a custódia de sua filha caso se tornasse muçulmana. Enquanto isso, muitos cristãos são forçados a casar-se em cerimônias muçulmanas e realizar funerais islâmicos para os membros cristãos da família.
A recente soltura de duas mulheres cristãs pelo governo foi bem recebida, disse Fard, mas ela pediu ao governo para "libertar todos os prisioneiros cristãos e proteger os seus direitos de cidadania quando forem soltos". Fard também mencionou o fechamento das igrejas de língua persa por parte do governo, acrescentando que não só os cristãos estão impedidos de convidar os não-cristãos a participar como também estão impedidos de aceitar qualquer não-cristão que queira participar.
A solicitação do governo a todas as igrejas para fornecer os detalhes do cartão nacional de identidade de todos os membros e para instalar câmeras de vigilância nas igrejas é contra o artigo 23 da Constituição do Irã, que proíbe o governo de exigir detalhes da religião ou crença de uma pessoa.
Fard concluiu: "É óbvio que o governo islâmico do Irã tem tomado medidas para impedir o acesso de cristãos e do público a sociedades cristãs, igrejas, literatura e a religião cristã, não levando em conta os direitos constitucionais dos cristãos, nacionais e internacionais. Agora que o Irã se diz comprometido com suas obrigações internacionais, deve começar de fato a tomar medidas para proteger estes direitos constitucionais".
Fonte: Portas Abertas Internacional
Tradução: Daniela Cunha
Pastor Saeed Abedini é transferido de Evin para outra prisão
Essa semana, o Centro Americano para Lei e Justiça (ACLJ, sigla em inglês) confirmou através de membros da família do pastor Abedini no Irã, que ele foi transferido da prisão de Evin, em Teerã, para a prisão Rajai Shahr, em Karaj – um lugar ainda mais perigoso, onde ele deverá enfrentar péssimas condições de tratamento e risco de vida
Segunda-feira (04), um membro da família do pastor Saeed Abedini chegou à prisão Evin, para a visita semanal regular. Lá, ele foi informado que, no dia anterior, o pastor havia sido transferido para fora de Teerã, distante uma hora e meia de carro. O parente viajou então para a prisão Rajai Shahr. Quando chegou, não lhe foi permitido ver Abedini.
A transferência abrupta e não justificada reforça o sentimento antiamericano no Irã, que está ainda mais intenso. A exemplo disso, segunda-feira também foi o dia em que iranianos saíram às ruas para comemorar o aniversário da tomada da embaixada dos EUA no Irã, em 1979. Durante os protestos, multidões gritavam "Morte à América", em clara oposição à promessa de moderação do presidente atual, Hassan Rouhani. O ACLJ afirmou que Abedini está agora em uma das prisões mais perigosas do Irã – onde são mantidos os prisioneiros mais violentos – aqueles que foram condenados por assassinato e estupro. Em 2005, Loes Bijnen, um diplomata holandês da embaixada em Teerã, descreveu a prisão Rajai Shahr da seguinte maneira:
"Rajai Shahr é o lugar para onde são encaminhados os prisioneiros políticos vistos como um incômodo ao Estado. Ser condenado a esta prisão é uma punição severa. Uma vez lá dentro, você não é considerado mais como um ser humano. Quem é mantido ali, é tirado do mundo, até mesmo dos direitos humanos, da imprensa, ninguém mais tem conhecimento sobre o que acontece com o prisioneiro. Na Rajai Shahr, os presos políticos têm de conviver com criminosos perigosos, como assassinos, estupradores e viciados em drogas, que não hesitam em atacar seus companheiros de cela. Eles não têm nada a perder: muitos deles estão condenados à morte de qualquer maneira. Assassinatos ou mortes inexplicáveis são ocorrências regulares."
A transferência do pastor Abedini para essa prisão significa um avanço profundamente perturbador do caso e pode ser vista como uma atitude para colocar sua vida em risco. O próprio presidente dos EUA, Barack Obama, falou ao presidente iraniano Rouhani, em setembro, instando-o a libertar Saeed. Naghmeh, esposa de Abedini, deu a seguinte declaração em resposta a esta última atualização do caso: "A notícia da transferência de Saeed para esta prisão é ainda mais difícil de suportar. Estou arrasada e não sei o que dizer a meus filhos. Estou mais preocupada agora com sua segurança do que em qualquer outro momento durante a sua prisão. Eu só posso imaginar o tormento e a angústia que ele está experimentando. Imagino-o tão indefeso nesta prisão perigosa; sem proteção contra o abuso e a violência de outros prisioneiros; vulnerável a um governo radical que continua a violar os seus direitos. Eu sou grata por tudo que o nosso governo [americano] fez no passado – mas, agora, durante este tempo mais perigoso e incerto – mais uma vez suplico ao nosso governo – incluindo o presidente Obama – a lutar pela vida de Saeed e sua liberdade – peço para que lutem por este cidadão dos EUA. Estou fortalecida pela fé em Jesus Cristo, e continuo a orar pela segurança de meu marido e de sua libertação. Também sou muito grata por aqueles que apoiam Saeed e nossa família."
Notícia anterior:
Piora o estado de saúde do pastor Saeed Abedini
Após uma visita a Saeed, na Prisão de Evin, no Irã, a família do pastor informou que o estado de saúde do cristão piorou, seguido de constantes desmaios e dores. Ele cumpre uma pena de oito anos de detenção
"Infelizmente, nós ficamos sabendo que as lesões internas do pastor Saeed estão causando um aumento da dor", revelou o Centro Americano para Lei e Justiça (ACLJ, sigla em inglês), uma organização que representa sua esposa e filhos nos Estados Unidos. "O pastor Saeed está sofrendo uma hemorragia interna, em consequência das fortes pancadas que sofreu na prisão por causa de sua fé", relatou o ACLJ. Em julho, após ter sido retirado da solitária e alguns de seus sintomas terem desaparecido sua família relatou que ele estava com uma aparência melhor e mais animado. O pastor foi preso em 2012 e mais tarde foi condenado a oito anos de prisão por supostamente colocar em perigo a segurança nacional e atentar contra o regime iraniano. Na prisão, Abedini tem sido pressionado a negar sua fé em Cristo por meio de tortura. Uma campanha internacional apoiada por milhares de pessoas busca a sua libertação, mas até agora as autoridades iranianas se recusam a lhe dar liberdade. As autoridades também negaram assistência médica ao pastor, levando o ACLJ a denunciar a República Islâmica por "tratamento desumano aos prisioneiros de consciência." Naghmeh Abedini, esposa do pastor, propôs uma vigília de oração no mês de setembro, em virtude do longo período de encarceramento. Cerca de 44 cidades dos Estados Unidos conseguiram permissão para realizar a vigília de oração no dia 26 de setembro.
Fonte: http://www.portasabertas.org.br
Nota do Editor
Quando li estas notícias sobre o que está acontecendo com o Pastor Abedini e outros milhares de cristãos ali no Irã, confesso: Chorei muito! E pensar que nós, “cristãos” brasileiros, desfrutamos de toda a liberdade possível e sequer temos a coragem de atravessar a rua em frente de casa – ou sequer falar com o vizinho ao lado – para falar sobre o grandioso e incomensurável amor de Jesus (João 3:16). Fico a pensar e a clamar em “santa agonia”: Onde estão os heróis modernos da Igreja Cristã Brasileira? Onde estão os jovens heróis adventistas, batistas, metodistas, presbiterianos, assembleianos (etc.) – jovens que, tais quais Saeed Abedini, amem mais ao Senhor Jesus Cristo do que a própria vida, a família e o conforto do lar? Onde estão os jovens cristãos brasileiros que, da mesma forma que o apóstolo Paulo, estejam dispostos a dizer: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1:21). A incessante busca divina continua: “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei” (Ezequiel 22:30). Onde estão aqueles que, no dizer do amado João “… mesmo em face da morte não amaram a sua própria vida” (Apocalipse 12:11)? Onde estão os heróis destes últimos dias da História? Que se apresentem – tal qual Daniel (Daniel 1:8, 6:10), Isaías (Isaías 6:8) e Paulo (Filipenses 3:7-8) – pois, com certeza, a hora é esta! Oremos pelo Pastor Abedini e pelos demais queridos irmãos e queridas irmãs que enfrentam perseguições e martírios no Irã, Egito, China e em vários outros países; mas, também, saiamos a campo (deixemos a nossa “zona laodiceana de conforto, Apocalipse 3:15-20) e cumpramos a nossa parte na Grande Comissão (Mateus 28:18-20)! Afinal, chega de causar náuseas (Apocalipse 3:14-16) ao Senhor Jesus com a nossa mornidão cretina, nossa acomodação leviana e com a nossa indiferença criminosa! Amém!